LIVRO
: “JOANNA DE ÂNGELIS AO ALCANCE DE TODOS
(Josué Douglas Rodrigues)
CAPÍTULO 1 - O SER HUMANO E SUA TOTALIDADE
1.1 - ESTRUTURA BIPOLAR E O INCONSCIENTE
- Guerras, abuso de poder, desigualdades
sociais calamitosas, criminalidade, racismo e violência em suas mais diversas
formas parecem contrastar com o progresso obtido
- A origem dessa incoerência na
história humana parece residir na profunda divisão ou fragmentação, que
acontece no íntimo de cada ser humano
- A respeito de tal cisão, Joanna de
Ângelis nos ensina que : “Um eu opõe-se ao outro eu em intérmina luta
interior. Um é consciente, vigilante; o outro é
inconsciente, adormecido, que desperta acionado pelo seu oposto
- Para que possamos entender melhor
essa estrutura fragmentada do ser humano, como estrutura bipolar, é conveniente
que compreendamos os conceitos Junguianos de inconsciente pessoal e coletivo,
aos quais a autora espiritual frequentemente faz referências
- O termo inconsciente são como
arquivos de experiências vividas aos quais, por diversos motivos, não temos
acesso permanente, ou seja, permanecem quase sempre fora da nossa lembrança ou
percepção consciente, embora influenciem de forma constante e intensa todas as
nossas ações
- Carl Gustav Jung estabeleceu que o inconsciente
é um verdadeiro oceano, no qual se encontra a consciência mergulhada
quase totalmente. É como um iceberg, cuja parte visível seria a área da consciência,
portanto, apenas cinco por cento do volume daquela montanha de gelo ainda
pouquíssimo conhecida. A consciência pode ser comparada a uma
rolha flutuando no enorme oceano
- Indubitavelmente, nesse oceano
encontram-se guardadas todas as experiências do ser, desde as suas primeiras
expressões, atravessando os períodos de desenvolvimento e evolução, até o
momento de lucidez do pensamento lógico, no qual hoje transita com vistas ao
estágio mais elevado do pensamento cósmico
para onde ruma
- Assim, segundo Jung, já nascemos
herdando um conjunto imenso de experiências vividas por nós e por toda a
humanidade ao longo dos tempos, que são acessados a partir de uma camada
profunda de nossa psique. É a esse conjunto de experiências que Jung
denomina inconsciente coletivo
- O origem do inconsciente coletivo
confunde-se com a própria origem do Espírito humano, por exemplo, à
sobrevivência individual e à preservação da espécie
- Uma outra forma simplificada de
compreendermos ao menos parte desse conceito é atentarmos ao que comumente
chamamos de instintos, embora existam outras manifestações do
Inconsciente coletivo que não são propriamente instintos, as quais Jung denomina
arquétipos
- O inconsciente pessoal é
resultante de experiência individuais que, por motivos diversos, ficaram inconscientemente
arquivadas em nossa psique e seu marco divisório com o consciente não é
bem definido, uma vez que corresponde a
aspectos da experiência individual que, em algum momento, foram incômodos,
inadequados ou inúteis, sendo, por isso mesmo, arquivados. Trata-se, portanto,
de conteúdos que ficam ocultos, porém não de forma permanente
- Diz Jung : “Os arquétipos forçam a
percepção e a intuição a assumirem determinados padrões especificamente humanos”...
“Os
Instintos e os
arquétipos formam conjuntamente o inconsciente coletivo”... “Os arquétipos
têm esta mesma qualidade em comum com os instintos, isto é, são também
fenômenos coletivos”
- O exemplo mais clássico é o “arquétipo
materno” que representa a experiência, as imagens e as emoções da
maternidade. É esse arquétipo que faz com que mãe e filho comunguem, por exemplo, a
harmonia dos gestos e emoções próprios da amamentação sem que tenham sido
instruídos a respeito
- Há arquétipos com raízes
muito profundas e remotas no desenvolvimento coletivo da alma humana, como por
exemplo a crença em Deus e na vida futura além-túmulo que são arquétipos
provenientes da origem da evolução e estão bem definidos e presentes em
todas as culturas humanas, embora, como todo arquétipo, tenham em cada
cultura e em cada indivíduo sua expressão e alegorias próprias
1.2 - A PERCEPÇÃO PRÁTICA DA
FRAGMENTAÇÃO
- A capacidade de identificar
impulsos inconscientes e controlá-los cria a possibilidade de nos
libertarmos de sofrimentos desnecessários
- Joanna de Ângelis nos
alerta que pode haver armadilhas perigosas na busca dessa libertação : “pessoas
inexperientes, quando se dão conta dos opostos no seu mundo íntimo,
afligem-se desnecessariamente, formulando conceitos indevidos e punitivos, como
se as manifestações do inconsciente signifiquem
inferioridade, promiscuidade, dando origem a culpas injustificáveis
pelo fato de existirem”... “Esses conflitos não devem ser combatidos como
inimigos num campo de batalha, mas atendidos, orientados, esclarecidos,
libertando-se deles pela sua conscientização, de forma que a autoconsciência
experimente bem-estar pela conquista realizada internamente
- Nada do que procede do
inconsciente é inferior, ruim ou impuro, mas urge nos darmos conta de
que o que pode tornar nefasto é a maneira como lidamos com os estímulos ou
impulsos, devendo sim controlá-los e canalizá-los, sem jamais negar a
existência dos mesmos
- A compreensão de que o sentimento
de ofensa é sempre resultado da maneira como processamos tais fatos externos é
essencial. Espíritos Superiores sequer experimentam a necessidades de conceder
perdão, uma vez que não se sentem ofendidos ou atingido
- Portanto, ter consciência desses
atos inconscientes,
de sua origem e da forma como interagem com nosso cotidiano é condição
indispensável, para atingirmos a serenidade desejada, não bastando, entretanto,
conhecê-los, mas também, hamonizá-los com nossas atitudes e sentimentos
- A partir desse esforço de análise,
poderemos perceber que, por detrás dessa criação mental desastrosa, existem impressões,
provenientes do Inconsciente, sendo a razão do sofrimentos e da tristeza
- A não aceitação no meio social em
que se vive pode afrontar o instinto ou o “arquétipo gregário” , que traz em si
o horror à solidão e à rejeição
- E importante que compreendamos que
não é conveniente negar ou reprimir reações tidas como inadequadas, mas sim
reconhecer sua natureza e origem, ou seja, que após ter identificado tais
reações, impeçamos que elas tomem conta de nosso campo emocional
- Em se tratando de agressividade
ou medo
é bastante conveniente sabermos que há um mecanismo inconsciente, instintivo
e genético, que diante de uma situação de risco físico, deflagra uma reação
fisiológica denominada pelos psicólogos de “reação de luta ou fuga”, por
exemplo : É bastante comum que se
deflagre uma “reação de luta ou fuga” , quando chega o momento de enfrentarmos
um exame final ou uma entrevista de seleção para emprego
- Há um segundo passo nesse processo
libertador, que Jung denomina de “Individuação”, que irá nos libertar
não apenas da influência descontrolada dos conteúdos inconscientes, mas também
das limitações decorrentes da relativa desconexão do nosso consciente com a
realidade espiritual
- Este passo é sempre, ou quase
sempre, precedido por intuições ou “insights”, que Joanna de Ângelis define
como “campos admiráveis extrafísicos da percepção”, que levam à individuação e
representam a superação da lógica apenas advinda do intelecto
1.3 - PERSONA E SOMBRA
- A Psicologia Analítica, de Carl
Gustav Jung, assim analisa o que ela chama de máscara : “Persona
é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a
sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a
produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a
verdadeira natureza do indivíduo"
- Dessa forma, um indivíduo cria para
si tantas “máscaras” quantos forem os papéis que deva desempenhar em
sociedade, pois em alguns momentos será o profissional, em outros, cônjuge,
filho(a), esportista, etc
- Se por um lado a ação de
desenvolver “máscaras” tem por objetivo fazer com que o indivíduo se
harmonize com a sociedade em que vive, por outro pode ser fonte de conflitos,
uma vez que há em tudo o que é ocultado ou reprimido, uma energia que busca
manifestar-se de algum modo, cujo vazão ocorrerá cedo ou tarde, seja de forma
descontrolado e desastrosa, como numa represa sem comportas, que transborda,
seja de forma controlada e dirigida, à semelhança da represa provida de
comportas, capazes de controlar a vazão
- Uma criança, quando percebe a
desaprovação dos pais ao manifestar qualquer emoção, estará desenvolvendo já na
infância uma máscara de frieza emocional que não corresponde a sua
verdadeira natureza, afastando-se desse
modo de viver sua individualidade e, por necessitar da aprovação daqueles que
lhes são de extrema importância, adapta-se às expectativas dos mesmos
- O conjunto dos conteúdos reprimidos
em função da construção da máscara forma o que a Psicologia Junguiana
denomina de Sombra
- Na situação acima citada, uma
personalidade afetuosa e emotiva será, inconscientemente, reprimida e fará
parte da Sombra, e todos os conteúdos assim reprimidos são despejados no
inconsciente, mas nem sempre por isso deixam de existir, e de alguma forma irão
se manifestar
- Para nos adaptarmos ao meio social,
criamos a máscara, a qual provoca o surgimento da Sombra, que pode ser
fonte inconsciente de transtornos, quando composto de conteúdos, que
tenham sido reprimidos e não compreendidos, controlados e harmonizados,
racionalmente
- Disse Jung: “A Sombra
não consiste apenas de tendências moralmente repreensivas, mas também demonstra
várias boas qualidades, como instintos normais, reações apropriadas, insights
realidades, impulsos criativos, etc.”
- Outra via construtiva para o
direcionamento de energias contidas na máscara é o uso da criatividade,
manifestada nas artes em geral. A arte
jamais seria concretizada de forma plena, se contasse apenas com o
talento do artista
- Há a necessidade do conteúdo
motivacional, da ideia a ser externada e é essa energia proveniente da Sombra,
que torna a obra expressiva e brilhante, explicando a razão pela qual tantos
gênios da arte são indivíduos de postura rebelde e excêntrica, pois há neles
muita energia represada em busca de manifestação
- Raivas, frustrações, mágoas e
emoções negativas que poderiam extravasar através de comportamentos hostis e
incompatíveis com uma vida social harmonizada são visíveis em telas,
esculturas, músicas e em todo tipo de criação artística
- Não é de se estanhar que depois de
ter pintado várias telas e ser rejeitado pela Academia de Belas Artes de Viena,
Adolfo Hitler tenha se tornado o autor de tantos horrores
- Transtornos frequentes, advindos da
máscara,
podem dar-se quando há excessiva identificação do indivíduo com a mesma, a
ponto de com ela se confundir como se fora parte de sua essência
- Um exemplo disso é o indivíduo que,
uma vez eleito senador, desempenhe esse papel a cada hora do dia, todos os dias
de sua vida, a ponto de pretender exercer sua autoridade de senador com todos
que o rodeiam e imaginando-se digno de receber sempre o tratamento dispensado a
um senador em todas as circunstâncias da sua vida, deixando de desempenhar
satisfatoriamente outros papeis, como de pai, filho, marido, etc
- Segundo Joanna de Ângelis : “No
caleidoscópio do comportamento humano há, quase sempre, uma grande preocupação
por mais “parecer” do que “ser”, dando origem aos homens espelhos, aqueles
que não tendo identidade própria, refletem os modismos, as imposições, as
opiniões alheias, pois eles se tornam o que agrada as pessoas com quem
convivem” (Livro: “O Homem Integral”)
- Vê-se, assim, que a massificação e
os hábitos irrefletidos podem construir Máscaras arraigadas que debilitam
nossa individualidade
- Os transtornos decorrentes da Sombra
que não é resgatada do domínio do inconsciente se caracterizam não
somente pela explosão irracional que foi reprimido, mas também por efeitos
colaterais penosos, na forma de angústia, depressão e problemas de saúde
física, efeitos esses que simplesmente refletem os danos de um conflito não
resolvido entre o indivíduo e sua própria Sombra
- Aquilo que não nos deixa
confortáveis e que nos irrita de forma frequente, está dentro de nós, na nossa Sombra
e não fora de nós
1.4 - O SELF E SUA RELAÇÃO COM O EGO
- O Ego funciona como o
centro da consciência, controlando as lembranças, imagens e informações com
suas cargas emocionais, permitindo, ou não, que esses conteúdos permaneçam no campo consciente
- Tudo o que vier do mundo externo ou
do inconsciente
e for considerado importante para o Ego é absorvido e torna-se
consciente, e o que não for considerado importante fica no inconsciente
A natureza do Ego busca controlar
tudo o que, de alguma forma, possa interagir com o indivíduo, garantindo ao
mesmo segurança e bem-estar, entretanto, ele deve andar passo a passo com o
amadurecimento físico e psíquico
- As etapas e a evolução desse
processo de descoberta e amadurecimento são diretrizes que fazem parte da
essência do Espírito humano desde sua remota origem, e habitam em forma latente
no mais íntimo de cada indivíduo como uma programação evolutiva, uma semente,
denominada por Jung de Self
- As ocorrências da vida estão sempre
coordenadas pelo Self, objetivando dar ensejo a que se realize a plenitude
do ser humano a cada encarnação, a cada experiência frustrante e a cada
vislumbre de possibilidades maus amplas e nobres de construir a vida
1.5 - A PERCEPÇÃO PRÁTICA DO SELF
- O Princípio Inteligente,
através do Fluido Universal e do Princípio Vital que dele deriva,
rege nosso corpo, fazendo com que nosso coração pulse no ritmo adequado, sem
nos darmos conta de que toda essa maquinaria fantástica está em pleno
funcionamento
- Damo-nos conta, que essa harmonia
inteligente que rege a estrela Sol, o planeta Terra, a Água, minerais, enfim,
todo o cosmo
1.6 - A INDIVIDUAÇÃO E O ESTADO
NUMINOSO
- Jung denomina a
aproximação gradual entre o Ego e o Self de individuação
- Essa fragmentação causada pelo
conflito entre Ego e Self vai diminuindo através da
integração entre as partes
- Sem o imediatismo do Ego
imaturo, o indivíduo experimenta sua totalidade, e gradualmente desaparecem os
sofrimentos e desabrocha a paz
- A individuação é um
processo de formação do Ser Individual e, é uma necessidade natural, e uma
coibição dela traria prejuízos para a atividade vital do indivíduo
- A individuação está sempre
em maior ou menor oposição à norma coletiva, pois é separação e diferenciação
do geral e formação do peculiar
- Quanto mais nos identificamos com
nossa máscara, mais identificados com o papel social estaremos e mais
massificados seremos, distanciando-nos do nosso verdadeiro eu, da nossa
individualidade
- O indivíduo, com a consciência
e discernimento ampliados, ficará predisposto à intuição, aos flashes dos
insights, campos admiráveis extrafísicos da percepção que leva à individuação
- Os flashes e insights acima
referenciados por Joanna de Ângelis são momentos extraordinários que nos põem
em contato tangível com uma realidade que transcende de forma absoluta a
normalidade do cotidiano, podendo-se dizer que se trata de um estado de consciência
alterado, em profundidade, um chamamento interno a algo superior, a uma plenitude
- A percepção dessa plenitude,
pode ser provocada através de inúmeras práticas de meditação conhecidas ou pela
reflexão consciente e profunda acerca de nós mesmos, entretanto, os
desafios, as dores e os sofrimentos da vida
levam o Ego a frustrações constantes e pungentes, surgindo daí a ânsia
de uma busca mais elevada, criando a predisposição aos insights do Self
- Muitos estudiosos da Alma Humana,
incluindo Jung e nossa querida Joanna de Ângelis, denominam esses
estados alterados de consciência de estado
numinoso
CAPÍTULO 02 - FRAGMENTAÇÕES MORAIS
2.1 - O PREDOMÍNIO DA SOMBRA
- A fuga espetacular sempre ocorre
quando tentamos contornar o conflito entre o Ego e o Self,
usando uma máscara que nos esconda não só dos olhares de reprovação dos
que nos circundam, que implicaria obstáculo a nossa integração social, mas
também dos assédios sutis, ainda que incômodos, dos valores elevados do
Espírito que se manifesta com insistência
- Não há máscara sem Sombra
- É verdade que a máscara,
de início relativamente cômoda, cumpre seu papel de viabilizar o convívio com
os empecilhos decorrentes da luta entre
nossas tendências egoicas e o chamamento do Self e, por isso, eliminá-la é uma
opção descartada por ser trabalhosa
2.2 - O DESPERTAR DO SELF
- Mantermos olhos e ouvidos atentos
aos chamamentos do Self é uma atitude que implica reflexão e estudo com relação
às propostas de vida baseadas em objetivos e sentimentos edificantes, coerência
e determinação na troca do prazer imediato e da satisfação do Ego
primitivo pela aspiração a uma plenitude que, embora residindo no futuro de
forma mais ampla, começa no presente
2.3 - A INTEGRAÇÃO MORAL
- Diz Joanna de Ângelis : “ A
insatisfação sempre enche a taça repleta de prazer com o azedume e o tédio,
levando o indivíduo a sorver dela mais e mais, esvaziando-se interiormente por
falta de valores edificantes e legítimos”
- Muitos de nós estamos na ilusão egoica,
buscando freneticamente atingir um status, que os bens materiais e a conquista
de poder temporal asseguram
- De certa modo, aquele que já
alcançou a riqueza material, que o ego insensato denomina de sucesso, e
que se está a embriagar na taça repleta de prazer, pode estar mais próximo de
sentir-se impelido à busca dos valores elevados do Espírito, uma vez que
provará, cedo ou tarde, o intragável sabor do azedume e do tédio
- Quem quer que se encontre
mergulhado no marasmo depressivo de uma imobilidade estéril, deixando-se
enganar pela fraude sedutora de um bem-estar material, pode mudar seu interior,
conscientizando-se da possibilidade real de empreender a aventura mais plena e
feliz que o Espírito humano pode aspirar : a sua individuação em Deus
- Há uma certa ingenuidade no Ego
que não foi desperto para os verdadeiros valores da vida, pois ao se sentir
infantilmente convencido de que é esperto e inteligente, afunda-se cada vez
mais nu tolo faz de conta, do qual não se apercebe
- São comuns os relatos médicos, que
mencionam pacientes terminais, que se dão conta das construções do Ego
em ruínas, com a inevitável sensação de tempo desperdiçado em ações, cujas finalidades
eram ilusórias e vãs
- Ao contrário, aquele que procurou
edificar sobre a rocha, através do cultivo do amor, da verdade e da solidariedade
e demais valores transcendentes, experimentará maior tranquilidade com relação
ao que está por vir, seja ainda na esfera carnal, seja no mundo espiritual e em
futuras encarnações
- A integração moral, que consiste no
alinhamento dos atos e predisposições humanas com a natureza elevada do
Espírito, integrado no Self e com o Ego igualmente integrado
e pacificado
CAPÍTULO 03 - ENCONTRO E AUTOENCONTRO
3.1 - RETORNO AO PAÍS LONGÍNQUO
- Enfrentando os embates e
tribulações da jornada terrestre que nos conheceremos e cresceremos em
Espírito, todavia as características primitivas do EGO não se modificam num
piscar de olhos, pois na verdade, incontestáveis são as viagens de ida e volta
que empreendemos dentro de cada reencarnação
- Conhecemos irmãos perturbados que
se debatem por anos a fio em pensamentos e atitudes insanos e autodestrutivos,
que acabam por reprimir o despertar de talentos preciosos
- Caso o desespero ocorra, é preciso
compreender que sempre existe a animadora perspectiva de uma viagem de volta ao
estado de harmonia
- A falta de discernimento é
consequência do conflito entre o Ego e o Self e da decorrente sombra
provocada por esse embate. Em outras palavras, os apelos do Ego
desarmonizados parecem embaçar a percepção de valores transcendentes, fazendo
com que permaneçamos na tristeza e no desânimo, incapazes de refletir
- O Self, entretanto, como
pai amoroso nunca deixa de trazer à psique uma luz, uma chamada que traga a
alma o vislumbre de que há a possibilidade do uso da razão mesmo em meio a
tantas tribulações
- Essa atitude interior pressupõe
esforço persistente, e para retornar ao lar paterno é necessário levantar-se e
percorrer com determinação o caminho de volta que, certamente, incluirá
desafios e percalços
- Isso incluir um trabalho de
reflexão sobre nossas motivações mais íntimas, sobre nossas inquietações e suas
respectivas origens. Essa investigação interna leva-nos, obrigatoriamente, a
reconsiderar objetivos de vida, relacionamentos afetivos e familiares, aflições
que nos corroem a ânimo, dúvidas incômodas e questionamentos quanto ao
pós-túmulo, coisas que, não raro, varremos para baixo do tapete
3.2 - A ALEGRIA DA VOLTA PARA CASA
- A alegria natural de quem busca o
encontro com os valores espirituais é muitas vezes embotada por
condicionamentos inconscientes, conforme nos esclarece Joanna de Ângelis : “As
criaturas tendem a manter posturas de tristezas, melancolias prolongadas,
conflitos em torno do existir”... “A Sombra densa dos atavismos
reencarnacionistas nelas permanece perturbadora, patológica, anulando a alegria
natural da experiência de viver e de crescer, sendo cultivada em forma de
transtorno masoquista e afligente
- A Sombra densa dos
atavismos rencarnacionistas, referida pela mentora, compreende a repulsa e a
culpa, que trazemos em nosso inconsciente, em decorrência dos estágios
evolutivos, que experimentamos em encarnações passadas
- Para diminuir o sentimento de
culpa, próprio da Sombra densa, surge no indivíduo o
desejo consciente ou inconsciente de ser punido, aplacando assim a rejeição do
grupo social a que pertence, ou então, para redimir-se de seus pecados, como se
o sofrimento fosse a moeda de resgate das próprias culpas
- Acrescente-se, a isso, a crença de
que será admirado e amado por seus sofrimentos, uma vez que o sentimento de
solidariedade para com os que sofrem é traço característico da alma humana.
Dessa forma, doenças, males físicos e sofrimentos morais, tais como a
injustiça, a ingratidão e o desprezo passam a ser inconscientemente desejados,
buscados e fomentados
- Libertemo-nos da Sombra
implica, portanto, alcançarmos a alegria de viver. Para que tal aconteça, é
imprescindível que não mais nos identifiquemos com ela, que compreendamos que
ela existe em nós, mas não é o que somos
- Ao compreendermos que a Sombra
é algo externo à nossa essência, estaremos prontos para dar
os primeiros e decisivos passos ao encontro da felicidade perene
4 - EXPERIÊNCIAS DE ILUMINAÇÃO
4.1 - A EXISTÊNCIA TERRENA
- A existência terrena tem uma
finalidade primordial e impostergável, que é a unificação do Ego
com o
inconsciente, onde se encontram adormecidos todos os valores jamais
experimentados a capazes de produzir a individuação
- Unificar o Ego com o inconsciente
equivale a tornar claras todas as estruturas psíquicas inconscientes que, não
estando unificadas ao Ego, manifestam-se de forma velada,
durante toda nossa vida, sendo fonte de conflitos intermináveis, significando,
em outras palavras, conquistar a paz e a alegria de uma vida sem os tormentos
da Sombra
densa e, acima de tudo, atingir a individuação, na percepção e vivência do Self
- Saber-se em processo de
crescimento, não somente pela aquisição de conhecimentos, mas também pela
incorporação dos mesmos à vida cotidiana, fará com que nos tornemos pessoas
mais felizes e serenas
- A situação inversa é, também,
verdadeira, pois seremos vítimas de sentimento de frustração e tristeza, toda
vez que nos negarmos ao convite do Self a novos desafios
4.2 - PERCEBER O SI-MESMO
- A Persona (ou
Máscara) pode inibir características próprias de nosso temperamento,
tendências e habilidades, ainda que de forma circunstancial
- Tal persona, circunstancial e
consciente, e a Sombra que dela decorre, raramente necessitarão de maiores
cuidados
- Em 1945 Jung deu uma definição
muito simples de Sombra: “Aquilo que a pessoa não tem o desejo de ser”
- Outro esclarecimento do mestre
Suiço: “Todo mundo carrega uma Sombra, e quanto menos ela está
incorporada na vida consciente do indivíduo,
mais negra e densa ela é”... “Se a Sombra é reprimida e isolada da consciência,
jamais é corrigida, e pode irromper, subitamente, em um momento de
inconsciência, formando um obstáculo inconsciente, impedindo nossos mais
bem-intencionados propósitos
- A tolerância, que deve ser desenvolvida
e cultivada para possibilitar relacionamentos e convívios saudáveis está
diretamente relacionada com a conscientização da Sombra e a consequente
harmonização da Persona
- É difícil tolerar pessoas que
apresentem características contidas na nossa própria Sombra inconsciente, pois
ao perceber no outro o que eu não desejo ser, e inconscientemente estou
sendo, imediatamente sinto-me incomodado
- Muitas preferências e traços da
individualidade que poderiam ferir suscetibilidades e dificultar o convívio
podem ser voluntariamente inibidos em nome da tolerância. Trata-se aqui, não de
uma repressão,
mas sim de uma opção livre e consciente
- Sabemos que o gesto de abrir mão,
em determinados momentos, de características de nossa personalidade, auxilia a
manter a harmonia em nosso convívio,
sobretudo, com aqueles que nos são mais próximos. O problema surge quando, ao
invés de uma renúncia consciente, ocorre o desprezo dos
próprios conteúdos e preferências, pelo medo da rejeição. O indivíduo
passa a adaptar-se a um estilo de vida e a um padrão comportamental visando,
acima de tudo, a aprovação alheia, o que é extremamente desconfortável e
desgastante, caracterizando então, a Sombra negra e densa mencionada por Jung
4.3 - O SAIR DE SI - MESMO
- Quando a Sombra não está
harmonizada, o indivíduo tende a desenvolver uma afinidade intrínseca com
comportamentos padronizados, instalando-se nele uma verdadeira aversão à
manifestação da diversidade natural das individualidades humanas, passando a
projetar no comportamento do outro, os próprios conflitos
- Até mesmo demonstrações discretas
de afeto e alegria, podem provocar repúdio e mal-estar numa alma em conflito,
fechada em padrões rígidos
- A menor referência verbal a
comportamentos não padrão, tidos como inadequados, torna-se motivo de
reprovação, dando surgimento a assuntos proibidos e tabus, instalando-se, dessa
forma na psique em conflito, a cruel tendência de rotular comportamentos e
indivíduos, lesando a compreensão, a tolerância e a solidariedade
- Joanna de Ângelis nos diz sobre a
integração da Máscara com a Sombra : “Para que o Si-mesmo
possa manifestar-se com segurança torna-se indispensável a integração da Persona
com a Sombra”... “Trata-se de uma aceitação consciente do Si-mesmo,
compreendendo o seu lado Sombra e as sua dificuldades de
lidar com ele, devendo-se considerar as ocorrências negativas e perturbadoras
como naturais
CAPÍTULO 05 - A CRIANÇA FERIDA E AS
PERDAS
- Nos diz Joanna de ângelis: “Todos
os indivíduos conduzem, no inconsciente individual, a sua criança
ferida e magoada, que lhe dificulta a marcha de segurança na busca de
paz interior, da saúde e da vitória sobre as dificuldades”... “Essa Criança
ferida é ser humano perdido no deserto, ou na casa que necessita ser
varrida, a fim de retirar as camadas de ressentimentos que impedem a claridade
da razão, do discernimento”... “O número de transtornados psicologicamente é
muito grande, em face da preservação da criança ferida em cada um"
- O comportamento infantil de focar a
atenção naquilo que não temos, de nos lamuriarmos sem cessar pelas perdas
sofridas, rouba-nos o discernimento e incapacita-nos para a ação positiva
- Os transtornos causados pela
preservação da criança ferida dentro de nós prolongam-se inconscientemente,
apoiados na preguiça medrosa de um enfrentamento dos desafios que são, na
realidade, oportunidades para evoluirmos
- É comum que culpemos outras pessoas
ou transfiramos para elas responsabilidades que nos cabem, acusando-as de nos
terem roubado a paz, à semelhança da criança birrenta, que se recusa a tomar o
remédio amargo que a curaria, uma vez que permanecendo doente poderá fugir ao
trabalho e às preocupações do cotidiano, deixando que outros assumam os deveres
que são seus, numa dependência doentia
- Tal estado de coisas é desencadeado
pelo Ego
que se recusa infantilmente a enfrentar a Sombra, à qual se
habituou
5.1 - CAIR EM SI
- Há um momento em que, graças à
percepção amarga da perda, partimos finalmente com determinação em busca da
ovelha perdida, que somos nós mesmos
- O sofrimento humano é, portanto,
mera miopia espiritual e moral, consequência da falta de determinação e
atitude, criação de nossa fraqueza e não de Deus
- Muitas almas, ao caírem em si, ao
invés de pedirem a ajuda do Pai, através da prece sincera, para assim dilatarem
o próprio campo vibratório da mente, acabam por resvalar para o desespero, a
exemplo de Judas, que no despertar para a realidade do erro cometido, deixa-se
oprimir pela culpa, entregando-se à depressão profunda, que culmina com
o suicídio
- Nos ensina Joanna de Ângelis que o
silêncio externo ajuda muito e o silencia interno é essencial. Estar
regularmente a sós consigo mesmo por alguns minutos, ao menos uma vez por dia,
é para a saúde da alma, da psique e do corpo tão essencial quanto a chuva para
a relva
- Da mesma forma, para que a tristeza
não se instale em caráter prolongado, é preciso que estejamos atento de que,
muitas das vezes, concentramo-nos em recuperar um valor que se perdeu e
reunimos esforços para fazê-lo, mas nos esquecemos de muitos outros valores que
não estão perdidos, da mesma forma que é importante mantermo-nos vigilantes na preservação do conjunto dos
valores que nos cabe guardar
- Quantos de nós, buscamos
freneticamente posições sociais de destaque, inseridas num padrão externo de
sucesso, que valoriza somente o poder aquisitivo e a sofisticação? Nessa ânsia
cega, perdem-se valores que, por serem sistematicamente preteridos,
deterioram-se, muitas vezes, de maneira irreversível
- O êxito profissional e o bem-estar
material devem, sem dúvida, ser buscados com equilíbrio, porém, sua
supervalorização é resultado de uma distorção flagrante
5.2 - A CORAGEM DE PROSSEGUIR EM
QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA
- Doenças, revezes, decepções, desafetos,
catástrofes e quaisquer tragédias recebem da doutrina Espírita uma abordagem
nova e revolucionária, não só no que diz respeito à compreensão das mesmas mas também, e principalmente, no
que diz respeito à revelação do poder incomensurável que nós, aprendizes, temos
sobre as mesmas sem sabê-lo
- As condições para acessarmos esse
entendimento e poder, dormentes no Self e ocultos pelo Ego imediatista,
compreendem primeiramente a coragem e determinação de viajar ao íntimo e trazer
informações ao entendimento
- Qualquer dor de cabeça sem maiores
consequências, até transtornos orgânicos graves e distúrbios psicológicos
debilitantes, estão intimamente conectados com as dimensões ,oral e espiritual
do indivíduo
- Através do amor, que transcende o
imediatismo utilitário do Ego, abrem-se no mesmo as brechas
pelas quais a Inteligência Suprema penetra na consciência humana levando-a ao
estado numinoso
- Através do amor o Ego rende-se
à evidência de realidades concretas e palpáveis, provenientes dos arquivos inconscientes,
que atingem a consciência. Assim, o amor cumpre seu papel de ligação entre o
céu e a Terra, trazendo à psique humana fagulhas divinas compreendidas e
abraçadas pelo Ego
- O sair de si voltando-se para outro
em atitudes de amor compõe a vocação evolutiva humana, porém a maioria das
culturas ocidentais modernas condicionou os indivíduos a valorizar os prazeres
da sensação em detrimento das emoções que brotam da experiência do
amor em todas as suas expressões
5.3 - SER-SE INTEGRALMENTE
- O sentido de posse material atingiu
a sociedade moderna, principalmente na ocidental, uma importância exacerbada e
até irracional, posto que o próprio valor de uso desses bens fica diminuído em
função do valor exacerbado que se atribui a posse em si
- Aqueles que conseguem amealhar um
volume muito grande de bens, terminam por não conseguir usufruir senão uma
parte ínfima dos benefícios que tamanho patrimônio pode proporcionar,
utilizando-os tão somente para que rendam recursos financeiros, visando
aumentar ainda mais suas posses, num círculo vicioso insano e escravizante
- Possuir e gozar prazeres sensoriais
passam a constituir valores supremos diante dos quais tudo se torna secundário
e supérfluo
- Aquele que prioriza ansiosamente os
valores do prazer sensorial, restringe o acesso aos valores permanentes e ironicamente
reduz a própria intensidade dos prazeres que, quando estão alinhados com as
aspirações superiores, manifestam-se com mais lucidez e profundidade por
estarem harmonizados integralmente com a psique
CAPÍTULO 06 - O SER HUMANO EM CRISE
EXISTENCIAL
- A fase de pós-modernidade que se
torna cada vez mais perturbadora nas mentes e nos comportamentos, responde pela
perda emocional dos valores de alto porte, que vêm reduzindo o ser humano à
condição robótica
- O sofrimento em escala global
provocaram na psique de muitos uma dessensibilização que é, antes de tudo, uma
reação de defesa ou de adaptação à uma realidade externa chocante
- A sensação de impotência diante da
banalização da vida e dos valores solidários
inibem quaisquer outros sentimentos mais elevados, que pareciam inúteis
e sem sentido
- Em contrapartida, hábitos
distanciados de relações afetivas verdadeiras e nobres, passaram a ser
acolhidos pela maioria
- A evolução da ciência e da
tecnologia facilitou sobremaneira o distanciamento, maquiando-o com a
comunicação rápida e instantânea, porém superficial, e com a sedução de um
mídia corrompida e corrompedora
- Por não serem valorizados os laços
e comprometimentos afetivos, a sexualidade ficou também desvinculada dos mesmos
e, por isso, banalizada como mera fonte de prazer sensorial e vaidade
exacerbada, desprezando-se quaisquer consequência e desdobramentos dessa
postura
- Contribuindo de maneira habilmente
proposital, a mídia cria ídolos e devora-os, a cada instante, exaltando o crime
e os criminosos que se lhe tornam manchete contínua, exaurindo os clientes,
especialmente através da televisão, nas repetições exorbitantes das cenas de
horror, nos julgamentos arbitrários daqueles aos quais atribui a
responsabilidade pela desgraça, no estímulo à justiça pelas própria mãos,
encorajando psicopatas adormecidos a se tornarem famosos pela utilização dos
hórridos (horrorosos) espetáculos exibidos
- O despudor agressivo que arrebata
as multidões, especialmente acompanhando as cenas de deboche nos aplaudidos
programas de degradação humana, para a conquista da fama pela imoralidade e do
dinheiro pela perda da dignidade, favorece o surgimento de múmias morais, que
são os seres destituídos de emoção e de sensibilidade que a tudo se submetem
para atingir as metas estimuladas pelo mercado de sexo e da drogadição
- A propalada expressão “Vazio existencial” procede desse
distanciamento, ainda que temporário, de valores elevados, anteriormente
desenvolvidos e conquistados pela alma humana, e da referida dessensibilização
emocional / afetiva
6.1 - O SER HUMANO PLENO
- Por evitar o exame interno e não
dar ouvidos aos chamamentos que brotam sôfregos e reprimidos do fundo d’alma, o
indivíduo constrói sua existência terrena calcada somente no que é transitório,
instável, circunstancial e externo, sobre a areia das vicissitudes movediças do
mundo e não sobre a rocha firme e consistente dos valores eternos do SELF
- As bases psicológicas da sociedade
foram construídas a partir de um padrão mentiroso que prega a satisfação das
demandas do EGO, centrada no prazer sensorial e no poder, enquanto garantia do domínio
sobre as circunstâncias externas, sendo, portanto, uma felicidade falsa,
proveniente do que é externo, material e instável como areia
- A legítima psicoterapia objetiva
conduzir o indivíduo ao redescobrimento da sua realidade, da sua origem
espiritual, da finalidade existencial, do seu futuro imortal, que se lhe
transformam em alicerces de segurança para as lutas contínuas, evitando a
projeção dos seus conflitos nos outros, assumindo a culpa e libertando-a do
inconsciente em que jaz produzindo sombra e pesar
- Sob o ponto de vista da psicologia
analítica de Jung, o que ocorre ao se construir sobre a areia, é que o EGO e
a
consciência da qual ele é o centro, por questões práticas de adaptação
ao meio externo, tende inicialmente a manter-se distanciado do SELF,
embora um isolamento completo entre os mesmos seja impossível e uma comunicação
mínima sempre é mantida pelo SELF
- Esse distanciamento, entretanto,
inibe a percepção subjetiva da realidade divina e transcendental que o SELF proporciona,
acarretando numa drástica redução no discernimento e cedendo espaço à dominação
da SOMBRA
que exerce sua influência inconsciente sobre todos os comportamentos
- Entretanto, a própria frustração da
constatação prática, por tentativa e erro, da precariedade e fragilidade das
construções sobre as areias do EGO que desabam antes mesmo de serem
concluídas, levam a psique a considerar a possibilidade de se levar mais a
sério os chamamentos do SELF, percebendo-se já nas primeiras
tentativas, a solidez e a plenitude perene do mesmo
- Toda religião, no seu significado
profundo, objetiva religar a criatura ao se Criador, o que representaria
estabelecer o eixo EGO-SELF, o ser aparente com o ser real, proporcionando-lhe
condições de saúde e paz
- Quão superficial e ilusório é o EGO
enquanto essência do significado da vida, e quão real e sólido é o SELF.
Estabelecer o discernimento entre um e outro e integrá-los é o sentido
religioso por excelência e o passo inicial para chegar a isso é,
invariavelmente, perceber a transitoriedade do EGO que tem por
característica própria da sua primitividade, a capacidade de fingir ser o
objetivo essencial da vida
- Somente após intermináveis tropeços
dolorosos é que o EGO vai perdendo sua capacidade de dissimular
CAPÍTULO 7 - A POSSÍVEL SAÚDE
INTEGRAL
7.1 - A PARÁBOLA DOS TALENTOS
- O EGO que a tudo busca controlar,
quando num estágio pouco evoluído age para deixar os talentos acomodados a esse
domínio rasteiro e primitivo, e o faz como sempre de forma sorrateira e
camuflada, sob a aparência de quem almeja prazer e bem-estar inofensivos
- É muito mais fácil, e menos
trabalhoso, enterrar os talentos recebidos do que trabalhar no desdobramento e
desenvolvimento dos mesmos, o que certamente envolve riscos e iniciativas
- Todos os valores que sejam
sepultados no solo da indiferença e da falsa justificativa, se transformam em
sofrimento interior, porque a culpa que se apresenta no momento da prestação de
contas, leva-o às lágrimas e às lamentações
- Os sinais do desprezo aos talentos
recebidos grassam(difundem) sobre todo o planeta, o próprio equilíbrio orgânico
e psicológico, que no seu sentido mais amplo garante o talento da saúde é
assustadoramente malbaratada através de práticas que supostamente buscam o
bem-estar, mas na realidade estão causando a enfermidade, o sofrimento
desnecessário e a limitação física
- É lamentável a facilidade com que
se trocam a vitalidade física e o verdadeiro bem-estar, por prazeres efêmeros
como o Êxtase torpe das drogas ou o prazer falso e estúpido do beber em excesso
ou de comer compulsivamente alimentos que por sua composição desequilibrada ou
por sua quantidade desmedida, matam ou adoecem ao invés de nutrir
- Por outro lado o culto imaturo e a
busca obsessiva de medidas corporais tidas como belas pelo padrão vigente
movimentam energias, talentos e recursos financeiros inimagináveis, preterindo
em decorrência disso, valores consistentes de realização e felicidade
- Busca-se a aparência fútil que
inexoravelmente degenera com o tempo e despreza-se a essência que é perene,
levando suas vítimas a um caminho no mínimo ingênuo, que lamentavelmente leva à
frustração e ao distúrbio debilitante
- o dom da sexualidade e seu papel
dignificante como linguagem sublime do amor, como fonte abundante de prazeres
sadios e terapêuticos, e ainda como veículo sagrado de reprodução biológica a
serviço dos programas reencarnatórios são vulgarizados e violentados ao extremo
não somente como meio de prazeres promíscuos, descomprometidos e
irresponsáveis, mas, pior ainda, banalizado como instrumento de lucro, em
campanhas publicitárias de grandes corporações capitalista ou como apelos
grotescos para garantir índice satisfatórios de audiência na mídia
- O discernimento na qualidade de
talento foi recebido e desenvolvido, contudo carece de cultivo e exercício
constante para permanecer vivo e atuante. O descuido do mesmo, enterrando-0,
deixa-nos estagnados em níveis muito aquém daquele que naturalmente nos cabe
7.2 - A CONQUISTA DO SI-MESMO
- Recursos de retomada do caminho
sempre estarão ao nosso alcance mediante esforços e empreitadas, muitas vezes
árduas
- Qualquer talento atrofiado pelo
desuso deverá ser recuperado mediante exercícios tão extenuantes e prolongados
quanto foi o tempo em que esteve abandonado no cárcere da inconsciência, o que,
se por um lado é trabalho árduo, por outro corresponde, em última instância, à
conquista do Si-mesmo
- Conquistar o Si-mesmo, significa
estar na posse plena de todos os talentos que por direito natural de criaturas
divinas nos pertencem desde a criação, embora parte deles permanecesse
adormecida por conta do estado primitivo em que nos encontrávamos, ou enterrada
por conta da nossa preguiça
- Assim como as criaturas vegetais
possuem talentos peculiares que as caracterizam e as mantêm, como a capacidade
da fotossíntese, as criaturas humanas para que possam manter suas
características , carecem da posse dos talentos próprios da espécie
- Entretanto, por não ter a posse
plena desses talentos, ou por não estarem cada um dos mesmos em seu estado de
plena atividade, o ser humano padece de disfunções significativas, o que equivale
a adoecer, psíquica ou biologicamente, ou até mesmo desencarnar
- A enfermidade pode ser vista,
portanto, como um alerta benfazejo(generoso) em prol do ajuste harmonioso entre
o programa reencarnatório e a posse dos talentos necessários ao desempenho
satisfatório do mesmo
- Sendo o Si-mesmo a somatória de
todos os talentos concedidos pelo universo à criatura humana, em plena posse e
uso, compreende-se que o mesmo é a fonte da vida do corpo em todas as suas
expressões, nele residindo os dínamos geradores de todos os recursos para a
existência humana, e, quando liberto das injunções do processo material na
Terra, ei-lo que, ideal e numinoso, avança
na direção da plenitude
- E sendo os talentos, por definição,
valores a serem desenvolvidos com o concurso da vontade e dos esforços
individuais, compreende-se também a responsabilidade que recai sobre cada um de
nós que os recebemos
- É compreensível que haja uma
aceitação normal do estado em que muitos se encontram, acomodados às
circunstâncias, sem aspirações relevantes
- Nesse nível de consciência de sono,
as necessidades atêm-se maia àquelas orgânicas, quais sejam alimentar-se,
dormir, exercer o sexo, num círculo de automatismos primários
- O SELF desenvolve-se mediante os esforços existenciais que lhe
facultam a despertar dos tesouros adormecidos, produzindo a imaginação, a
ambição de crescimento, o desejo de conquistas novas
- Quem se basta com o habitual
permanece em hibernação de consciência, aguardando que fenômenos-dor o sacudam,
provocando-lhe a busca da renovação e a disposição para mudanças psicológicas,
para novas aspirações que lhe constituirão objetivos a trabalhar
- A hibernação da consciência é a
moléstia de maior poder degenerativo que pode atingir a alma humana, pois
atinge justamente na fonte da vida psíquica, emocional e física, anulando-lhe a razão, o discernimento e por
consequência o senso moral e o anseio pela busca de horizontes mais elevados
- Por todas essas contingências, a
hibernação da consciência tende a perpetuar-se, pois somente na própria
consciência, que ora dorme, é possível surgir os primeiros ímpetos de reação
- Por outro lado a embriaguez do
prazer e do possuir embaçam a percepção, tornando o possuidor possuído pela
posse possuidora, e, até certo ponto, anestesiando os fenômenos-dor que cedo ou
tarde, finalmente, sacudirão a consciência
7.3 - BINÔMIO SAÚDE-DOENÇA
- Uma disfunção fisiológica em um
órgão do corpo físico não surge espontaneamente, por força do acaso, naquele
órgão
- Houve uma ou várias causas articuladas
que manifestaram-se, com maior intensidade, num ponto específico do corpo
físico, e a causa original invariavelmente situa-se no comportamento moral
- Mesmo quando há, no desequilíbrio
fisiológica ou psíquico, uma causa claramente genética, a mesma foi
intencionalmente assumida quando da programação reencarnatória, pois
deficiências hereditárias não poderiam jamais ser frutos do acaso que passam
despercebidos pela Providência Divina
- Há portanto, uma causa moral que
demandou a decisão de uma reencarnação com determinadas limitações físicas,
psíquicas ou socioeconômicas que objetivam correções e aprendizados
específicos, decorrentes dos desvios morais ocorridos em encarnações anteriores
- Mesmo moléstias contagiosas,
adquiridas durante o período encarnado, podem ser consequência de um sistema
imunológico deficiente, previamente programado no plano espiritual, em consenso
com o próprio espírito prestes a reencarnar
- Em resumo, a manifestação da saúde,
considerada do seu ponto de vista mais profundo ocorre de acordo com premissas
e condições a seguir descritas por Joanna de Ângelis: “ A tríade que
constitui a realidade do ser, mental, emocional e fisiológica, é regida pelo SELF
que, dominado pelo EGO sob os impulsos do primitivismo, mantendo o desequilíbrio
de qualquer natureza abre espaço a disfunções normais, como ocorre com qualquer
veículo mal utilizado ou cuja manutenção se faça precária
- Portanto, a inserção do indivíduo
numa reencarnação, pressupõe uma posição socioeconômica pré-definida, numa
família conturbada ou não, numa situação de pobreza extrema ou de abundância,
compondo o cenário específica que cabe àquele espírito no seu processo
evolutivo
- Essa visão reencarnatória do
processo evolutivo explica e dá sentido às desigualdades sociais degradantes
impostas por regimes políticos egoicos, às guerras e à violência que permeia o
convívio social e a todas as aberrações e tribulações próprias da realidade
terrestre
CAPÍTULO 8 - A BUSCA DO SIGNIFICA
8.1 - A EXPRESSÃO DO SELF NA ARTE
- Toda a expressão artística, desde
os tempos primitivos da evolução humana, traz consigo, já nas pinturas
rupestres(pinturas em rochas, cavernas), a ânsia incontida de desenvolver a
consciência, de conhecer o universo que o cerca e de comunicar-se
- Quando, a partir da idade moderna, a arte deixa de
ser uma mera reprodução da beleza percebida na natureza para ser uma
manifestação da liberdade e da criatividade do gênero humano, as impressões do
inconsciente encontram uma via de expressão não somente da beleza indefinida e
infinita do SELF, mas também dos conflitos internos deste com o EGO grotesco
- Abre-se assim uma possibilidade
concreta de exteriorizarem-se conteúdos inconscientes e até mesmo conscientes,
que vão muito além dos limites habituais da busca da sobrevivência segura e do
prazer sensorial
- Assim entendida, a arte passa a ter
um papel terapêutico e construtivo da evolução humana exortando o artista e o
observador da obra ao enfrentamento com o inconsciente, como bem define Joanna
de Ângelis : “Graças a essa aventura em direção ao interior, ao inconsciente, a
arte se transformou em um fenômeno místico, quase religioso pelo seu
significado libertador, sem qualquer vínculo com denominação, mas dirigido à
imensidão do Cosmo e da vida”...
“Costuma-se dizer que a maioria das pinturas
da arte contemporânea, expressa angústia,
dor, sofrimento, discórdia, luta, o que, de certo modo, é verdade,
porquanto, representa a visão da jornada longa da evolução e reflete a
realidade existencial, muitas vezes disfarçada pela hipocrisia ou oculta pelos
denominados multiplicadores de opinião
8.2 - O BEM E O MAL
- O Livro dos Espíritos aborda esse
tema na questão 630 : “Como se distingue o bem do mal? O bem é tudo o que é
conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário
- Na questão 909 do mesmo livro,
percebe-se, de forma inquietante, a responsabilidade de cada alma na prática do
bem : “O homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços?
Sim, e algumas vezes, por fracos esforços. É a vontade que lhe falta
8.3 - OS SOFRIMENTOS NO MUNDO
- A essência e o sentido último de
todo sofrimento é educativa ou, em outras palavras, é proporcionar experiências
de aprendizado no sentido moral, psíquico e Espiritual
- Todo aturdimento suportado,
transforma-se em serenidade na proporção em que consegue despojar-se dos
resquícios últimos de revolta, mágoa, medo e melancolia
- Quando se sabe encarar o sofrimento
como uma necessidade de entendimento do Ego com todas as suas máscaras, o
trágico e o desvalimento transformam-se em alicerce para a construção da
realidade humana, no seu sentido divino e transcendente, porque o ser, em si
mesmo, é indestrutível, é imortal
- A fé religiosa saudável, bem
direcionada, adquire e oferece
significado à existência humana
- À medida que sejam adquiridas a
consciência de si, a compreensão do significado existencial, o dever de superar
a Sombra
após aceita-la, o sofrimento cede lugar ao estágio de harmonia propiciadora de
individuação
- A ação da vontade própria tem, em
decorrência de leis naturais, poderes imensos na transformação e na regeneração
física e psíquica
- A própria neurologia moderna
identificou que a postura da vontade induz o organismo humano a produzir
substâncias Neuropeptídios e neurocomunicadores) que refazem a saúde integral e
tornam o indivíduo receptivo às forças regeneradoras provenientes do Universo
8.4 - A INDIVIDUAÇÃO
- Existem características profundas e
verdadeiras de cada indivíduo que compreendem o
si-mesmo, ou seja, o que o mesmo tem de original, verdadeiro e
autêntico, sem as contaminações do inconsciente coletivo e sem as
manipulações distorcidas do Ego
- É nessa pureza que o Self,
enquanto a expressão da Divindade interna no ser humano realiza-se e
manifesta-se
- O cultivo dedicado de purificação
do si-mesmo,
desembaraçando-se de tudo que não o compõe, permite uma manifestação mais ampla
do Self,
e é ao resultado desse esforço contínuo que Jung denomina individuação
- Podemos dizer, portanto, que a individuação
é o movimento voluntário e laborioso de colocar o si-mesmo, purificado e
íntegro, à disposição do Self infinito
- Buscar a individuação é um
movimento interno que requer também o desprendimento seguro dos ditames
externos da sociedade
- Modismos e hábitos sociais
distorcidos que ultrapassam o discernimento e o bom-senso, podem gerar as máscaras
rígidas que descaracterizam a identidade legítima do indivíduo
- Quando se opta com determinação por
viver a honestidade, defronta-se imediatamente com as seguintes consequências :
muitas máscaras tendem a cair ou harmonizarem-se conscientemente
- Máscaras são
desnecessárias quando, honestamente e abertamente , se assume estar
desempenhando, dentro das relações sociais, uma função útil e válida
- Os erros e limitações
involuntários, por serem honestamente
assumidos não são sombra, mas imperfeições a serem corrigidos
- A coletividade humana ainda padece
pela sonolência da maioria em relação ao autoenfrentamento e ao desertar do Self
- A harmonia dos indivíduos da
sociedade, considerando-se todos os seus aspectos, aguarda esse despertar, e
enquanto tal não ocorre prolifera-se a neurose moderna decorrente da somatória de milhões de almas transformadas em
busca de si mesmas
- Esse tipo de transtorno neurótico
expressa-se em forma de ansiedade, de insatisfação, de frustração, de
desconfiança e de solidão, asfixiando os mais belos ideais da humanidade intelectualizada,
tecnologicamente rica e profundamente infeliz em seu sentimento pessoal
- Os efeitos imediatos são as
depressões bipolares na área da afetividade, a síndrome do pânico, as fugas
hediondas pelo suicídio, pelo homicídio, as opções tormentosas pela violência,
pelo estrupo, pelo esdrúxulo e primitivo
no comportamento para chamar a atenção, em face do desprezo que as suas vítimas
sentem por si mesmas
- Desse modo, a busca da individuação
é também a maneira psicológica de encontrar-se o melhor meio para o bom
relacionamento com o si-mesmo, com o outro, com a
sociedade
CAPÍTULO 9 - BUSCA INTERIOR
- O inconsciente motiva a
maior parte dos nossos atos e comportamentos, sem a interferência da consciência
lúcida, o que equivale a dizer que desconhecemos a maior parte das verdadeiras
motivações responsáveis pelas nossas decisões, escolhas e posturas e nisso
reside, em grande parte, as causas dos nossos conflitos e sofrimentos
- Diz Joanna de Ângelis : “A busca
interior não se pode deter na periferia da realidade física, mas
penetrar no cerne do ser e das suas faculdades, ampliando o elenco de
realizações com a visão do indivíduo indimensional , o Self com os seus atributos divinos”
- É notável a frequência com que, nos
procedimentos psicoterapêuticos de regressão da memória, lembranças
perturbadoras de fatos ocorridos em vidas passadas ressurgem vigorosas e
possibilitam ao terapeuta a oportunidade de, em conjunto com o paciente, diluir
o objeto do desequilíbrio
- Tendências, sentimentos e aptidões,
positivas ou negativas, na maior parte das vezes têm raízes em existências
passadas
- A penetração no inconsciente,
tornando conscientes suas manifestações significativas, possibilitando o
cultivo das que forem construtivas e a diluição das que forem nefastas, é
portanto necessária à conquista do equilíbrio e da saúde integral
- Se os processos terapêuticos
dirigidos por especialista constituem caminhos de êxito, há também, ao alcance
de todos, a possibilidade de esforços pessoais como a reflexão e o franco autoenfrentamento com tudo que evoca perturbação assim como a
prece dirigida à espiritualidade superior, as leituras esclarecedores
inspiradas por essa espiritualidade, os exercícios de meditação, e todos os
recursos sublimes que inspirem paz, harmonia e bem-estar, tipicamente
provenientes do Self, pois enquanto o inconsciente permaneça ignorado pelo Ego,
que se atribui a capacidade de impor-se ao Self, na tormentosa ambição do
poder e do prazer, serão liberadas impressões destrutivas
9.1 - FÉ E RELIGIÃO
- Praticamente, todas as civilizações
de todas as épocas guardam na sua cultura a crença em Deus, independente do
nome que se Lhe dê ou a forma como se O compreende, e a psicologia analítica
identificou essa crença natural como a expressão do Self na existência humana
- Joanna de Ângelis, entretanto,
distingui essa “religião natural” da religião que foi aprendida, esclarecendo
que nessa última interferem fatores educacionais, familiares e sociais que
acrescentam à mesma, desde a infância, alegorias e acessórios frequentemente
carregados de ameaças, punições e terror, porém, à medida que a razão e o
discernimento substituem a ignorância e a ingenuidade, os conflitos que surgem
também entram em confronto com a conduta religiosa, especialmente se é
castradora, imposta, ou se tem o caráter policialesco de vigiar todos os passos
com ameaças de punição
- Vultos de renome no meio científico
e acadêmico mundial, contemporâneos de Kardec, já houvessem atestado e
comprovado, dentro do melhor rigor da metodologia científica, a existência da
alma e da sua comunicação com os vivos, entre eles : Willian
Crookes(1832-1919), Camille Flammarion (1842-1925), Charles Robert Richet
(1850-1935) e Leon Denis (1846-1927) e Ernesto Bozzano (1862-1943)
- A maioria dos profissionais da
saúde, mais do que nunca, consideram imprescindíveis os pressupostos do
Espírito e da fé, na cura e na manutenção da qualidade de vida dos pacientes,
pois pela observação empírica é sabido que quando se crê, todo o organismo
atende aos impulsos da psique e responde de maneira eficaz, produzindo recursos
propiciatórios à sua realização
9.2 - PENSAMENTO E AÇÃO
- Joanna de Ângelis ressalta de
maneira sucinta o papel do pensamento na trajetória evolutiva do espírito
humano : “Através do pensamento cada ser humano eleva o seu estágio de
evolução, caracterizando-se pela nobreza das ideias que formula ou pela
vulgaridade em que se compraz”
- Quem pensa é o Espírito e não o
aparelho físico que serve simplesmente de veículo necessário, nobre e adequado
ao Espírito, durante a enriquecedora
experiência reencarnatória
- Como emanação do Espírito, o
pensamento é o instrumento hábil para o estabelecimento da razão, do
discernimento, da consciência que se desenvolve através de níveis específicos
até fundir-se na identificação cósmica, conforme sucede com o próprio
pensamento
- Embora o pensamento surja por
ampliação e evolução do instinto, ambos coexistem entre si, ou seja, o instinto
não fica suspenso ou inerte por força do desenvolvimento do pensamento
- Assim, o instinto que permanece,
mesmo no homem mais evoluído, é também instrumento valioso da alma humana,
desde que utilizada de forma harmônica com a razão, o que equivale a
interpretar e dirigir os apelos instintivos com o crivo do discernimento, o que
constitui exercício de evolução no seu sentido mais amplo e sublime
- O instinto, harmonizado com o
pensamento, pode indicar-nos aspectos que estariam fora do alcance imediato do
raciocínio lógico, levando-nos a ações e
decisões acertadas
- Formações fluídicas, forças
ideoplásticas, formas-pensamento são expressões que fixam-se na capacidade,
própria do pensamento, de interferir nas realidades materiais/físicas e
psíquicas do próprio indivíduo e do ambiente que o cerca
- Essa interferência pode
manifestar-se, por exemplo, como cura e refazimento físico e psíquico, próprio
ou de terceiros, como transmissão de eflúvios balsâmicos tranquilizantes e
reanimadores para uma alma debilitada da matéria bruta, própria da crosta
terrestre, ou da matéria sutil, comum no plano espiritual, de acordo com
objetivos específicos
- A displicência e a invigilância no
pensar pode induzir a descaminhos. Um bom exemplo desse perigo é o alerta de
Jesus : “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a
cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela
- A natureza imediatista da
libido, aliada ao pensamento desregrado
e sem disciplina, antes mesmo de desdobrar-se em ato físico, e mesmo que tal
não aconteça, desencadeará forças fluídicas, invisíveis ao encarnado que a
emitiu, capazes de provocar os efeitos
- Irritação psíquica, depressão,
distúrbios orgânicos e degenerações diversas são consequências diretas desse
tipo de influência tanto para o emissor como para aqueles que mentalmente
estiverem receptivos a tais vibrações
CAPÍTULO 10 - A VIDA E A MORTE
10.1 - A BÊNÇÃO DO CORPO FÍSICO
- No corpo humano existem 150.000 a
190.000 Km de artérias, vasos e veias, suficientes para completar quatro voltas
no globo terrestre, constituídos num circuito único que leva sangue para nutrir
um total de aproximadamente cem trilhões de células, as quais renovam-se
continuamente num processo de reencarnação celular, preciso e controlado que
mantém saudável a vida do indivíduo
- Há no cérebro, aproximadamente, cem
bilhões de células pensantes, os neurônios, cada um dos quais conectados a 10.000
outros neurônios, o que possibilita a existência de cem trilhões de conexões
destinadas à troca e processamento simultâneo de milhares de informações
recebidas por segundo, acerca de todo o tipo de estímulos externos e internos,
através dos aparelhos perceptivos da visão, audição, tato, paladar e olfato
- Todo esse aparato incrivelmente
complexo, desenvolvido ao longo de dois bilhões de anos pelo Princípio
Inteligente Universal
- Desse modo, é incumbência do
discernimento e da livre vontade, resguardar e cultivar as potencialidades do
sagrado invólucro material recebido das mãos amorosas do Universo
- Nesse esforço de autopreservação,
enquanto não ocorre a harmonização, o Ego ainda arrogante, num mecanismo
de fuga da responsabilidade, identifica externamente supostas agressores,
estabelecendo hostilidades e ataques inúteis que redundam, estes sim, em danos
reais em quem os engendrou, perpetuando conflitos e postergando o necessário e
inevitável autoenfrentamento
- A paz e a serenidade próprias da
harmonia entre Ego e Self, percebidas no estado numinoso,
provém da constatação segura de que não há ameaças externas reais quando se
está consciente de si mesmo e sinceramente empenhado na Reforma Íntima
- Constata-se, ironicamente, que a
principal causa de infortúnios e sofrimentos é a expectativa e o respectivo
medo de que os mesmos possam ocorrer, tornando-nos vítimas antecipadas de meras
expectativas, que talvez jamais se concretizem
10.2 - A VIDA HARMÔNICA
- A transição da matéria, tida como
inanimada, para o estado de vida orgânica, não é compreendida pelo saber
humano, todavia sabemos que: é assim que tudo serve, tudo se coordena na
natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo
átomo (Questão 540, do LE)
- O desconhecimento da realidade
espiritual, que transcende o mundo sensorial e os ditames do Ego, dificulta o
abandono da matéria, pois não se pode adentrar com serenidade numa realidade
que se desconhece, e, o desconhecido, nesse caso, causa a repulsa, a
desconfiança e o medo
- Se por um lado a aproximação entre
Ego e Self é consequência evolutiva alcançada após muitas reencarnações, são
também consequências as enfermidades e os desvios morais. Assim, onde se
encontre o enfermo psicológico ou físico ou mental, aí está a totalidade dos
seus atos em reencarnações anteriores agora refletidos na conduta angustiosa ou
aflitiva que o aturde
- A coragem e a determinação do
autoenfrentamento conduz o indivíduo à descoberta de inúmeras alternativas e
caminhos de reconstrução
- Quem verdadeiramente quer os fins
busca os meios, porém , não enxergar os meios é pretexto frequente de quem não
quer enfrentar a labuta. É a fuga dos que optam
pela máscara de vítimas das crueldade e injustiças dos que o cercam e do
mundo em geral
10.3 - EQUIPAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA
O SER
- O Self, na condição de
energia pensante, ou princípio inteligente do Universo, apetrechou (muniu) a
alma humana com todo um arsenal de equipamento psicológico para o desempenho da
tarefa que deve executar, a iluminação
- Há, portanto, na alma humana,
recursos originalmente em estado latente que aguardam para serem despertados,
com o concurso da vontade e do discernimento
- Joanna de Ângelis, de forma
didática e prática, agrupa esses recursos em seis vertentes distintas:
(3) A prática da caridade
(4) A autoanálise frequente na busca
do “Si mesmo”
(5) O cultivo do relacionamento
“Criatura-Criador”, através da oração
(6) O pensamento
(1) A alegria de viver
- A alegria é o estado puro
ou original da vida e desaparece quando surgem os conflitos e quando vêm à tona
os condicionamentos que há séculos residem no inconsciente
- Esses conflitos manifestam-se quase
sempre através de estruturas mentais ou condicionamentos inconscientes que, por
não serem racionais, transformam os simples desafios da vida cotidiana em
sofrimentos
- Para que se alcance a alegria de
viver, há que subordinar a mente e a imaginação ao jugo da vontade lúcida e do
discernimento, eliminando a ação de devaneios(divagação) e projeções mentais
carregadas de imagem negativas, sombrias
- A alegria de viver pressupõe também
a existência de problemas e desafios que, fora da visão dilatada do Self,
são classificadas como sofrimento pelo Ego imaturo
(2) A reflexão antes de qualquer
atitude
- A reflexão antes de qualquer
atitude viabiliza a ação do discernimento ao mesmo tempo em que impede a ação
sempre tempestiva do Ego imediatista
- Impedir a reflexão prévia é
habilidade natural do Ego, o que torna conveniente e sábio
o antigo conselho de se “contar até dez”, antes de qualquer atitude passional
(excesso de paixão)
- A reflexão é, por excelência, o
discernimento posto em prática, a ponderação que possibilita o uso da
criatividade na elaboração de soluções adequadas
- Contudo para que o talento do
discernimento atue plenamente, a psique deve estar aberta a essa criatividade e
isso pressupõe estar livre dos paradigmas (padrão), dos condicionamentos e dos
padrões preestabelecidos, os quais se incrustam no inconsciente e, sob o
comando do ego medroso, repudiam tudo o que for novo e inusitado, por
julgar mais seguro manter-se no já experimentado e aceito padrão social
- Portanto, a criatividade, como
exercício de reflexão, provém do espírito, que para romper com os padrões egoicos
e libertar-se do jugo dos instintos, pressupõe certa dose de coragem e
de ousadia
- Já a impulsividade provém do
atrevimento insano do Ego que busca, de forma imediatista,
a mera satisfação sensorial e a falsa sensação de domínio sobre o meio
Retrata-se, assim, mais uma vez, o
conflito Ego-Self que deve ser
extinto pela consciência e pela compreensão do primitivismo do Ego
- A reflexão, desenvolvida e
aprimorada pela constância, induz naturalmente o indivíduo a considerar sua
relação, enquanto criatura, com Aquele que o criou
- A reflexão contemplativa da
natureza em seu equilíbrio e harmonia tem levado muitos indivíduos à percepção
da relação criatura-Criador ou pensamento-oração que faculta sintonia com as
forças cósmicas de onde procedem todas as coisas materiais, e em forma de
energia vitaliza e acima quantos se utilizam desse comportamento
- Dessa forma, a relação
criatura-Criador, uma vez introspectada no consciente, inicia, por fazer parte
da sua natureza intrínseca, o movimento livre e voluntário em direção à
integração harmoniosa consigo mesmo, com o outro e com o Universo, ou seja, à
caridade
10.4 - A FATALIDADE DA MORTE
- O medo da morte sempre habitou a
psique humana, como descreve Joanna de Ângelis : “Atavicamente, o
medo
da morte e do aniquilamento permanece como um arquétipo terrível e
ameaçador, herança do período da caverna, quando ocorria o fenômeno que não era
interpretado pelo homem primitivo, que via o outro ser decompor-se, tresandar
podridão e não mais voltar ao convívio”... “Sem a capacidade de discernir, o
culto do sepultamento desenhou-se-lhe no Self, dando lugar às superstições
compatíveis com o nível evolutivo e gerando no inconsciente profundo o
horror da ocorrência não compreendida”
- Assim o horror da morte sempre
esteve atrelado ao horror do aniquilamento, do final inexorável e total da
existência do indivíduo
- A consciência da imortalidade
representa um passo evolutivo gigantesco, principalmente considerando-se o seu
desdobramento imediato que é a percepção de que o que sobrevive é a essência do
indivíduo
- Há também uma graduação evolutiva
na qualidade dessa percepção, na medida em que se distingue a essência
transcendente e infinita do indivíduo das percepções sensoriais e instintivas
do Ego
- Sofrer, pois, enquanto encarnados,
as pressões do Ego, as tentações absorventes da sensualidade e do orgulho, as
sensações acachapantes do medo e dos conflitos internos, a dor e a debilidade
física, as frustrações de não açambarcar ainda no consciente o sentido
fraudulento do sofrimento e por isso amargá-lo por séculos a fio, são
instrumentos nobilíssimos de descoberta e aprendizado do sentido da vida
- Só assim todas as mazelas,
misérias, infortúnios e tragédias incluídas no drama da história humana passam
a ter sentido, o que de outro modo seria a caos existencial, a falência de todo
e qualquer significado possível da existência humana e de quaisquer realizações
da mesma
- A própria morte seria a acusadora
implacável do absurdo patético da vida
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