sexta-feira, 2 de março de 2012

CULPA

1 - DO LIVRO AS DORES DA ALMA ( Hammed, Psicografia de Francisco do
Espírito Santo Neto ) - Pg 099 a 107

- Inúmeras crenças religiosas têm sido imensamente nocivas ao desenvolvimento das criaturas, pois usam frequentemente a culpa como forma de atemorizar. As religiões foram criadas para retirar as criaturas da convenção e transportá-las à espiritualização, mas, na atualidade, algumas religiões se transformaram nas próprias convenções sociais

- A culpa é frequentemente difundida por religiosos ortodoxos de forma, consciente, e até mesmo inconsciente, como meio de, produzindo temor nos fiéis, estabelecer dependência religiosa e determinar comportamentos e posturas de vida que acreditam ser corretas e convenientes às suas “nobres causas missionárias”. Esquecem-se, porém, de cada ser tem uma idade astral e de que a totalidade das culpas de um indivíduo não poderá transformar seu comportamento passado nem mesmo suas atitudes do presente

- Criaturas imaturas se consideram profundamente culpáveis, porque valorizam, em excesso, o que os outros dizem e pensam. Quando não se culpam, atribuem a culpa aos outros

- Quanto mais impedirmos as pessoas com as quais convivemos de agir e de pensar por si mesmas, mais estaremos dificultando suas oportunidades de amadurecimento e de crescimento espiritual, pois problemas são estímulos que a vida nos apresenta para nos autoconhecer

- Alguns de nós aprendemos que deveríamos ser responsáveis pela felicidade dos outros, usando uma postura de “tomar conta”, a fim de redimirmos e salvarmos as almas de nossos entes mais queridos. Passaram a viver para controlar e proteger pais, irmãos, outros parentes, amigos e conhecidos à sua volta, preocupando-se, neurótica e compulsoriamente, em solucionar as dificuldades ou equacionar a vida dessas pessoas, desenvolvendo, ao longo do tempo relacionamentos doentios, nunca se preocupando com o que eles próprios sentem ou desejam, mas somente se interessando por aquilo que ou outros estão sentindo e pensando

- Por acreditarmos que as pessoas são “vítimas do mundo” e incapazes de cuidar de si mesmas, assumimos essa atitude salvacionista. Podemos traduzi-la como uma maneira de agir subestimando a capacidade dos indivíduos de crescer e evoluir, capacidade essa que herdamos por direito divino.

- A Providência Divina nos convoca a ser participantes na vida dos outros, jamais controladores. O auxílio real entre as criaturas está alicerçado nas trocas benéficas a que todos nós somos convocados a realizar, mas devemos aprender quando não dar e quando não executar tarefas da responsabilidade de outras pessoas, pois isso também faz parte da Lei do Amor

- A sexualidade é a área em que a culpa mais floresce na sociedade. Confundimos constantemente a nossa habilidade para o sexo com a nossa capacidade sexual

- As crianças formaram hábitos, conceitos e idéias sobre o sexo, absorvidos no dia-a-dia da vida familiar nos diversos exemplos que recolheram dos atos e crenças dos adultos. Noções, crendices, preconceitos e concepções já existem nas crianças, pois são frutos de suas existências pretéritas. Além disso, somam-se à sua “bagagem espiritual” as ocorrências e aprendizagem da vida atual

- Não podemos nos esquecer de que o “grau de responsabilidade” deve ser sempre coerente com a estrada evolutiva por onde transitam as almas. Portanto, os indivíduos responderão adequadamente por seus atos e atitudes e serão responsáveis somente por aquilo que conhecem, não pelo que ignoram

- Devemos, assim, viver em paz com nossa experiência sexual atual, valorizando nosso aprendizado e, em tempo algum, culpar-nos ou atribuir culpa a alguém. Efetivamente, existem tantos níveis de entendimento e amadurecimento sexuais quanto indivíduos que os possuem

- Estamos na Terra a fim de aprender e é através de nossos acertos e desacertos que ficaremos sabendo como agir corretamente nas experiências subsequentes

- Podemos julgar a promiscuidade sexual. Moralmente errada, mas não podemos julgar o indivíduo promíscuo, por desconhecermos sua necessidade evolutiva e seu “coeficiente de maturidade”


2 - DO LIVRO “MEREÇA SER FELIZ” (Ermance Dufaux, Psicografia de Wanderlei Soares
de Oliveira) - itens 27 e 31

- Não fomos educados para ser responsáveis, fomos educados para sermos culpados : perante as falhas, castigos; perante os êxitos, recompensa. Prêmios e punições representam o coroamento das ações, como se nada mais existisse ou fosse possível existir entre os extremos que denominamos “errado e certo”

- Melhor que punir é ensinar, melhor que gratificar é promover. O ato de ensinar implica na arte de fazer uma viagem pelas ignoradas paisagens da vida interior descobrindo valores, pesquisando sentimentos, criando idéias novas, ajudando a pensar.

- A ação de promover, por sua vez, será o desafio de delegar, demonstrar confiança irrestrita, oportunizar a chance de assumir novas responsabilidades, quando o educando mostra-se apto a assumir novos caminhos. A criança educada nesses moldes aprenderá a lidar melhor com suas emoções perante as falhas, buscando responder por seus atos, reparando caminhos ao invés de manter-se na postura de queixume e desvalor pessoal

- Entre as propostas alentadoras do Espiritismo e os desejos de melhoria por ela estimulados temos uma fortaleza de imperfeições a superar, despontando, então, a autocobrança, uma batalha impiedosa na vida íntima contra nós mesmos

- A disparidade entre o modelo proposto pelas diretrizes doutrinárias e aquilo que somos na atualidade gera uma aflição, um desespero mudo, uma insatisfação. É por esse motivo que muitos corações abandonam os ideais logo de início; não querem levar as coisas tão a sério, asseverando que é muito doloroso ter que se olhar e preocupar com essas responsabilidades de conduta. Portanto, para “encobrir” nossa inferioridade criamos o orgulho, que nos leva a pensar que somos aquilo que ainda não somos, reduzindo nossa angústia

- Culpa é dor. Amigos sinceros e dispostos ao crescimento mantém-se apenas nas faixas de evitar o mal, participam das realizações de esclarecimento e amparo, e, contudo, sentem-se vazios, deprimidos, infelizes

- A dor impulsiona a saída da comodidade e da omissão, todavia somente a realização nobre é capaz de sedimentar valores novos que contribuem para o equilíbrio da alma. É a benevolência.

- Evitar o mal é a etapa da contenção, da volta para dentro de si. Evitando o mal ficamos na culpa. Reparar inclui esforço, sacrifício, comprometimento e amor. Somente quando levamos a tarefa espírita no coração para fora dos seus horários de realização é que abrimos nossas experiências para a criação do bem

- O sentimento de culpa tem comparecido em boa parte dos aprendizes da doutrina espírita em razão de reminiscências da condenação eterna, fundamento da formação religiosa tradicional. Ele surge na forma de sutil desconfiança na possibilidade verdadeira de crescimento e melhoria individual, gerando uma atmosfera de descrença nos ideais e no seu próprio esforço

- Quanto mais passa o tempo, mais a criatura estabelece cobranças no seu aperfeiçoamento moral e, não atingindo os patamares desejados, cai no desânimo e na deserção

- Grande diferença existe entre “ser imperfeito” e “estar imperfeito’, pois não fomos criados para o sofrimento e o mal. Não somos infelizes, estamos, temporariamente, infelizes. Não somos deprimidos, estamos, passageiramente, deprimidos. Somos luz, somos deuses...

- Quando Jesus afirma o valoroso ensino “conhecereis a verdade e ela vos libertará, evidentemente, referia-se à verdade que atinge as distantes regiões do coração, à verdade sobre nós mesmos, a nossa realidade

- Culparmo-nos, pelo mal que ainda não conseguimos vencer, em nada nos melhora. Certamente em alguns casos de personalidade rebelde ela funciona como uma defesa a fim de não desistirmos de lutar, impulsionsndo a criatura ao recomeço para não agir novamente da mesma forma

- Melhora real só obteremos com auto - estima, valorizando, severamente, a “parte boa” que possuimos

- Culpa é tortura e desamor, impulso para baixo. Severidade é crescimento e auto-amor, motivação para continuar nos desafios de aprimoramento


3 - DO LIVRO “REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO” (Ermance Dufaux, psicografia de
Wanderlei Soares de Oliveira - item 12

- Será muito útil à comunidade espírita um maior empenho em seus grupamentos no entendimento do tema reforma íntima. Associa-lhe, comumente, a idéia de anulação de sentimentos, negação de impulsos ou eliminação de tendências. Idéias essas que poderão tecer uma vinculação mental ao obsoleto bordão do “pecado original”

- Essa vinculação ao “pecado original” conduz-nos a priorizar a repressão como sistema de mudança. Esse sistema de inaceitação é caracterizado, quase sempre, pela ansiedade em aplacar sentimentos de culpa

- A culpa não renova, limita. Não educa, contém. A culpa nasce no ato de avaliar o direito natural de errar como sendo um pecado que merece ser castigado. Reforma íntima não é ser contra nós, não é reprimir e sim educar. Não é exterminar o mal em nós, e sim fortalecer o bem que está adormecido na consciência

- Menos contenção e mais conscientização , eis a linha natural de aprender a “ dar ouvidos” aos alvitres do bem Divino que retumbam qual eco de Deus na nossa intimidade.

- Exigir de si mais que o possível é dar espaço para tornarmo-nos ansiosos ou desanimados. Valorizemos com otimismo e aceitação o que temos condições de fazer para ser melhor, mas jamais deixemos de aferir sinceramente, em nosso próprio favor, se não estamos sob o fascínio do desculpismo e da fuga, e procuremos a cada dia fazer algo mais pelo bem de nós próprios e do próximo

4 - DO LIVRO “RENOVANDO ATITUDES” (Hammed, psicografia de Francisco do Espírito
Santo Neto) - Pag 61

- Culpa quer dizer paralisação das nossas oportunidades de crescimento no presente em consequência da nossa fixação doentia em comportamentos do passado

- Todos nós vestimos a densa capa da culpa desde a mais tenra infância

- Certas religiões utilizam, frequentemente, da culpa como meio de explorar a submissão de seus fiéis, usando o nome de Deus e suas Leis como provedores do mecanismo de punição e repressão, afirmando que garantem a salvação para todos aqueles que forem “tementes a Deus”

- No recinto do lar encontramos muitos pais induzindo os filhos à culpa, por exemplo : você ainda me mata do coração”

- Culpar não é um método educativo, nem tampouco gerador de crescimento, mas um meio de induzir as pessoas a não se responsabilizar por seus atos e atitudes

- Encontramos indivíduos que teimam em culpar os outros, acreditando ser muito cômodo representar o papel de injustiçados e perseguidos, colocando seus erros sobre os ombros das pessoas, da sociedade, da religião, dos obsessores, do mundo enfim

- A culpa se estrutura nos alicerces do perfeccionismo, alimentando a idéia de que não seremos suficientemente bons se não fizermos tudo com perfeição. Esquecemo-nos, porém, de que todo o nosso comportamento é decorrente de nossa idade evolutiva e de que somos tão bons quanto nos permite nosso grau de evolução

- O arrependimento resulta do quanto sabíamos fazer melhor e não o fizemos, enquanto que a culpa é, invariavelmente, a exigência de que deveríamos ter feito algo, porém não o fizemos por ignorância ou impotência

- A Providência Divina sempre “concede ao homem a faculdade da reparação e não o condena irrevogavelmente”, não havendo, portanto, razão para culpar-se sistematicamente, pois ele será cobrado pelo “muito” ou pelo “pouco” que lhe foi dado, ou mesmo, “muito se pedirá àquele que muito recebeu”

- Assevera Paulo de Tarso : “A mim, que fui antes blasfemo, perseguidor e injuriador, mas alcancei misericórdia de Deus, porque o fiz por ignorância, e por ser incrédulo”. Tem-se, dessa forma, um ensinamento claro : a culpa é sempre proporcional ao grau de lucidez que se possui, isto é, nossa ignorância sempre nos protege

- Não guardemos culpa. Optemos pelo melhor, modificando nossa conduta. Reconheçamos o erro e não olhemos para trás, e sim, para frente, dando continuidade à nossa tarefa na Terra





5 - DO LIVRO “CONFLITOS EXISTENCIAIS (Joanna de ângelis, psicografia de Divaldo
Pereira Franco)

5.1 - A PSICOLOGIA DA CULPA
- Duas são as causas psicológicas da culpa :
(1) A que procede da sombra escura do passado, da consciência que se sente responsável por males que haja praticado em relação a outrem

- A culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente. O remorso gera o fenômeno de identificação do erro, mas não se faz acompanhar da coragem para a reparação, transferindo para os arquivos do Espírito o conflito em forma de culpa e, quando isso ocorre, o indivíduo experimenta angústia e procura recurso de autopunição como mecanismo libertador para a consciência responsável pelo delito

(2) A que tem sua origem na infância, como decorrência da educação que é ministrada
- Normalmente exige-se que o educando seja parcial e adulador, concordando com as idéias dos adultos - pais e educadores

- Constrangida a ocultar a sua realidade, a fim de não ser punida, sentindo-se obrigada a agradar os seus orientadores, criança compõe um quadro de aparência como forma de conveniência

- Essa má-educação é imposta para que os educandos sejam bons meninos e boas meninas

- Como forma escapista da própria consciência, os pais cumulam os filhos com brinquedos e jogos, em atitude igualmente infantil de suborno emocional, a fim de os distrair, em realidade, no entanto, para fugirem ao dever as sua companhia, dos diálogos indispensáveis, da convivência educativa mais pelos atos do que pelas palavras

- Para poupar-se a problemas, perde a capacidade de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que pensa, com o que sente, com o que deseja

- Os adultos imaturos, no entanto, diante desse comportamento cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz

5.2 - AS CONSEQUÊNCIAS DA CULPA NÃO LIBERADAS
- Os conflitos e as mesquinhezes dos sentimentos
- Paciente arredio e triste, quando não infeliz e desmotivado
- Medo de cometer novos desatinos e quase sempre é empurrado para a depressão
- Tormentosa existência com insegurança

- A consciência aturdida aflige-se e procura mecanismo de autopunição para
descarregar o conflito
- Como forma de esconder o conflito, surge a autocomiseração, a autocompaixão
- Comportamentos doentios e atitudes criminosas, em face da agressividade, de
Sentimentos negativos incapazes de enfrentamentos
- Pensamentos atormentados que fazem sentir-se desvalorizado, com idéias pessimistas e desagradáveis

5.3 - PROCESSOS DE LIBERTAÇÃO DA CULPA
- O antídoto para a culpa é o perdão

- Consciente do erro torna-se exequível que se busque uma forma de reparação, e nenhum é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou

- Tratando-se de culpa procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação

- o esforço em favor da solidariedade e da compaixão elabora mecanismos de diluição do processo afligente