domingo, 27 de março de 2016

LIVRO : EMOÇÕES QUE CURAM (Ermance Dufaux, psicografia de Wanderlei Soares de Oliveira)

INTRODUÇÃO : A CURA DO EGOISMO

- Nossa personalidade egoísta só pensa em si. Em contrapartida, o autoamor é o movimento da alma que também pensa em si, mas sem excluir a interação com as Leis paternais da solidariedade e do Bem comum a todos
- Autoamor é, portanto, a aplicação do egoísmo com finalidades superiores que preenchem o coração de paz e alegria
- Esse processo curativo envolve reeducação emocional. Uma Reforma Íntima centrada no autoamor não se resume em negar interesses pessoais, mas em orientá-los para o equilíbrio
- Reorganizar nosso egoísmo a golpes de negação das necessidades e interesses pessoais é tão nocivo quanto dar vazão à carga tóxica de egocentrismo
- Nossa proposta nestes despretensiosos textos é examinar os mais profundos mecanismos emocionais do egoísmo em nossa conduta e indicar os caminhos de como transformá-lo em autoamor, em emoção que cura
- A conduta personalista cristalizou a paixão pela satisfação pessoal a qualquer preço. Hoje, quem se decide por uma mudança desse hábito milenar depara-se com dois reflexos principais:
(1) A nociva experiência da “idealização”, no campo do pensamento
- Mentes idealistas pensam muito no Mundo, na vida e nas pessoas

- Elas idealizam como as coisas deveriam ser e reagem de forma doentia quando suas expectativas não são realizadas
- Esse é o hábito central de quem usou a inteligência para manipular o mundo em favor de seus prazeres transitórios
- O idealista que hoje se propõe a uma reforma interior, vai experimentar dores emocionais na alma como :
1) carência afetiva
2) compulsiva necessidade de resolver os problemas alheios seguida de desastroso autoabandono, solidão dilacerante
3) Acentuado sentimento de frustração, mesmo quando alcançando os resultados possíveis
4) Manutenção de relacionamentos tóxicos baseados na dependência emocional
5) Mágoa recorrente como expressão de revolta comportamental
6) Severo sentimento de culpa pelo que fez e pelo que não fez, manifesto por meio de rigorosas autocobranças e penitências
7) Medo muito intenso de situações imaginárias
8) Necessidade de controlar tudo e todos

- Essas dores emocionais geram uma sensação de desproteção perante a vida, de ausência de sentido para viver
(2) A corrosão do “sentimento de fé ”, no campo emocional
- Com vivências tão dolorosas, estabelece-se um vazio existencial que corrói o sentimento de fé, e sem fé, surge a desvitalização, a depressão e o desespero perante as experiências provacionais e expiatórias
- Uma mente atormentada pelos mecanismos sombrios da idealização e pela ausência de fé, quando deseja realizar uma “reforma íntima”, corre um risco enorme de tratar-se com tamanha inimizade ante as dores da Alma, que sua proposta de melhoria poderá produzir agressões à saúde psíquica
- A recomendação de uma transformação sob o escudo do autoamor suaviza esses reflexos e estimula a caminhada
- O autoamor é protetor, e quem se trata com acolhimento aumenta suas chances de melhora e faz uso de duas medicações essenciais para sua cura :
(1) A adequação do pensamento à realidade
(2) O ajuste emocional à autoaceitação
- Egoismo à luz da autoamor significa cuidar de si, pensar em si e olhar por si, sempre tomando por base o Bem, não somente o seu, mas de todos
- Essa cura interior vai nos exigir tratar das três principais feridas da Alma : O sentimento de inferioridade, a sensação de desamparo e a cruel realidade de nossa falibilidade

HARMONIA INTERIOR (Wanderlei Soares de Oliveira) - Jul / 1013
- O analfabetismo afetivo é muito maior que o intelectual, sendo necessário um movimento de alfabetização emocional para a humanidade
- Trata-se de um processo educacional que nos coloca em contato com a parte que menos conhecemos de nós mesmos, nossa vida interior
- Se continuarmos adotando os mesmos métodos de sempre, sem atendermos às necessidades de natureza emocional, corremos um risco muito grande de ensinar espiritismo para as pessoas e deixar de buscar o que é mais essencial : a maneira como podemos nos tornar homens de bem e ser felizes
- Estamos muito sozinhos e angustiados e nem sempre conseguimos encontrar no ambiente da casa espírita o que precisamos para nossas necessidades de aprimoramento emocional
- Falamos muito pouco ou quase nada sobre os sentimentos, sejam eles nas relações afetivas, nas atividades profissionais ou nas vivências cotidianas
- Precisamos criar um espaço, uma situação, em que possamos falar de nós mesmos em clima de confiança e melhoria moral
- Se continuarmos entendendo espiritismo na vida e nos fatos e não conectá-lo à nossa vida emocional, arriscamo-nos a adoecer, tendo muito conhecimento e pouca prática, muita soberba nos pensamentos e o coração vazio de paz verdadeira. Será que vale a pena ser espírita assim ?
- A série “Harmonia Interior”, da autora Ermance Dufaux, alcança com este livro o encerramento do ciclo de obras que nos tem trazido orientações e subsídios para serem usados de forma prática nesse preparo emocional

CAP 01 - EMOÇÕES HÍBRIDAS
- Toda emoção dentro de nós significa algo a nosso respeito e tem uma função sagrada e reveladora
- A ausência de habilidades emocionais para lidar com nossas emoções é a causa principal das nossas dores, pois, sem uma leitura precisa do que significa e para que serve, cada uma delas, agimos e falamos em desacordo com aquilo que sentimos
- As emoções primárias como o medo, a tristeza, a alegria, o amor e a raiva, são os fios condutores da nossa evolução espiritual. Elas são instintivas e cumprem funções nobres na arquitetura da vida mental
Algumas formas híbridas das emoções primárias:
(1) Azedume
- É como uma reação alérgica indicando que algo não está fazendo bem.
- É um indício de que está havendo repetição de comportamentos nocivos à nossa paz e, portanto, uma indicação de que necessitamos alterar algo em nossa conduta
- O azedume é um híbrido da raiva

(2) Angústia
- É a emoção da morte, podendo ser a morte de desejos, de projetos, de ideais, da alegria e do prazer
- Ela é muito presente quando nos abandonamos para cuidar de outras pessoas ou por pura acomodação
- É um sintoma de que algo está desorganizado dentro de nós há muito tempo
- Ela quase sempre vem acompanhada da solidão para deixar claro que será urgente uma aproximação de nós mesmos, pois solidão é estar longe de si mesmo
- A angústia é um híbrido da tristeza

(3) Insegurança
- É desencadeada pela percepção de nós mesmos como seres vulneráveis, com acentuada sensação de desamparo
- Sua função é mostrar que estamos nos apoiando em crenças que não nos ajudam a despertar os talentos adormecidos em nós
- É um sintoma de que estamos precisando fortalecer nossa autoestima e enfrentar o que tememos
- A insegurança é um estado híbrido do medo

(4) Vaidade
- É um indicador emocional de que estamos necessitando avaliar uma carência que é sempre evidenciada por meio da relação humana
- Ela aparece quando nos sentimos menores, sem valor, em falta, ou seja, ela vem para suprir o que faltou e só aparece onde há escassez
- Sem vaidade não nos cuidaríamos, não sentiríamos falta da alegria e de fazer algo por nós mesmos. Sem vaidade, ninguém constrói uma estima pessoal sólida, que é o pilar do autoamor
- A vaidade orientada para a preservação da autovalorização é uma fonte do bem que estamos desenvolvendo à luz de nossos esforços de espiritualização
- Ela é também o prazer diante daquilo que somos ou realizamos. Quando focada na vida de relações, é a busca do prazer do reconhecimento, do aplauso e da admiração alheia. Quando facada na vida interior, é a energia que nos garante alegria e satisfação com nossas realizações
- A vaidade é um híbrido da alegria
(5) Insatisfação
- É indicador de que estamos precisando tomar consciência sobre o que queremos e o que não queremos da nossa existência
- Essa emoção é o oposto da felicidade e estabelece profundo estado de desamor, sendo um sintoma muito importante de que nosso desejo está ativo e procurando novas expressões de amor e de nossa individualidade
- A insatisfação é uma emoção híbrida do amor

- Faz-se urgente a elaboração de uma campanha para aquisição da alfabetização afetiva e do desenvolvimento de habilidades que permitam identificar e usar as emoções básicas e as híbridas como seguras trilhas emocionais para o autoconhecimento e a autotransformação
- Sair das emoções híbridas e transformá-las em emoções que curam, pois não existem emoções sem finalidades curativas quando a alma está desperta para o patrimônio de luz que pode emergir de suas sombras

CAP 02 - A PRESENÇA DO SOMBRIO NAS RELAÇÕES AFETIVAS
- Egoismo é quando não estamos bem com nossa vida e adoramos transformar os outros para nos sentir melhor conosco mesmos
- A única pessoa nesse mundo que podemos salvar é a nós mesmos e, nem isso, muitas vezes, temos dado conta, e ainda queremos salvar os outros
- Carma não é com o outro. O resgate não é com o outro, e sim com o que ficou dentro da gente em função do que fizemos ao outro. São os registros de lesão que precisam ser mudados
- Buscamos energeticamente nas pessoas de nossa convivência o “sombrio” e o “luminoso” que estão na nossa própria intimidade. Projetamos, dessa forma, no outro, as nossas necessidades e também nossos talentos adormecidos
- Nossas relações afetivas são, por isso, laboratórios de revelação de nossas camadas mais profundas da psique
- No outro, nos vemos e nos revelamos. Aquilo que apreciamos no outro pode ser o ponto de equilíbrio para o nosso “sombrio”, entretanto, por conta do egoísmo e das crenças enraizadas, podemos transformar o remédio em veneno e passar a tentar destruir esse ponto “luminoso” do outro repudiando o que mais precisamos para nós
- Os estudos psicológicos no mundo dos Espíritos, à luz do espírito imortal, deixam claras quais são as três ilusões mais presentes no processo de integração entre o “luminoso” e o “Sombrio” dentro de nós e que costumam transformar o nosso amor em sofrimento. São as seguintes as ilusões:
(1) Acreditar que nosso amor é capaz de modificar quem nós amamos
- Só mesmo a prepotência pode advogar a ideia de transformação contra a vontade de alguém e intoxicar o amor com raiva e amargura

(2) Acreditar que somos responsáveis pelas escolhas de quem amamos
- Quando nos sentimos responsáveis pelas escolhas alheias, dispostos a fazer todo sacrifício, como se isso fosse amor, abandonamo-nos e tiramos nossas forças, nossa motivação e nossa lucidez
- Quando isso ocorre, existe sacrifício, e o sacrifício traz a mágoa, as expectativas e as cobranças
- Quando você impede alguém de fazer escolhas, ele não aprende e ainda interpreta isso como uma mensagem subjetiva de que não acreditamos em sua competência

(3) Acreditar que amar é creditar à pessoa amada uma importância maior do que a nós próprio
- É uma atitude de autoabandono que é origem da depressão
- Isso tem mais a ver com egoísmo do que com amor. Quando damos importância superlativa ao outro, estamos, em verdade, tentando nos realizar no outro, nos sentimos importantes tentando mudar o outro ou fazer algo de bom para nos sentirmos com algum valor

CAP 03 - TRANSFORME SUA RAIVA EM SOLUÇÕES
- Na história evolutiva, o sentimento da raiva é uma das mais antigas conquistas no patrimônio da Alma, cuja finalidade é proteção pessoal
- Diante de alguma agressão ou perigo, essa emoção visa a adaptação com intuito defensivo
A raiva faz parte do grupo das chamadas emoções mobilizadoras, ou seja, aquelas que servem para acionar nosso instinto de conservação perante um perigo real ou que esteja para acontecer
- Sua energia , portanto, é uma fonte de criação para ser usada no desenvolvimento de soluções. Na ausência dessas habilidades emocionais, podem surgir os acontecimentos trágicos da violência e da agressividade descontrolada
- A mágoa é uma das máscaras da raiva que brota de uma forma inadequada de lidar com aquele acontecimento ofensivo
- A mágoa, por ser qualificado de estado, porque perdura no tempo, passa a gerenciar vários padrões de pensamento e comportamento que nos sufocam a níveis emocionais tão severos que podem se transformar em ódio, vingança e tragédia
- Quem se faz de vítima diante da mágoa usa sua raiva contra o outro tentando ignorar sua parcela de responsabilidade para que o fato o fato lesivo ocorresse
- Uma das razões mais presentes para camuflarmos a raiva em nossa conduta é a necessidade de passarmos aos outros uma imagem de que estamos no controle, de que somos fortes o suficiente para suportar aquela ferida e de que nada nos atinge
- Quando a raiva se apodera de nosso coração em relação a alguém, existe uma enorme chance de estarmos decepcionados é com nós mesmos, e isso é bem mais difícil e desconfortável de examinar, considerando que o padrão mental do orgulho é um dos gestores mais habituais da mágoa
- o orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportares uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos

CAP 04 - PALAVRAS DE UMA MÃE SOBRE A CULPA
- No Hospital Esperança era dia dos grupos terapêuticos se reunirem, sendo na tarefa reservada para mais de 400 mulheres que foram mães no mundo físico, todas ainda em processo de adaptação e recuperação
- Diversos grupos com funções educativas e libertadoras se organizavam sob os cuidados de dona Modesto. Oficinas do sentimento, tribuna da humildade, grupos de reencontro, palestras e vivências de terapia ocupacional foram distribuídas em equipes de vinte a setenta pessoas, conforme o tratamento que cada uma delas estava realizando
- Fomos acompanhar dona Maria Modesto e o professor Cícero parreira que supervisionavam a tribuna da humildade. Era o maior grupo naquela ocasião, com cem aprendizes que ouviram o testemunho
- Essas mães traziam um semblante sofrido. A dor da separação de suas famílias adicionada à forma repressora com que viveram a maternidade as havia entregado aos braços da depressão. Todas desencarnaram entre 1990 e 2010
- Uma mulher franzina, trazendo um largo sorriso no rosto, iniciou sua fala :
- “Desencarnei em 1999, com quase 60 anos. Essa geração pós-guerra desenvolveu um costuma nocivo, até certo ponto fruto de uma herança de gerações, porque ei não conheci uma mãe sem culpa, uma mãe que se achasse boa o bastante para desempenhar sua missão. Culpa por fazer, culpa por deixar de fazer, culpa por pensar em fazer
- Além da herança cultural, o modelo social projetou a mulher a novas e inesperadas formas de participação, criando conflitos íntimos severos entre trabalho, maternidade e família
- A maioria de nós aqui presente pertence a uma geração cujo estandarte foi “ser mãe é padecer no paraíso”, uma concepção lamentável que gerou e sustentou muitas crenças enfermiças
- Eu tive que rever conceitos aqui no hospital. Foi uma verdadeira cirurgia na mente e no coração. Tive dois filhos lindos e adotei a renúncia e doação por amor como compromissos essenciais para educa-los
- Fiz planos de uma família unida e harmonizada juntamente com o marido, um homem exemplar. Ambos espíritas, desde cedo orientamos nossos filhos pelas práticas doutrinárias
- Idealizamos nossos filhos como tarefeiros comprometidos e servidores do bem na Casa Espírita. Veio, porém, a juventude e eles queriam suas escolhas. Viveram uma mocidade distante dos ideais que eu e o pai lhes havíamos projetado
- Foi difícil aceitar, porque eles não só adquiriram hábitos estranhos à nossa mentalidade, como também se distanciaram do afeto do lar
- Para mim, isso se tornou um problema, pois é como se eles tivessem se transformado em oponentes
- A distância afetiva me machucava, porque a interpretava como desamor e, o pior, sentia-me responsável pelo que estava acontecendo. Culpava-me e perguntava-me sempre onde foi a minha falha
- Foi então que surgiram os conflitos, porque, no desespero de mãe zelosa, transformei-me em uma cobradora implacável, cansando meus filhos com advertências e enfrentamentos importunos que substituíram o lugar do diálogo
- Exigi tanto, que eles não suportaram e abandonaram o lar para estudar longe de nossa cidade
- Com esforço e a contragosto, eu e meu marido financiamos os recursos e eles foram trabalhar para se sustentar
- Onde foi a minha falha? Perguntava sempre a mim mesma e não encontrava resposta. A pergunta coerente só vim a aprender aqui no mundo espiritual. Eu não tinha que olhar para trás. Se havia alguma falha, se havia algo a ser feito, era ali, naquele momento presente em que eles apresentaram suas particularidades
- Mas eu não enxerguei que, em vez de ser uma mãe cobradora, podia ter me comportado, também, como uma mãe amiga e respeitosa, dialogadora e companheira
- Pouco tempo depois que saíram de casa, eu entrei em profundo depressão. Para ser sincera eu já estava depressiva e não sabia
- Fiz uma descoberta chocante depois de toda essa depressão : meus filhos não se tornaram o projeto que idealizei para eles, eles se tornaram algo muito melhor do que idealizei para eles, eles se tornaram quem são e quem gostariam de ser, superando meus próprios planos de mãe neurótica
- Desencarnei me sentindo melhor, mas ainda trazendo na alma estilete de culpa que teimavam em me ferir. Somente aqui pude tratar essa doença nos grupos terapêuticos, descobrindo que minha depressão foi o resultado do meu autoabandono
- Senti-me tão responsável pelos meus filhos, que adoeci, esqueci de mim, do marido, da diversão e até desencantei com as tarefas espíritas
- Assumi uma responsabilidade que extrapolava a esfera do limite entregue a mim. É uma velha ilusão que faz a mente pernoitar no conceito de que amar é ser responsável pelas pessoas que amamos
- Queremos ser salvadores, abri mão do papel de educadora. Dizendo amar, transformei-me em uma controladora compulsiva. Levantando a bandeira da missão espírita para com os outros, neguei necessidades básicas de minha própria caminhada de aprimoramento na missão essencial de minha cura interior
- Uma percepção perfeccionista da maternidade pode adoecer-nos mentalmente, causando enfermidades que solicitam tratamentos especializados
- Cada filho, como espírita eterno que é, responde por sua caminhada. Libertem-se desse peso
- Agimos como se fôssemos Deus, apenas nos escravizamos à enfermidade do amor prepotente, que nos alucina com a ideia de que temos a obrigação de salvar filhos que não querem ser salvos ou de dirigir a vida de filhos que anseiam eles próprios serem proprietários de seus caminhos
- Uma das crenças mais prejudiciais sobre o amor é a de somos capazes de mudar as pessoas que amamos ou, mais grave ainda, que respondemos pela escolha de nossos entes amados
- Adicionada a essa ilusão, sob a ótica da imortalidade da alma, muitos aprendizes do espiritismo, entre os quais eu me incluo, acreditam que é também um dever conseguir essa renovação das pessoas que a vida nos entrega, seja nas experiências do parentesco ou da afetividade, por uma questão de carma
- O efeito mais lamentável dessa falsa crença é a sensação dilacerante de ser também responsável pela queda moral e espiritual daqueles que amamos quando eles não optam pelo seu reerguimento
- Não será exagero dizer que essa forma de pensar e comportar é uma tragédia social no terreno dos relacionamentos, porque muitas dores, tormentos e dissabores ocorrem por conta dessa cruel sensação de falência, que encarcera o ser humano nas mais diversas formas de infelicidade e fantasias de fracasso
- Perante a eternidade, em verdade, somos responsáveis unicamente por nós mesmos. Em relação ao outro, cabe-nos exercer os deveres cooperativos inspirados na Lei de Sociedade e amor que promove uma teia de solidariedade, apoio mútuo e motivação de uns para com os outros, mas não a ponto de anular o desejo, a intenção, a escolha e a atitude que a outrem compete para o erguimento de si mesmo
- Amar não é algemar-se a alguém. Amar não significa agradar o tempo todo. Amar é criar laços saudáveis que deixam marcantes motivos para desejar a presença de quem se cativa. Amar é estar presente no coração das pessoas mesmo estando longe
- Quando fazemos pelas pessoas que amamos aquilo que elas não nos pediram, a pretexto de agradá-las ou de socorrê-las, poderemos nos enredar, com o tempo, na armadilha da mágoa e do destempero emocional
- O amor verdadeiro não deve ser interpretado como ação de se esforçar ao máximo para facilitar a vida dos que amamos. Pelo contrário, o amor nunca solicitou tanto limite como atualmente
- A ausência de condições para que o amor se expresse em favor da dignidade e do crescimento moral tem feito muitos reféns emocionais, que são aquelas pessoas que vivem da troca de favores, esperando uma resposta do ser amado aos seus esforços para agradar ou salvá-lo, e terminam prisioneiras de seus medos, de suas culpas e de suas supostas derrotas em relação ao que esperavam ou desejavam do ser amado
- Os reféns emocionais basicamente se caracterizam por acreditar que nasceram para fazer a felicidade de alguém, que essa é sua missão, seu dever
- Entendem que amar é sofrer com a dor das pessoas que amam ou que para ser feliz necessita do amor alheio. Por essas razões, essas pessoas se sentem responsáveis pelo que o outro faz ou é
- O remédio para nós mães perfeccionistas é o autoamor, o cuidado com nós mesmas



CAP 05 - MEDOS INDICADORES DE CRENÇAS LIMITADORAS
- Uma longa trajetória na possessividade gerou na nossa mente o reflexo do apego a crenças ilusórias de grandeza e importância pessoal
- Sair desse patamar interno de acreditar sermos maior do que realmente somos e ter de assumir nossa verdadeira estatura espiritual pode tornar-se uma travessia de dores e conflitos amargos
- Crenças são como pilares na vida mental. São vigas que, quando abaladas, podem desequilibrar todo o edifício do pensamento, da vontade e do sentimento
- O desapego às nossas convicções pode ser comparado à delicada cirurgia na intimidade da alma e traz como principal consequência o medo. Sobretudo, o medo de perder quem achávamos que éramos, de perder personalidades ilusórias repletas de verdades falsas sobre a vida e sobre o viver
- Sob uma perspectiva transpessoal, o medo é um excelente indicador de que existe algo a ser descoberto, enfrentado e transformado em nós
- O medo é um sentimento mobilizador cuja função no cosmo emocional é proteger e, também, instigar atitudes diante de pressões ou ameaças
- Sendo ele uma reação natural e necessária, aquilo que fazemos com ele é que pode se tornar um problema
- Entre as certezas que mais necessitam de reciclagem e que podem acionar o medo com intensidade estão as chamadas crenças de identidade, isto é, aquelas que criam uma percepção do valor e da estima pessoal, e são as que mais sofrimento têm causado ao ser humano
- Sob gerência de padrões de desvalor e de não merecimento, os sentimentos e pensamentos aprisionam a vida psíquica e emocional no estado de baixa autoestima
- A baixa autoestima é um processo psíquico automático reforçado no período da infância, mas que, na maioria dos espíritos reencarnados na Terra, é um diagnóstico ao longo de milênios
- Esse estado psíquico e emocional de desamor em relação a si mesmo é um efeito desse apego milenar ao comportamento egoísta
- A necessidade compulsiva de elaborar um autoconceito superdimensionado de nós mesmos terminou por trazer um efeito contrário, levando-nos a essa sensação de menos valia e vazio interior
- O medo surge exatamente quando assumimos nossas necessidades e tomamos contato com o sombrio dentro de nós, quando reconhecemos as nossas reais e profundas necessidades de buscar a realidade e abandonar essas máscaras tóxicas, que já não servem mais para o prazer e para a realização pessoal
- Para tornar esse caminhar menos doloroso e mais consciente, será necessária a descoberta de quais crenças nossos medos indicam. Cada medo pode ser um indício daquilo que devemos reciclar
(1) No medo de sofrer, pode estar enraizada a crença de que não merecemos o prazer
(2) No medo de errar, camufla-se a crença da incompetência ou do perfeccionismo
(3) No medo de competir, pode estar a crença de que temos de ser os melhores
(4) No medo do desamparo, costuma se esconder a crença de que o amor alheio é mais importante do que o autoamor
(5) No medo de estabelecer os limites, quase sempre está a crença em nossa infalibilidade
(6) No medo da nossa fragilidade, abriga-se a crença de que temos de dar conta de tudo
(7) No medo de ser quem somos, quase sempre está a crença de que ser diferente é um mal
- Diante de tais atitudes, verificamos claramente a presença do egoísmo mais uma vez incensando a ideia de sermos os melhores, quando os serviços do Bem e da luz na busca de nosso progresso apenas nos propõem a fazer o melhor que já conseguimos
- A crença lúcida e libertadora de quem segue a Jesus é ser alguém melhor hoje do que ontem e dar um passo atrás do outro na busca do aprendizado lento, gradativo e ininterrupto na construção de um homem novo em constante aperfeiçoamento

CAP 6 - EFEITOS ENERGÉTICOS DA CARÊNCIA AFETIVA E DA SOLIDÃO
- À luz do dicionário emocional, carência significa falta de nutrição afetiva básica, constituindo-se em mais um dos efeitos nocivos da conduta egoísta ao longo das vidas sucessivas
- Agravada pela educação infantil deficiente, a baixa autoestima ou a autoversão é um dos traços psíquicos e emocionais da maioria dos habitantes da Terra
- Considerada na medicina do mundo astral como uma doença matriz, a baixa autoestima é o alicerce de uma enorme variedade de sofrimentos humanos
- A carência de afeto pode ser definida como um processo de “anorexia emocional” ou de desnutrição de alimentos é essencial para a saúde integral
- Essa desnutrição pode impulsionar o coração humano ao padecimento de algumas doenças, como rejeição, descrença, insatisfação crônica, pânico, depressão, dependência, sensação de incompetência e outros graves quadros agudos que configuram o dilacerante estado interior de insegurança emocional e solidão
- Na raiz dessa dor, o ser humano encontra-se angustiado e desesperado por ser amado
- A insegurança e a solidão desvitalizam progressivamente o sistema energético de defesa, abrindo os chacras às mais diversas agressões predatórias austrais de bactéria, vírus e micro-organismos capazes de adoecer o corpo físico
- A energia emanada pela insegurança é uma poderosa usina de forças catalisadoras, isto é, ela atrai as chamadas “forças invasoras ambientais”, fragilizando a saúde física e energética
- Essa usina funciona como um ímã puxando, sugando e rastreando sem interrupção o que pode preencher a carência, a falta de nutrição. É como uma perturbação nos corpos sutis da criatura estabelecendo condições favoráveis aos mais diversos quadros, incluindo a vampirização energética de encarnados
- Quando nos sentimos carentes, é comum embarcarmos em relacionamentos confusos, pois buscaremos no outro o amor que não conseguimos desenvolver para sustento pessoal. Quanto mais carentes. Menos gostamos de nós e mais desesperada será a busca pelo outro para preencher a nossa vida
- Essa insatisfação com nós mesmos, que chega até os limites da aversão, tem um poder extraordinário de camuflagem e, por essa razão, impede-nos de verificar com exatidão qual a raiz de muitos de nossos comportamentos perante a vida. Condutas nascidas da raiva, do medo, do orgulho, de tristeza e da culpa costumam esconder esse desgosto de nós mesmos
- A parábola do filho pródigo narrada no Evangelho é a história de nossa evolução. Depois de cansados de esbanjar a herança divina com nossas escolhas infelizes, estamos fazendo o caminho de volta para Deus, resgatando o divino dentro de nós
- Carência é resultado de egoísmo milenar. É efeito de quem não entrou em comunhão com a vida, com o próximo e com as leis superiores do bem e do amor
- Uma das mais velhas feridas evolutivas da alma é a sensação de abandono, sendo a carência afetiva e a solidão suas máscaras. Idealizar um mundo perfeito com pessoas irreais e ignorar a fé em forças maiores são caminhos diretos para a prisão do auto -desamparo
- Que espera mais do que aquilo que o outro pode dar vive escravo da mágoa. Quem descrê que existem forças capazes de acolher seus esforços no bem estaciona nos pátios da acomodação e do pessimismo
- Carência e solidão são resolvidas quando fazemos o movimento contrário. Ao invés de exigir e esperar, fazer e escolher
- Em muita ocasiões, haveremos de primeiramente colher os frutos indesejáveis de nossa plantação, posteriormente plantar as novas sementes do Bem, e mais adiante colher o amor que desejamos



CAP 8 - COMO SE TRATAR DIANTE DAS FRUSTRAÇÕES
- Tomar contato com a falibilidade é uma experiência comparável à dolorosa cirurgia sem o benefício da anestesia
- Sentir-se impotente, arrepender-se de más escolhas, reconhecer honestamente uma falha lamentável, ter a coragem de olhar para os erros do passado são atitudes desafiantes para nós que buscamos a aprendizado espiritual
- E a frustração pode se transformar-se na porta que se abre para a entrada do desvalor pessoal, que encarcera a mente e o coração na sensação de inutilidade e vazio interior
- É necessário o contato com nossa falibilidade para examinar com proveito a realidade que nos cerca. A humildade só é possível quando caem todas as escamas enfermiças de nossa autoidolatria sobre supostos valores e qualidades que ainda não possuímos
- Frustração pode ser também indício de que necessitamos rever posturas e reconstruir decisões, não sendo por isso, sinônimo de infelicidade
- Frustração é sinal de rota mal orientada e os infelizes não são aqueles que tentaram e falharam, mas aqueles que sequer importam-se com os dissabores da existência, optando pela fuga na irresponsabilidade. As pessoas que se frustram o fazem porque tiveram atitude, tentaram, nutriram boas intenções, desejos e expectativas
- O encontro com nossa falibilidade só é possível porque estamos sensíveis a algo melhor e queremos avançar. Se nos importamos com as decepções da vida vinculada à nossa responsabilidade é porque almejamos rumos melhores e mais sadios
- Por essa razão, consideremo-nos vitoriosos porque tentamos, e errar faz parte da caminhada. E porque errarmos e nos frustrarmos, ainda que repetidamente, não quer dizer que não somos capazes ou que não merecemos o que buscamos
- A frustração, em verdade, é um convite ao recomeço de um modo diferente e melhor, é indício de que talvez tenhamos de rever nossa expectativas ou alterar nossa forma de realizar o que desejamos
- Não confundamos frustração com derrota. Frustração é sintoma de que o resultado não foi o esperado, e a derrota só existe para quem desisti ou nem tentou
- Na Terra, raramente alguém se encontrará fora das provas da desilusão. Muitos sonhos, planos e revezes nada mais são que vivências para destruir as ilusões egoísticas de conquistas fáceis e apressadas
- Pode até ser que para muitas pessoas sejamos fracassados. Porém, nas Leis de Deus, quando não alcançamos êxito, significa que estamos sendo convocados ao recomeço
- Acreditar nisso significa não aceitar a opinião de quem só enxerga o nosso lado sombrio. Cada dia é um convite para recomeço. Recomeçar é a atitude de quem aceita sua condição de criatura falível, certamente, como Deus sempre nos vê

CAP 09 - PSICOLOGIA DA ALEGRIA NA TRANSFORMAÇÃO INTERIOR
- Alegria não é ausência de frustração. Alegria legítima também pode florir no campo das frustrações e decepções da vida, sendo o lírio conquista depois de desenvolver algumas que surge no pântano
- A alegria é aquela certeza interior que a criatura conquistou depois de desenvolver algumas habilidades afetivas na escola das provas diárias, insculpindo uma reação consciente e lúcida diante das dores e desafios
- Ela nos preenche, revitaliza e produz abundância energética, levando-nos a agir com contínua resistência diante das dificuldades e com reações mais saudáveis aos desapontamentos
- É um sentimento que promove naturalmente a leveza, a proteção espiritual e energética. Pessoas alegres se imunizam das ondas vibratórias do pensamento e da maldade
- Diante dessa considerações sobre a alegria, observemos a relação deste tema com a reforma íntima. Nosso lado sombrio não existe para ser eliminado, e sim para ser transformado. A primeira condição para essa transformação é a construção de uma convivência pacífica com nós mesmos e da expressão do acolhimento amoroso a nós mesmos
- Diante da proposta libertadora da reforma íntima, quase sempre assumimos uma atitude de desamor diante dos esforços nem sempre sucedidos do nossa ideal de melhora, aprisionando-nos aos climas da culpa, da mágoa e da infelicidade, que frequentemente formam a atmosfera psíquica do desânimo e do mau humor. É a psicologia do perfeccionismo
- A ilusão da perfeição é uma doença severa e que nos afasta da saudável alegria de ter o que aprender todos os dias. Sem essa alegria, os nossos erros se transformam em fontes de remorso e martírio
- Reforma Íntima com alegria é uma condição de quem decidiu se aceitar, compreender-se e acolher-se com ternura a carinho. É uma postura de autoamor legítimo que estimula, educa e cura
- Alegria não é ausência de dor e muito menos de deslizes morais. A verdadeira alegria, ao contrário, é um sintoma claro de que seu portador aprendeu a driblar a dor e a ter paciência construtiva com suas imperfeições
- Reforma íntima com alegria é a escola de Jesus que convida seus discípulos a ser alguém melhor, e não o melhor de todos
- Seguir a Jesus é carregar sobre os ombros a cruz das dores necessárias sem que isso signifique que teremos de sofrer indefinidamente com esse movimento
- A dor é necessária, o sofrimento é uma escolha. Jesus espera uma atitude corajosa dos seus aprendizes diante das dores, e a alegria pode ser uma delas
- Uma atitude alegre diante das dificuldades da vida é o termômetro mais fiel do quanto os conceitos doutrinários fizeram o percurso vitorioso descendo dos raciocínios brilhantes, e muitas vezes estéreis, para o coração

CAP 10 - ACEITAÇÃO DA NOSSA FALIBILIDADE
- Quando não aceitamos nossas imperfeições, o sofrimento aumenta, pois a cobrança e a rigidez desenvolvem um campo mental fértil para a mágoa diante da frustração das expectativas, para a insegurança por não conseguirmos controle sobre a vida, para o medo do que pode acontecer por não ter esse controle, para a culpa por não ter conseguido controlar, para a vergonha por não ter alcançado o que gostaria, e para a revolta, por tanta luta interior
- A aceitação de nossa realidade é fundamental para gerar um processo de Reforma Íntima produtiva e esperançosa, já que o aprimoramento pessoal só flui com naturalidade quando criamos uma relação amigável e pacífica com nossas limitações e deficiências
- Mágoa é raiva do que aconteceu e ansiedade é medo do que virá. Só no presente podemos experimentar o intercâmbio de forças com a vida que nos alimenta e enriquece
- A raiva do passado é direcionada a alguém ou contra si mesmo, O medo do futuro cria a exaustão de energia na tentativa de controlar os acontecimentos e as pessoas para evitar as imaginárias tragédias ou decepções
- Viver no presente é ser alguém adaptado à realidade e consciente de seu papel pessoal em tudo que acontece, aceitando tudo aquilo que não lhe é possível fazer ou transformar
- A aceitação é uma fonte essencial de saúde e passo seguro para aprender a tratar-se com bondade. Seu maior ensinamento é : farei somente o possível
- Aceitação não significa que tenhamos de ser sempre do mesmo jeito ou que vamos nos acomodar com aquilo que aceitamos sobre nós
- Ela significa apenas que vamos parar de brigar com nós mesmos, parar de resistir às nossas imperfeições e parar de colocar uma força para controlar a realidade não controlável
- Aceitar nossas imperfeições é criar um acolhimento amoroso com nossa sombra pessoal. Não aceitando, criamos “mecanismos mentais de defesa” que nos distanciam da realidade e fazem com que desenvolvamos atitudes de negação emocional
- Aceitar nossa falibilidade pode ser o melhor caminho para viver uma vida com leveza, construindo atos de amor e paz interior
- Fracasso, falência, derrota e erro são expressões próprias das imperfeições humanas, que, sob uma ótica imortalista, significam a necessidade de recomeço, reexame e melhoria
- Só erra quem tenta, e é melhor que não queiramos somente acertar na vida, até porque o que em muitas situações consideramos correto não passa de uma mera ilusão de nossa orgulho ou de uma distorção de nossas crenças
- Quando nos amamos, enxergamos com mais clareza Deus em nós mesmos, aceitando-nos incondicionalmente e, consequentemente, tratando-nos cada vez mais com carinho e solidariedade

CAP 11 - CORDÕES ENERGÉTICOS O1 - RELAÇÕES AFETIVAS TÓXICAS
- Todo melindre, ofensa e vergonha são sentimentos que deslocamos para os outros porque é mais fácil fazer assim
- Criou-se uma cultura nesse assunto de que existe ofensor e vítima, entretanto, quando magoados, estamos, em verdade, é com muita raiva de nós mesmos por não conseguirmos, ou por não sabermos, nos defender de alguma situação que nos agrediu
- A função da raiva é essa : nos proteger de ameaças, indicar que algo não está nos fazendo bem e que precisamos rever esse acontecimento
- Ouça com atenção sua raiva e você perceberá que desde o início dessa relação ela te chama para rever sua postura egoística que, de fato, fazia muito mal, antes de tudo, a você
- A mágoa é uma cirurgia sem anestesia. Seu objetivo luminoso é extrair uma forma de ver que adoece, uma percepção truncada ou irreal da vida ou de alguma pessoa
- A dor da ofensa tem por finalidade nos avisar que diante de frustrações e decepções necessitamos ajustar nossa visão mental à realidade e parar de tentar controlar a vida para atender aos nossos interesses pessoais
- A mágoa é, sem dúvida, um dos sentimentos que mais travam a vida, consumindo muita energia e atenção do magoado para alimentar o ressentimento, isto é, o hábito tóxico de ressentir ou sentir novamente a dor que atormenta, alimentada por sua própria escolha
- Para modificar isso, é preciso inicialmente um novo olhar sobre os acontecimentos, no qual você reconheça sua responsabilidade pessoal com essa dor

CAP 12 - CORDÕES ENERGÉTICOS 02 - TÉCNICAS DE LIMPEZA E CURA
- Cordões energéticos são laços que existem nas chamadas relações tóxicas, ou seja, aquelas que um dia foram elos de afetividade e carinho e que, com o tempo e os acontecimentos, se degeneraram em ligações de ódio, desgosto, mágoa e vingança
- Tais cordões mantêm pessoas conectadas energeticamente, mesmo que o tempo e a distância as separam, e podem ser a causa de inúmeras doenças orgânicas, encontros noturnos atormentadores e, principalmente, a razão de travar a vida em todos os sentidos
- Há pessoas conectadas umas às outras e nem imaginam em que teia de vibrações elas vivem
- Existem pessoas, brigando na justiça por meio metro quadrado de terra, outros por centímetros do muro que invadiram sua propriedade, repletos de ódio, malquerença e disputa. Brigam por um pedaço de terra tão pequeno, que não daria nem para enterrá-los ao morrerem,
- Outros lutam por heranças, direitos e questões diversas, mantendo sua vida completamente paralisada, sem dar um passo, aprisionando - se ao passado
- Outras pessoas nem imaginam, mas estão presas a lugares, objetos e lembranças enfermiças
- São os cordões energéticos que nos enlaçam ao foco do nossa interesse e do nosso afeto
- As conexões são muitas. Os homens se preocupam com os trabalhos de magia que alguém possa lhes ter feito na condição de crianças ou maldade espirituais que se sentem lesadas sem assumirem a responsabilidade por suas próprias escolhas como se nada tivessem a ver com a construção de desafetos e inimizades que eles próprios geraram nos seus instantes de desrespeito, cobiça, inveja
- É através dessa conexões de cordões energéticos que nos mantemos vinculados a pessoas e a contextos ao longo de milênios na fieira das reencarnações
- Os encerramentos de relações afetivas mal orientados mantêm as pessoas em vínculos de dor. Ainda somos muitos inexperientes para encerrar o que precisa ser encerrado. Quando encerramos, fazemo-lo corroídos pelos sentimentos tóxicos
- Entretanto, relacionamentos de amor nunca se encerram, pois passado, presente e futuro se unem em torno dos passos de quem, algum dia, se enlaça pelo amor
- Se o que permanece for o amor, depois de um encerramento de ciclo, seja pela morte ou por outro qualquer motivo, as pessoas se libertam e avançam. Se permanece o ódio e o veneno da mágoa, as pessoas ficam literalmente amarradas sob as constrições da neurose de controle, da ofensa e da tristeza persistente, quase sempre a caminho da depressão e de outras enfermidades
- Os cordões se iluminam quando resolvemos desintoxicá-los do egoísmo corrosivo. Quem exige do outro espera mais que merece ou precisa
- Somente o autoamor é que nos promove à condição de tecer um escudo contra os excessos de nosso comportamento inchado de expectativas
- Quando nos amamos, somos amáveis com nossos limites e reunimos mais recursos de tolerância, respeito e compreensão com as diferenças alheias, evitando as típicas ilusões de mudança e adaptação das pessoas que amamos ao nosso interesse pessoal

CAP 14 - ETAPAS EMOCIONAIS DA REFORMA ÍNTIMA
- Vamos construir uma linha didática em seis etapas do progresso da Reforma Íntima, considerando que para cada pessoa as variações serão infinitas. As seis etapas se interpenetram e interagem . São elas :

(1) Primeira Etapa : Projeção tóxica
- Com esclarecimento, sentimo-nos convocados a sair da acomodação. De forma que isso é ameaçador e deslumbrante ao mesmo tempo
- Gera medo, mas também estímulo para avançar. Nesse momento, surge uma tensão emocional resultante do conflito entre o que estamos aprendendo, o que sentimos e o que vivemos na prática
- A projeção é uma forma de alívio. Enxergamos nos outros, com maior intensidade e facilidade, o que não queremos reconhecer integralmente em nossa vida pessoal
- Durante um período, essa “projeção” é benéfica, porque seria danoso olhar para todas as nossas imperfeições e corrigí-las de uma só vez . Com o tempo, essa projeção torna-se tóxica, caminha para a fuga e pode nos trazer um estado interior de intenso mau humor e inadequação

(2) Segunda Etapa : Identificação intelectual das imperfeições
- Começamos a olhar com mais coragem para as limitações pessoais
- Informações adquiridas em livros, palestras e outras formas de assimilar o saber são as linhas que orientam essa etapa, havendo uma fermentação de ideias que cria uma pressão interior para mudanças
- Esse conhecimento, aliado com o mecanismo da “projeção tóxica”, costuma gerar comportamentos repressivos em relação a si, ao próximo e sobre o que sentimentos
- Quanto mais severidade e autocobrança, menos possibilidade de acessar de forma construtiva o nosso mundo interior

(3)Terceira Etapa : Reconhecimento emocional das imperfeições
- Essa é a etapa em que começamos a olhar para dentro com mais e melhor intensidade
- Mais do que conhecimento, nesta etapa importa-nos o que sentimos a respeito do que sabemos
- Alia-se agora um clima de dor psicológica muito intensa, a dor do crescimento, juntando-se a ela, na maioria das vezes, a dor adicional do martírio
- Começamos um verdadeiro autofuzilamento, questionando sem piedade a si mesmo e entregando-se ao clima da baixa eutoestima
- Por essa razão é que a próxima etapa constitui o coração da reforma Íntima : o desenvolvimento de condições para a compaixão e o acolhimento amoroso de si mesmo

(4) Quarta Etapa : desenvolvimento da habilidade de contato com a sombra
- A “sombra” é aquela parte de nosso inconsciente que desconhecemos e para a qual é destinado todo o conteúdo psíquico que não conseguimos elaborar conscientemente
- É nessa sombra que está nosso homem velho, nossas tendências e nossos hábitos que necessitam ser transferidos
- Quem inicia o autoenfrentamento terá de se munir com a habilidade de lidar com seu “sombrio” à luz do autoamor
- A reforma íntima não significa tirar algo ruim de nós e colocar algo melhor no lugar, mas descobrir o que de bom já está em estado adormecido na intimidade profunda e dinamizar esse(s) recurso(s). Significa ter consciência de valores que podemos educar

(5) Quinta Etapa : Renovação de atitudes
- A renovação de atitudes acontece de forma automática quando gerenciamos com habilidade o que está dentro de nós
- Querer fazer reforma no comportamento sem aprender a lidar com a SOMBRA é querer queimar uma etapa natural no processo de crescimento espiritual. Quanto mais aprendemos sobre as forças inconscientes, mais poder de renovação adquirimos

Sexta Etapa : singularidade
- Como diz JUNG : “Nenhuma circunstância exterior substitui a experiência interna, e é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida”
- O futura acena para a singularidade humana e não para cópias uns dos outros. Quanto mais padrão, menos legitimidade; quanto mais uniformidade, menos criatividade; e quanto mais normas, menos autenticidade
- Singularidade é o coroamento da Reforma Íntima. É, por assim dizer, o seu grande objetivo : ser quem somos, ser o Plano de Deus na nossa caminhada individual

CAP 16 - O AMADURECIMENTO EMOCIONAL DOS MÉDIUNS
- Não é a mediunidade que qualifica o médium, e sim suas qualidades morais e emocionais
- Os médiuns com Jesus são chamados a todo o instante para o serviço do Bem incondicional. Não há hora, não há lugar, não há circunstância na qual esse bem não possa ser feito
- Uma singela oração em qualquer instante ou ambiente é um facho de luz abrindo frestas para que a bondade celeste penetre espalhando bênçãos
- Com relação à disponibilidade de servir junto aos amigos espirituais, Allan Kardec nos diz : “Acrescentemos, todavia, que, se bem os espíritos prefiram a regularidade, os de ordem verdadeiramente superior não se mostram meticulosos a esse extremo, mesmo fora das horas predestinadas, podem eles, sem dúvida, comparecer e se apresentam de boa vontade, se é útil o fim objetivado”
- O desejo de servir, sem dúvida, é a qualidade moral indispensável a essa realização superior nas lições sagradas da mediunidade
- Para que os médiuns consigam essa condição de descida “em viagem”, com propósitos elevados e sincronizados com as esferas da luz e da libertação, torna-se indispensável os cuidados com sua jornada de amadurecimento emocional
- O amadurecimento emocional pode ser resumido em três etapas distintas :
(1) Autoconhecimento
- O médium descobre e examina o mapa de suas “sombras interiores” e da sua luz ofuscada à espera de uma abertura para irradiar paz, cura e libertação
(2) Autotransformação
- O médium se aplica a explorar o território de seu próprio aprimoramento, escalando novos hábitos, desbravando os terrenos da riqueza emocional e aplainando novas conquistas na direção de sua consciência
(3) Autoamor
- O médium encontra-se consigo mesmo, preenchendo-se de estima, alegria, entusiasmo e discernimento, o que lhe permite um novo olhar sobre a vida e sobre as pessoas que o rodeiam seja onde for

CAP 17 - O TEMA ESPÍRITA MAIS URGENTE NO SÉCULO XXI
- A aplicação da “Reforma Íntima” à luz do espírito imortal compreende o dever de mergulharmos nas zonas profundas de nossa mente em busca do tesouro divino de Deus depositado em nós
- Evidentemente, para que cheguemos a esse tesouro, vamos nos deparar com todas as criações mentais milenares nas faixas “ sombrias” do inconsciente
-A necessidade mais emergente de quem se lança corajosamente a essa missão pessoal é sentir-se protegido, pois o medo é o sentimento mais presente na Terra
- Nesse contexto, a religiosidade é um dos caminhos na busca de amparo, e a fé tornou-se a armadura de segurança e equilíbrio
- Lamentavelmente, em nossa experiência milenar, não nos educamos para dentro, mas para fora. A proteção, nessa ótica, foi orientada para o exercício de práticas, movimentos devocionais, louvores e rituais
- Os templos estão lotados de pessoas em busca de amparo, abrigo e esperança. Nessa condições, verificamos um inegável dilema que tem se instaurado em muitas agremiações : de um lado, multidões clamando por proteção dos guias e acolhimento dos encarnados e, de outro, muitos companheiros de ideal ocupados em tão somente esclarecer e transmitir conteúdos doutrinários
- Há uma escassez na habilidades de acolhimento afetivo e humano nas relações, existindo uma falta de amor a si para que o amor ao próximo seja uma expressão de luz na convivência
- Nessa nova virada do século, os condutores dos destinos do espiritismo na vida espiritual clamam pela adoção de uma nova postura que possa transformar o Centro Espírita do século 21 em escola promotora do autoamor
- Ensinando as pessoas a se amarem, teremos corações mais robustos na fé, mais empreendedores nas práticas e mais amorosos uns com os outros perante as diferença. E, como consequência, quem se nutre de mais fé sente-se protegido, e quem tem coragem para empreender nas práticas está abrigado na motivação contínua de aprender e crescer. A amorosidade na relação é fonte de leveza e paz espiritual
- Somente o amor ao próximo não está garantido a sensação de preenchimento e sentido para viver. Muitos corações idealistas, apesar de dotados de uma coragem exemplar e de um desejo dilatado de servir, carregam no coração um vazio que os desorienta e abate
- A proposta de Jesus é pedagogicamente perfeita : amor ao próximo, mas também amor a si
- Quem avança para fazer o Bem ao próximo sem o aprendizado do autoamor corre o risco de se atolar na experiência milenar do personalismo. A tarefa, nesse caso, ou o Bem que é espelhado pode alimentar ilusões viciantes de grandeza e importância pessoal
- Só o poder do autoamor consegue o que ensinou jesus : “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum”

CAP 18 - PROTEÇÃO ENERGÉTICA NA REFORMA ÍNTIMA
- Muitos seguidores do Espiritismo, ao assumirem cumplicidade com sua melhoria moral, expõem-se ao domínio da raiva dilacerante
- Esses espíritos sente raiva por serem quem são e fazem-se adversários de si próprios, entrando em conflitos e desgastando-se em profundas frustrações por não conquistarem suas intenções de progresso tanto quanto gostariam. Exigem de si mais do que aquilo que dão conta, criando um clima de terrorismo emocional
- O nosso maior inimigo está em nossa própria vida interior. Dependendo da forma como encaramos os acontecimentos, fragilizamos a nossa proteção energética e possibilitamos laços espirituais parasitários
- Entretanto, por uma questão de cultura, muitos companheiros da doutrina, habituados a examinar a vida emocional sob as perspectivas das interferências espirituais, deslocando esse foco de ordem emocional para o terreno das obsessões, supondo-se vítimas de nocivas atuações de Espíritos do mal
- Essa forma de exame foi responsável por desenvolver uma supervalorização da atuação dos obsessores e um ofuscamento do entendimento sobre os mecanismos dos sentimentos e pensamentos no comportamento humano
- Temos dentro de nós o mais poderoso escudo emocional de proteção e segurança pessoal, e ele chama-se autoamor
- Seria muito oportuno que as Casas Espíritas se devotassem ao estudo sério das principais emoções gestoras de contaminações, explorações, invasões e ataques parasitários que formam os quadros de “Obsessão Complexa” e especializada para educar seus médiuns, trabalhadores e simpatizantes a entenderem que somos os únicos responsáveis por aquilo que nos acontece


- Exercícios e aprendizados emocionais importantes para a Reforma Íntima:
(1) Evitar as expectativas muito elevadas
- Elas costumam ser a causa principal da presença da mágoa, que nos leva a ingerir os venenos da decepção, do ódio e da tristeza, estados íntimos favoráveis às agressões energéticas

(2) Ter um olhar educativo para os conflitos
- Necessitamos interpretar os conflitos como sintoma íntimo de que temos algo essencial a resolver pelo nosso Bem
- Estados de conflitos íntimos persistentes é uma torneira aberta para a queda repentina de vitalidade
- O conflito é a mola de propulsão para avançarmos na direção da nossa melhoria e amadurecimento

(3) Aceitar que ninguém consegue ter controle sobre tudo na vida
- O esforço neurótico de controlar é um exaustor da energia da serenidade e um produtor de medos incontroláveis

(4) Observar a irritação com um novo olhar
- Quando a irritação surge na vida emocional, ela está emitindo um recado do coração que diz o seguinte : “Você está ultrapassando seus limites, algo está em desacordo com suas necessidades. Observe, reflita e corrija o que está acontecendo”
- Respeito aos limites é um processo de educação de nossas forças e habilidades que alinham nossa mente ao equilíbrio e à serenidade

(5) Evitar fixação prolongada nos aspectos “Sombrios”
- Ao destacarmos os aspectos desagradáveis que carregamos ou aqueles que fazem parte da personalidade das pessoas com que convivemos, fortalecemos esses traços em nós ou passamos a carregar as mesmas dores e necessidades das pessoas que criticamos, instaurando-se o clima da descrença, do pessimismo e da animosidade
- O exercício de olhar a vida de uma forma mais otimista e destacar o luminoso na vida e nas pessoas é uma atitude imunizadora em nossa favor, metabolizando fluidos elevados responsáveis pela serenidade na vida psíquica

CAP 19 - RELAÇÕES CÁRMICAS QUE CURAM
- No reino da mente, as crenças são programações indutoras dos modos de sentir e pensar. Por meio de hábitos milenares, elas condicionaram estados emocionais e psicológicos que respondem pelo que a criatura sente e pensa na rotina de seus dias
- O estado de baixa autoestima ou desamor a si mesmo é um exemplo desse automatismo, induzindo condutas, escolhas, fugas e idealizações que se assemelham a uma prisão construída em milênios de condutas repetitivas na esfera do egoísmo
- Assim é que o carma se cumpre em nossas vidas. Somente atraídos para a busca de pessoas, experiências e contextos que representam nossas necessidades e limitações mais profundas
- Teremos acentuada atração para lugares, pessoas e situações que expressam as lições que a vida quer nos ministrar para resgate de nossa condição íntima de autoamor e plenitude
- A Lei de Causa e Efeito obedece a probabilidades naturais que regem com absoluta perfeição os destinos e o aprendizado de todos nós
- Carma, portanto, não são os outros, mas, antes de tudo, são as nossas carências e ilusões, talentos e habilidades. Os outros são os estágios de aprendizado que a vida nos entrega em favor de nosso avanço e crescimento
- Na ótica justa das leis naturais, não temos carma com o outro. Temos planejamentos visando à reparação de nossas condições íntimas
- Por conta dessa forma de entendimento, muitos chegam aqui no mundo espiritual sentindo-se extremamente fracassados por não terem alcançado objetivos e projetos que acalentaram em relação ao próximo, especialmente aos que amaram
- Esses espíritos caem na amargura e no derrotismo de supostas perdas e por julgarem que seu amor deveria ter sido suficiente para transformar as pessoas e corrigir os caminhos alheios
- Isso ocorre porque tombaram em uma das mais velhas ilusões do egoísmo : o suporem que sua missão pessoal era resgatar débitos e contas cármicas com esse ou aquele grupo
- Desencarnam amargurados, infelizes, magoados e tristes, ignorando que o único resgate legitimamente esperado é em relação à própria condição espiritual
- Outros chegam por aqui se supondo quites com a lei por terem suportado provas acirradas e mantido firmeza em seus propósitos e projetos em relação a determinadas pessoas ou contextos
- Esses experimentam uma terrível sensação de solidão e ruína quando percebem o pouco que fizeram por si mesmos
- Em ambos os casos, esses espíritos abandonaram a si mesmos, examinando a Lei de Causa e Efeito sob uma perspectiva de justiça sem amor
- Carma é oportunidade redentora na repetição de aprendizagem que a vida já nos conferiu algum dia e não aproveitamos tanto quanto poderíamos. Será um lamentável equívoco pensar no carma como salvação do outro sem salvação de nós mesmos
- O que nos faz crer que carma é passar pelas agonias da provação dolorosa é nossa concepção de amor nas relações. As crenças que construímos sobre o amor foram as que mais engessaram nossa verdadeira capacidade de amar
- Pensamos que amamos porque sentimos algo que nomeamos como amor, quando uma considerável parcela desse sentimento ainda é um reflexo do egoismo, isto é, nós nos “amamos” no outro
- essa forma de pensar o amor é uma crença que nos faz acreditar em um sentimento tão poderoso que chega ao ponto de se tornar prepotente
- Um amor que seria capaz de extinguir dentro do outro todos os focos de dor, mesmo quando essa pessoa amada não deseje sair de suas “sombrias” prisões interiores
- A mudança de nossa concepção sobre libertação cármica depende da renovação de nossas crenças sobre o amor
- Registramos seis crenças muito comuns à nossa forma ilusória de amar :
(1) A crença de que podemos mudar o outro com nosso amor, mesmo que ele não queira
(2) A crença de que amar é tolerar sem impor limites
(3) A crença de que amar é ser submisso à vontade do outro
(4) A crença de que amar é prever a pessoa amada de tudo o que ela solicita
(5) A crença de que o outro vai se modificar por nossa causa
(6) A crença de que somente com o amor do outro podemos ser felizes
- pensar que amamos ainda é uma das expressões “sombrias” do nosso egoísmo milenar

CAP 20 - ENTREVISTA SOBRE AUTOAMOR
- O autoamor é a construção de uma relação amorosa e acolhedora com nós mesmos
- O amor é um aprendizado no campo do aprimoramento espiritual. Para cada espírito esse aprendizado depende do seu nível de amadurecimento moral e espiritual
- Aspectos que mais precisamos desenvolver para que amadureçamos espiritualmente e emocionalmente:
(1) O uso do interesse pessoal sublimado pelo amor, ou seja, a aplicação do egoísmo para seus fins iluminativos
(2) O amor modera o egoísmo, transformando-o em fonte de proteção e satisfação de nossas necessidades essenciais
(3) Quem cuida de si com amor legítimo edifica um alicerce sólido para erguer uma convivência saudável

- Somente enfrentando nosso medo de ser egoístas saberemos qual a justa medida entre egoísmo e proteção dentro dos nossos limites, com base no amor a nós mesmos
- Quem se ama está em melhores condições de estender a mão e de colaborar com as necessidades alheias
- Quando optamos por cuidar de nós mesmos com autoamor, temos a nítida sensação de que nosso comportamento é uma expressão de egoísmo, porque aprendemos, erradamente, que o amor é se anular para que o outro fique bem
- Amor não inclui necessariamente o sacrifício, o qual é justo somente quando a vida, em função de provas e necessidades particulares, nos coloca em situações irremediáveis que pedem o nosso testemunho em ciclos de muita dor
- Uma das principais razões para não aceitarmos a realidade que nos afeta é a fuga de um dos mais importantes sentimentos para a sanidade psíquica e emocional : o medo
- Somente enfrentando os nossos medos e fazendo conexão com suas insinuações conseguiremos a conduta de aceitação com a realidade
- O medo é um indicador saudável de que existe apego a conceitos, crenças e sentimentos, e quem se apega cria uma percepção mental ilusória. Quem não aceita consome-se na revolta de ter de experimentar uma vida desconectada com suas expectativas e idealizações
- Uma das principais razões para a dor do medo é ter um olhar pretensioso e idealista para a existência, é querer que a vida e as pessoas sejam exatamente como achamos que devem ser
- Autoamor acontece quando aceitamos a realidade e não resistimos ao que a vida e as pessoas são, pois quem aceita permite um estado interior de otimismo e coragem que se chama fé
- A fé deve ser definida como a crença lúcida de que a melhor alternativa que existe diante de nossas necessidades de aprimoramento é o enfrentamento de nossas lutas, com a única certeza no coração de que daremos conta de superar todos os nossos obstáculos


EPÍLOGO - ESTAÇÕES DA ALMA NO AMADURECIMENTO EMOCIONAL
- Estatísticas e levantamentos realizados no setor de pesquisas do Hospital Esperança nas últimas décadas, próximas do virar do milênio, apontavam quais eram os principais resultados emocionais e mentais dos recém-desencarnados que se internavam em nossa casa de amor
- A pesquisa era ampla e, no entanto, estudos apontavam certo destaque para a gravidade de casos em um grande grupo de pessoas que tiveram suas reencarnações orientadas pelo Espiritismo. Esse fato nos chamou atenção e levou-nos a pesquisar tratamentos especializados para a necessidade desses espíritos
- Diante disso, um alerta foi expedido por Eurípedes Barsanulfo em reunião com o colegiado do Hospital : tornaram-se urgentes algumas iniciativas educativas, começando por divulgar um alerta renovador aos que se encontravam reencarnados na Comunidade Espírita, disseminando as recomendações de Eurípedes. Esta seria uma medida preventiva visando abrir os olhos dos irmãos de ideal acerca dos perigos e ilusões que constavam nas estatísticas
- Entre várias ações conjuntas e individuais levadas a efeito, através do desdobramento no sono físico, uma delas tinha como objetivo reunir um grupo de 1.500 expositores Espíritas cujos nomes estavam registrados nas frentes de trabalho do Departamento de Comunicação e educação do Hospital Esperança
- O levantamento deixava evidente os seis principais quadros de adoecimento espiritual dos que desencarnaram nos últimos trinta anos do século passado :
(1) Enfraquecimento da aspiração ao progresso
(2) Dor do conflito com a hipocrisia
(3) Ausência de realização afetiva
(4) Fuga da realidade
(5) Ignorância sobre si mesmo
(6) Falta de sentido para viver
- Por isso, os técnicos e condutores do Hospital destinaram esforços em seis especializações com o objetivos terapêuticos nos referidos quadros, quais sejam :
(1) Resgate da arte de sonhar
(2) Desenvolvimento da honestidade emocional
(3) Educação da carência afetiva
(4) Morte da idealização
(5) Desenvolvimento do autoconhecimento
(6) Sentido da continuidade da vida

- O encontro com os expositores ocorreu no mês de março de 1997 que seriam os divulgadores desse alerta à comunidade espírita. Entretanto, somente 436 dos expositores convocados conseguiram superar as barreiras das lutas na matéria para comparecer à reunião abençoada
- Dona Maria Modesto Cravo, convocada por Eurípedes Barsanulfo, proferiu as seguintes palavras :
- “Nossa missão, e também a de vocês, é disseminar nas agremiações de amor à luz do Espiritismo esses seis principais focos da “Psicologia da Libertação” e da cura que lhes apresentamos agora
- Cada um de vocês que se fizeram merecedores de aqui estar terão à sua disposição cursos de aperfeiçoamento e encontros noturnos de preparação para aprofundarem seus conhecimentos nesses pilares, passando por tratamentos e recebendo orientações a respeito de si mesmos que, posteriormente, serão fontes de inspiração para suas palestras e mensagens consoladoras
- Trazer o com todas as suas convicções nas atividades doutrinárias da cabeça para o coração é o maior dos desafios que se apresenta aos seareiros da nossa querida doutrina no Plano Físico e neste em que nos encontramos agora
- Muitos companheiros de ideal buscam defesa e força nas tarefas espíritas, supondo que nada mais lhes resta como alternativa senão trabalhar, estudar e mergulhar
- O movimento para fora e as tarefas têm sido, para uma multidão de trabalhadores, o remédio para aplacar a mente atordoada por culpas, pois provoca uma nítida e agradável sensação de utilidade pessoal
- O serviço de educação espiritual é muito mais profundo que a simples ação de armazenar conhecimentos doutrinários e manter trabalhos em favor do Bem alheio.Tem havido muito trabalho por fora, movimento, e pouco trabalho por dentro, reforma íntima
- Nossa missão como comunicadores da Boa Nova do Cristo é aliviar os espíritos quanto àquilo que percebem de si mesmos, ampará-los para que consigam melhor nível de aceitação de sua “Sombra Interior”, orientá-los sobre a importância de acolherem-se com imenso autoamor
- O princípio orientador dessa mensagem deve se inspirar na fala sábia de Jesus : “Olhai, vigiai e orai”
(1) Olhai
- Tem como significado o autoconhecimento : “Conheça-te a ri mesmo”
(2) Vigiai
- É postura, é comportamento transformador
- Esta vigília é também um estado da mente alerta e atenta
- A autotransformação atinge o coração
(3) Orai
- Orar é fazer contato com a luz de dentro e de fora
- É promover um novo patamar de relação com Deus em nós mesmos, é o autoamor
- É reunir o poder pessoal que pode, temporariamente, ter sido abalado pelas distrações de nossos impulsos milenares, e, para reunir esse poder será necessário tratarmo-nos como um templo Divino que merece respeito, carinho, perdão e amor

- Jesus, sabedor sobre a natureza das doenças humanas : “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”
(1) Cansaço espiritual
- O cansaço espiritual vem do conflito milenar que temos enfrentado por não sermos quem gostaríamos de ser, surgindo daí uma espécie de dupla culpa : Culpa pelo que somos e culpa pela nossa idealização de ser ainda não alcançada
- A culpa traz a angústia, um estado de sofrimento existencial. Por sua vez, a angústia cansa, exaure, desmotiva, trazendo uma sensação de abatimento perante a vida, podendo se transformar numa porta de entrada de alguns tipos de depressão
(2) Opressão
- A opressão mencionada por Jesus é aquela provocada pela ignorância acerca de nosso mundo interior, ou seja, é aquela provocada por não sabermos o que sentimos e o que queremos
- Ela gera a aflição, um estado de ânsia de causa ignorada, que consequentemente cria a instabilidade emotiva, principalmente através da insegurança acerca de nossa escolhas e desejos

- Cansados porque não nos autotransformamos oprimidos porque não aprofundamos no autoconhecimento
- Não é exagero afirmar que as almas que têm chegado em condições mais razoáveis de harmonia e equilíbrio abriram mão da neurótica necessidade de serem espíritas dentro dos moldes estabelecidos pela ilusão dos adeptos no mundo físico, a fim de atenderem aos apelos da sua consciência individual em busca de uma vida mais autêntica, responsável e rica de alegrias
- Amadurecimento é algo interno, e não externo. É necessário termos cuidado com as supostas credenciais de autoridade adotadas pela comunidade
- Falem com o coração e respeito, docilidade e acolhimento em suas palestras de amor, concitando homens e mulheres iluminados pelo conhecimento espírita a viverem suas histórias pessoais e a se distanciarem das padronizações indesejáveis e perniciosas”