sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

LIVRO “MEREÇA SER FELIZ” (ERMANCE  DUFAUX)

PREFÁCIO

- Todos merecemos a felicidade, porém nem todos possuímos na intimidade a crença de que a merecemos

- Merecimento é a liberdade conferida pela consciência para o florescimento de elevados recursos interio-
  res, resultante do esforço de aperfeiçoamento espiritual . É o estado íntimo que só começaremos a sinto-
  nizar quando passarmos a ouvir a sublime melodia da consciência em substituição ao valor que damos à
  gritaria do “EGO”

- As concepções humanas, quase sempre , interpretam felicidade como “sorte” ou “escolha divina” bus-
  cando-a através de “fórmulas mágicas” de imediatismo, preponderando na Terra uma falsa noção de feli-
  cidade através da satisfação de carências estimuladas pelas ilusões da vida moderna, enquanto ela é con-
  quista de valores inalienáveis e realização existencial

- Ser feliz é uma questão de afinar as atitudes e sentimentos com esse “Plano de Espiritualização”, somen-
  te possível pelo reencontro com a verdade sobre nós mesmos. Esse reencontro com o “Eu Divino” é o
  resgate da consciência lúcida, é a conscientização, é o preço que se paga para ser feliz

- Os espíritas carregam para cá, na vida extrafísica, exageradas expectativas de salvação e elevação em 
  razão de movimentações de superfície nos compromissos junto à abençoada Seara Espiritista

- Entretanto, nunca desistamos de ser feliz, pois fomos criados para esse Alvo Divino. De ninguém depen-
  demos para alcançarmos a plenitude da felicidade, a não ser de nós próprios


 CAPÍTULO 01 – PALESTRA DE EURÍPEDES BARSANULFO

- “ A proposta educacional de Jesus tem por objetivo a felicidade. Entretanto, ela tem um preço : A
  construção do Reino dos Céus na intimidade do ser. Contudo, Deus é procurado pela maioria, por fora

- Aqui no Hospital Esperança temos constatado a urgência de se conclamar os nossos co-idealistas na
  Terra a uma campanha pelo “Espiritismo por dentro”

-Muitos discípulos, mais desatentos e mal informados que infiéis recorrem aos Centros Espíritas à cata de
 soluções fáceis e raramente se comprometem com a essência do “Espiritismo por dentro”, pois as própri-
 as organizações doutrinárias não lhes orientam para serem eles próprios a solução de suas vidas

- Aprendizes do Consolador acostumam-se assim a verem nas tarefas um pesado ônus que assumem como
  se estivessem resgatando extensos débitos na busca da felicidade, deixando de efetuar a educação de si
  mesmos nas tarefas de amor e estudo

- Passam anos ou a própria existência nessa condição do “”Espiritismo por fora”, entregues a posturas
  pudicas sem renovarem o sentimento, evitando o mal mas nem sempre com desejo real de afastar-se
  dele

- Procuram, quase sempre, folga e facilidade, quando o serviço do Cristo se opera exatamente na direção
  oposta, depois desencarnando à espera de louros que não fizeram por merecer, porque plantaram o bem 
  no próximo e nem sempre cultivaram o bem a si mesmos

- Ser feliz é uma questão de interiorização, é essa viagem interior permitirá resgatar o reencontro com a
“Centelha Divina”, o Pai que foi “abandonado”pelo filho pródigo, a parcela “imaculada” de Deus no
Íntimo. Esse passo será um laborioso trabalho de “dissolver” os escombros morais sob os quais encon-
tram-se, soterrados,há milênios, os valores espirituais em razão da tragédia da “orfandade escolhida”,
ou seja, a infeliz escolha de abandonar a segurança da plenitude, em comunhão com as Leis Divinas,
pela opção da liberdade para construir o caminho da insatisfação e da insaciedade através do egoísmo

- Nesse trajeto de distanciamento da “Luz Paternal” nasceu o maior inimigo de todos nós, o orgulho,
  como sendo saliente sentimento de superioridade que nos transportou a todo tipo de arbitrariedade nos
  domínios da ilusão, ampliando mais e mais nossa frustração e desajuste consciencial

- Felicidade tem preço: o preço da renúncia e da abnegação de si mesmo em favor da efetiva implantação 
  dos ideais renovadores no cérebro e no coração. A vitória sobre o nosso orgulho será o triunfo da paz
  nos rumos da humanidade – sentimento de reconhecimento da real condição de “Filhos Pródigos”diante
  do Universo


CAPÍTULO 02 – FELICIDADE DO TAREFEIRO ESPÍRITA

-  Trabalhar e estudar são os caminhos de descoberta e fortalecimento do tarefeiro espírita. Todavia, se ele 
   não se aplica ao serviço essencial da transformação de si próprio, buscando o autoconhecimento, deixa-
   rá de semear no seu terreno pessoal as sementes que vão lhe conferir no futuro, a liberdade e a farta
   colheita do júbilo almejado por ele mesmo

- Porisso sempre ao lado de tarefas e estudos, incentivemos um melhor relacionamento, permitamos espa-
  çós no Centro espírita para construção de grupos autênticos, que permitam falar de seus limites, de suas
  angústias, de suas lutas, de suas vitórias, de seus sonhos, a fim de promover as agremiações doutrinárias
  a ambientes de lídima fraternidade, evitando as capas, as máscaras, o verniz

CAPÍTULO 03 – ESTUDANDO O ORGULHO

- Orgulho é o sentimento de superioridade pessoal resultante do processo de crescimento do Espírito, um
  Subproduto do instinto de conservação, um princípio que foi colocado no homem para o bem, porque
  sem o “Sentimento de valor pessoal” e a “necessidade de estima”, não encontraríamos motivação para
  existir

- O problema não é o sentimento de orgulho, mas o descontrole de seus efeitos. Ele está presente em qua-
  se tudo o que fazemos. Isso o torna uma paixão ou, como dizem os bondosos Guias da Verdade, “O
  excesso de que se acresceu a vontade”. A esse respeito afirma Allan Kardec: “Todas as paixões têm seu
  princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal,
  pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a
  exageração de uma necessidade ou de um sentimento

- A vaidade e a indiferença, o preconceito e a presunção, o desprezo e o melindre, a pretensão e a inveja
  são alguns reflexos inevitáveis desse “estado orgulhoso do ser”e formam o que chamamos de persona-
  lismo, o estado de supervalorização do Eu

- O personalismo é a expressão mais perceptível e concreta do orgulho. Digamos que enquanto o orgulho
  incapacita-nos para verificar as próprias imperfeições, o personalismo tem como efeito gerar idéias de
  que tudo aquilo que parta de nós é o melhor e mais correto

- O orgulhoso, desta forma, vive intensamente de máscaras que correspondem a essas idealizações do seu
  imaginário, para fazer com que o mundo a sua volta acredite que ele seja quem ele próprio acredita ser

- A dissimulação é o preço elevado que paga o orgulhoso para manter as aparências e trata-se de uma
  inaceitação de suas sombras interiores, uma necessidade obsessiva e neurotizante de manter um status,
para evitar críticas ou para não perder sua suposta “autoridade”. Até mesmo as doenças costumam ser ocultadas pelo orgulhoso, pois, para ele, isso é um “código de fragilidade” que não pode ser revelado


CAPÍTULO 04 – INFORMAR E CONSCIENTIZAR

- A verdade que conheceremos e nos libertará será sempre a Verdade sobre nós mesmos. A consciência
  de si que nos ensejará elementos para transitar na evolução com felicidade

- O Espiritismo é meio e a educação Divina é o fim. Conscientizar é tomar contato com os conteúdos
  velados da mente estabelecendo conexão com o ser divino que há em nós. Tomemos como exemplo io
  orgulho : sabemos que somos orgulhosos, estamos informados disso, mas não temos consciência plena
  de suas manifestações, dos detalhes de sua ação. Essa a diferença entre conhecer e saber

- A conscientização surge quando aprendemos a utilizar a informação para a transformação. A informação
  é atividade cognitiva que só abrirá portas para a conscientização

- O conhecimento é capaz de acionar desejos novos, excitar planos e mudanças, mas somente o sentimen-
  to é capaz de movimentar a vontade firme para manter e concretizar caminhos novos

- Conhecer não basta, é necessário transformar-se para melhor. Conhecer é ter opções, mas só a conscienti
  zação oferece respostas. Conhecer auxilia, conscientizar é caminho para ser feliz


CAPÍTULO 05 -  CONFESSAI - VOS UNS AOS OUTROS

- O trabalhador do Cristo em qualquer posição que se encontre necessita assumir sua condição de doente
  e pedir ajuda

- Uma crise de sigilo por parte daqueles que orientam e conduzem diversas células do espiritismo, em
  nome de uma autoridade imposta pelos cargos ou responsabilidades assumidas na escola do Centro Espí-  
  e sustentada pelo orgulho

- Ninguém perde a autoridade por se revelar nos esforços  íntimos para superação de suas tendências. O
  dirigente cristão deve ser autêntico sem ser inconveniente, devendo falar de suas lutas como o doente
  em busca da recuperação

- O labor Espírita é campo de treino, enfermaria de recuperação na qual devemos nos aplicar com muita
  humildade, por mais bagagem adquirida, agindo como doentes em busca de sua alta médica


CAPÍTULO 06 – INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL

- Sem conviver bem consigo, amando-se, não haverá harmonia nas interações humanas com o outro.
  Respostas emocionais são acionadas a partir da convivência, desenvolvendo um novo mundo de senti-
  dos para quem dela faz parte

 - Nem sempre podemos externar o que sente a quem deveria, então passa a formular para si mesmo o que
   gostaria de expressar a outrem ante as pressões internas das discordâncias, dos agastamentos,
   traições

- O problema não é como convivemos com o outro, mas sim como convivemos com o que sentimos e
  pensamos em relação ao outro

- A socialização, princípio contido nas Leis Naturais, estabelece o encontro das singularidades humanas,
  objetivando sobretudo essa viagem à intimidade da individualidade. Quanto mais rápido penetramos
  nesse caminho educativo, mais identificaremos as razões das refregas do relacionamento, conquistando
  paz e alegria nas relações, visão e equilíbrio para conosco

- destacando o mal nos outros, ativamos fios magnéticos de atração que nos ligam a essa energia que
  passamos a consumir e digerir no campo mental, detonando a crise íntima que poderá ser sustentada por
  adversários espirituais astutos

- A opressão dos conflitos é mantenedora da fuga de si mesmo, e o auto-amor somente ocorrerá quando
  dispormos ao auto-encontro,à redefinição da auto-imagem que oculta mazelas, à retirada das “masca-
  ras” : voltar o espelho da mente para si, interiorização

- Urge fazermos o aprendizado do auto-amor, dialogarmos com a intimidade, indagar de nossos sentimen-
  tos a razão de sua  existência. Se não aprendermos a gostar de nós, a nos aceitarmos, não conseguiremos
  a fluência do amor ao próximo

- Esse será o iluminado labor de conquistar a nossa “sombra”, amando-a, sem recriminações e culpas, sin-
  tonizando a mente no “ser” de Lua e paz que existe embrionária em cada um dos filhos de Deus, Aden-
  trando o patamar declinado na resposta dos Sábios Guias da Humanidade a Kardec : “A felicidade dos
  Espíritos Superiores consiste em conhecerem todas as coisas” , e nós inferimos : “inclusive a si mesmo”


CAPÍTULO 07 – COMPARAÇÕES

- A comparação é um dos efeitos mais notáveis da presença do orgulho nas relações

- Nos relacionamentos, as comparações são muito utilizadas pelo orgulhoso com a finalidade de exacerbar
  seu conceito pessoal e rebaixar a importância dos demais

- O homem aprende a cuidar da sua máscara com maior devoção que de sua realidade íntima. O orgulhoso
  vai solidificando uma “imagem irreal” de si mesmo, pois já não se trata mais de referências para cresci-
  mento e sim da “formação de uma identidade psicológica fragilizada”, acessível a assimilar tudo que se
  se faça a pessoa sentir-se valorizada, importante, forte, capaz

- A ausência de contato com a vida interior profunda vai fortalecendo essa “segunda natureza. O orgulho
  tem essa característica de fazer a criatura acreditar no que não é

- A excessiva preocupação com a opinião a seu respeito é uma neurose nesse tipo de situação. As referên-
  cias elogiosas a quem quer que seja são recebidas com desdém ou inveja. A necessidade de diminuir o
  valor dos esforços alheios é um vício de proporções extraordinárias

- No fundo gostaríamos de ser aquela pessoa, de possuir algo que ela tem ou ser algo que ela é

- O orgulhoso passa a ser um fiscal dos atos alheios, procurando motivos para realçar-se e afirmar-se ante
  o próximo, a quem toma como um oponente, ainda que não o seja, especialmente se essa criatura pensa
  ou age em desacordo com suas crenças e concepções

- Os relacionamentos com pessoas desse perfil tornam-se superficiais, elas não permitem que os outros
  penetrem sua intimidade verdadeira e revoltam-se contra os que lhe exortam com proficiência à verdade
  sobre si mesmos, melindrando e reagindo com veemência

- Ser o que somos é o desafio, evitando seguir os ditames da imaginação que nos inclina a fugir da realida
  de, romper com máscaras e formalidades desnecessárias, vivendo com espontaneidade responsável
- Nada nos impede de fazer as comparações a fim de tirar algum proveito ou entender melhor nossos senti
  mentos, todavia, sem ilusões. A única comparação útil e proveitosa é aquela que fazemos conosco
  próprio, procurando sempre aferir se estamos hoje um pouco melhor em comparação ao ontem

CAPÍTULO 08 – CREDIBILIDADE SOCIAL E CIDADANIA

- Credibilidade é aquilo ou aquele em que se pode crer, é o Espírito da confiança abrindo espaços para a
  ação benfazeja e a colaboração espontânea. Confiança, porém, é tecida pelos fios morais da conduta que
  reflete a consciência em paz e harmonia e brota nos corações em razão das expressões de fidelidade, reti
  dão de caráter e amorosidade qual se fosse um perfume da alma que agrada a todos e os fazem sentir
  bem na companhia de quem o exala

- Essa deveria ser a condição social de todo homem, o “homem de bem”, conforme o Evangelho Segundo
  o Espiritismo, de que deveria ser o objetivo maior de todo o Espírita

- Entretanto, esse sutil ufanismo ronda as esferas doutrinárias quando se crê, que a Revelação Espírita é a
  única estrada de acesso para a libertação do homem junto aos cativeiros das expiações terrenas. Seme-
  lhantes concepções tem determinado uma “ética de enclausuramento” que alimenta as expectativas de
  boa parte de companheiros de ideal, levando a crer que a sociedade necessita da crença espírita nos
  moldes em que a esposamos, caso pretendam livrar-se das dificuldades  e adquirirem a felicidade,
  despreocupando em confortar as chagas a ser o mensageiro da doutrina e si próprio, para com aquele que
  sofre e necessita de arrimo

- Ufanismo é uma palavra que define o orgulho ou a vaidade desmedida que temos de algo

- Essa “ética de reclusão”enseja uma quase “alienação” dos Centros Espíritas junto aos problemas sociais,
  porque destaca-se como vantajoso e correto que a sociedade busque o centro e não o inverso

- O papel do espiritismo, fica bem claro, é secundar, ou seja, coadjuvar o movimento regenerador da
  Humanidade

- Grande decepção será pernoitar nesse ufanismo doutrinário e acordar nas paragens extrafísicas decepcio
  nados, com a dura realidade de nossa condição espiritual, quando então será contatado que incontáveis
  almas vitoriosas e felizes jamais ouviram falar em Espiritismo, porque serviram, única e exclusivamente
  à religião cósmica da caridade : muito amaram

- Credibilidade só pode ser adquirida pela alma que ama, e não por credenciais exteriores de adesão a gru-
  pos ou movimentos nos fins de semana

- A renovação social surge da intimidade, como enfocou Allan Kardec, quando disse: “O Espiritismo não
  cria a renovação social, pois a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade

- Longe de sermões e puritanismo estéril, a credibilidade do espírita será aferida pela sua postura cidadã e
  Moralizadora

CAPÍTULO 09 – CARMAS IMAGINÁRIOS

-Constatamos que pelo menos dois terços dos sofrimentos humanos provém da imprudência e de escolhas
 mal feitas, não sendo real atribuir a “outras existências” esse uso do livre-arbítrio

- Se continuarmos ao lado dessa ou daquela pessoa em nome de carmas originados de um passado suspei-
  to e não confirmado, estaremos trabalhando pela nossa infelicidade,apenas suportando- tolerância estáti-
  ca - quando o propósito Divino das provações é o crescimento, a libertação e o aprendizado – “resigna-
  cão , ativa”
- Se nos mantivermos nessa ou naquela posição social por carma, em decidida preguiça de melhorar, esta-
  remos adiando uma provável “opção de Deus” em nosso favor por não agirmos para sair das situações
  incômodas. Isso não nos deverá, em hipótese alguma, incentivar as decisões de fuga e abandono dos
  compromissos, porque , em verdade, estaremos assim fugindo de nós próprios, transferindo para os
  novos relacionamentos ou lugares as mesmas mazelas anteriores

- Agüentar por agüentar, sofrer por sofrer, é ausência de consciência nas provas e adiamento de soluções
  Suportar por suportar é perda incalculável. Suportar trabalhando para vencer e aprender é solução a
  caminho

- Lutemos pela nossa felicidade, eliminando os “carmas adicionais”, crendo e vivendo firmemente o
  Seguinte projeto de vida : “eu mereço ser feliz”


- CAPÍTULO 10 – OPINIÕES E AUTO-ESTIMA

- O medo da rejeição leva muitos corações a alimentarem complexa absessão em relação à opinião alheia
  sobre seus feitos. Noutros casos, de forma oposta a esse medo, a indiferença à emissão de conceitos em
  torno de nossa personalidade é o resultado da invigilância e da vaidade

- Nem uma nem outra posição auxiliam-nos na escola da convivência, porque não aprendemos ainda o
  auto-amor, pois costumamos esperar as compensações e favores do amor alheio, permitindo um nível de
  insegurança e dependência dos outros face ao excessivo valor que depositamos no que eles pensam
  sobre nós

- O medo de ser rejeitado ou não aceito é um resquício fortemente gravado no psiquismo pelas experiên-
  cias infantis ou por complexos adquiridos em outras existências. Crenças de desvalor a si próprio, conso
  lidadas na mente da criança e do adolescente, provocam sentimentos de inutilidade e culpa, gerando a
  autocensura, a autopiedade e uma terrível “Síndrome de ser culpado”

- A auto-estima quando escasseia, a criatura estará sempre escrava de complexos de inferioridade atormen
  tantes, cultivando hábitos que visam camuflar seus supostos males para que outros não percebam

- As opiniões sobre nós são valorosas e merecem ouvidos atentos, quando se tornam“críticas construtivas
  e, para ser construtiva requer sinceridade fraterna, “olhos nos olhos”, sentimentos de solidariedade e,
  sobretudo, quem critica para ajudar apresenta alternativas de melhoria ou solução

- Disse Allan Kardec : “Quem quer que se eleve acima do nível comum está sempre em luta com o ciúme
  e a inveja. Os que se sentem incapazes de chegar à altura em que aquele se encontra esforça-se par rebai-
  xá-lo, por meio da difamação, da maledicência e da calúnia

- O personalismo – marca moral pertinente à maioria esmagadora dos discípulos Espíritas – É uma lente
  de aumento que procura dilatar nossos valores e uma nuvem que busca ofuscar nossas imperfeições,
  tornando-se entrave à opinião sincera em razão de insuflar o melindre e a mágoa

- As opiniões alheias são valorosos recurso de crescimento e não devemos menosprezá-las nunca, ainda
  mesmo quando constituam excessos, porque assim nos auxiliam a conhecer melhor quem as emitiu,
  servindo para estipular nossa própria opinião sobre o outro com juízo fraternal

- Lembremos, portanto, que o cultivo do afeto entre nós trabalhadores da causa de Jesus e Kardec, não
  dispensa as opiniões lavradas nas fontes da sinceridade e que, tendo por objetivo a melhoria e o esclare-
  cimento, devem ser emitidas de forma a elevar a auto-estima, transformando o medo de rejeição em um
  novo e agradável sentimento de segurança e amizade cristã

CAPÍTULO 11 – OS ESPÍRITAS DIANTE DA MORTE

- Somente o conhecimento doutrinário não erradica problemas com a morte

- Corações queridos que aqui aportam experimentam largas decepções por acreditarem que dominam os temas da desencarnação, quando, em verdade, tinham primárias lições sobre o assunto, agravados por uma conduta invigilante de auto-suficiência alicerçada no soberba crença de “salvadorismo”, sob forte influência  do atavismo religioso em concessões e facilidades no céu, devido aos serviços prestados ao bem comum

- O codificador não descuidou de indagar das “vozes Espirituais” se o saber espírita seria importante na erraticidade, recebendo uma sábia advertência : “Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem”

CAPÍTULO 12 – INTERIORIZAÇÃO

- Conhecer-se é a primeira iniciativa a fim de estabelecermos uma condição de paz interior. É a via de acesso para chegarmos ao estágio íntimo do bom relacionamento com a SOMBRA

- Essa viagem ao mundo íntimo exige prepara e exercício. Santo Agostinho oferece-nos um roteiro de viagem seguro e eficaz : um balanço diário com a assistência de Deus e o “anjo da guarda”

- O estudo de si mesmo vai exigir duas posturas que asseguram melhores resultados. São elas:

1) Atenção Plena :

- é a arte Budista de observar-se incansavelmente, olhar-se sempre

- É um hábito que deve ser desenvolvido na rotina, a fim de que o balanço noturno tenha elementos ricos para a auto-análise. Essa atenção plena só é possível em criaturas que se dispõem a melhorar, que anseiam por permanente sentimento de renovação de si próprias

2) Interiorização :

- É o ato de enfrentar seu mundo interior, admitir pára si a natureza de seus sentimentos, estudar as reações perante a vida. Nessa tarefa de crescimento, inclui-se a arte de ouvir a consciência e aprender a escutar os ditames Divinos. A consciência é nosso elo de ligação com a verdade, aprendermos a lidar com sua “voz” é aprender a ouvir Deus em nós

- À medida em que vamos descobrindo o desconhecido mundo de nós mesmos, vamos ganhando autonomia, paz, felicidade

- Atenção plena é vigília. Interiorização. Interiorização é investigação permanente de si próprio

CAPÍTULO 13 – PERSONALISMO. A LUPA DO ORGULHO

- Consideramo-lo em uma metáfora como a lupa do orgulho voltada na direção do “EU”, ampliando, exageradamente, o valor pessoal. Um estado no qual a mente está mais voltada para os apelos do EGO em negação aos ditames da consciência

- Não vivemos imunes ao personalismo. Ele constrói psiquicamente a identidade pessoal e a participação no meio onde vivemos, entretanto, o problema é o excesso da importância que conferimos ao “eu”, perdendo o controle e tornando-se um vício, o vício do amor próprio

- Eis alguns exercícios que poderão auxiliar-nos na sua identificação de traços do personalismo, o que será o primeiro passo para um programa reeducativo :

(1)   Emitir opiniões sem fixar-se obstinadamente na idéia de serem as melhores
(2)   Aprender a discernir os limites entre convicção e irredutibilidade nos pontos de vista
(3)   Ouvir a discordância alheia acerca de nossas ações sem sentimento de perda ou melindre
(4)   Cultivar abnegação na apresentação dos projetos nascidos no esforço pessoal, expondo-os para análise do grupo
(5)   Evitar difundir a “folha de serviços” das realizações pessoais já concretizadas
(6)   Disciplinar e enobrecer o hábito de fazer comparações
(7)   Acreditar que a colaboração pessoal sempre poderá ser aperfeiçoada
(8)   Pedir desculpas quando errar
(9)   Ter metas sem agigantá-las na sua importância
(10) Aprender a ouvir opiniões para melhor discernir
(11) Admitir para si os sentimentos de mágoa e inveja
(12) Desejo de aprender a ser útil
(13) delegar tarefas


CAPÍTULO 14 – VELHO DESCUIDO

- Espera-se, com certa dose de razão, daqueles que esposam os princípios espíritas, que sejam criaturas de hábitos sublimados e comportamento exemplar, e quando se constata que nem sempre os amigos de ideal são o que idealiza-se que fossem, abre-se espaço para as cobranças, o desncanto e a desafeição

- Nem sempre os atos de infidelidade aos princípios evangélicos significa falsidade, mas sim a dificuldade natural de superar imperfeições, sobre as quais ainda não adquirimos completo domínio e transformação

- Ser Espírita, no entendimento de muitos, ainda é um conceito bastante exterior e superficial. concebe-se, muitas vezes, que ser Espírita é ter condutas padronizadas e aceitas como um modelo pela comunidade doutrinária. Tais critérios levam a definir o Espírita dentro da diretriz moral “Espírita faz isso e não faz aquilo”

- Outras vezes, adotam-se critérios vinculados à “folha de serviço” estipulando que a habilidade com as práticas doutrinárias é atestado de superioridade e competência Cristã, conferindo ao “tempo de casa” e “quantidade de realizações” as referências de autoridade

- Ambientes onde escasseia a fraternidade, prolifera a falsidade e o desânimo

- Poucos de nós conhecemos a intimidade do nosso próximo que partilha as responsabilidades do aprendizado e do trabalho na casa Espírita, portanto, procuremos sempre os cuidados com o estímulo e a caridade que devemos uns aos outros

- Compaixão e tolerância nas relações sempre deverão ser o nosso lema. Decepção e ressentimento em grupos espíritas são mantidos somente por aqueles que ainda não descobriram o valor da perdão incondicional

- Velho descuido da convivência humana : buscar corrigir as pessoas para que se encaixem em nossos modelos de expectativas e transformar as diferenças do outro em defeitos


CAPÍTULO 15 – CARÊNCIAS

-Carência é o estado íntimo de insatisfação que surge da privação de alguma necessidade pessoal. Sob análise espiritual, é um fluxo energético de vibrações não compensadas reclamando o dinamismo da complementação para gerar bem-estar e equilíbrio na vida do ser

- Na ótica afetiva, é um processo de desnutrição que pode ter-se iniciado infância ou até mesmo em outras reencarnações

- A maior carência humana é de afeto e carinho, sem os quais ninguém se sente humanizado. E não se sentir humano significa permitir a influência dos reflexos primitivos que açulam a ganância e a crueldade proveniente do instinto de conservação exarcebado

- Existem “mecanismo bloqueadores” composto por processos emocionais e psíquicos do Espírito, o qual se sente sob rigorosa “prisão nos sentimentos”, que são ativados, automaticamente, no campo mental em razão dos despenhadeiros de ilimitados crimes do coração que se arrojou em existências anteriores, agravados pela educação infantil em regime de aridez afetiva. Tais mecanismos levam a não sentir amado, mesmo que o seja

- Outra razão evidente das origens da carência pode ser encontrada na ausência de preparo para lidar com as perdas. Na terra não se prepara a criança para lidar com perdas. A educação é quase toda destinada a fazer “campeões sociais”, vitoriosos em tudo. Pais frustrados tentam se realizar no sucesso de seus filhos, exigindo deles o que não conquistaram, tentando consertar erros e fracassos através da criação de um “super-herói” dentro de casa

- crianças muito mimadas ou compensadas excessivamente para cumprirem os seus deveres querem tudo que desejarem na vida adulta, inclusive o afeto alheio. Outras carências surgem como ilusões da vida moderna estimuladas pela mídia e pelos costumes

- As matrizes profundas da carência podem ser encontradas no subconsciente. È o vício milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruísta suficiente para amar

- O carente, em verdade, é um doente que deseja ardentemente amar sem conseguir. Não conseguindo, passa a exigir ser amado. É alguém em débito com a própria consciência

- Nossa incúria e teimosia, nossa infidelidade e rebeldia aos códigos Divinos ensejaram os caminhos de escassez

- Observa-se que boa parcela das pessoas não está aceitando mais, em nenhuma hipótese, a possibilidade de fazer cada conquista a seu tempo. Querem tudo para já, custe o que custar. A grande maioria dos espíritos reencarnados na atualidade tem vivido a “filosofia do imediatismo”. E, no atendimento de suas metas, percorrem os caminhos largos da precipitação e da imprudência, buscando de forma egoísta o gozo, o prazer, a satisfação de suas fantasias

 -depois surgem a decepção e a mágoa, e somente então percebem a fragilidade de suas escolhas. Nesses torvelinhos de dor, não tendo força e coragem o bastante para assumir a sua responsabilidade, projeta culpa a outrem se eximindo de admitir também as suas decisões infelizes que contribuíram em suas dificuldades

- O controle da vida emocional é o primeiro passo no suprimento das nossas necessidades reais. Saber adiar a gratificação pessoal é muito importante na aquisição desse controle. Tudo a seu tempo, conforme os méritos e esforços

- Leis perfeitas regem nosso merecimento e somente quando empenharmos pelo amor, perceberemos que carência é outro nome do egoísmo

- As mais elementares necessidades humanas serão, de alguma forma, atendidas. Entretanto, nossa condição de penúria espiritual leva-nos a refletir na colocação feita pelos sábios instrutores das verdade ao afirmarem : “ Por meio da organização que lhe deu, a natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais”


CAPÍTULO 16 – APRENDER A FAZER

- Os rumos educacionais do Sec XXI apontam o ato de “saber fazer” como um dos quatro pilares do processo de desenvolvimento dos potenciais humanos

- O estudo minucioso do saber como fazer inclui a interação do aprendiz com os veiculadores do conhecimento em tarefas grupais, participativas, dialogais, com plena troca de informações na construção do saber

- Levemos o ensino da Casa Espírita para “fora de si mesma” em atos e decisões que comprovem sua efetiva adequação ao entendimento. Somente dessa maneira estaremos trabalhando pela construção do saber em nós mesmos. A isso denominamos contextualização, que é a aplicação prática e desenvolvimento de habilidades a partir dos conteúdos espíritas adquiridos nas abençoadas tarefas do estudo

- A transmissão do conteúdo : Não é mais importante acumular informação, mas saber gerenciar o conhecimento

- A pedagogia do afeto: É a didática da relação dialógica, relação parceira, interativa, pois na vida social a relação nunca é monlogal

- Os projetos vivenciais : Além de gestor do conhecimento, o centro Espírita deve ser um laboratório de encontros humanos, com projetos de estudo e oficinas para esferas específicas de necessidades

- Os relacionamentos educativos :
Não podem ser artificiais. Sua eficácia é comprovada no próprio círculo onde se efetiva, através de relações de afeto que são tecidas entre os convivas, base segura e produtiva para grupos que buscam contextualização


CAPÍTULO 17 – CAMUFLAGENS E PROJEÇÕES

- Conhecidos pela psicanálise como mecanismo de defesa do inconsciente, as projeções e camuflagens afetivas ocorrem em razão de processos educacionais da infância centrados no EGO, ou por impulsos de núcleos afetivos consolidados em outras reencarnações

- O reflexo mais eminente da presença de semelhantes defesas psíquicas é a perda da autenticidade humana

- Os “esconderijos psíquicos” têm como origem mais saliente o medo : medo de si mesmo, medo de seus verdadeiros sentimentos. Não havendo coragem suficiente e nem desejo para tal, a criatura foge do auto-encontro, incapacitando-se, a cada fuga, em dominar sua vida interior, deixando escapar a chance de olhar-se no espelho da consciência e cuidar de sua “realidade transitória”, resgatando a sua “realidade natural e divina”

- Esse encontro, porque é doloroso, quanto mais for adiado mais a constrange a ombrear com um “eu falso”

- Entendamos de assumir sentimentos, o serviço de autoconhecimento e auto-aceitação. Tenhamos sobriedade e dispamos dessas máscaras perniciosas do relacionamento. Ao ficar camuflando sentimentos que temos com os outros, atribuindo-os a existências anteriores, perdemos o ensejo responsável de travar contato com nosso mundo profundo e subjetivo em busca do autêntico amor e dos necessários ajustes emocionais que fazem parte do aprimoramento pessoal

-Outra faceta mais conhecida das projeções é a dos defeitos, nas quais vemos nossas imperfeições mais marcantes e menos admitidas para nós na pessoa do outro. A valorização das próprias potencialidades, na medida em que são descobertas, é a receita para lidar com as projeções de modo proveitoso para o crescimento pessoal

- O que destacamos de menos bom em nosso próximo quase sempre trazemos em nós mesmos. Vejamos as camuflagens e projeções como etapas do aprendizado afetivo, fenômenos comuns do sentimento humano, mas que carecem educação e responsabilidade para serem conduzidos a fins superiores. São processos de defesa da mente para abrandar a angústia da inferioridade humanaque com o tempo superaremos


,CAPÍTULO 18 – VÍCIO DE PRESTÍGIO

- O perfil dos habitantes da Terra guarda uma feição comum que é a necessidade de valorização e reconhecimento pessoal, o que seria muito natural não fosse nossa paixão no egoísmo

- Pouquíssimos são os que se encontram sensibilizados para a arte da alteridade, dispostos a destacar conquistas e valores no outro

- O vício de prestígio consome a criatura em disputas inglórias e imaginárias por apreço e consideração, e quando alguém não lhe rende as homenagens e tributos esperados, é considerado um opositor ou indiferente. Seu principal malefício é essa espera de aceitação e consideração incondicionais, como se todas as pessoas tivessem a obrigação de enaltecê-la

- Esse tipo de viciado é escravo da auto-imagem exacerbada que faz de si mesmo

- As causas desse vício podemos verificar na infância, quando a criança é levada a níveis abusivos de repressão no lar, dependendo de aprovação para tudo, tornando-se insegura, sem autoconfiança, crescendo como um adulto frustrado; Outro tanto, de forma mais intensa ainda, verificamos as raízes desse mal nas pregressas existências, quando a alma acostumou-se aos faustosos títulos sociais e às honras individualistas que sempre lhe alimentavam o EGO insaciável, na sedimentação da “cultura do melhor em tudo”

- A educação na sociedade moderna destina-s ao aplauso, ao êxito, e raramente educa-se para saber perder ou lidar bem com derrotas e críticas. Treina-se para a passarela do sucesso e a necessidade de aprovação e reconhecimento social, sem se preparar para o auto-amor

- Se nos amássemos, não teríamos tanta dependência de opiniões e atitudes alheias. O que impulsiona esse vício, mais que a necessidade de ser aceito, é o medo da rejeição: um dos sentimentos mais camuflados e comuns da humanidade que pode ser estimulado pelas causas já citadas

- Anotemos algumas de suas rotineiras formas de se apresentar o vício do prestígio pessoal

(1)   Aversão a crítica
(2)   Mendicância de reverência
(3)    Melindre nas discordâncias
(4)   Mágoa alimentada
(5)   Importância conferida ao nosso nome
(6)   Apego a tarefa
(7)   Vício do elogio


CAPÍTULO 19 – ETAPAS DA ALTERIDADE

- O trato humano com a diferença, da qual o outro é portador, tem sido motivo para variados graus de conflitos e adversidades. Freqüentemente, a dificuldade em manter a fraternidade com as diferenças e os diferentes tem ocasionado um lamentável fenômeno comportamental na sociedade : a indiferença

- A humanidade terrena, nesse início do terceiro milênio, começa a se preocupar em delinear nos seus projetos educacionais a habilidade de “aprender a conviver" como um dos quatro pilares para todos os conteúdos das escolas do Mundo

- O egoísmo é o responsável por essa calamidade da vida humana, levando ao “esfriamento da sensibilidade” ante tanto desrespeito e violência

- Etapas do crescimento moral e espiritual :

(1)   Desejo de melhor
- Nessa fase o outro ainda é uma referência de incômodo, disputa e ameaça
- O principal traço afetivo é a simpatia pelos iguais, aqueles que pensam conforme pensamos
- Apesar de não aceitar os diferentes, já se incomoda com eles, querendo modificá-los

(2)   Interiorização
       - Aqui o aprendiz das questões do espírito volta-se para suas reações íntimas
       - Esse é o estado psicológico da busca de entendimento e do autoconhecimento, uma análise para
         dentro
       - O desigual passa a ser visto como alguém importante para o nosso crescimento pessoal

(3)   Transformação
 - Nessa etapa não só a aceitar os diferentes como se consegue aprender com eles, amá-los na sua maneira de ser
 - Aprende-se o auto-amor e por conseqüência ama-se sem sofrimento, sem sacrifícios


CAPÍTULO 20 – AZEDUME, TEMPERAMENTO EPIDÊMICO

- O azedume tem sua causa-matriz, na maioria dos caos, na insatisfação com a existência carnal da atualidade com escassa gratificação e prazer

- Tomemo-lo como uma espécie de “Neurose original”, ou seja, um desajuste entre as escolhas pré-reencarnatórias e a sua realidade na Terra
- Azedume é atestado de escassa inteligência emocional ou incapacidade de controle e vigilância sobre os patrimônios  da afetividade

- Adotemos nas células de labor espiritual os cuidados imprescindíveis com essa epidemia do “cansaço de viver” ou “estresse do espírito”, que dormita na incessante postura de reclamar e revoltar com o que se é e com o que se tem

- A transformação interior, assumida com decisão e comprometimento, costuma levar o espírito a uma espécie de “convalescença moral” ou “tristeza psíquica”, por um período mais ou menos longo, em razão da abstinência dos interesses pessoais enfermiços e das novas metas que agora foram recém- aderidas. Nessa etapa a vida afetiva pode ficar comprometida por episódios de azedume e sisudez, alimentados pelo próprio orgulho que não se extingue de vez

CAPÍTULO 21 – PURITANISMO DO ESPÍRITA

- O puritano é aquele que tem “códigos de identificação exterior”, verdadeiros ritos e chavões doutrinários que esquecem automaticamente tão logo se afastem dos locais de pregação e devoção

- Necessariamente o puritano não é um hipócrita, pode estar apenas vivendo um estágio de elaboração intima na sua melhoria pessoal e necessita de “escoras’ e “imitações” para, pouco a pouco, internalizar o que ainda permanece somente na órbita de seus pensamentos sem atingir seu modo de sentir

- O puritanismo é algo exterior, uma “fachada”da atitude que não corresponde a valores autênticos. O rigorismo, o ascetismo, o moralismo são algumas de suas manifestações

- Quase sempre as atitudes puritanas escondem imperfeições com as quais não se deseja fazer o auto-encontro. Como esse enfrentamento é difícil, através de mecanismos de defesa faz-se uma transferência para o outro, nascendo a postura que denota moralismo ou desajuste com o Mundo externo

- O puritanismo é exterminado com coerência , adequação interior, assumindo o intransferível compromisso de enfrentar nossas mazelas. Ser puritano é “fazer de conta”, e isso é um péssimo caminho para quem deseja ser feliz

- Estudemos com afinco e verificaremos que o orgulho é o grande patrocinador das atitudes  puritanas, levando a criatura a imaginar ser alguém que , de fato, ela ainda não é. Via de regra essa imaginação especula em cima de uma auto-imagem super elevada, melíflua, tênue, “sagrada” ...


CAPÍTULO 23 – FUGA DO MUNDO

- Fuga do mundo! Fenômeno comportamental que vem avassalando alguns companheiros beneficiados com o conhecimento espírita. Sua característica mais marcante é a de querer conviver somente entre companheiros de idealismo

- Afora os conflitos naturais, podemos classificar essa fuga do mundo, quando se torna persistente e sistemática, como verdadeira inconformação com as vicissitudes corporais

- A “síndrome do além túmulo” é uma fuga , uma transferência como mecanismo de defesa de questões íntimas não resolvidas e dolorosas, resultantes principalmente de frustrações e insatisfações para o homem encarnado

- Seu traço principal é a negação dos prazeres humanos com os quais seu portador carrega sofríveis desajustes

- O conhecimento espírita para agregar valor espiritualizante precisa ser contextualizado, ou seja, adequado à vivência prática de quem o possui

- Essa “síndrome”, portanto, gerou uma cultura de supervalorização das questões do Mundo extrafísico trazendo como conseqüência a negação da relação com o mundo físico

- Três são os resultados éticos e emocionais de semelhantes postura mental :

(1) A transferência de responsabilidade sobre os insucessos pessoais, imputada a Espíritos e carmas
(2) Negação do passado da atual existência pela camuflagem de medos, frustrações, desejos, culpas e sentimentos. São as máscaras emocionais
(3) Foco dos pensamentos centrado no tipo de relações sociais das colônias de além túmulo contidas na literatura espiritista

- Evita , desse modo, fugir de teu mundo. Não espere um grupo de cooperadores celestes na esfera de tuas ações Espíritas, relegando o trabalho educativo de ti mesmo ao preço da insipiênci e desuidos alheios

- Os dirigentes conscientes e comprometidos ensejem um ambiente doutrinário que conecte o tarefeiro com seu mundo, interagindo sempre a Centro espírita com a sociedade e SUS problemas

- Dirigente é aquele que passa experiência e expõe seus caminhos sem, contudo, acreditar que eles sejam os melhores ou que vãosevir para todos

- Solução definitiva da “Síndrome de além túmulo” será aprender a amar a oportunidade do renascimento, por mais escassez e dureza nas provações, fazendo o melhor que pudermos e com muita fé e dureza nas provações, fazendo o melhor que pudermos e com muita fé na abundância da misericórdia de Deus


CAPÍTULO  24 – SILENCIOSA EXPIAÇÃO

- Renovar é uma operação mental de contrariar a rotina, o habitual, gerando incômodos e dores variadas. São as dores psíquicas, dores íntimas. Efeitos naturais da ação transformadora, constituindo verdadeira expiação, silenciosa expiação

- A mudança interior significa o desapego de símbolos, mitos, costumes, ações e emoções. Essa ação leva a sentimentos de perda que se assemelham a verdadeiras “amputações psíquicas e afetivas”, causando, inicialmente, muita insatisfação, insegurança e revolta

- Certamente alguns quadros mentais, incluindo doenças, podem conjugar-se aos efeitos do processo de reforma íntima, agravando ainda mais os episódios de sofrimento daquele que optou por tomar conta de seu patrimônio espiritual. Entre esses quadros vamos encontrar as questões traumáticas da infância, o estresse, as depressões, as influências espirituais, as recordações do passado em forma de tendências e idéias

- Chamemos de “pressões psíquicas” essas dores aparentemente inexplicáveis e catalogadas por muitos psiquiatras humanos como desajustamento ou fragmentação da personalidade

- Destaquemos alguns sintomas típicos desse mecanismo sutil do mundo mental que ocasiona a “dor-evolução” :
(1) Estado íntimo de desconforto e desassossego quase permanente
(2) Sensação de perda de controle sobre a existência
(3) Preocupação inútil sem causas justificáveis
(4) Desordem nos raciocínios
(4) Conflitos afetivos sem a participação da vontade
(5) Tendências acentuadas para a culpa
(6) Processos físicos de drenagem de energias
(7) Ansiedade de origem desconhecida
(8) Medos incontroláveis de situações irreais
(9) Irritações sem motivos claros
(10) Angústia perante o porvir com aflições e sofrimento por antecipação
(11) Excesso de imaginação ante fatos corriqueiros da vida
(13) barreiras emocionais na relação interpessoal

- A reforma íntima é um período de transição em que deixamos de ser “donos” daquilo que não nos convém para aprendermos a nos apropriar daquilo que sempre foi nosso, mas nunca optamos por tomar conta

- É tão sutil que muitos corações acostumam-se com os traços expiatórios descritos, supondo serem imperfeições integrantes da sua personalidade, quando, em verdade, são reflexos e efeitos que podem perfeitamente ser educados e extirpados no tempo utilizando-se adequadamente as forças íntimas que dormitam à espera da vontade ativa e consciente

- Para outros terá um prolongamento em razão de sua rebeldia em ceitar os convites de renovação a que é chamado

- Excelente abordagem das vozes da verdade : “fazer maior soma de bem do que de mal constitui a melhor expiação”

- Para que nos afastemos da Lei Divina será sempre assim : o bem tem um preço alto na conquista da felicidade! Apesar disso, jamais desistamos de buscá-lo com muita humildade no reconhecimento de nossa verdadeira condição. Deus não faltará com o indispensável para esse projeto de ser feliz, beneficiando-nos sempre com o que merecemos ou precisamos


CAPÍTULO 25 – OBSESSÃO E ORGULHO

- Temos um orgulho sutil, o de achar que não seremos obsidiados porque estamos no trabalho do bem e do amor

- A lógica Espírita ensina-nos exatamente o oposto. A resistência moral e a maturidade só serão alcançadas à custa de muito esforço e na medida de nossa capacidade individual de vencer a nós mesmos, embora alguns corações embevecidos pelo ideal da transformação de si mesmos esperam, ingenuamente, a “harmonia de empréstimo” ou “transformação por osmose” , através de orações, tarefas, passes e outros benefícios de fortalecimento

- O personalismo, filho predileto do orgulho, arquiteta uma imagem exageradamente valorizada de nossas qualidades e conquistas, e quando somos convidados a uma incursão no Mundo íntimo, através de críticas ou situações que nos obriguem a admitir a presença de determinada imperfeição, esquivando-nos de todas as formas, não as confessando a nós mesmos e quando mais aos outros

- Esse mecanismo sutil do orgulho cria dotes que não possuímos, mas que, obstinadamente, imaginamos possuir.

- O orgulho não deixa de ser uma defesa para nossa angústia básica, a angústia que decorre da nossa insatisfação em conhecer a inferioridade da qual ainda somos portadores e que tentamos camuflar e esquecer a todo custo


CAPÍTULO 26 – TRAÇOS DO ARREPENDIMENTO

- Almas arrependidas- essa é condição espiritual que fielmente nos define perante a vida

- Três são os traços que caracterizam o arrependimento : desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação

- Se tirarmos o esforço de superação dessa sequência teremos o cruel episódio mental do remorso, ou seja, os arrependidos  que nada fazem para se melhorar, pois o arrependimento impulsiona, o remorso estagna

Destaquemos alguns caminhos mais comuns dessa sua transmutação íntima para facilitar o entendimento de suas manifestações :

(1) DESEJO DE MELHORA

 - Desejar melhorar é ter que reconhecer a própria penúria moral, assumi-la livremente em razão do idealismo nobre

- A angústia decorrente do contato com o EGO, o homem velho que queremos transformar, leva a ativar mecanismos de defesa para “acobertar” essa inferioridade que detectamos em nós

- Então entra em ação o orgulho, criando uma falsa imagem, uma imagem idealizada com a qual procuramos nos forrar de ter que olhar e admitir a pequenez da qual somos portadores

(2) O SENTIMENTO DE CULPA

- Em nosso estágio de aperfeiçoamento podemos tomá-lo como um fator de impulsão para a melhora. Se a criatura arrependida não sentisse culpa, não garantiria a continuidade de seu progresso e desistiria, optando pela queda moral

- Digamos que a culpa é uma energia intrusa, porém necessária na sustentação do desejo de melhora. Jamais tomemo-la, no entanto, como essencial, porque é um sentimento aprendido, um resultado de vivências anteriores e não uma virtude com a qual tenhamos sido criados

- Suas manifestações podem ser percebidas na autopunição, no sentimento de desmerecimento e desvalor, nas fantasias de carma e dor, nas posturas de vítima da vida, na incorformação, no azedume sistemático, nas crises de autopiedade ou ainda nos hábitos da lamúria e da queixa

- É só estudar com atenção e ´percebermos as relações entre esses processos de culpa e o orgulho que gerencia os mecanismos de defesa

(4) O ESFORÇO DE SUPERAÇÃO

- O esforço é a ação que promove o equilíbrio no processo do arrependimento. Não existe arrependimento real sem reparação

- Querer melhorar, sentir-se culpado e nada fazer é muito doloroso. Eis aqui a importância dos serviços de amor ao próximo que alivia e consola alguém, mas que também estyabiliza os níveis energéticos de quem o realiza

- Temos o desejo da melhora, mas o orgulho afeta a imaginação levando-nos a crer que já estamos redimidos com poucos esforços, cria uma sensação de que já somos o que deveremos ser, gerando auto-suficiência espiritual, ou seja, hábitos milenares de presunção do conhecimento aliado à crença estéril causando-nos agradável sensação de superioridade, uma falsa superioridade...

- Somos apenas espíritos arrependidos, ativos no bem face ao remorso que nos sensibilizou, cansamos do mal, lamentamos os erros cometivos

- Cegos para nossa real condição, mesmo cansados de sofrer, ainda queremos ser quem não somos, razão pela qual somente no espírito da lídima humildade as almas que arrependeram encontrarão descanso e um pouco de paz interior

- Por isso, não permitamos nos enganar com virtudes que ainda não conquistamos, guardando a certeza de que evitar o mal é uma parte do retorno para Deus, porque o que realmente nos conferirá autoridade e paz perante a consciência será o volume e a qualidade do bem que fizermos o quanto antes


CAPÍTULO 27 – OS RESPONSÁVEIS SÃO FELIZES

- Não fomos educados para ser responsáveis, fomos educados para sermos culpados: perante as falhas, castigos; perante os êxitos , recompensas. Prêmios e punições representam o coroamento das ações, como se nada mais existisse ou fosse possível existir entre os extremos que denominamos “errado e certo”

- Melhor que punir é ensinar, melhor que gratificar é promover. O ato de ensinar implica na arte de fazer uma viagem pelas ignoradas paisagens da vida interior descobrindo valores, pesquisando sentimentos, criando idéias novas, ajudando a pensar

- A ação de promover, por sua vez, será o desafio de delegar, demonstrar confiança irrestrita, oportunizar a chance de assumir novas responsabilidades, quando o educando – seja um filho ou um funcionário, seja um vizinho ou um parente, seja um amigo ou transeunte – mostra-se apto a assumir novos caminhos

- Ensinar é abrir caminhos para a liberdade e promover é convocar a maior maturidade através de obrigações mais amplas. A criança educada nesses moldes aprenderá a lidar melhor com suas emoções perante as falhas, buscando responder por seus atos, reparando caminhos ao invés de manter-se na postura de queixume e desvalor pessoal

- Entre as propostas alentadoras do Espiritismo e os desejos de melhoria por ela estimulados temos uma fortaleza de imperfeições a superar, um homem velho a transformar. Desponta então a autocobrança, uma batalha impiedosa na vida íntima contra nós mesmos. Em psicologia, esse desajuste entre as “realidades” chama-se neurose

- A disparidade entre o modelo proposto pelas diretrizes doutrinárias e aquilo que somos na atualidade gera uma aflição, um desespero mudo, uma insatisfação. É por esse motivo que muitos corações abandonam os ideais logo de início; não querem levar as coisas tão a sério; asseveram que é muito doloroso ter que se olhar e preocupar com essas responsabilidades de conduta

- Portanto, para “encobrir” nossa inferioridade criamos o orgulho, que nos leva a pensar que somos aquilo qua ainda não somos, reduzindo nossa angústia. Isso, porém, não basta. Precisamos compreender que toda essa etapa descrita acima tem sido a causa de muita dor

- Culpa é dor. Amigos sinceros e dispostos ao crescimento mantém-se apenas nas faixas de evitar o mal, contudo, sentem-se vazios, deprimidos, infelizes...

- “O que está acontecendo?”, perguntam muitos companheiros entristecidos depois de intenso labor. Asseveram que estão firmes nos compromissos espirituais, mas guardam a sensação de estarem piores que antes de os asumirem. A resposta para esse drama existencial está no trecho da questão 1000 do LE : “Só por meio do bem se repara o mal”. Fácil concluir que a dor impulsiona a saída da comodidade e da omissão, todavia somente a realização nobre é capaz de sedimentar valores novos que contribuam para o equilíbrio e o júbilo da alma. É a benevolência

- Evitar o mal é a etapa da contenção, da volta para dentro de si. Somente quando partimos para a etapa da “benevolência” para com todos, é que excursionamos nas paragens da reparação, da atração para a felicidade e da responsabilidade real

- Evitando o mal, ficamos na culpa. Responsável não é somente aquele que tem boa assiduidade e disciplina. Acima disso, é aquele que vive a tarefa de amor para os outros enquanto ela se reaaliza, e a internaliza para si quando encerra para os demais

- Somente quando levamos a tarefa espírita no coração para fora dos seus horários de realização é que abrimos nossas experiências para a criação do bem, candidatando-nos a novas e maiores responsabilidades,que ensejarão clima e ocasião para a conquista definitiva da tão sonhada felicidade

- Verificaremos que o bem não está nessa ou naquela tarefa, porque ele é uma questão interior, consciencial. Criar o bem, enquanto “missão individual”, não é das tarefas mais fáceis, exige o gesto incomum, o risco, a quebra com o padrão, o servir incondicional, a disposição para experimentar o novo sem medo de normas, aprender a respeitar todas as experiências alheias por mais imaturas que sejam

- O ato de ser responsável significa assumir nossa vida e parar com hábito de colocar no mundo de fora as razões de nossos fracassos. Sem dúvida, os responsáveis são mais felizes, porque descobriram seu papel Divino no Universo simplesmente pelo fato de que resolveram experimentar não seguir o rumo da maioria, procurando ouvir a voz da consciência, onde se encontram as Excelsas Mensagens de Deus para cada um de nós


CAPÍTULO 28 – REFÉNS DO PRECONCEITO

- Quando ativamos o mecanismo mental de julgar, gravamos no psiquismo um modo de agir que aplicamos , igualmente, a nós próprios. E quando Jesus estabeleceu o “não julgamento”, ele, naturalmente, queria poupar-nos desse cárcere que detonamos contra a nossa própria felicidade

- Muitos sentimentos de culpa e repressão que patrocinam a auto-descaridade tem origem nesse intricado “engelho” da auto-sugestão mental

- Julgar seria o hábito de interpretara as atitudes alheias conferindo-lhes juízos éticos de apreciação pessoal. Impossível para nós fazer esses julgamentos sem influência dos valores e imperfeições que definem nossa personalidade

- Além do que a pior conseqüência desse ato, em nosso desfavor, será a instalação do mecanismo mental de aplicar a nós próprios as censuras e recriminações destinadas ao outro, com as mesmas molduras éticas e sentimentos




 Julgar x analisar


JULGAR
ANALISAR
É situar a mente na inflexibilidade
É buscar a compreensão do subjetivismo do próximo
É concluir
É perquerir
Nos julgamos, temos certeza
Encontramos a relativização
Temos  sentenças
Temos alteridade
O desejo inferior de reduzir o valor alheio é das causas mais comuns na atitude de julgar
Conduz-nos à lealdade em relação aos sentimentos que experimentamos com quem tenhamos conflito




CAPÍTULO 29 – PERFIS PSÍQUICOS

- Caibar schutel : “ Com interesse, aprofundei nas reflex~oes sobre os religiosos de todos os tempos, e pude assim melhor entender o perfil espiritual dos espíritas, que merece uma abordagem detalhada em tais compêndios antropológico-espirituais
- Pude perceber a antropogênese sócio-espiritual das almas que hoje são atraídas para as fileiras do Consolador e, em breve linhas , descreverei algo sobre a personalidade espiritual dos mesmos nos últimos dois mil anos :

(1)   Amantes incondicionais dos ensinos da figura excelsa de Jesus, mas sem a prática
(2)   Exímios exegetas dos textos evangélicos, entregaram-se ao costume de interpreta-lhe para obter vantagens pessoais
(3)   Passaram-se a julgar representantes Divinos e exclusivos portadores da verdade, estabelecendo tribunais aos que não lhes atendiam os interesses
(4)   Dotados de grande influência, arregimentaram adeptos e ramos religiosos, elegendo a exclusão e a heresia para os desleais
(5)   Fascinados com a hierarquia eclesiástica, disputavam a qualquer preço a ordenação e o destaque
(6)   Detendo o monopólio do saber, incensaram dogmas e sacramentos como instrumentos da fé fácil e negociável”

- Em linhas gerais, semelhantes condutas talharam um “caráter espiritual” típico e peculiar que define a grande maioria dos “espíritos-espíritas, resumindo assim :

(1)   Não habituaram a terem suas interpretações pessoais contestadas
(2)   Acostumaram a fazer do seu conhecimento intelectual a verdade que ainda não aprenderam a sentir
(3)   Encantaram-se com a ritualização exterior, adulando guias, responsabilizando obsessores, amando cargos, práticas e idolatrias
(4)   Guardam imensa dificuldade de amar
(5)   Nutrem acentuada desconfiança uns nos outros em razão de suas infidelidades e desonras de outrora

- Cansados de sucessivos e desastrosos recomeços, passaram a alimentar traumas e receios de retornar à escola da Terra e cometerem os mesmos desatinos. Foi então que Jesus intercedeu em favor de tais corações e recambiou suas almas atormentadas aos círculos benfazejos da Nova Revelação do Espiritismo

- Posteriormente, de ânimo novo, acordando para novas perspectivas dos ensinos do Evangelho, adequados aos novos tempos, então se decidiram por riengressar na carne junto aos ambientes do Consolador como única medida aceitável para a grande maioria, face à rebeldia e ao montante das culpas que acrisolavam em sua intimidade

- Renascem padres, bispos, pastores, calvinistas, inquisidores, pítons e todos aqueles que algum dia na história experimentaram o contato com as verdades Evangélicas sem , contudo, fazere-se “cartas vivas” da mensagem do Cristo

- Os Espíritas de “segunda vez” começam a renascer desdeo último quartel do Sec XX, quando então, mais conscientes e tendo culpas milenares aliviadas pelos menemerentes serviços de caridade da seara espiritista, começaram arregimentar condições propícias para uma viagem interior em busca de si mesmo e de sua própria elevação

- Os Espíritas, em sua maioria esmagadora, são os mesmos espíritos que ao longo desses vinte últimos séculos estiveram, mais ou menos, comprometidos ou identificados com a mensagem do Evangelho, deixando concluir facilmente que católicos, protestantes e alguns crentes acléticos do Cristianismo compõem, quase sem exceções,o passado espiritual e o perfil moral daqueles que hoje assumem a designação de trabalhadores e dirigentes espírita”

- Exclusões, hipocrisias, institucionalismo, interpretações unívocas, personalismo, vaidade, controle hegemônico são perfis ainda vivos e influentes nos traços da conduta do Espírita, e somente uma relação vigorosa de afabilidade e doçura será capaz de estabelecer um processo relacional útil, e que permita algum benefício na superação de tais óbices morais. Amizade sincera, respeito incondicional, afeto, paz na convivência são os caminhos prováveis para a vitória


CAPÍTULO 30 – MISSÃO DOS INTELIGENTES

- Os homens de saber de todas as épocas, com poucas excessões, foram criaturas que sucumbiram sob o peso da vaidade. A capacidade para manejar a inteligência nem sempre era acompanhada pela habilidade em lidar com os sentimentos

- As pessoas inteligentes e cultas, não raro, tornam-se muito exigentes e excedem na avaliação acerca de sua importância perante o mundo

- O que importa é aprender a usar a inteligência para despertar nas almas o desejo de serem solidárias na vida e consolidarem a idéia de Deus no coração

- Inteligência é traço mental solicitando o complemento do amor para conduzir o homem aos rumos do bem. O dever natural de quem sabe mais é ajudar quem sabe menos a entender que vale a pena saber para ser feliz, auxiliando o entendimento e cooperando com o progresso

- Espiritismo sempre de mãos dadas com a ciência e a sociedade : essa é a plataforma sobre a qual devemos nos conduzir nos assuntos da inteligência, sem que um se sobreponha ao outro

- Em muitos casos, a sede do conhecimento pode camuflar complexos fenômenos da vida afetiva, nos capítulos da carência e da frustração. Ser bem informado e guardar simplicidade – a virtude das almas solidárias- eis o convite para todos nós


CAPÍTULO 31 – SEVEROS, PORÉM, SEM CULPA

- Severidade conosco significa vigilância mental ativa, porque é exatamente nos momentos de relaxamento interior que costumam brotar o derrotismo, a obsessão e as idéias

- Ser severo com compassiva tolerância às nossas fragilidades é o que sugere o bom senso e a caridade. Auto –aceitação sem conivência

- No entanto, o sentimento de culpa tem comparecido em boa parte dos apendizes da Doutrina Espírita em razão de reminiscências da condenação eterna, fundamento da formação religiosa tradicional. Surge na forma de sutil desconfiança na possibilidade verdadeira de crescimento e melhoria individual, gerando uma atmosfera de descrença nos ideais e no próprio esforço. Quanto mais passa o tempo, mais a criatura estabelece cobranças no seu aperfeiçoamento moral e, não atingindo os patamares desejados, cai no desânimo e na deserção

- Grande diferença existe entre “ser imperfeito” e “estar imperfeito”. Não fomos criados para o sofrimento e o mal. O fato de cometer faltas não intencionais faz parte do demorado processo de transformação da personalidade . Não somos infelizes, estamos , temporariamente, infelizes

- Quando Jesus afirma o valoroso ensino “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”, evidentemente, referia-se à verdade que atinge as distantes regiões do coração, à verdade sobre nós mesmos, a nossa realidade

- Melhora real só obteremos com auto-estima, valorizando, severamente, a “parte boa” que possuímos

- Culpa é tortura e desamor, impulso para baixo. Severidade é crescimento e auto-amor, motivação para continuar nos desafios de aprimoramento


 CAPÍTULO 32 – VENCENDO O PERSONALISMO

- Podemos entender o personalismo como sendo o apego com tudo que parte de nós, esse apego é fator sinalizador de gratificação afetiva escassa conosco mesmo, insuficiência de auto-amor

- Quando nos amamos verdadeiramente não há motivo para a atitude personalista, porque nos realizamos com o ato de ser sem aguardar compensação, aplauso e possessividade

- Alguns de seus traços mais comuns :

(1)   Irredutibilidade
(2)   Vaidade intelectual
(3)   Dificuldade de conviver pacificamente com a diversidade humana
(4)   Autoritarismo nas decisões
(5)   Boicote na cooperação a projetos que partam de outras pessoas
(6)   Competição para produzir além dos outros
(7)   Excessiva valorização que conferimos a nós mesmos
(8)   Apego às nossas obras
(9)   Pretensões de destaque e vício de ser elogiado

- O personalista é alguém que não sabe dialogar, dividir, intercambiar e como seu dinamismo é a centralização no”eu”, a reeducação dessa tendência está em aprender a ouvir o outro.

 O ato de ouvir não se restringe a escutar palavras, mas é o estado de plena receptividade para o outro, independentemente de quem seja.

 Ouvir significa cultivar sensibilidade para com aqueles que nos rodeiam, é aprender a receber críticas e admoestações até daqueles que nos parecem despreparados para fazê-las

- Ouvir é alteridade, respeito às singularidades de cada um

- A vitória sobre o personalismo, portanto, está em sair de si acolhendo o outro diferente de eu com interesse altruísta e fraterno, aprendendo a “esvaziar-se do EGO”, sentindo o outro


CAPÍTULO 33 – ESPIRITISMO POR DENTRO

- A assimilação das propostas éticas da Doutrina seguem uma seqüência natural e paulatina de maturidade
atingindo primeiro as idéias, e, posteriormente penetra os sentimentos e, por fim, renova atitudes

- As poses religiosas sempre fizeram parte das atitudes humanas no intuito de convencer o outro daquilo que não convencemos a nós mesmos

- Além de orgulho, é também escassez de auto-estima, é a mendicância da consideração alheia apresentando “falsos dotes” para chamar a atenção e conquistar o apreço

- Essa “Santidade de superfície” pode ser considerada natural nos primeiros tempos do contato com as revelações Novas na vida da criatura até que ela se ajuste a uma conduta que melhor expresse a sua realidade. Mas para aqueles que passam os anos detendo-se nesses “chavões de puritanismo”, podem estar sofrendo de “negação psicológica”, ou seja, a manutenção de algum mecanismo de defesa que impeça de analisar com sinceridade e construir a auto-aceitação

- Aprender a sermos nós mesmos, aprender a conviver pacificamente com nossos conflitos, aprender a dividir nossas angústias com alguém na busca de caminhos, aprender a lidar com autenticidade, essas são algumas das lições do Espiritismo por dentro

- Enquanto se discute sobre questões de fora, esquece-se das questões íntimas, que são mais difíceis de serem tratadas e pensadas quando em um grupo de trabalho. Usa-se ou não luzes coloridas, come-se ou não a carne, bebe-se ou não os alcoólicos, dá-se ou não o passe com olhos fechados, coloca-se ou não as garrafas destampadas para fluidificar a água, ora-se ou não de olhos abertos

- Seria mais interessante, embora penoso, discutir o que faremos para perdoar um inimigo, como vencer um hábito sexual, como vencer impulsos menos dignos para com alguém, o que podemos fazer para ajudar alguém que todos querem excluir. Nisso reside os embriões para a instauração do Espiritismo por dentro


CAPÍTULO 34 – SOLIDARIEDADE AOS TAREFEIROS ESPÍRITAS

- Nossa referência não diz respeito, tão somente, a capacitá-lo para as responsabilidades doutrinárias, e sim em instrumentalizá-lo de condições emocionais para a vida

- Convencionou-se em nossas fileiras doutrinárias o amor ao próximo como sadio programa de vida e equilíbrio. Uma idéia correta, mas não completa, pois a plataforma de amor inclui também o amor a Deus e a si. Quem se ama descobre os caminhos da autêntica liberdade. Ama-se muito o próximo, sem aprender a amar-se

- Os Centros Espíritas devem se empenhar na tarefa de ensinar a debater temática sobre a realidade íntima do ser. Por isso, convém reunirmos os grupos doutrinários em eventos de debate e lançar a intrigante questão: “Por que expressiva parcela dos trabalhadores espíritas está gerando tanta Luz para os outros e não a consegue reter em si mesmo? “


CAPÍTULO 35 - A PALESTRA DE MARIA MODESTO CRAVO

- Associa-se humildade com simplicidade, pobreza, atitudes discretas e inúmeras coisas parecidas em ser alguém apagado, que não se destaca, que se mantém no anonimato, que não expressa e nem possui qualidades

- Humildade é ter consciência do que se é. Os Espíritas estão muito orgulhosos da humildade que imaginam possuir. O movimento espírita está parecendo uma passarela onde o orgulho desfila com várias fantasias. Fantasias de grandeza e propriedade da verdade são os adornos que mais se vê

- Torna-se imperioso, mais do que nunca, alertar nossos irmãos na carne acerca dos acontecimentos que temos presenciado aqui no Hospital Esperança, para devotarem-se com todas as forças na libertação do peso das ilusões que cultivam a pretexto de grandeza espiritual. Logo após meu retorno para a vida dos espíritos, fui convocada por Eurípedes a coordenar as ações para um novo pavilhão junto a essa casa de amor, destinado a socorrer os líderes religiosos Cristãos da Humanidade, especialmente os dirigentes espíritas.

- Por três décadas consecutivas, venho aprendendo nessa tarefa sobre os perniciosos reflexos do orgulho. Criamos uma atividade muito saudável para nossos assistidos chamada “Tribuna da humildade”. É uma tarefa destinada àqueles que já se encontram em recuperação e melhoria e que, depois de algum preparo sobre o tema, vão dar seus depoimentos pessoais, falar se suas fantasias de superioridade e seus equívocos

- O orgulho é um sentimento de grandeza, o sentimento que cria o vício de ser prestigiado, adulado, paparicado. É o sentimento que faz com que queiramos que o Universo circule em nossa órbita personalista, um sentimento de superioridade pessoal

- Os espiritistas estão confundindo, sob a ação hipnótica da vaidade, o conhecimento da doutrina com elevação Espiritual, adquirindo alguma fatia de saber, sentem-se detentores de verdades que poucos sabem e esbanjam a falsa sabedoria em longos discursos de conversão, pois os livros Espíritas, apesar da riqueza, dão pálida e distante idéia da realidade da morte e dos movimentos que se operam na erraticidade

- Isso ocorre porque a cultura Espírita foi engessada, institucionalizada por padrões que impedem ampliar e dilatar a visão. O intercâmbio mediúnico estacionou em convenções que mais parecem cadeados que cerceiam a entrada espontânea e madura dos médiuns na consciência fiel sobre os fatos do mundo espiritual

- Generalizou-se na comunidade Espírita a preocupação com a “ação das trevas”. Enquanto existe a supervalorização com as “ações dos infernos”, distrai-se para os cuidados que requisitam a personalidade no que tange à sua transformação, pois muita atenção para as trevas de fora acaba fazendo esquecer as trevas que temos que vencer dentro de nós

- Vejam a necessidade que o homem tem de ser grande sem o ser, de fazer-se de fprte sem o ser, de bancar o iluminado somente porque transitou alguns anos nas tarefas assistencialistas ou na leitura de uma dezena de livros libertadores

- Expliquemos pois, a importância da valorização mútua pela fraternidade, das equipes que se amam e tratam a todos como uma família, o valor da atenção para com os que ingressam no Centro Espírita, e, sobretudo, a urgência do diálogo fraterno como fonte terapêutica sobre os circuitos mentas auto-obsessivo

- Essa modéstia imaginada pelos Espíritas precisa ser esclarecida em favor da felicidade deles próprios. Eles estão com orgulho da humildade que supõem possuir. Uma modéstia imaginada e não sentida, uma quase fragmentação que beira os quadros mais conhecidos da psicose pacífica, aceitável

- O orgulho é a “Sombra do EGO”, o sentimento que nos leva a sentir-nos maiores e melhores que todos. A humildade, seu oposto, é a luz que vem de dentro quando reconhecemos quem somos

- Humildade é desilusão, reconhecimento de limites e qualidades, é conscientização, é estar conectado com a essência da vida, a Verdade. Para isso é necessário a sintonia com a Verdade sobre nós mesmos, a realidade

- Humildade é o estado de realidade que conquistamos na medida do auto-descobrimento. Quem estiver na humildade será alguém que conseguirá existir, sentir-se realizado, porque está buscando ser ele mesmo, e não ser o que os outros gostariam que fosse. Portanto, humildade é a entrada de acesso para a felicidade

- Pessoas humildes sabem “existir”, não se permitindo os vícios da representação, da artificialidade, por isso são livres. O orgulho, portanto, impede o homem de tomar posse de si mesmo, dos seus limites e das suas virtudes

- Criou-se, por exemplo, uma cultura de que não se deve elogiar, realçar as qualidades para não incentivar a vaidade; uma mentalidade de que não devemos falar de virtude porque não as temos. No lugar de riqueza espiritual fala-se em dívidas do passado, carmas, sofrimento, resignação, penúria, dor, uma cultura de inferioridade é disseminada no Mundo pelo “gênio do mal” para que os homens não se sintam dignos do bem e do amor

- Se temos talentos e virtudes é significativo que fiquem onde todos possam ver, e depois, quando uma qualidade realmente nos pertence, não temos como escondê-la, pois ela surge naturalmente

- Essa decrição e humildade de fachada, pregada como conduta de vigilância, pode emperrar o crescimento, porque a criatura adota postura para fora, mas não é educada para saber como lidar com os sentimentos que estão dentro. Claro que ficar chamando a atenção para as suas virtudes é atitude de infantilidade e vaidade, entretanto, a relação que travamos com nossas qualidades é que precisa ser redimensionada, pois ocultá-las não vai levar a nada

- Como disse anteriormente, certa feita alguém que chamou Jesus de bom e ele não aceitou o título, dizendo : “bom é o Pai”. Porém, em outro momento ele sentenciou : “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o Sou” . isso é humildade, saber quem se é, nem mais, nem menos

- Não se expressa qualidades, não se elogia, entretanto fica uma carência de estima e consideração alheia no campo dos sentimentos que é muito natural e não pode ser confundida com o vício de pretígio, pois todos precisam ser amados tanto quanto amar, serem estimulados tanto quanto estimular. Nem esconder, nem ficar mendigando a aprovação alheia