segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Núcleo de Estudos Psicológicos Joanna de Ângelis

NÚCLEO DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS JOANNA DE ÂNGELIS
1 - SÉRIE PSICOLÓGICA JOANNA DE ÂNGELIS
(Livro : “Refletindo a Alma”, do Núcleo de Estudos Psicológicos Joanna de Ângeli s- Cap 03)
- Divaldo Franco, numa entrevista concedida a Katy Meira, em Nova York, 13 de maio de 2000, nos revela que o Espírito Joanna de Ângelis o convidou para escrever uma série de livros que ela ambicionava e que seriam de grande utilidade para o movimento espírita
- Por 50 anos, ela esteve estudando a psicanálise, a psicologia e a psiquiatria no mundo espiritual, e desejava fazer uma ponte entre a “Psicologia da Quarta Força”, portanto a contemporânea, com o Espiritismo
- Divaldo comenta que o início foi a psicografia do livro “Jesus e a atualidade”. Logo depois, ela escreveu o livro “O Homem Integral”, e logo após “O Ser Consciente”
- Finalizando a entrevista, Divaldo compartilha que a nova perspectiva que desenha é de criar uma mentalidade capaz de não ficar apenas nos teoremas doutrinários, mas na soluções comportamentais. Retirar o Movimento Espírita, que está encarcerado nas Casas Espíritas, para equacionar os problemas da criatura onde a criatura estiver
- A idéia é então nos reconhecermos como Espíritos imortais, realizando o caminho profundo para dentro de nós mesmos, a fim de conquistarmos esse “Reino Interior”, como nos colocou Jesus , o reino de Deus está dentro de cada um e Cristo é a figura do Homem Integral
- Com a Série Psicológica, Joanna aprofunda essa proposta, oferecendo a busca do homem integral e a realização plena do Ser

2 - FORMAÇÃO DO NÚCLEO
- Foi formado pelos psicólogos Junguianos : Gelson Luiz Roberto (RS), Marlon Reikdal (PR) e pelos terapeutas Junguianos Cláudio Sinoti e sua esposa Íris Sinoti, ambos da Bahia
- O Núcleo tem se dedicado à divulgação e sistematização do estudo das obras que compõem a “Série Psicológica Joanna de Ângelis
- Em 1996 era fundada a AME /RS (Associação Médico-Espírita do RS ), e, em 1998, foi iniciado um curso sobre os tópicos abordados pela benfeitora Joanna de ângelis, e que persiste até hoje, contemplando a proposta de levar para os interessados um caminho para o autoconhecimento a construção do “Homem Integral”
- Cláudio Sinoti e Íris Sinoti faziam parte da equipe de Atendimento Fraterno da “Mansão do Caminho”, desde o ano de 1998, quando demonstraram ao médium Divaldo Franco o interesse em sistematizar o curso da Série Psicológica Joanna de Ângelis, aproveitando a especialização de ambos nos campos transpessoal e Junguiano
- Após contato inicial com o projeto de Porto Alegre, iniciaram a turma no ano de 2006
- No ano de 2010, suas aulas começaram a ser transmitidas pela TV CEI (Televisão do Conselho Espírita Internacional)

3 - DA PSICOLOGIA HUMANISTA À PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
(Livro : “Refletindo a Alma”, do Núcleo de Estudos Psicológicos Joanna de Ângelis - Cap 07)
-

Refletindo a Alma

LIVRO : REFLETINDO A ALMA (Joanna de Ângelis)
PRIMEIRA PARTE - JOANNA DE ÂNGELIS E A TERAPÊUTICA ESPÍRITA

CAP 2 - UMA PSICOLOGIA COM ALMA : A PSICOLOGIA ESPÍRITA DE JOANNA DE ÂNGELIS (Cláudio Sinoti)
- A Psicologia Transpessoal, que ganhou força, a partir de 1966, nos EUA, facultou a introdução de alguns ensinamentos e experiências orientais, graças aos quais se abrem espaço para uma visão espiritualista do ser humano em maior profundidade
- A partir da consolidação da Quarta Força (Psicologia Transpessoal), a Benfeitora Joanna de Ângelis passou a escrever sua “Série Psicológica”, estabelecendo as bases para consolidação da psicologia espírita

2.1 - OS PILARES DA PSICOLOGIA ESPÍRITA DE JOANNA DE ÂNGELIS
2.1.1 - APRENDER A SE CONHECER
- Esse importante pilar de autoconhecimento, permeia toda a psicologia espírita, propondo ferramentas para um projeto consciente de crescimento
- O Autodescobrimento tem por finalidade conscientizar a pessoa a respeito do que necessita, de como realizá-lo e quando dar início à nova fase
- Para que seja identificada a realidade emocional, deve-se passar à auto-observação, examinando-se o comportamento interior, as ambições e experiências, para descobrir-se que há um mundo íntimo, vibrante, sensível, aguardando
- Um dos maiores desafios no processo do autoconhecimento é o encontro com a SOMBRA, aquela parte negada, assim como desconhecida da personalidade
- Tudo o que negamos em nós, mas que permanece atuante de forma inconsciente, tudo o que não aceitamos, mas que a nossa natureza teima em revelar, mas também as potencialidades nem sequer imaginadas, que ainda não foram atividades na personalidade, constituem nossa SOMBRA, cuja desafio não é derrotá-la, mas integrá-la de forma consciente e harmônica em nossa personalidade
- Enquanto mergulhados na SOMBRA, sem uma avaliação consciente, tomamos decisões e fazemos escolhas desconectadas da nossa essência ou do SELF, o que normalmente conduz a ocorrências destrutivas
- Mas à medida que mergulhamos na SOMBRA, e reconhecemos os aspectos ainda não trabalhados da nossa personalidade, trazemos à tona essa carga de energias que podem impulsionar o processo de autodescobrimento
2.1.2 - APRENDE A VIVER
- Adquirindo as ferramentas para se conhecer melhor, através do autoconhecimento, o desafio vai além do “viver bem”, no sentido de acumular recursos, fluir comodidades, gozar sensações
- Se com o autoconhecimento passamos a “olhar” mais profundamente a Alma, é natural que se viva de forma compatível com essa perspectiva
- Importante, nesse aprendizado, continuar questionando quem se é, além dos papéis exercidos socialmente e de toda a história pessoal conhecida. Se me vejo apenas como um espectador passivo, e não como protagonista da marcha existencial, provavelmente estou muito distante do aprendizado profundo da vida
- Diz James Hollis : “É necessário reconhecer a parcialidade da lente que rebemos da nossa família e da nossa cultura, e através da qual fizemos nossas escolhas e sofremos suas consequências”. Em outras palavras, aprender a viver deve nos desconectar, em muitos sentidos, das estruturas coletivas, para encontrarmos o nosso caminho, a nossa estrada, a “individuação”
- Desidentificar-se das estruturas coletivas, identificando-se consigo mesmo, trocar as lentes e olhar com nossos olhos da Alma permitem uma participação individual mais intensa e profunda nas próprias estruturas coletivas : família, sociedade, trabalho, etc
- Compreendendo que nossa trajetória não deve repetir modelos externos, necessariamente, o ser aprende “A aceitar-se como é, sem desejar imitar modelos transitórios das glórias momentâneas, que brilham sob os focos das lâmpadas da ilusão”
- O aprendizado, nesse sentido, visa a aprender a deixar de pautar a vida apenas nas conquistas externas, tão de agrado do EGO, para focar-se no desenvolvimento das potencialidades da Alma, muitas vezes esquecidas
2.1.3 - APRENDER A SER
- Ao partir para o grande desafio de “SER”, saindo da condição de “pessoa espelho”, definida por Joanna de Ângelis como todo aquele que reflete as conveniências dos outros, para refletir a nossa própria essência
- Um dos desafios que se encontram, a partir dessa perspectiva, é aprender a conviver com a própria “solidão’, no sentido de que nem sempre será possível aguardar que os outros nos compreendam e compartilhem conosco desse processo
- Joanna diz : “O homem deve ser educado para conviver consigo próprio, com a sua solidão, com os seus momentâneos limites e ansiedades, administrando-os em proveito pessoal, de modo a poder compartir emoções e reparti-las”
- Certamente que não se trata da solidão patológica, ou de isolar-se por não entender ou suporta a convivência com os outros, mas de importância de interagir com esse ser que somos
- Queremos ter coisas, ter posses, ter pessoas. Quando “somos”, o “ter” passa a ser secundário
- Quando buscamos “ser”, em vez de “poder”, estruturamos nossas relações em bases mais sólidas. Na concepção de Jung, “amor” e “poder” caminham em polos opostos : quando se manifesta o desejo de “poder”, aí não existe o amor, pois um é a SOMBRA de outro
- As tentativas de dominar o outro, de controlar e exercer poder, demonstram exatamente a força oposta que permanece ativa no inconsciente : o medo, a insegurança, a fragilidade
- Demonstram, não raro, personalidades frágeis, que se mascaram de fortes na tentativa de se protegerem ou serem aceitas
- Por consequência, a conquista do “Ser” nos liberta da tentativa de parecer algo diferente do que somos ou estamos. Aceitar-se como se é, no entanto, estimular-se ao máximo para novas conquistas, no campo intelectual, emocional, afetivo e espiritual
- Além das PERSONAS, que exerço, existe o “Ser”, que sou, mas que necessita ser desvelado, desperto. Em todo processo de busca existencial
- Dentre as propostas terapêuticas para “Aprender a Ser”, a técnica apresentada pela psicossíntese encontra-se em consonância com a visão da Psicologia Espírita, quando propõe uma desidentificação de tudo aquilo ao qual o EGO se vincula que não esteja em perfeita conexão com o SELF
- Diz Joanna de Ângelis : “Desidentificar-se, portanto, “das sensações, necessidades de coisa, ambições, lembranças do passado e aspirações para o futuro, é viajar para a autoconsciência, distinguindo-se o que se deseja daquilo que realmente se é”

2.1.4 - APRENDER A AMAR
- A vigência do amor surge como experiência do sentimento que se concretiza em emoções profundamente libertadoras, que facultam a compreensão dos objetivos essenciais da existência humana
- A própria psiquiatria já comprova que inúmeros distúrbios do comportamento têm na sua afetividade patológica a sua base, como relações familiares traumatizantes, abusos, castração e indiferença estabelecem matrizes perturbadoras, gerando dificuldades nesse aprendizado do amor
- A carência é um dos sinalizadores de que a autoestima necessita ser trabalhada, pois alguém que não aprendeu a completar-se e que busca preencher o próprio vazio com a presença do outro estabelece relações de cobrança em vez de relações saudáveis
- O amor ao próximo liberta, mas para isso devemos nos libertar através do autoamor, porquanto o amor que se deve oferecer ao próximo é consequência natural do amor que se reserva a si mesmo, sem cuja presença muito difícil será a realização plena do objetivo da afetividade
- A descoberta de que somos “potências do amor” possibilita canalizá-lo de forma saudável, a benefício do próprio, do próximo da coletividade e da relação com as forças do Universo

CAP 3 - A CRISE DA MODERNIDADE E A PROPOSTA PSICOLÓGICA DE JOANNA DE ÂNGELIS (Gelson L. Roberto)
- Está acontecendo uma progressiva passagem de uma sociedade disciplinar, conhecida como moderna, caracterizada como uma sociedade de confinamento do espaço e de rotinização do tempo, para uma sociedade de controle
- A sociedade cria estímulos e atrativos para que se permaneça cada vez mais tempo na televisão, no computador, nos shoppings, nos aeroportos, apelos de um mundo de consumo e diversão (Deleuze)
- “Ser” para a realidade atual significa hoje em dia ser incapaz de para e ainda menos de ficar parado. Movemo-nos e continuaremos a nos mover não tanto pelo “adiamento da satisfação”, mas por causa da impossibilidade de atingir a satisfação (Bauman)
- O resultado disso são comportamentos em que não existe a reflexão dos efeitos, nos quais as consequências não importam, em que os atos são desprovidos de implicações maiores, um universo em que o qual o outro é negado e a responsabilidade deixa de ser uma necessidade
- A única responsabilidade refere-se à responsabilidade de uma suposta emancipação: a tarefa da conquista da liberdade e da felicidade foi deslocada da sociedade para o indivíduo, ou seja, ela foi privatizada, desregulamentada
- Intensifica-se a onda de um individualismo exacerbado, esse neoindividualismo cria um culto ao prazer próprio, um hedonismo no qual o outro figura como um simples objeto
- A sociedade pós-moderna irá favorecer o surgimento de um hedonismo socializado pela mídia e, de certa forma, respondida pela própria sociedade como sintoma “sociedade espetáculo” tudo público, do cotidiano
- Na sociedade ocidental pós-moderna anula-se a dimensão do privado, tornando tudo público, do cotidiano dos ansiosos por fama dos ex-anônimos do programa televiso Big Brother, aos já famosos da revista Caras
- A pós-modernidade marca o declínio da Lei-do-pai, cujo efeito mais imediato no social é a anomia, em que a perversão se vê livre para se manifestar em diversas formas, como na violência urbana, no terrorismo, nas guerras ideologicamente consideradas justas
- A anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno
- A palavra anomia tem origem grega e vem de a (significa ausência)+ nomos (significa lei, norma). Portanto anomia significa falta de lei ou ausência de normas de conduta
- A partir do surgimento do capitalismo, e da tomada da razão, há um brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa
- A modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornece novos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no cotidiano de muitos indivíduos
- Há um sentimento de se “estar à deriva”, participando, inconscientemente, dos processos coletivos/sociais : perda quase total da atuação consciente e da identidade
- Nossa sociedade é regida mais do que pela ânsia de “espetáculo”. Existe a ânsia de prazer a qualquer preço. Todos se sentem na obrigação de se divertir, de “curtir a vida adoidado” e de “trabalhar muito para ter dinheiro ou prestígio social”, não importando os limites de si próprio e dos outros
- Como podemos perceber, esta realidade que vivemos torna cada vez mais banal a vida e nos atira numa relação individualista e potencialmente destrutiva. Uma realidade que é um campo fértil para o estímulo e a manutenção de comportamentos compulsivos e destrutivos
- Realidade essa que provoca sintomas e conflitos de ordem complexa que aumentam cada vez mais a alienação e a dissociação do ser humano. Temos, daí, a rotina, a ansiedade, o medo e a solidão engendrando homens - aparência, a fobia social, o ódio, entre outros males
- Os jovens de hoje se perdem em movimentos comportamentais baseados em filosofias absurdas, extravagantes, mais agressivas, mais primárias, mais violentas. Formam-se os guetos e o indivíduo se identifica por diversas lutas, formando pequenos fragmentos massificados na luta superficial e oca
- Numa sociedade onde a noção do sentido cada vez é menor, valorizando o desempenho, o ato-show do super, do hiperfeito sem substância, desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, gerando-o, ou indiferente a ele. O ser humano se vê perdido no meio de tanta informação
- Sem discernimento, ele, inseguro agarra-se a amontoar coisas e cuidar do EGO deixando de lado o seu desenvolvimento integral
- Vivíamos antes, como diz Joanna de ângelis, numa época de hipocrisia, de uma falsa moral que mascarava os erros através de tabus e superstições, levando a fatores atuantes na desagregação da personalidade
- A mudança de hábito possibilitou a mudança de algumas fobias, mas impôs outros padrões comportamentais de massificação, levando ao modismo, ao desequilíbrio de comportamentos extravagantes. Houve troca de conduta, mas não renovação saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la
- Diante disso não se tem muita opção : ou se coloca numa postura competitiva, repressora, violenta e agressiva, ou o homem busca mecanismos de proteção emocional que o levam à acomodação, à agressão, por medo e busca da sobrevivência, pois se encontra com o receio de ser consumido, esmagado pela massa crescente ou pelo desespero avassalador
- Perde-se o idealismo e o homem se vê comprimido onde todos fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de um compromisso para outro numa ansiedade constante
- Tem-se a preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais de ser bem recebido e considerado, causando a desumanização do indivíduo que se torna um elemento complementar do agrupamento social
- O resultado é que o indivíduo se entrega a viver apenas o presente e o prazer, ao consumo e ao individualismo. As pessoas se encontram perdidas, completamente atropeladas pela “correria da vida”, num lugar onde não há tempo para o encontro verdadeiro, para o entendimento e para a paz
- Esse ambiente pós-moderno demonstra que estamos separados do mundo. E entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação com toda sua mídia. Eles não nos informam sobre o mundo, mais sim refazem o mundo como eles querem, simulam uma vida para nós e transformam o mundo num espetáculo
- Há atualmente um princípio esvaziador. O sujeito vai perdendo os referenciais da realidade, perdendo a própria substância de si mesmo
- É o que os filósofos chamam “desreferencialização do real e dessubstancialização do sujeito”. Esse princípio desfaz regras, valores, faz com que a realidade se degrade e que o indivíduo viva sem projetos, sem ideais, a não ser cultivar sua autoimagem e buscar a satisfação no aqui e agora
- O que vale são as vitrines, o culto ao corpo, o fantástico do momento, o consumo de tudo, até do outro. A realidade da TV é mais fácil, mais viva, imagens na quais, por exemplo, os carros são mais ágeis e nobres e passeiam por estradas magníficas com efeitos de cores e músicas especiais, doces e comidas que enchem os olhos, e aquele prazer de viver maravilhoso da coca-cola. O que isso acarreta é um misto de fascínio e vazio, dando a falsa impressão de que se vive tudo aquilo que aparece, mas que na realidade, não existe
- Isso adoece qualquer um, principalmente se não temos uma sustentação espiritual. Se perdermos a fé, se não temos ideais, se vivemos uma vida superficial com uma imagem falsa que tira do contato mais íntimo com a vida, se perdemos a noção dos limites, o que pode nos acontecer? É o que a psicologia chama de “entorpecimento psíquico”, que vem se acrescentar à “era da ansiedade”
- Estamos cada vez mais acometidos por síndromes do pânico, doenças autodestrutivas, nossos olhos estão opacos e vazios, nossos corações com uma dor surda
- Mas a crise não é só de terror e incerteza. Uma conspiração renovadora se instaura. Estamos entrando numa nova fase que podemos chamar de “homem Psi”. Esta fase se caracteriza por uma conscientização da realidade espiritual e dos valores que buscam desenvolver as capacidades internas
- Essa fase é a fase psicológica, não mais a ênfase no mundo e nas conquistas exteriores e sim no desafio de conquistar a nós mesmos
- É justamente dentro dessa proposta que Joanna de Ângelis nos convida a reconhecer o nosso ser profundo e nos abrimos para esse universo pleno da conquista interior num diálogo criativo com a vida
- Divaldo, numa entrevista coletiva em Nova Iorque, em 13 de dezembro de 2009, nos revela que o Espírito Joanna de Ângelis o convidou para escrever uma série de livros que ela ambicionava e que seriam de grande utilidade para o Movimento Espírita
- Por 50 anos, ela esteve estudando a psicanálise, a psicologia e a psiquiatria no mundo espiritual, e desejava fazer uma ponte entre a “Psicologia da Quarta Força” (Psicologia Transpessoal), portanto, a contemporânea, com o espiritismo, em uma linguagem compatível com as necessidades do pensamento filosófico deste momento
- Divaldo comenta que o início foi a psicografia do livro “Jesus e a Atualidade”. Nele, Joanna vai mostrar que o indivíduo, enquanto não se autodescobre, está sempre tateando nas sombras
- Logo depois ela escreve o livro “O Homem Integral”, posteriormente o livro : “O Ser Consciente” e, na sequência, mais 10 livros, denominados “Séries Psicológicas Joanna de Ângelis”
- Finalizando a entrevista, Divaldo compartilha que a nova perspectiva que desenha é de criar uma mentalidade capaz de não ficar apenas nos teoremas doutrinários, mas nas soluções comportamentais. Retirar o “Movimento Espírita”, que está encarcerado nas Casas Espíritas, para equacionar os problemas da criatura onde a criatura estiver

CAPÍTULO 04 - REFLEXÕES SOBRE O SER, PSIQUIATRIA E TERAPÊUTICA ESPÍRITA (Geraldo Campana)
Os conceitos que Joanna de Ângelis desenvolve, a partir da integração dos diferentes aspectos do Ser, como biológico, psicológico, social e espiritual, de acordo com a concepção da Doutrina Espírita, favorecem uma visão muito mais ampla e capaz de responder aos questionamentos, até então incompreensíveis, que a vida coloca, desde sempre, à mente humana
- A realidade espiritual, segundo a visão reencarnacionista, segundo Joanna, faculta a compreensão dos fenômenos evolutivos, favorecendo todos os seres com as mesmas possibilidades de crescimento, desde a monera ao arcanjo, vivenciando as mesmas oportunidades e adquirindo sabedoria, conquista do conhecimento e do amor, que culmina em PLENITUDE
- Leon Denis, de forma poética, traduziu esse conhecimento em sua famosa expressão : “A alma dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal, para acordar no homem”

4.1 - O ANIMAL E SEU TERRITÓRIO
- É importante lembrar vivem, basicamente, em função da sobrevivência e da reprodução. Em relação ao primeiro, temos o território, delimitado por odores, através de secreções de glândulas, urina e fezes, onde o animal encontra a comida e se reproduz
- O território é vital para a sua sobrevivência. Podemos afirmar que o animal vive para comer, se defender e reproduzir
- O determinismo do instinto começa a mudar com os primitivos seres humanos, quando se implementam os primeiros experimentos da razão e o livre arbítrio se esboça
- O território agora é a nossa casa e o trabalho. Ainda nos agrupamos em tribos, que de alguma forma consideramos melhor e mais poderosa que a do outro, pois ainda temos a tendência de nos agruparmos com os de “bandeira” semelhante, porque isso nos proporciona segurança na defesa do território, que acreditamos ser o nosso
- Continuamos, apesar dos avanços inegáveis no campo da inteligência, buscando a sobrevivência, a segurança do território, a aquisição de bens (como símbolo de comida e poder), e o próprio poder, como fonte ilusória de segurança, sem termos consciência de que agimos ainda mobilizados pelo núcleo instintual, que foi nossa origem
- Além disso, outro território foi criado por nós mesmos para ser tenazmente defendido. É o espaço virtual da personalidade, ao qual vinculamos a autoestima e passamos a defendê-lo como se estivéssemos defendendo a própria vida. Por conta disso, sofremos terrivelmente quando somos contrariados. A maior parte de nossos sofrimentos está ligada a alguma forma de “contrariedade”

4.2 - A CRIANÇA CONGELADA
- Ainda nos debatemos com o animal atávico em nossa intimidade, se consorciando coa as áreas não desenvolvidas de nosso psiquismo, denominadas como “libido não desenvolvida” por Freud, ou intituladas como a “criança magoada e ferida” por outros autores mais recentes
- Acredito firmemente que o esquecimento do passado que, por enquanto, ocorre no processo reencarnatório, decorre não apenas do nosso pouco desenvolvimento consciencial, que nos leva a um entorpecimento mental e consequente turvamento da consciência, pelo contato com a matéria densa, o que possibilita o retraimento para camadas mais profundas do ser, da maioria de seus arquivos mentais
- Com isso, o cérebro em formação fica mais livre para receber mais gradativamente os implementos psicoafetivos do reencarnante, em consonância coa as interações entre este e o ambiente, inicialmente o útero e o universo psíquico, principalmente da mãe
- Através dessa interação inicial, o nascimento e o complexo campo interacional, que se estabelece entre os pais e o bebê, esboçam-se os pródomos da futura personalidade, e através desta se expressará a tarefa para a qual aquele ser renasceu
- Pai e mãe, pelas sua próprias condições interiores, e já foram escolhidos por causa disso, favorecem, positiva ou negativamente, a emergência dos implementos psíquicos que formarão a nova personalidade
- Podemos então afirmar que um dos objetivos do esquecimento é permitir a formação de um novo EGO e protege-lo das cargas advindas do passado
- Como os pais também estão realizando, saibam ou não, a tarefa do próprio refazimento e auto aperfeiçoamentos, interagem com os filhos, já a partir da concepção de acordo com os mapas afetivos que trazem de vidas passadas e desta, referentes às suas próprias vivências a partir do útero, na interação com os pais que o acolheram
- A esse respeito Joanna de Ângelis nos ensina que : “É na infância que se fixam em profundidade os acontecimentos, aliás, desde antes, na vida intrauterina, quando o ser faz-se participante do futuro grupo familiar no qual renascerá. As impressões de aceitação como de rejeição se lhe insculpirão em profundidade, abençoando-o com o amor e a segurança, ou dilacerando-lhe o sistema emocional...”

4.3 - A CRIANÇA NÃO RESOLVIDA QUE SE EXPRESSA ATRAVÉS DO ADULTO
- O que ocorre muitas vezes, como nos diz Joanna de Ângelis, é que“A criança mal amada, que padece violências físicas e psicológicas, vê o mundo e as pessoas através de uma ótica distorcida. As suas imagens estão focadas de maneira incorreta e, como consequência, causam-lhe pavor”

4.4 - A CULPA E O PÂNICO
- João buscou ajuda porque estava sofrendo com os sintomas da “Síndrome do Pânico”
- Depois de várias sessões o médico aplicou uma indução hipnótica. Durante o transe, começou a chorar copiosamente, e relatou que havia se lembrado que dois anos antes da primeira crise, um irmão lhe pediu para ajudar financeiramente no tratamento médico e hospitalar do pai, que se encontrava muito doente
- Na ocasião pensou : “Não vou ajudá-lo...quando eu era pequeno ele me maltratou muito”, e disse ao irmão que não poderia ajudar o pai
- O pai faleceu, e quase dois amos depois as crises começaram. Segundo Joanna de Ângelis : “À medida que é introjetada, a culpa assenhoreia-se da emoção e torna-se punitiva, castradora e perversa
- Depois dessa lembrança não sofreu mais as crises de pânico, mas deprimiu-se, recriminando-se pela decisão que tomou quando o irmão lhe pediu ajuda para tratar do pai, e por sentir-se, em parte, culpado pela morte do genitor
- O médico trabalhou a culpa, mas ele só começou a melhorar efetivamente depois que ele foi encaminhado para uma instituição filantrópica, para ajudar pessoalmente pessoas carentes
- Conforma acentua Joanna de Ângelis : “A mudança de atitude em realção à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação. Torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e libertador da carga conflitiva”

4.5 - REFLEXÕES
- Estamos na atual fase aprendendo a utilizar todo os atributos psíquicos que já desenvolvemos, para domar o animal, conhecer, acolher, amar e desenvolver a criança magoada e raivosa, e ao mesmo tempo, conhecer e liberar o reino de Deus que é a essência de nosso Ser
- Essa instância profunda, que também caracteriza nosso núcleo instintual, é o Deus imanente, nosso ponto de conexão com o Deus transcendente e o qual jamais poderemos realizar esse trabalho de transformação interior
- Mas para acessá-lo precisamos empreender a viagem pelas áreas sombrias do nosso mundo interior. Percorrer os labirintos de nossa destrutividade, conhecer as diferentes expressões do nosso egoísmo e de nosso orgulho, que por enquanto, nos impedem de fazer inteiramente a vontade de Deus
- A compreensão do Ser como muito mais do que um corpo; de EGO como apenas uma estrutura que se organizou para aglutinar os elementos constituintes da personalidade, como instrumento de apreensão da realidade limitada, com a qual e na qual temporariamente ele precisa se relacionar e utilizar para aperfeiçoar-se; a percepção cada vez mais lúcida da realidade espiritual do Ser, como consciência imortal, encaminhando-se para a sua plenitude através de experiências em diferentes planos de vida, certamente conduzirá à necessidade de reformulação da medicina como um todo, mas principalmente da compreensão da saúde, da doença e do adoecer
- O autoconhecimento, a partir de então. Será compreendido como condição básica para qualquer tratamento, e os sintomas como mensagens codificadas do mundo interior, requerendo atendimento. Dessa maneira poderemos ver a vida, no dizer do poeta, como um químico caprichoso que faz sair do húmus da terra o perfume que rescende da corola de uma flor

JOANNA DE ÂNGELIS RESPONDE - PARTE I
PERG 01- Na atualidade, vemos jovens, adultos e crianças cada vez mais interconectados através das redes sociais da internet, sem que necessariamente, exista uma relação pessoal (de contato físico) entre os comunicantes. Quais distúrbios podem advir dessa conduta e de que forma os profissionais de psicologia e os educadores devem preparar-se para melhor atende-los?
RESP - “ As frustrações e ansiedades encarregam-se do imaginário que delira com significados que não têm existência legítima, elaborando vivências impossíveis de serem mantidas
- O SELF necessita da convivência direta com outrem, do contato físico para externar os sentimentos, enquanto o EGO afasta o ser humano da convivência saudável, provocando conflitos, especialmente desconfiança, irritabilidade, medo, insegurança em geral, de acordo com a própria estrutura emocional
- O psicólogo torna-se o amigo e o ouvinte que também fala, enquanto que o educador transforma-se no espelho de tudo quanto apresenta em teoria

PERG 02 - No estágio atual da psiquiatria, o uso dos medicamentos para tratamento dos transtornos mentais faz-se, na maioria dos casos, indispensável. No entanto, os efeitos colaterais do uso prolongado desses fármacos mostram-se muito intensos para os pacientes. De que forma a psicologia espírita encara essa questão e quais contribuições apresenta para esse ramo da medicina?
RESP : “ A contribuição da psicologia espírita deverá cingir-se à aceitação temporária da terapêutica, ao tempo que trabalhará o paciente, a fim de ele mesmo, por meio do esforço mental e moral, recomponha a produção de serotonina, da adrenalina e da topamina, entre outras, mediante a mudança de comportamento moral para melhor
- Essa conduta irá influenciar o períspirito que se reorganizará na área afetada pelos distúrbios da passado, recompondo-se e, por efeito, imprimindo na matéria a nova e saudável ordem neuronal

PERG 03 - Como distinguir um fenômeno mediúnico de transtorno mental? Qual a fronteira entre um e outro?
RESP - “Na raiz de qualquer ocorrência afligente, encontra-se sempre o Espírito em débito perante a própria consciência Cósmica
- Reencarnando-se com o mapa das necessidades evolutivas, entre os quais se encontram os impositivos da reparação dos erros e delitos praticados anteriormente, o organismo gera predisposições para o transtorno mental, um dos valiosos recursos expurgatórios, ao tempo em que as vítimas em sintonia com o anterior algoz, graças à Lei das afinidades, passam a impor-lhe o jugo da vingança desnecessária”
PERG 04 - O suicídio se apresenta como uma grave questão de saúde pública e temos visto um contingente imenso de pessoas que não conseguem fazer uso de sua própria vontade, sendo incitadas ao suicídio através das “vozes de comando”. Vozes que humilham, agridem, ameaçam e levam o indivíduo a grande perturbação culminando com o suicídio. Como podemos compreender este fenômeno? Seria possível estabelecer uma diferenciação didática das psicoses ?
RESP - “ Não poucas vezes, o inconsciente, durante o gravame das psicoses, liberta as impressões arquivadas e vozes alucinatórias impõem o mecanismo de fuga do resgate através do suicídio, como meio de libertação dos conflitos
- Em outras vezes, como efeito dos distúrbios neuronais, da intercorrência desequilibrada dos neurotransmissores, os adversários desencarnados por telepatia induzem o paciente ao suicídio e criam situações vexatórias que podem propiciar a ato ignóbil”

PERG 06 - Se o centro espírita não é e nem deve ser uma clínica psicológica, podemos, ainda assim, considerá-lo como um espaço terapêutico? Em caso afirmativo, o que o caracteriza como tal?
RESP - “ O Centro espírita pode ser considerado como um hospital de almas, portanto, um espaço terapêutico, no qual existem valiosas contribuições para o reequilíbrio da criatura humana açodada por todos os tipos de aflições
- Em razão da sua finalidade precípua, que é libertar os assistentes da ignorância da sua realidade, as realizações doutrinárias caracterizam-se como psicoterapias valiosas, que ensejam o entendimento das necessidades existenciais e a melhor maneira de superar as angústias e os sofrimentos
- A presença de mentores espirituais, que sempre se encontram em trabalhos edificantes, proporciona a psicosfera saudável que beneficia todos quantos a aspiram ou deixam-se impregnar, enquanto recebem as benesses vibratórias que lhes são proporcionais”

PERG 07 - “ A violência presente em a natureza humana e que hoje vemos manifestada no dia-a-dia pode ser justificada como resultado do contexto social e econômico? Qual a participação do indivíduo nesse resultado?
RESP - “ A progressiva perda do sentido moral, o contínuo desrespeito aos códigos legais, a leniência das autoridades administrativas e educacionais em relação aos transtornos de comportamento, concedendo-lhes cidadania, o desaparecimento das tradições nobres da família, da religião, especialmente do estado de religiosidade, vêm facultando ao indivíduo o desbordar das paixões primevas, asselvajadas
- Desse modo, os indivíduos que transitam nas faixas do processo primário de evolução, incapazes de destacar-se pelos valores ético-morais, chamam a atenção pela violência e pela agressividade, derrapando a sociedade no acumpliciamento com a drogadição, o alcoolismo, o tabagismo e o abuso sexual
- Esse distúrbio é, invariavelmente, disfarçado pela violência que explode no paciente, tornando-o revel, por lhe faltar coragem para enfrentar o desafio da própria morbidez



SEGUNDA PARTE - ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICILOGIA ESPÍRITA

CAPÍTULO 05 - FREUD E A ESTRUTURA PSÍQUICA : DESCOBRINDO O INCONSCIENTE (Marlon Reikdal)

5.1 - EGO, ID E SUPEREGO
- Freud descobriu que os sintomas de que as pessoas se queixavam, as neuroses em geral, tinham relação direta com o inconsciente, tendo como fundamento que os sintomas dos sujeitos neuróticos seriam substitutivos daquilo que está no inconsciente
- Da mesma forma, a cura só seria possível pela conscientização de algumas partes do inconsciente, como forma de o sujeito olhar para si, de perceber que existe algo interior que não está bem
- Na teoria da libido, segundo Freud, encontra-se a nascente de todos os conflitos do sujeito. O indivíduo estaria assim fadado ao grande confronto entre sua primitividade (os desejos) e seus aspectos gregários (os ideais moralmente aceitos)
- E a neurose, por consequência, seria o resultado deste grande conflito entre o ID e o EGO, entre a exigência instintual e a resistência que se ergue contra a primeira

5.2 - O EGO
- É o componente intermediário das energias mentais, entre o ID e o SUPEREGO
- Exerce controle das experiências conscientes e regula as ações entre a pessoa e o seu meio, ocupando, portanto, um posicionamento central, de referência par todas as atividades psicológicas
- O EGO é definido como a instância que controla as abordagens à motilidade, isto é, à descarga de excitações para o mundo externo. Uma instância mental que supervisiona todos os seus próprios processos constitutivos
- Desse EGO procedem também as “repressões”, por meio das quais se procura excluir certas tendências da mente, não simplesmente da consciência, mas também de outras formas de capacidade e atividade
- O aspecto consciente do EGO é o órgão executivo da psique, responsável pela tomada de decisões e integração dos dados perceptuais
- Há um aspecto inconsciente do EGO que contem os “mecanismos de defesa”, tal como a “repressão”

5.3 - O ID
- Do ID promanam os impulsos cegos e impessoais devotados à gratificação do instinto sexual (libido), estreitamente vinculado às necessidades primárias do indivíduo
- Ele é o verdadeiro inconsciente ou a parte mais profunda da psique, pois ignora o mundo exterior e o seu interesse é o corpo (princípio do prazer)
- Freud descreveu a hegemonia total dos instintos do prazer nas fases primevas do desenvolvimento mental, em decorrência do fato de as duas atividades básicas da criança pequenina (mamar e defecar) terem provocado a libidinização (sexualização) da boca e do ânus, tornando-se assim zonas erógenas
- Mais tarde esta teoria será ampliada e a libido deixaria de identificar-se exclusivamente com o instinto sexual e o princípio do prazer tornar-se Eros, o instinto de vida, no qual o componente sexual estava logicamente incluído
- O ID é controlado pelos aspectos conscientes do EGO e pela terceira parte do modelo Freudiano, o SUPEREGO

5.4 - SUPEREGO
- É o que comumente chamamos de consciência, pois ele é comparado a um juiz ou um censor para o EGO. Teria assim função de consciência moral, auto-observação e formação de ideais
- Não se trata da mesma denominação no Espiritismo. Quando os Espíritos respondem a Kardec que as leis de Deus estão inscritas na consciência, referem-se à parte divina do homem (criado por Deus)
- Num primeiro momento, o SUPEREGO é representado pela autoridade do pai e oriente o seu desenvolvimento, alternando as situações de amor e de punição, gerando o sentimento de angústia no indivíduo
- Num segundo momento, quando a criança renuncia à satisfação edipiana, as proibições externas são internalizadas. É nessa situação que o SUPEREGO surge, substituindo a instância paterna por intermédio de uma identificação e a projeta
- O SUPEREGO ou SUPEREU é definido como a instância da nossa personalidade psíquica, cujo papel é de julgar o EU, inibindo os atos ou provocando remorsos, colocando-se no centro da questão moral
- Caso o sujeito vivencie somente seus desejos ele sucumbirá, pois não é possível viver sozinho apenas em função dos prazeres. Entretanto, caso se mantenha em função da dimensão moralmente aceita e socialmente construída ele também sucumbirá pela ausência de prazer que dilui a vida
- Neste sentido, parece que Freud adentrou um beco sem saída afirmando que o homem é “pulsão”, é energia com um direcionamento, mas ao mesmo tempo é impedimento de satisfação, num conflito sem-fim entre o mundo interno e o mundo externo

5.5 - PSICANÁLISE E ESPIRITISMO
- O conflito Freudiano entre o sujeito do desejo em oposição ao ser social, que parece não ter fim, é definitivamente solucionado pela proposta espírita quando redimensiona o ser para além das condições físicas, pois não somos o ID, o desejo, a primitividade, embora ela faça parte de nós
- Na visão espírita, quando encontramos a teoria dos diferentes mundos (primitivo, provas e expiações, regeneração, felizes e celestes), sabemos que nos encontramos nos mundos de provas e expiações, percebemos nossa condição de animalidade sobrepujando a angelitude, nos mostramos mais primitivos do que deuses
- Entretanto somos criados por Deus, com destino à perfeição relativa, isso nos habita, certamente mais do que nossos instintos, e, por isso, Jesus proferiu : “Vós sois deuses”
- O Espiritismo, e por isso a Psicologia Espírita, não nega o conflito como já dissemos, pois somos ainda bastante primitivos
- Diferenças de concepção entre a Psicologia Freudiana e a Psicologia Espiritual :
(1) Para Freud, o homem é primitivo, para o espiritismo o homem é divino. Encontra-se ainda primitivo, devido ao seu estado de evolução
(2) A consciência Freudiana, o SUPEREGO, que auxilia na administração do ser é uma instância que restringe, proíbe e julga o comportamento humano. É um modelo de conduta baseado no cerceamento. O SUPEREGO pode ser comparado ao Deus mosaico : aquele Deus punitivo, agressivo, que julga, proíbe e condena o homem. O Deus do terror, do medo, da culpa e da opressão
- A consciência da visão espírita, inspirada em Jesus, é a vivência de um Deus amor, um Pai que é justo e bom. Este Deus interno que nos habita, faz viver as Leis em nós, mas não pelo simples cumprimento de suas leis, e sim pela destinação que nos reserva à perfeição relativa
- Mas em contrapartida às discordâncias, deixamos aqui registrada a grande contribuição do eminente psicanalista, abrindo as portas para a metapsicologia, adentrando o campo da psicologia profunda ao estruturar o conceito de inconsciente e a possibilidade de contato e descoberta do inconsciente
- Joanna de Ângelis afirma : “É muito difícil dissociar o inconsciente das diferentes manifestações da vida humana, porquanto ele está a ditar, de forma poderosa, as realizações que constituem os impulsos e ativismos existenciais...que o grande desafio da existência humana é conseguir explorar este universo desconhecido de nós mesmos, para retirarmos dele todos os potenciais que nos possibilitem a felicidade e a autorealização”
- Emmanuel explica : “Somente à luz do Espiritismo poderão os métodos psicológicos aprender que essa zona oculta, da esfera psíquica de cada um, é o reservatório profundo das experiências do passado, em existências múltiplas da criatura, arquivo maravilhoso onde todas as conquistas do pretérito são depositadas em energias potenciais, de modo a ressurgirem em momento oportuno”
- A grande contribuição Freudiana, principalmente para nós espíritas é entender que não existe possibilidade de anular um sentimento ou esquecê-lo, tendo como ilusão que está tudo resolvido
- Ao que Freud chamou de inconsciente, a psicologia espírita chama de espírito, e como ele mesmo mostrou, não é apenas um depósito de experiências passadas, arquivadas como se estivem num baú, anuladas, Não. É algo extremamente dinâmico, impulsionando nossas atitudes, agora nos dominando, caso não tenhamos contato com ele, caso não façamos a grande viagem interior para dentro de nós mesmos
CAP 6 - A PSICOLOGIA ANALÍTICA DE CARL GUSTAV JUNG (ÍRIS SINOTI)
6.1 - A ESTRUTURA DA PSIQUE
- A personalidade como um todo é denominada psique, palavra grega que significava originalmente “espírito” ou “alma”, tendo passado, posteriormente, a significar “mente”
- Na psique incluímos todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos, tanto os que percebemos como conscientes, como também os inconscientes
- Esse conceito de psique representa a ideia inicial de Jung de que uma pessoa é primordialmente um todo. O homem não deveria lutar para se tornar um todo, pois ele já nasce como um todo

6.2 - PRINCIPAIS CONCEITOS DA TEORIA JUNGUIANA
6.2.1 - CONSCIÊNCIA
- Ela é o ponto de orientação e percepção no mundo externo
- “Ser consciente” é tomar conhecimento de algo que era sabido antes, que já se encontrava no inconsciente
- Nenhuma imagem, emoção ou sentimento podem se tornar consciente sem o EGO como ponto de referência, ou seja, o que não se relaciona com o Ego não atinge a consciência

6.2.2 - EGO
- Ele é o centro da consciência, responsável pela organização da psique consciente, mas não é idêntico a ela
- Embora ocupe uma pequena parte da psique total, o EGO desempenha a função básica de vigia da consciência
- O que não é reconhecido pelo EGO, seja uma ideia, um sentimento, lembrança ou uma percepção, não chega à consciência
- É ele que seleciona todo o material psíquico que entra na consciência, possibilitando-nos escolher alguns conteúdos e abrir mão de outros, canalizando energia para nos modificarmos

6.2.3 - O INCONSCIENTE PESSOAL
- As experiências que não têm aceitação do EGO não desaparecem da psique, pois nada do que foi experimentado deixa de existir. Essas experiências ficam armazenadas no inconsciente pessoal
- Jung descreveu assim o inconsciente pessoal e o seu conteúdo : “Tudo que sei, mas em que no momento não estou pensando; tudo de que uma vez fui consciente, mas agora esqueci; tudo percebido pelos meus sentidos, mas não notada pela minha mente consciente; tudo aquilo que, involuntariamente e sem prestar atenção, sinto, lembro, quero e faço; todas as coisas futuras que estão tomando forma em mim e em algum momento vão chegar ao consciente; tudo isto é conteúdo do inconsciente

6.2.4 - COMPLEXOS
- É a reunião de conteúdos que se aglomeram no inconsciente pessoal, atraindo para si grande quantidade de ideias de teor afetivo e dotadas de energia psíquica acumulada
- Quando somos dominados por uma emoção descontrolada, é sinal de que algum complexo foi ativado
- O perigo não é possuirmos complexos, mas sermos por eles possuídos, enquanto eles estiverem no inconsciente, nos forem estranhos, como se fôssemos tomados por outra personalidade que nos revela parte de nós mesmos que sempre mantivemos escondida, nossa SOMBRA

6.2.5 - ENERGIA PSÍQUICA E LIBIDO
- A Energia Psíquica se manifesta em todos os fenômenos dinâmicos da Alma
-Ela representa importante papel na psique, através dos seus movimentos de progressão e regressão, relacionados ao fluir da energia do inconsciente para a consciência, para adaptar-se ao meio externo, no primeiro caso, e à energia que flui da consciência para o inconsciente, a fim de que a pessoa possa adaptar-se ao mundo interno

6.2.6 - O INCONSCIENTE COLETIVO
- Ele é um reservatório de imagens latentes, denominadas “Imagens primordiais”, ou seja, diz respeito ao desenvolvimento mais primitivo da psique
- Essas imagens são predisposições ou potencialidades para experimentar e responder ao Mundo tal como os antepassados
- O inconsciente coletivo contém toda a herança espiritual da evolução da Humanidade, nascida novamente na estrutura cerebral de cada indivíduo
- Esses conteúdos instigam o indivíduo a um padrão pré-formado, uma tendência de comportamento pessoal que o mesmo seguirá desde o dia do nascimento, como se a forma do mundo fosse uma imagem interna
- Toda vez que essa imagem identifica-se com os objetos correspondentes transforma-se em realidade consciente. Um exemplo disso é a experiência do materno, pois todos nós nascemos com uma imagem pré-formada da mãe e ao nascermos a experiência positiva ou negativa com a nossa mãe comporá a nossa realidade, ditando assim o nosso comportamento
- Os conteúdos do inconsciente coletivo denominam-se arquétipos

6.2.7 - ARQUÉTIPOS
- A palavra arquétipo significa um modelo original, uma espécie de matriz do comportamento humano
- Eles se manifestam em nível pessoal através dos complexos e coletivamente através das características culturais
- O arquétipo não é uma ideia herdada, mas sim um modo herdado de funcionamento, que corresponde à maneira inata pela qual o pintinho emerge do ovo, o pássaro constrói o ninho e as enguias encontram o caminho para as bermudas. Em outras palavras é um padrão de comportamento
- Alguns arquétipos são muito importantes na formação de nossa personalidade e de nosso comportamento. São os arquétipos da Persona, Ânima e Ânimus, Sombra e o Self

6.2.8 - PERSONA
- A palavra Persona significa, originalmente, uma máscara usada por um ator e que lhe permitia compor uma determinada personagem numa peça e que, na psicologia Junguiana, dá ao indivíduo a possibilidade de compor uma personagem
- Ela é a face da psique vista pelo mundo
- Refere-se ao que é esperado socialmente de uma pessoa e como ela acredita que deve parecer. É como um acordo entre o indivíduo e a sociedade
- Ela funciona como uma roupa para o ego, que indica como a pessoa deseja ser vista
- Ela é muito importante para a relação social, pois é por meio dela que somos capazes de conviver com as pessoas
- Selecionamos traços que nos parecem melhores e desejáveis, aqueles que aparentam ser mais aceitos naquele grupo e meio. Com isso parte de nossa personalidade fica rejeitada e vai compor a sombra e isso ocorre quando o Ego começa a se identificar pela Persona, deixando de lado os demais aspectos da personalidade

6.2.9 - SOMBRA
- Ela é o arquétipo que maior influência exerce sobre o Ego desenvolvendo-se em oposição à Persona
- Nela se esconde o que há de melhor e pior no ser. Ela não desaparece à nossa súplica, nem se dilui com a nossa vontade de fazer o bem, ela penetra em nossa vida quanto mais estejamos alheios à sua existência
- O que dificulta o trabalho com a Sombra é que, ao invés de reconhecermos nossa mazelas e deficiências, tentamos preservar a nossa “imagem Idealizada” (Persona)
- Então, o primeiro passo para trabalharmos a Sombra é acreditarmos na sua existência; o segundo passo é aceitá-la como parte importante da personalidade


6.2.10 - ANIMA E ANIMUS
- O Arquétipo da ânima constitui o lado feminino da psique masculina e agrega as experiências que o homem teve relacionando-se com a mulher ao longo do tempo da história humana
- Como é uma imagem inconsciente, inicialmente ela é projetada, sendo a mãe a primeira mulher a receber sua projeção; Ao crescer esse homem projetará sua ânima na professora, na irmã, em uma atriz e principalmente na namorada e esposa
- O Arquétipo do Animus compõe o lado masculino da psique feminina. Ao contrário da Ânima, ele representa toda a experiência da mulher com o homem ao longo do tempo
- O objeto inicial do Animus é o pai, depois será projetado em outros homens e até mesmo em Deus

6.2.11 - O SELF
- É o principal arquétipo do Inconsciente Coletivo, princípio organizador da personalidade
- Ele é o arquétipo da ordem, da organização e da unificação, é o “Deus - homem Interior”
- Sendo o Ego o centro da consciência, ele deve estar atento ao direcionamento do Self, pois qualquer talento que tenhamos, por exemplo, mas que não seja consciente, não se desenvolverá, e será como se fosse inexistente; Ele só poderá ser real se o Ego reconhecê-lo. Isso implica que, ser pleno e alcançar a totalidade são condições inatas, mas enquanto estiveram escondidas não se realizam
- Resta-nos então conhecer o desconhecido. É na nossa escuridão que encontraremos o nosso resto de humanidade, sabedoria, compaixão e compreensão do significado da nossa vida e a conexão com o espírito que somos



6.2.12 - INDIVIDUAÇÃO
- Ela é um processo natural que precisa ser experimentado conscientemente, isto é , com conhecimento. Este conhecimento depende de um relacionamento vital, de um diálogo constante entre o Ego e o inconsciente
- A personalidade do indivíduo está destinada a individuar-se. Tornar-se diferente das outras pessoas, ter uma identidade própria e independente, tornar-se um indivíduo, aquele não se divide
- A meta da Individuação é conhecer a si mesmo tão completamente quanto possível, integrar a consciência e o inconsciente, tornar-se autoconsciente, ser a pessoa que nascemos para ser, tornar-se Si-mesmo















6.3 - CONCEITOS JUNGUIANOS À LUZ DA PSICOLOGIA ESPÍRITA
6.3.1 - EGO
- O mal não é o Ego em si mesmo, mas permanecer centrado nele, o egoísmo, porquanto todas as estruturas da psique são necessárias para se atingir a totalidade
- O Ego não deve ser destruído, o que significaria a desagregação da psique, mas deve “estruturar-se para adquirir consciência da sua realidade não conflitando com com o Self que o direciona, única maneira de libertar a Sombra

6.3.2 - INCONSCIENTE PESSOAL E COLETIVO
- Esse inconsciente individual registra e armazena as informações que foram registradas ou não pela consciência, qual sucede quando alguém está realizando uma atividade e, simultaneamente, outros fenômenos ocorrem à sua volta sem que sejam percebidos pela consciência
- Os conteúdos que formam o inconsciente pessoal da atual encarnação formarão o inconsciente coletivo de uma próxima existência
- Esse inconsciente coletivo, que Jung percebia como herança da Humanidade, a psicologia espírita reconhece como “As experiências vivenciadas por cada indivíduo no processo da evolução, passando pelas etapas reencarnacionistas

6.3.3 - ARQUÉTIPOS
- Procedendo-se a uma análise comparativa a respeito do inconsciente coletivo ou psique objetiva com a erraticidade espiritual, encontra-se-ão os arquétipos primordiais Junguianos e outros, que seriam resultado das multifárias reencarnações do Self
- O processo da reencarnação explica a presença dos arquétipos no ser humano porque ele é herdeiro das suas próprias realizações através dos tempos. A notável observação e decodificação dos arquétipos elucida um número expressivo de conflitos e de fenômenos que ocorrem na conduta do ser humano

6.3.4 - COMPLEXOS
- Sendo o núcleo do complexo um arquétipo, podemos com isso observar que as influências do passado, insculpidas no inconsciente profundo, interferem em nossa existência atual, podendo interferir no comportamento e nas atitudes do Ser na forma dos complexos
- Segundo a psicologia espirita, toda essa energia de que é portador o inconsciente pode ser canalizada para a edificação de si mesmo, superação dos medos e perturbações, dos fantasmas do cotidiano, que respondem pela insegurança e pelo desequilíbrio emocional do indivíduo

6.3.5 - ENERGIA PSÍQUICA E LIBIDO
- Na visão espirita, a libido vai além das questões sexuais, pois o Ser Humano não é um animal sexual, mas um espirito imortal em trânsito por diversas faixas do processo antropológico na busca da sua integração com o pensamento cósmico

6.3.6 - PERSONA
- A máscara social, denominada por Jung como persona, nos permite, em sua função arquétipa, construir uma imagem externa de nós e, ao mesmo tempo, ocultar dos outros e de nós mesmos a nossa verdadeira natureza
- Joanna de Ângelis diz que sem uma identidade própria, esse “homem-espelho” perde-se de si mesmo, buscando o apoio fora. A sua Sombra, assim, torna-se cada vez mais densa, aumentando a predominância do Ego que passa a identificar-se com a imagem projetada
- Enquanto o indivíduo não descobre a realidade do seu inconsciente, pode permanecer na condição de vítima de transtornos neuróticos, que decorrem da fragmentação, do vazio existencial, da falta de sentido psicológica, por identificar apenas uma pequena parte daquilo que denomina como realidade

6.3.7 - SOMBRA
- Persiste no espirito humano a tendência para o Mal. Platão identificou-a nas suas observações profundas, denominando-as como face escura do Ser, portanto desconhecida, e Jung constatou-a nos estudos da personalidade, a que chamou de Sombra
- Assim como na concepção Junguiana, Joanna de Ângelis diz : “Não se trata de ficar contra as imperfeições, a Sombra interior, mas de identificá-la, para mais reforçá-la, para conscientizar-se da sua existência e considerá-la parte da sua vida”

6.3.8 - ANIMA E ANIMUS
- Diz Joanna de Ângelis : “Porque assexuado, o espírito mergulha no corpo físico, ora exercendo uma polaridade, e em ocasiões outras, diferente expressões anatômicas, que caracteriza como feminino ou masculino. O comportamento vivenciado em cada anatomia e função sexual, irá responder pelo arquétipo Ânima / Animus, ambos tornando-se parceiros invisíveis
- Através da união dos opostos existentes na psique, a ampliação da consciência permitirá a plena realização do Ser, vivendo em sintonia consigo mesmo e com o mundo a sua volta, realizando o Processo de Individuação

6.3.9 - SELF
- Na visão da psicologia espirita com as experiências iniciais e profundas de processos anteriores, nos quais desenvolveu os pródromos do Deus interno nele vigente, em face da sua procedência divina desde a sua criação. Na condição de arquétipo primordial preside ao processo de desenvolvimento que lhe é imperioso alcançar, mediante as experiências que fazem parte dos estatutos da vida
- Ele, ao mesmo tempo que funciona como impulso à evolução espiritual, estabelece-se ainda na condição de um embrião, como uma semente que vai se desenvolvendo a cada reencarnação, adquirindo experiências e ampliando sua gama de recursos para atingir o seu amplo desenvolvimento

6.3.10 - INDIVIDUAÇÃO
- Na ótica da psicologia espírita, o conceito de Individuação ganha muito mais sentido, por poder passar pela avaliação do próprio espírito em cada etapa reencarnatória
- Joanna de Ângelis propõe que : “A existência terrena tem uma finalidade primordial e impostergável, que é a unificação do Ego com o inconsciente, onde se encontram adormecidos todos os valores jamais experimentados e capazes de produzir a Individuação
- Essa viagem em busca da própria identidade, da Individuação, conscientiza o Ser de que, para alcançar a Luz é necessário superar as trevas que frequentemente surgem pelo caminho, às heranças inevitáveis dos comportamentos pretéritos
- Ela exige um esforço moral, pois não se consegue essa meta a golpes aventureirescos, sob entusiasmos e exaltações da personalidade, porém, mediante conquistas diárias, lentas e seguras, que vão sendo incorporadas ao consciente, na razão que liberta os traumas e conflitos do inconscient

CAP 07 - DA PSICOLOGIA HUMANISTA À PSICOLOGIA TRANSPESSOAL: TERCEIRA E QUARTA FORÇAS EM PSICOLOGIA (Cláudio Sinoti)

7.1 - AS QUATROS FORÇAS
7.1.1 - SISTEMA FECHADO
- Considera apenas o desempenho do homem, sua otimização, seu funcionamento e exige o uso do método experimental, em laboratório
(1) BEHAVIORISMO : PRIMEIRA FORÇA
- Ela é comportamental
- Doutrina E - R (Estímulo / Reação)
(2) PSICANÁLISE : SEGUNDA FORÇA
- Seria uma fronteira, um sistema colocado entre ambos
- Com forte base na biologia, mas abrindo perspectiva para um estudo mais amplo e centrando suas pesquisas no homem
7.1.2 - SISTEMA ABERTO
(3) TEORIAS DE ROGERS, ABRAHAM MASLOW E OUTROS : TERCEIRA FORÇA
- São teorias de autorealização, que acreditam na existência de um “Projeto Homem”
(4) PSICOLOGIA TRANSPESSOAL (JUNG) : QUARTA FORÇA
-Coloca o homem como um Ser Cósmico, em contato com todas as ondas e frequências do Universo

7.2 - PSICOLOGIA HUMANISTA - TERCEIRA FORÇA
- Abraham Maslow e Carl Roger e outros estudiosos resolveram ampliar o leque de análises psicológicas, criando a Psicologia Humanista, também conhecida como “Terceira Força”

7.2.1 - POSTULADOS BÁSICOS DA TERCEIRA FORÇA
(1) A natureza do Ser não é má, mas boa ou neutra
(2) Existe no Ser um núcleo central que o impulsiona para a individuação
(3) Se esse núcleo for negado ou suprimido, a pessoa adoece. Se lhe permitirmos que guie a nossa vida, cresceremos sadios, fecundos e felizes
(4) Essa natureza, por ser frágil, delicada e sutil, pode ser obscurecida pelo hábito, a pressão cultural e as atitudes errôneas em relação a ela; no entanto, nunca desaparece, permanecendo subjacente e para sempre, pressionando para a autorealização
(5) As privações, frustrações, dores e tragédias, quando bem elaboradas, transformam-se em estímulos à nossa natureza interna, promovendo a realização e a robustez do EGO
- De acordo com o pensamento de Maslow, quando a consciência ética encontra-se entorpecida pela exacerbação do EGO, fazendo com que o Ser se distancie do SELF (núcleo essencial) advêm as doenças
- Mesmo sem considerar as causas passadas do sofrimento e das frustrações humanas, a Terceira força apresenta uma visão positiva em torno desses fenômenos, porquanto os considera como forças que promovem o despertar da consciência
- Entre as características desejáveis para a personalidade atingir a sua autorealização estariam :
(1) Espontaneidade no pensamento e na expressão emocional
(2) Senso ético e religioso altamente desenvolvido
- À antiga visão do homem, que o considerava um “animal lúbrico e feroz, movido por necessidades instintivas de prazer e agressão”, os humanistas contrapõem-se, apresentando o homem e a mulher na condição de seres em construção
- Segundo Joanna de Ângelis : “O esforço para aquisição da experiência da própria identidade humanizada leva o indivíduo ao processo valioso do autodescobrimento”
- Acreditando nesses valores, Carl Rogers construiu a “Terapia Centrada no Paciente), uma abordagem inovadora, que não buscava rotular ou enquadrar o Ser em determinados comportamentos ou patologias, mas atendê-lo, especialmente, à luz da singularidade e dos seus valores, pois existe um “caráter único da relação que cada terapeuta estabelece com cada paciente”

7.2.2 - AS NECESSIDADES HUMANAS
- Dentre as várias contribuições, Maslow apresentou a “Pirâmide das Necessidades Humanas”, na qual analisa desde as necessidades básicas (alimentação, segurança e o restante das necessidades vinculadas ao corpo e ao EGO, que se encontram na base da pirâmide, até as necessidades que se encontram no topo (a verdade, a bondade, a transcendência, etc), vinculadas ao SELF, à alma, ou seja, à realização plena do Ser
- À medida que o Ser avança no conhecimento de si mesmo, da sua realidade espiritual, consegue ir além dos apelos do EGO, vinculados ao imediatismo, ao sensorial corporal, e adentra-se pelas necessidades da alma, como Jesus já propunha : “Buscai em primeiro lugar o Reino dos Céus e suas virtudes, e tudo o mais virá por acréscimo”
- Carl Roger previa: “Tenho certeza de que nossas experiências terapêuticas e grupais lidam com o transcendente, o indescritível, o espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos outros, tenho subestimado a importância da dimensão espiritual e mística”

7.3 - PSICOLOGIA TRANSPESSOAL : UMA QUARTA FORÇA EM PSICOLOGIA
- Se a Psicologia Humanista agregou importantes conquistas para o conhecimento em torno do Ser, faltava ainda integrar a sua dimensão espiritual para tornar a análise mais completa. Isso ocorreu logo após, com a constituição da Psicologia Transpessoal ou Quarta Força
- O próprio Maslow, precursor das duas correntes, considerou o seguinte : “ Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força da psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Psicologia, ainda mais elevada, transpessoal, transumana, centrada mais no cosmo do que nas necessidades e interesses humanos, indo além do Humanismo, da identidade, da individuação”
- A Quarta força estruturou-se oficialmente a partir de 1968, nos Estados Unidos, tendo como um dos fundadores Abraham Maslow. Outros teóricos já haviam lançado as suas bases, entre os quais Carl Gustav Jung

7.4 - EGO
- Na visão transpessoal, o EGO é uma identidade parcial do indivíduo, cujo papel é conduzi-lo a uma relação profunda com a unidade fundamental e a unidade cósmica
- A consciência cósmica é aquela na qual o EGO encontra-se plenamente identificado com a sua realidade espiritual e divina
- O convite da Quarta Força é para que o indivíduo transcenda o EGO, encontrando-se com sua realidade universal. A pessoa deve ter consciência de que tem um corpo, mas não é esse corpo; Tem emoções, mas não são somente suas emoções. Isso faz com que autoimagem desidentifique-se do EGO, e se identifique com a sua realidade
- A abordagem terapêutica, por sua vez, deixa de ser centrada do EGO para centrar-se em torne da essência do Ser
- As psicoterapias ocidentais são primariamente dirigidas ao nível do EGO, sendo seus principais objetivos tornar consciente o inconsciente, fortalecer o EGO e, ainda, contribuir para o desenvolvimento de uma autoimagem mais precisa

7.5 - ASPECTOS ABORDADOS PELA PSICOLOGIA ESPÍRITA E PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
(1) Imortalidade da Alma
(2) Reencarnação
(3) comunicabilidade dos espíritos
(4) Crença em Deus
(5) Evolução do princípio espiritual
- Hoje a Psicologia Transpessoal proporciona estudos acadêmicos em torno de postulados espíritas, e a benfeitora Joanna de Ângelis recorda que : “Muito antes da valiosa contribuição dos psiquiatras e psicólogos humanistas e transpessoais que colocaram a Alma como base dos fenômenos humanos, a psicologia espírita demonstrou que, sem uma visão espiritual da existência física, a própria vida permaneceria sem sentido ou significado



JOANNA DE ÂNGELIS RESPONDE - PARTE II
- PERG 03 - “ A benfeitora poderia destacar os principais contributos da psicanálise, da psicologia analítica e da Transpessoal para o advento da Psicologia Espírita”?
- RESP - “ A Psicologia Analítica aprofundou a sonda da sua investigação nos arquétipos dos quais procedem os conflitos, facultando melhor entendimento da psique e da sua realidade profunda, ensejando terapêuticas portadoras de resultados eficazes para o reequilíbrio e a perfeita fusão do eixo EGO-SELF
- A Psicologia Transpessoal deu um passo gigantesco ao aceitar a imortalidade do espírito e todas as implicações disso decorrentes
- A psicologia Espírita, por sua vez, alberga todas elas, inclusive a comportamental, no seu seio, elucidando, porém, em torno da causalidade dos conflitos e dos sofrimentos através das várias existências do espírito, assim dos processos de interferência de seres de outra dimensão, os espíritos desencarnados, no comportamento humano

- PERG 05 - Carl Gustav Jung propõe que busquemos a realidade do SI Mesmo, o Processo de Individuação. O que isso significa na percepção do espírito”?
- RESP - “Na visão espírita, pode-se informar que a proposta do eminente Jung segue o mesmo processo psicológico proposto por Allan Kardec, quando enuncia que se conhece o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende para ser melhor hoje do que ontem, lutando sempre contra as más inclinações



TERCEIRA PARTE - PSICOLOGIA ESPÍRITA : UM OLHAR PARA SI

CAPÍTULO 8 - AUTODESCOBRIMENTO (Gelson L. Roberto)
- O primeiro passo para um trabalho de autoconhecimento é começarmos de onde estamos. Isto significa olharmos para nossa realidade como ela é, aceitando-nos sem culpa e sem compactuar com nossa inferioridade
- Também devemos evitar ficar fugindo através de justificativas a respeito do nosso passado, ou expectativas vazias do futuro. Jung afirma que é impossível fugir de si mesmo, pois onde estivermos carregamos a nós mesmos
- Reconhecer-se como um ser inteiro, com todas suas características, dificuldades e potenciais, é o primeiro passo. Abrir-se para a mudança, para a superação de si mesmo e viabilizar o crescimento pessoal é o segundo
- No livro o “Ser Consciente” Joanna de Ângelis Diz: “O Ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é e aprimorando-se sem cessar. Somente consegue essa lucidez aquele que se autoanalise, disposto a encontrar-se sem máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. Apenas descobre-se
- Outro aspecto terrível que nos afasta de nossa essência é o excesso de EGO na vida moderna, um excesso de subjetividade em que o Eu está metido em tudo como se fosse o rei absoluto de todo o processo. Tiramos o foco dos reais valores da vida e trazemos para as nossas necessidades subjetivas
- No livro “Autodescobrimento: Uma Busca Interior”, Joanna de Ângelis faz a seguinte referência: “Disciplinando-se a mente e a vontade, compreendendo-se que a proposta da vida é a marcha para a Unidade, sem perda de quaisquer valores conquistados, o “Si” desenvolve-se, enquanto o EGO desagrega-se”

8.1 - POSTURAS
- Uma das atitudes essenciais para o nosso aprimoramento é o contato mental com Deus
- Junto com a aceitação de “Si mesmo”, temos que buscar a Unidade com nosso Pai para que nossas forças espirituais possam ser alimentadas e sejamos inspirados na busca do melhor. Buscarmos essa “ligação íntima” é buscar esse encontro com a Fonte da Vida que nos sustenta
- O que ocorre À medida que entrarmos em sintonia com a Harmonia Universal
(1) Estabelecemos um canal de Harmonia Interior, apaziguando as angústias e temores internos, dando lugar a novas possibilidades de realização
(2) Estaremos com as energias do nosso corpo fluindo mais livremente
(3) A nossa mente estará mais apta para aproveitar os recursos que vêm da natureza e dos diversos pontos do Universo, através do “Fluido Cósmico Universal”, a matéria elementar que forma tudo o que existe de material no Universo
- Sem o devido cuidado com nós mesmos, através do Amor por nós enquanto filhos do Amor Maior, não poderemos estabelecer o amor com os demais
- Amar-se é encontrar-se, é poder reconhecer que seus efeitos despertam, transformam e regulam forças de todo o Universo, impulsionando-nos para a evolução
- Amar a “Si” é buscar o entendimento objetivo de nossa realidade, termos a consciência de nossa condição espiritual e da capacidade de nossa mente

8.2 - TERAPÊUTICA ESPÍRITA : REFORMA ÍNTIMA
- Reforma Íntima é um processo individual de higiene mental e ações no bem que possibilitam ao espírito evoluir
- Cuidados essenciais para conseguir essa mudança de hábito:
(1) Substituir as ideias perturbadoras por ideias saudáveis
- Cultivo da oração
-Educação de nossos pensamentos
- Quebra das ilusões emocionais (Falsas imagens de nós mesmos)
- Afastar qualquer identificação com uma imagem doentia, de vítima infeliz
- Sair das armadilhas dos prazeres e gozos ilusórios
- Superação dos conteúdos negativos trazidos de outras reencarnações
- Necessidade do esforço, da disciplina , da concentração e do agir construtivo
- Buscar a conscientização do nosso “Eu Interior”, espírito imortal criado para o Bem, filho de Deus e, porisso, confiante no seu poder, através da fé

CAP 9 - EMOÇÕES E SENTIMENTOS: UMA COMPREENSÃO PSICOLÓGICA ESPÍRITA (Marlon Reikdal e Gelson Luiz Roberto)
- A dimensão emocional tornou-se para muitos sinônimo de fraqueza, de instabilidade ou de desequilíbrio
- Como é possível ter controle ou canalizar algo que é desconhecido, que não é refletido, com que não se tem contato?

9.1 - EMOÇÕES E SENTIMENTOS
- Erick Bern criador da Análise Transacional estabeleceu em sua teoria cinco emoções básicas autênticas : raiva, medo, tristeza, alegria e afeto, dividindo-as em dois grupos, sendo as três primeiras consideradas desagradáveis e as duas últimas consideradas agradáveis
- Na obra “Atitudes Renovadas”, Joanna de Ângelis propõe a divisão em positivas e negativas, conforme o propósito e as consequências da emoção
- Com isso entendemos que uma emoção como a tristeza, considerada socialmente negativa, pode ser extremamente positiva se bem conduzida, levando o sujeito à reflexão e ao ajustamento, ou à depressão se não trabalhada
- Já uma emoção como a alegria, que por todos é considerada positiva, se mal conduzida pode ter função encobridora, tentando aniquilar a tristeza ou medo, ou mesmo pode conduzir o indivíduo à euforia (transtorno do humor)
9.1.1 - Diferenças entre emoção e sentimento
(1) O sentimento, como um estado afetivo complexo, é complexo, é mais estável e durável, enquanto a emoção é uma reação afetiva, em geral intensa e momentânea
(2) O sentimento é ligado às representações por ser uma atitude mental, da dimensão das ideias, como que alimentado pelos pensamentos. São processos de avaliação e julgamento, enquanto que as emoções nos pegam pelas vísceras
- JUNG faz uma distinção quantitativa entre sentimento e emoção/Afeto. Segundo ele, os sentimentos se tornam afetos quando liberam inervações físicas. As emoções estão intimamente relacionadas com o comportamento animal, reações primitivas e primordiais de ordem inata
- Podemos ter tanto sentimentos e emoções negativas como positivas
- Para Wallon, as emoções são imediatas, instantâneas, expressando-se como uma descarga de energia que demonstra o predomínio da fisiologia, enquanto o sentimento é duradouro e ideativo
- Na obra “O amor como solução”, Joanna de Ângelis define a emoção como algo imediato que produz alterações físicas. É uma resposta ao estímulo do meio
- Na obra “Encontro com a paz e a saúde, a mentora explicita a diferenciação dos dois conceitos, que não nos deixa dúvida devido à tamanha clareza e precisão : “Façamos uma distinção entre sentimentos, que são as vivências do que é percebido pela emoção de maneira consciente, enquanto que a emoção é o efeito espontâneo do organismo a qualquer ocorrência, produzindo descargas de adrenalina pela corrente circulatória, que se encarrega de pôr brilho nos olhos, colorir a face, sorrir”... “A emoção produz o sentimento que passa a ser o júbilo ou o constrangimento, a expectativa ou a frustração... Desse modo, as emoções funcionam automaticamente, sem consciência direta da ocorrência, enquanto que os sentimentos são percepções conscientes das ocorrências

9.1.2 - Avaliação da dimensão emocional
- Em o “Livro dos Espíritos”, Allan Kardec comenta que as paixões são alavancas que aumentam as forças do homem em favor da execução dos desígnios da Providência, mas que devem ser dirigidas e não se deixar dirigir, pois assim sua malignidade está no seu excesso
- Na questão 908 da mesma obra, Kardec pergunta : “Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?” Os Espíritos responderam : “As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar... dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem”
- As emoções, quando elas surgem, são turbilhões que nos invadem, mas que no seguinte momento já ocupam um valor e condições dadas pelas elaborações de nossa mente e assim se transformam em forças ativas positivas ou negativas
- Podemos entender que as emoções são forças arquetípicas da natureza em nós, regendo e movimento a energia psíquica em favor de alguma realização
- Joanna de Ângelis nos diz que impossibilitadas de serem destruídas, por fazerem parte da natureza animal, fora canalizadas para as edificações de engrandecimento e de cultura, de solidariedade de paz, de beleza e arte, de fé, amor, decuplicando-lhes a potência, agora manipulada com sabedoria, resultando como verdadeiras bênçãos de que não pode prescindir a sociedade
- Com isso perceberemos que as emoções e os sentimentos têm grande importância para nossa vida, desde que saibamos direcioná-las. Que não devemos e não temos como anulá-los. Se ainda fogem ao controle, se ainda nos prejudicam, não é pela existência da emoção, mas pelo mau direcionamento que a ela é aplicado, e por consequência, quando bem dirigida, coloca brilho em nossas vidas e nos impulsiona para as grandes realizações
- As paixões, enquanto estados emocionais, são neutras, mas o uso que fazemos delas é que lhes responde pelas consequências felizes ou destrutivas de que se revestem
- Na pergunta 907 feita aos espíritos, Kardec indagou : “será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na natureza?” e a resposta foi : “Não, a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grande coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal”
- Esta referência de Kardec nos faz refletir sobre o eixo EGO-SELF, no qual a natureza animal, primitiva, pode ser representada pelo EGO, enquanto a natureza espiritual ou sublime pode ser representada pelo SELF
- A vivência emocional tem um importante papel em nossas vidas, mas quando direcionada pelo EGO pervertido, torna-se prejudicial

9.2 - COMPREENDENDO ALGUMAS EMOÇÕES BÁSICAS
9.2.1 - A RAIVA
- Na obra “Conflitos Existenciais”, Joanna de Ângelis explica que se exterioriza RAIVA “toda vez que o EGO se sente ferido, libertando esse abominável adversário que destrói a paz do indivíduo”
- Diferente da afirmação que a RAIVA surgia em decorrência da ameaça da própria vida, percebe-se que a RAIVA se se desenvolve em decorrência da ameaça da vida egoica, o que é bastante diferente
- Como Joanna explica, ao invés da análise tranquila do fenômeno, a tirania do EGO o exalta, o instinto de predominância do mais forte ressuma e a pessoa acredita que está sendo diminuída, criticada, passando a reagir antes de ouvir, a defender-se antes da acusação, partindo para a agressão desnecessária de que sempre se arrepende depois
- Com isso, afirma-se que a RAIVA é produto do EGO desajustado, justamente por ter em sua raiz a insegurança do próprio valor e o temor de ser ultrapassado, predispondo o ser à postura armada contra tudo e todos, como se essa fosse a melhor maneira de se poupar sofrimentos e desafios perturbadores

9.2.2 - O MEDO
- Esta emoção é considerada uma reação natural do organismo diante de uma ameaça real ou imaginária
- Joanna de Ângelis, no livro “Diretrizes para o Êxito”, relaciona seis tipos básicos de medo, que assaltam a criatura humana durante a finitude da sua existência corporal : o MEDO da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica e da perda de um afeto profundo
- Eu sua análise a benfeitora espiritual afirma que todos eles decorrem da insegurança pessoal remanescente dos conflitos originados em comportamentos infelizes que deram lugar a transtornos de significado especial
- Segundo a mentora, aquele indivíduo que não se firma em conceituação imortalista, aquela que demonstra a perenidade, a infinitude da vida, faculta-se a instalação do MEDO nos sentimentos, essencialmente o da morte, que centraliza os MEDOS básicos do indivíduo
- No MEDO também pode haver a interferência do EGO desajustado, tornando essa emoção prejudicial
- O MEDO pode ser positivo e necessário quando se refere à sobrevivência do ser. No entanto, queremos nos referir a um MEDO que não está ligado à sobrevivência do ser, e sim à sobrevivência do EGO. Por exemplo a MEDO de falar em público, de fazer uma prece, de expressar seu afeto de pedir desculpa, de ser rejeitado
- A necessidade imperiosa de sobrevivência do EGO, o MEDO de falir, de não acertar, de não ser considerado o maior ou o melhor fazem com que as pessoas criem uma barreira impeditiva do desenvolvimento das potencialidades que jazem latentes no ser humano
- Toda vez que o EGO se expande ou toma conta do sujeito, toda vez que determina o comportamento do homem e age por si mesmo apenas em função do seu prazer, impede que a parte divina existente em nós se manifeste, ou seja, impede que o SELF nos conduza ao equilíbrio, à autorealização

9.2.3 - A TRISTEZA
- A tristeza é uma emoção comum diante da perda de algo significativo, como uma frustração a um desejo ou prazer que gera um pesar
- O EGO adoecido impede o sujeito de vivenciar esta emoção e com isso não realiza nem cumpre com sua função na vida de indivíduo
- O ser movido pelo EGO adoecido, neste movimento de exaltação, se torna incapaz de perceber nos eventos que desencadeiam a tristeza, as oportunidades de crescimento, pois identifica apenas derrotas
- Imaginamos um problema no casamento, ou a morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o afastamento de uma amizade. Para a criatura que vive apenas em função da satisfação do EGO e pela busca do prazer será impossível conviver com sua tristeza e aprender algo com esta emoção
- Em saúde mental, tratamos a crise como uma oportunidade de mudança. Isto quer dizer que quando as coisa não vão bem, quando os problemas se evidenciam, quando o mal-estar se avoluma, é o momento de aprofundarmo-nos em nós mesmos para entendermos o que acontece e como proceder melhor
- Obviamente, existem aqueles que encaram a crise como um fracasso, algo assombroso que precisa ser imediatamente eliminado, e por isso os psicofármacos fazem tanto sucesso na atualidade
- Mas também existem outros mais maduros egoicamente que conseguem vivenciar a crise, aproximar-se dela e encontrar as profundas origens para, após tirar o proveito necessário, eliminá-la

9.2.4 - O RESSENTIMENTO
- Definido como a raiva não expressa, também é produto do EGO desvirtuado que não admite o ocorrido e permanece em torno daquele acontecimento, considerando inadmissível ter passado por aquela situação
- Joanna de Ângelis afirma que toda vez que o indivíduo se sente defraudado na sua ambição desmedida, rebela-se, rebela-se, permitindo que o EGO seja atendido e subestimado, gerando sentimentos controvertidos de ódio, de rancor, de ressentimento

9.2.5 - CULPA
- Pode ser entendida como produto do EGO que se pune
- Para Joanna de Ângelis a culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente
- Por isso, fatalmente está o EGO adoecido, que, impossibilitado de refletir com naturalidade sobre a possibilidade de errar, de discernir, cobra-se, gerando alto nível de sofrimento, em vez de avaliar a qualidade das ações e permitir as reparações quando equivocadas

9.2.6 - A INVEJA
- Poderia ser definida como o EGO que não admite o triunfo alheio
- Não invejamos somente bens materiais. Podemos invejar uma qualidade, uma posição, um jeito de ser, um relacionamento entre duas pessoas, etc
- Por um ato de covardia e despeito, em vez de reconhecer suas dificuldades, limites e buscar por si mesmo o que almeja, acaba colocando a culpa de sua infelicidade no outro e não suportando a suposta felicidade daquele que inveja
- O indivíduo quer apoderar-se do que deseja ou destruir o objeto desejado, é uma forma de desqualificar e poder assim alterar o valor do objeto desejado
- O elemento invejoso adultera a qualidade do objeto querido, já que não consegue suportar que outro alguém o possua. É uma forma de transformar algo de bom em mau e de impedir o outro de possuir aquilo que deseja

9.2.7 - ORGULHO
- Sem compaixão por nada nem por ninguém, apesenta tendências egoístas e tem enorme dificuldade de perdoar
- Perpetua suas máscaras sociais e fica constrangido se a situação requer espontaneidade
- Qualquer quebra de padrão o derruba
- Fica absolutamente deslocado quando não domina a situação ou não é o centro das atenções
- Dessa forma, o arrogante, de tanto jogar no time do “eu sou mais eu”, acaba atraindo a antipatia e a indiferença dos outros, pois ninguém aguenta conviver muito tempo com a presunção de uma pessoa que só conta vantagens, muitas delas, geralmente, nem verdadeiras são
- Com o passar do tempo, lembranças de glórias efêmeras são as únicas companheiras que lhe restam, já que ele não soube compartilhar o seu sucesso nem os de outras pessoas

9.2.8 - VAIDADE
- Consiste em uma estima exagerada de si mesmo ou de suas posses, uma afirmação esnobe da própria identidade
- O indivíduo vaidoso está interessado nas pessoas e nas coisas materiais quando essas se transformam em apêndices dele, em verdadeiros espelhos a refletirem a sua própria imagem
- Ele busca incessantemente as opiniões a seu respeito e que acaba por se tornar uma pessoa escrava de sua própria imagem perante seus semelhantes. Ele aguarda, apenas, o reconhecimento do próximo ao descobrir o que ele pensa a seu respeito
- Certamente a vaidade é decorrente do orgulho

CAP 10 - A NASCENTE DOS SOFRIMENTOS : UMA ANÁLISE DO EGO (Marlon Reikdal)
Em seu livro “Plenitude”, Joanna de Angelis apresenta três tipos de sofrimento :
(1) O sofrimento do sofrimento
- É o resultado do das aflições que o próprio sofrimento proporciona
- Pode ser físico, que são as doenças inevitáveis na existência humana, devido a constituição molecular do corpo. Podem ser, também, mentais, que são distúrbios existências, comportamentais e psicológicos, levando o homem à loucura, à depressão e ao suicídio
(2) Sofrimento da impermanência das coisas terrenas
- É a busca pelo “ter”, a luta desenfreada para manter
- São movidos pela ilusão da posse daquilo que reluz, mas por apenas pouco tempo : tabaco, álcool e outras drogas
(3) Sofrimento resultante dos condicionamentos
- Envolve a educação incorreta, a convivência social adoecida, geradores de condicionamentos físicos e mentais contaminados. Exemplo : o medo, resultante de superstições, desinformações e do seu despreparo em relação à vida
10.1 - A NASCENTE DE TODOS OS MALES
- O homem procede bem quando sua atitude funda-se na observância das Leis de Deus, ou seja, o bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus, e o mal é tudo o que delas se afasta
- Dessa forma, toda ação ou intenção que vá ao encontro das leis Divinas nos aproxima da felicidade, mesmo que ainda parcial ou não continuada. E também, no sentido inverso, sofremos toda vez que agimos contrariamente a esta força que rege o Universo, como alguém que deseja guiar-se no sentido contrária ao movimento natural da correnteza
- Na questão 913, do Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta : “dentre os vícios, qual se pode considerar radical ?” A resposta e o egoísmo. Eis aí a nascente de todos os males
- Da mesma forma, Emmanuel afirma que o egoísmo é chaga da humanidade, causador de todas as misérias
- O espírito Pascal também faz suas contribuições, analisando que enquanto o egoísmo reinar não haverá paz no mundo
- Nas questões 785 e 917, os benfeitores espirituais afirmam a Kardec que o egoísmo torna a vida na Terra, constituindo-se no maior entrave ao progresso e que somente quando o homem compreender bem que o egoísmo gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme
- Joanna de Ângelis diz que toda vez que o Ser se identifica pelo apego (egoísmo) com o que é impermanente, ele acaba sofrendo. A beleza do corpo, o dinheiro, o poder, tudo o que é transitório pelo nosso egoísmo acaba ganhando um valor irreal, negamos a realidade do Ser imortal e, assim ficamos presos a valores materiais
- O sofrimento, conforme aqui enunciado, permite concluir que não é punição, mas ao contrário, é um convite gentil para o reencontro consigo mesmo. Este convite aponta para o retorno ao melhor caminho, para o encontro com a Divindade que adormece em si e que só pode desabrochar com o verdadeiro movimento em direção ao seu próximo
- E possível entender o egoísmo como a conjunção de duas palavras : “EGO” e “ismo”
(1) EGO
- Vem do latim “eu”
- As diferentes linhas teóricas da psicologia dirão que o EGO é uma instância psíquica, imaterial, responsável pelo processo de adaptação à vida
- No cotidiano é difícil definir e perceber o EGO, pois é ele que estrutura os pensamentos, que gerencia e organiza, avalia e raciocina, sente ou intui
(2) EGO + ISMO
- “ismo” é um sufixo formador de nome de ação de alguns verbos, por exemplo catecismo (vem de catequizar)
- Algumas vertentes da psicologia, bem como de algumas partes da cultura oriental, acreditam na iluminação do Ser somente após a eliminação do EGO, ou que a vida é sofrimento simplesmente porque existe um “eu”(EGO)
- Neste olhar sobre o ser humano o EGO é caracterizado como algo ruim, como uma instância negativa que impossibilita a realização do indivíduo e precisa ser eliminado ou anulado para que as pessoas encontrem a plenitude
- O EGO não é uma instância tóxica, como temos defendido até aqui. Ainda ressaltamos as palavras de Joanna de Ângelis quando utiliza a expressão “manifestações egoicas adoecidas” nos fazendo entender que, na perspectiva da psicologia espírita, o EGO não é negativo, senão, que se encontre adoecido, enceguecido, atirando-se no abismo das alienações
- Dessa forma, em vez de compreendermos o EGO enquanto uma instância psíquica negativa e que precisa ser eliminada para que o indivíduo alcance a plenitude, nesta segunda forma de definir o EGOISMO, podemos entender o EGO como uma instância psíquica, produto das reencarnações, e que, em determinada fase do desenvolvimento humano, se corrompe pelo excesso de si mesmo, se perverte à medida que se considera o centro de tudo, aliena-se como se fosse autossuficiente
- O EGO, nesta fase desorganizada, adoecido pelo excesso de si mesmo, desconhecedor de toda a amplidão que constitui o Ser criado por Deus, deseja manter a sua identidade e permanecer soberano
- Joanna de Ângelis nos explica que a ideia falsa em torno do prazer e o desejo da própria satisfação estimulam a ambição pela posse e a consequente conduta que impõe o amealhar de coisas a que atribui exagerado valor. Incluem-se aí todas as exterioridades terrenas que dão a sensação de preenchimento interno como os cargos, o status social ou religioso, os rendimentos financeiros, a posse em geral
- No livro “Vida : Desafios e soluções”, a mentora afirma que “invariavelmente o eu (EGO) pensa somente em si, não compreendendo a imensidão do Inconsciente que é o “eu total”
- Esta afirmativa permite-nos definir melhor o tipo de adoecimento que estamos tratando, afinal o processo de busca de prazer é saudável, mas os prazeres egoicos não proporcionam satisfações verdadeiras
- Falamos de adoecimento do EGO tendo em vista que ele se mantém fixado na aparência das coisas, esquecendo-se da essência, do conteúdo de tudo, da finalidade existencial que é maior do que a transitória jornada física
- Quando se está fixado somente nas coisas, ainda se estagia na infância espiritual
- É a ilusão que se mantém em torno das posses, que se transforma em dor e angústia, quando a realidade se apresenta, não apenas em relação ao TER, mas também no que diz respeito a determinadas sensações do prazer nos relacionamentos, nas afeições, nas posições de destaque, na exibição de títulos e valores, no apego ao “eu transitório”
- Quando o EGO vivencia este desvirtuamento, este desencontro em relação à vida, identificando-se como o mais importante, o preferencial, dizemos que está adoecido, pois não consegue perceber seu papel como partícipe da vida e da necessidade da presença dos outros e de Deus no homem
- Ao retornarmos a resposta que os espíritos superiores deram a Kardec, encontramos no egoísmo, ou seja, no EGO adoecido, a nascente de todos os males
(3) PROPOSTA FRENTE AO EGOISMO
- A solução dos sofrimentos não se encontra no próprio sofrimento, pois são apenas sintomas da estrutura psíquica que se encontra pervertida, alienada ou adoecida
- Existe no ser humano uma tendência imediatista (desejo único de prazer imediato) a querer eliminar aquele sintoma (o problema). Esta forma de pensar o homem é ainda muito presente nas instituições, como uma visão sintomática, buscando o tratamento daquilo que se vê, e não efetivamente da estrutura que produz este desvirtuamento
- Muitos indivíduos que sofrem buscam a terapia, a psiquiatria ou o Centro Espírita na expectativa de que alguém “tire dele este problema”
- À medida que assim for feito, se estará efetivamente contribuindo para a estagnação moral daquele que sofre, pois , a partir disso, conclui-se, então, que aquele que pede ajuda não tem qualquer implicação com aquilo de que se queixa; e mais do que isso, aprende que precisa do espiritismo apenas para se livrar dos problemas, deve
- Assimila que quando surgir outro problema, lá estarão, para que resolvam o novo problema, afinal, aprendeu que este sofrimento não é realmente de sua responsabilidade
- Não terá coragem de questionar o que fez para que estivesse assim, muito menos desejar uma modificação interna. Não quer a transformação, quer apenas aliviar o sofrimento, e com isso, gera mais sofrimentos
- Sendo assim, o tratamento de nossos sofrimentos, acima de qualquer instância, deve buscar o enfraquecimento
- O que seria então a vida moral? A moral encontra-se dentro do ser humano, em gérmen, latente, ou como preferem os Espíritos, na consciência de cada ser humano
- Esta moral advém do “SELF”, ou “EU Superior”, ou “SI”, equivale dizer, a parte divina do Ser
- Então, se o EGO é o centro da consciência, o “SI” ou SELF é o centro da totalidade. Para melhor compreensão poderemos afirmar que a psique tem dois centros, um é o EGO e o outro é o SELF
- Alguns analistas Junguianos afirmam que o EGO está subordinado ao “Si- mesmo”, assim como o homem a Deus
- A infelicidade do EGO é pensar que é rei, senhor de toda a casa, sem entender ou aceitar que apenas um servidor e que encontrando e aceitando seu papel, poderá ser um ótimo servidor, mas nunca o senhor
- Na razão direta em que o espírito desabrocha a consciência e a perfeita lucidez em torno dos objetivos essenciais da sua existência na Terra, o egoísmo vai diluindo-se e cedendo lugar à solidariedade, por facultar a vivência das emoções mais elevadas, aquelas que santificam o ser no exercício da autêntica caridade
- A conscientização da imperfeição humana e da efemeridade da vida física conduz efetivamente o indivíduo à humildade, reconhecendo a transitoriedade das condições materiais, a constante impermanência dos cargos, das classes, das posses e tudo o mais em que o EGO adoecido se apoie para justificar-se senhor
- Portanto, no dia em que assumirmos nossa pequenez ante a magnitude divina, aquele EGO enganado conseguirá abrir espaço para a presença do SELF, e então, não mais separados, promoverão o processo de cristificação, imortalizada na frase do grande apóstolo do Cristo “Eu vivo, mas não mais eu : o Cristo é quem vive em mim”

CAP 11 - O MISTÉRIO DO ENCONTRO E SEUS DESAFIOS (Gelson Luiz Roberto)
- Os relacionamentos humanos são, infelizmente, baseados em exigências, expectativas e projeções, ocasionando confusões e mal-entendidos que fazem que ambos percam a liberdade
- Os relacionamentos são um convite ao amor afim de alcançar a Plenitude do Ser. Assim cada experiência e cada comportamento buscado devem ser analisados em favor desse ideal
- Sendo a vida afetiva condição de nossa realidade, estamos sempre sujeitos a ter afetos que tenham parte de sua causa alimentada e provocada por outros. Portanto, estamos sempre sujeitos às paixões
- Essas paixões são determinadas por necessidades e forças inconscientes que, na maioria das vezes, não conseguimos direcionar positivamente, gerando diversas fantasias que são deslocadas para o outro. Nesse sentido, a carência afetiva é um grande obstáculo para uma relação objetiva
- Dentro das diversas fantasias que nossa infantilidade produz, uma em especial é alimentada e reforçada culturalmente há séculos : o casamento como a busca do paraíso perdido
- Jogamos para outro a responsabilidade da nossa felicidade e concebemos o casamento como uma obrigação do outra em preencher minhas expectativas, uma imagem do sonha dourado onde o outro me completa
- Ninguém pode dar felicidade para ninguém, pois a felicidade é uma questão de postura existencial. Podemos dar educação, amor, informação, apoio, etc, mas não a felicidade
- Quando colocamos a obrigação da nossa felicidade no outro estamos confundindo duas coisas :
(1) primeiro a função do casamento, segundo a ideia de felicidade
- O casamento tem então como finalidade gerar um caminho de salvamento para a Alma
- Quando duas pessoas se unem, elas são desafiadas a um processo de superação, conhecimento e desenvolvimento espiritual. Isso exige sacrifício e entrega
(2) Segundo, a felicidade na nossa sociedade materialista é confundida com bem-estar
- O bem-estar encontra-se associado com o evitar tensões desagradáveis, em usufruir sensações de conforto, relaxamento, prazer e a satisfação dos desejos. Ter coisas, evitar a dor, o sofrimento e a doença. Uma ideia de satisfação egoica
- O casamento não se associa ao bem-estar maior, espiritual do “Eu”, mas a uma felicidade maior, espiritual, que é a conquista real de si mesmo e a vivência plena do amor
- Existe uma potencialização das diferenças que incidem umas sobre as outras. E através do embate das diferenças e na força aglutinadora das simpatias que nos problematizamos e crescemos
- É pelas diferenças que se pode iniciar um efeito desestabilizador sobre nós. Quando as potências de cada ser são fortalecidas e renovadas para melhor, então dizemos que foi um bom encontro
- Jung diz que a objetividade garante um verdadeiro relacionamento. Com objetividade queremos afirmar a necessidade de conhecer o outro e a mim mesmo para que haja um bom encontro
- Qualquer tipo de relacionamento deve ter como estímulo a amizade e o desejo honesto de que ambos sejam satisfeitos, sem que haja predomínio de uma vontade sobre a individualidade do outro
- Quando reencarnamos, sabemos que muitos dos desafetos participam do mesmo campo de provação através dos vínculos familiares. Isto porque é necessário que esses desafetos se descubram companheiros e parceiros, e para isso é necessário estarem expostos a uma violência ou adversidade
- A familiaridade desarma, fazendo os olhos, os ouvidos e o olfato adocicarem o medo. Percebemos que aquelas pessoas que odiamos, em sua rotina, não são inimigas de ninguém. Compartilham da mesma luta humana pela sobrevivência, tanto no aspecto físico quanto na manutenção da dignidade
- Sendo o outro uma projeção de mim mesmo, é fácil confundirmos alguns conceitos envolvidos nas relações, entre eles o de interagir e controlar. Temos a tendência de controlar os outros em função de nossas necessidades ou de afastá-los por medo
- Controlar está no âmbito do interesse pessoal, tentando buscar o domínio da vontade do EGO. Mas existe uma força para além do EGO que nos ensina que o caminho é o que é melhor para a Alma, e não exatamente o que o nosso EGO almeja
- Outro fator de ajuda para nos educarmos nas relações é prestar atenção ao efeito que causamos às pessoas e aos efeitos que elas nos causam
- É muito difícil termos uma crítica exata de nós mesmos, é como se o olho tivesse que olhar para ele mesmo. Assim, o EGO tem limites de avaliar corretamente, já que avalia segundo sua própria percepção e valores. Então, o exercício de olharmos para os outros, observando suas expressões para perceber o que causamos oferece muitos dados sobre a nossa função sentimento
- É na relação que o sentimento ganha forma e é através das relações que temos a maior oportunidade de educarmos o sentimento. Prestar atenção às relações e dar a elas sua devida importância é ter meio caminho andado neste processo

CAP 12 - DEPRESSÃO : UMA LUZ NA ESCURIDÃO ( Íris Sinoti)
- Segundo a OMS, a previsão é de que, em 1920, a depressão ocupará o segundo lugar no mundo como causadora de perda de anos de vida saudável, só superada pelas doenças cardíacas
- O embotamento dos sentimentos, confusão de valores, a dificuldade de compreensão dos significados atribuídos a fatos, a lentidão nos processos intelectuais, da memória e do raciocínio, amortecimento da libido, a restrição considerável da vida são alguns dos sintomas da depressão
- Joanna de Ângelis enfatiza como uma das principais causas da depressão
a insatisfação do Ser em relação a si mesmo, as frustrações de desejos não realizados : “Impulsos agressivos se rebelam ferindo as estruturas do EGO que imerge em surda revolta, silenciando os anseios e ignorando a realidade”
- A depressão segundo Emil Kraepelin, psiquiatra alemão : “ o depressivo se sente só, indescritivelmente infeliz, como uma criatura deserdada do destino. É cético quanto a Deus e, com certa submissão entorpecida, que exclui a possibilidade de qualquer consolo e vislumbre de luz, arrasta-se com dificuldade de um dia para o outro. Para ele tudo se tornou desagradável; tudo é cansativo : outras pessoas, música, viagens, seu trabalho profissional. Por toda parte, ele só enxerga o lado escuro e as dificuldades; as pessoas ao seu redor não são tão boas e altruístas quanto ele pensava; a cada decepção e desilusão segue-se outra. A vida parece-lhe sem sentido. Ele se crê supérfluo no mundo, já não consegue se conter : ocorre-lhe a ideia de acabar com a própria vida sem que saiba por que motivo. Tem a sensação de que algo se partiu dentro dele”
- Segundo Joanna de Ângelis : “Nem sempre, porém, serão encontradas as matrizes de tais patologias, que estão profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condutas, de atividades, dos insucessos das reencarnações passadas”
- Continua Joanna de Ângelis : “ Aprofundando-nos, porém, a sonda investigativa a respeito desse cruel distúrbio comportamental da área da afetividade a doença se exterioriza em razão do doente, que é sempre o Espírito reencarnado em processo de reequilíbrio dos delitos anteriormente praticados”

12.1 - A DEPRESSÃO E A AUSÊNCIA DE SENTIDO
- O homem e a mulher do novo século não encontram para a logoterapia, nenhum instinto que lhes diga o que devem fazer e nem tradição que direcione o que deveriam fazer; na maioria das vezes, não sabem sequer o que desejam fazer
- Com a desvalorização das experiências objetivas, a busca pelo significado torna-se cada vez mais desprezada, e nos perguntamos se realmente necessitamos encontrá-lo, mas o máximo que podemos responder é que, para vivermos bem, temos necessidade de significado, embora não saibamos dizer por quê?
- Joanna de ângelis afirmou: “ao perder o contato com sua personalidade maior, com o seu melhor, o ser despersonaliza-se e, nesse vazio que surge, por falta de motivação real para prosseguir, foge para a alcoolismo, para as drogas, para o sexo ou tomba em depressão”
- A depressão, em muitos casos, é apenas a ponta de um mal e de um desafeto bem mais profundo. É um momento vivido como um ponto crítico na vida, um “chamado” para um confronto entre a morte e a vida, o falso e o verdadeiro, o momento de rever os preceitos internalizados da família de origem e a pessoa que se é destinado. É o momento de escolher a qual senhor está servindo : “ A Deus ou a Mamon”

12.2 - A LUZ : A DEPRESSÃO COMO AGENTE DE MUDANÇA E DE SIGNIFICADO
- A depressão é um instrumento da psique para chamar atenção, para mostrar que existe algo profundamente errado que precisa ser ajustado
- Joanna de Ângelis afirma que : “Em muitos casos, os sintomas pré-depressivos escondem a incapacidade do indivíduo de resolver os desafios existenciais, refugiando-se no medo e optando pelo afastamento social, o indivíduo acredita estar poupando-se de qualquer tipo de sofrimento”
- “Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia. Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao organismo pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas neurotransmissões em decorrência da ausência de serotonina e noradrenalina”
- Ester Harding acredita que os estados depressivos são, em geral, tentativas criativas do SELF para construir uma comunicação mais profunda com a nossa totalidade
- O depressivo deve buscar forças para não permanecer prisioneiro do passado, mas com ele aprender para não repetir os mesmos erros no presente

JOANNA DE ÂNGELIS RESPONDE - PARTE 03
- PERG 01 : “Por que algumas pessoas tendem a somatizar mais do que as outras?”
- RESP : “As somatizações fazem-se mais frequentes em determinados indivíduos, em razão dos compromissos negativos de que se fazem herdeiros ao haverem delinquido no passado. O períspirito imprime nos delicados tecidos orgânicos as mazelas de que se faz portador, em decorrência dos conflitos que vêm do pretérito, e, especialmente, da culpa, que os aflige inconscientemente”
PERG 02 : “ Qual a relação do EGO com a natureza essencial do Espírito?”
RESP : “O EGO é construído pelos pensamentos e comportamentos do Espírito quando reencarnado. Constitui a soma das suas experiências e fixações nos painéis da memória, arquivada no inconsciente, produzindo automatismos que se transformam em hábitos”
- “Quando os espíritos atingem níveis morais relevantes os seus são EGOS frágeis, de fácil superação, capazes de absorver conteúdos nobres, alterando a própria configuração psicológica, assim facilitando a sua integração no eixo com o SELF”
- “Tratando-se, porém, de espíritos ainda fixados às faixas da sensualidade e do prazer imediato, os seus são EGOS fortes, dominantes, caprichosos, que se impõem ao SELF, produzindo as condutas agressivas e personalistas, geradoras de problemas e de distúrbios emocionais”


QUARTA PARTE : PSICOLOGIA ESPÍRITA E O SER HUMANO

CAP 13 - A IMAGINAÇÃO CRIADORA E AS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS DE JOANNA DE ÂNGELIS ( Dr Gelson Luiz Roberto)
- Refletimos as imagens que nos cercam e envolvemos os outros nas imagens que criamos
- Jung diz que ”Toda e qualquer função psíquica está ligada pela fantasia, sendo a atividade criativa da psique, e toda a fantasia se manifesta em forma de imagem”
- “Psique e imaginação não são duas coisas diferentes : são uma única coisa, são iguais”
- “Todo processo psíquico é uma imagem e um imaginar”
- “A psique consiste essencialmente de imagens e que imagem é psique”
- Kant distingue dois tipos de imaginação :
(1) Imaginação reprodutiva ou de fantasia
- é um modo de memória
(2) imaginação produtiva ou criativa
- É um poder vivo
- É essencialmente vital, uma maneira de descobrir uma verdade mais profunda sobre o mundo
- Ela é o limiar entre o SELF e o não-SELF, entre a mente e matéria, entre o consciente e o inconsciente
- André Luiz afirma que a nossa alma onde se lhe situa o coração. Em seu livro “Mecanismo da mediunidade”, podemos resumir os processos entre a mente e a moral, através dos seguintes tópicos :
(1) Caminhemos ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for. Colaborar na execução dos propósitos da Lei Divina é iluminar a mente e clarear a vida
(2) Nos domínios do Espírito não existe neutralidade. Evoluimos com a luz eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva, conforme a debita determinação de nosso “eu”
(3) Imaginar é criar, e toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta
(4) É da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos condenados. O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa que se propões atingir sobre os objetivos. Quando benigno e edificante, ajusta-se às leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína
- Temos que entender que os estados de sofrimentos e alegrias dependem muito menos da realidade externa, e sim da forma como nossa mente vive essa realidade, e isso se dá pelas imagens internas que vamos alimentando a todo momento
- O trabalho com nossas imagens interiores tem como objetivo :
1) Exercitar nosso poder interior
2) Quebrar padrões viciados e negativos
3) Ativar o “Eu Superior” (Si)
(4) Criar novas realidades
(5) Ser uma fonte de renovação e saúde
- Segundo Joanna de Ângelis : “O organismo tem sublimes recursos por sermos uma máquina divina, na qual a mente, sendo independente do corpo, pode atuar sobre o mesmo”
- “ Para isso a técnica tem que ser usada de maneira sistemática. Através um ambiente tranquilo e convidativo, onde não haverá interferências, busca-se uma postura relaxada, mas de forma que não induza ao sono, com respiração serena e profunda, para depois, ao natural, direcionar a mente em favor da visualização dirigida a que se propõe, podendo usar diversas formas de visualizar : Imaginando a cura dos órgãos afetados, imagens positivas com efeitos terapêuticos, diálogos interiores com propósitos integrativos, visualização de mudanças de comportamentos ou de situações emocionais, etc...”

CAP 14 - OS SONHOS NA VISÃO DA PSICOLOGIA ESPÍRITA (Cláudio Sinoti)
- Freud diz que o sonho é estrada real que conduz ao inconsciente Jung ampliou a análise em torno da realidade dos sonhos para além das pulsões e desejos
- Todos os conteúdos do sonho referem-se ao sonhador, representando partes da sua psique

14.1 - A VISÃO ESPIRITA
- Na visão Espírita, segundo a questão 401, do LE, os espíritos respondem a Allan Kardec que os sonhos representam, dentre outras possibilidades, o registro do Espírito durante o sono, porquanto “quando afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então em relação maior direta com os outros Espíritos”
- Respondendo ao Codificador, os espíritos estabelecem que o sonho “É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião”
Na questão 402, os Espíritos complementam suas observações a respeito dos sonhos : “O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas observai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrai daquilo que vistes, ou de tudo o que vistes. Isso porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; frequentemente não vos resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília. Sem isto, como explicaríeis esses sonhos absurdos, a que estão sujeitos tanto os mais sábios quanto os mais simples? Os maus espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes”
- Na questão 308, do LE, percebemos uma manifestação inconsciente no sonho : “Os sonhos da criança não têm o caráter dos de um adulto; seu objetivo é quase sempre infantil, o que é um indício da natureza das preocupações do Espírito”

14.2 - INTEGRANDO PSICOLOGIA E ESPIRITISMO
- A análise de Joanna de Ângelis a respeito dos sonhos possibilita integrar as abordagens psicológicas e a Espírita, permitindo destacar que os sonhos, entre outras possibilidades, representam :
(1) Liberação de clichês do inconsciente, muitas vezes responsáveis pelos conflitos psicilógicos
(2) Representação das pulsões e desejos, correspondentes ao “Id” das concepções Freudianas
(3) Decorrência de processos fisiológicos, representação das car~encias e necessidades do corpo físico
(4) Desdobramentos do Espírito durante o sono, que participa de encontros, eventos, atividades socorristas, etc...
- Joanna de Ângelis não nega a participação da libido Freudiana nos sonhos, esclarecendo que : “Quando se dá o parcial desprendimento da alma através do sono natural, açodado pelos desejos e paixões que erguem ou envilecem, liberam-se as memórias arquivadas que a assaltam, em formas variadas de sonhos nos quais se vê envolvida. Permanecem nesse capítulo os estados oníricos da catalogação Freudiana, em que as fixações de ordem sexual assumem expressões de realidade, dominando os múltiplos setores psíquicos da personalidade”
- Quando predominam os sonhos dessa natureza, é sinal de que prevalecem no inconsciente as heranças instintivas, que através dos sonhos têm vazão
- Nos casos graves, nos quais o paciente apresenta sérios conflitos na área da sexualidade, “os sonhos são tumultuados e os símbolos de que se revestem expressam os atavismos perturbadores e os tormentos sexuais”
- Joanna de ângelis não se limita, no entanto, à observação dos conteúdos psicanalíticos. Todo esse conteúdo corresponde ao “inconsciente pessoal” de Jung, tendo sido armazenado na psique sem que, necessariamente, o EGO o tenha elaborado de forma consciente ou nem sequer se dado conta da sua realidade, etc...
- Joanna de Ângelis considera que os aspectos do SELF “Ressurgem nos sonhos, como personificações de gênios, santos, fadas, etc...Aí temos os chamados “sonhos arquétipos”

14.3 - VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS
- A benfeitora Joanna de Ângelis estabelece que, “sem dúvida, em muitos casos, o “Eu Superior”, o Espírito, em se deslocando do corpo, realiza viagens e mantém contatos com outros, cujas impressões são registradas pelo cérebro e se reapresentam benéficas, gratificantes, no campo onírico”
- Isso dependerá dos anseios da alma, pois através do “Cultivo de ideias deprimentes ou das otimistas, a alma em liberdade relativa sente-se atraída pelos locais que lhe são inacessíveis, enquanto na lucidez corpórea, e fortemente arrastada por esse anseio de realização, desloca-se do envoltório físico e visita aqueles com os quais se compraz e onde se sente feliz...”

14.4 - SONHOS PREMONITÓRIOS
- Nos estados de desprendimentos pelo sono natural, a alma pode recordar o seu pretérito e tomar conhecimento de seu futuro, fioxando essas impressões que assumem a forma de sonhos nos quais as reminiscências do ontem, nem sempre claras, produzem singulares emoções. Outrossim, a visão do porvir, as revelações que haure no intercâmbio com os desencarnados manifestam-se como positivos sonhos premonitórios de ocorrência cotidiana”

14.5 - INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
- Joanna de Ângelis avalia que “uma análise dos símbolos oníricos, as associações e reflexões com o psicoterapeuta conseguem eliminar as fixações morbosas e as reminiscências angustiantes que se expressam como tristeza, insegurança, timidez, dificuldades de relacionamentos”
- Ressalta, no entanto, que não se trata de um processo mágico, no qual imediatamente todos os conflitos e distúrbios serão superados, mas uma forma de proporcionar liberação da energia retida nos conflitos, que a partir da sua identificação e resignação pode ser melhor canalizada
- Convém ressaltar que os símbolos expressos nos sonhos não possuem significação única, e que não podem ser catalogadas de forma inequívoca, como se tivessem um único significado para todas as pessoas



14.6 - PROGRAMAÇÃO DOS SONHOS
- Alguns relatos de pacientes comprovam a possibilidade de se programarem os sonhos, através de uma intenção consciente de sonhar com determinado tema ou mesmo encontrar-se com determinada pessoa durante o sono
- Entretanto, nem sempre a vontade do espírito liberto mantém-se a mesma de quando estamos no estado de vigília. Sendo assim, prevalece sempre a vontade do espírito
- Ademais, nem sempre aqueles com os quais desejamos manter um encontro, estão disponíveis ou têm a mesma vontade. Isso vale também se analisarmos a questão em termos psicológicos, pois é possível que a vontade do EGO em sonhar com determinado objeto ou situação não coincida com a do SELF. Sendo assim, por ser o SELF a instância superior, prevalecerá na coordenação de toda produção psíquica
- Joanna de ângelis propõe que : “estabelecendo um programa de sonhos bons, será possível dar ordens ao subconsciente ao mesmo tempo racionalizando o material perturbador nele já depositado. Antes de dormir, cumpre sejam fixadas as ideias agradáveis e positivas, visualizando aquilo com que se deseja sonhar, certamente para tirar proveito útil no processo de crescimento interior, moral e espiritual”

14.7 - IMAGINAÇÃO ATIVA
- Uma das formas elaboradas pela psicologia analítica para o trabalho com os sonhos é a Imaginação Ativa. O termo foi utilizado inicialmente por Jung no ano de 1935
- Descrição do processo de sonhar com os olhos abertos :
“ De saída, o individuo concentra-se em um ponto específico, uma disposição, quadro ou eventos específicos. Em seguida, permite que uma cadeia de fantasias associadas se desenvolva e gradativamente assuma um caráter dramático. Depois as imagens ganham vida própria e desenvolvem-se de acordo com uma lógica própria. A dúvida consciente deve ser superada e, consequentemente, que haja permissão para que qualquer coisa incida na consciência”
- Joanna de Ângela estabelece que : “ Mediante a Imaginação Ativa é possível encontrar-se no arcabouço dos registros e depósitos do inconsciente, abrindo-lhe as comportas para uma equilibrada liberação, que irá contribuir grandemente para a conduta salutar do indivíduo, proporcionando-lhe uma existência equilibrada”
- “À medida que os sonhos se apresentam, liberando as imagens arquetípicas, o paciente, mediante a imaginação ativa, decodifica as informações e atualiza os seus conteúdos para os aplicar corretamente no seu cotidiano

CAP 15 - TRANSFORMAÇÃO MORAL : UM PROCESSO PSICODINÂMICO (Marlon Reikdal)
- Ensina Joanna de Ângelis que quase todos nós, diante dos desafios da vida, adiamos as soluções que exijam profundidade e, dessa forma, damos espaço para novos problemas
- Segundo a definição de moral pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa que “ela segue princípios socialmente aceitos; que denota bons costumes, boa conduta, segundo os preceitos socialmente estabelecidos pela sociedade ou por determinado grupo social
- A partir da questão 629 do LE, entende-se que moral é a regra de bem proceder, distinguindo-se o Bem do Mal, fundamentada na observância das Leis Divinas; e, transformação moral pode ser entendida como o processo de modificação interior para que o homem encontre-se cada vez mais próximo e de acordo com essa LEIS
- Os “mecanismos de defesa” estão diretamente ligados ao processo de transformação moral, afinal, quando o EGO se defende de um conteúdo ele está apenas escondendo ou fingindo para si mesmo que é diferente, mas não se transformando, ou seja, está gerando um problema ainda maior

15.1 - PSICODINÂMICO
- Segundo o vocabulário de psicanálise, dinâmico é “qualificação de um ponto de vista que considera os fenômenos psíquicos como resultantes do conflito e da composição de forças que exercem uma certa pressão
- O que é rejeitado exerce uma pressão constante no sentido da motilidade, de se fazer visto, e consumindo energia para isso
- O que a psique fará é conduzi-lo ao inconsciente tirando dele a energia que se direcionará a outros objetivos, encontrando outra forma de se fazer presente, e com isso, alimentando a Sombra humana
- Dentro de uma perspectiva Junguiana, Whitmont explica que a SOMBRA se refere à parte da personalidade que foi reprimida em benefício do EGO ideal
- A principal consequência desta repressão é que aquele disfarce faz com que o indivíduo (e apenas ele) acredite que está adequado, correto, e que já se transformou, enganando-se e perdendo seu tempo
- Tudo aquilo que não é aceito, acolhido ou assimilado pelo EGO, de nossa personalidade, constituirá a SOMBRA
- Joanna de Ângelis afirma que o EGO resiste à aceitação da realidade profunda e por isso elabora diferentes mecanismos escapistas como forma de preservar o seu domínio na pessoa : a compensação, o deslocamento, a projeção, a introspecção e a racionalização
- Um dos “mecanismos de defesa” bastante comuns nas comunidades religiosas é denominado de “intelectualização”
- Uma das finalidades principais da intelectualização é manter distância dos afetos, como se o sujeito procurasse dar uma formulação discursiva aos seus conflitos e às suas emoções, de modo a dominá-los
- A intelectualização é um conceito empregado principalmente para designar em psicanálise, uma modalidade de resistência ao tratamento
- No livro “A gênese” encontraremos as palavras simples do Codificador nos alertando que : “O progresso intelectual realizado até o presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca uma primeira fase no avanço geral da Humanidade; impotente, porém, ele é para regenerá-la. Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra
- Não estamos com isso minimizando a importância do desenvolvimento intelectual, pois o desenvolvimento moral acompanha o primeiro, pois ainda na gênese, Allan Kardec alerta : “Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens necessitam, mas de elevar o sentimento
- Não apenas no consultório psicoterápico, mas também nos grupos de estudos e cursos, percebemos que a intelectualização pode ser utilizada como tentativa de silenciamento dos sentimentos e, portanto, como fuga da moralização, num processo de escamoteamento de nossa personalidade
- A intelectualização pode ser utilizada como um artifício para não falarmos de nós mesmos, como uma forma de fuga nos mantendo dentro de uma situação modelo, evitando lidar com aquilo que desconhecemos ou que foge ao próprio controle
- A intelectualização pode nos conduzir à profundidade dos conceitos, mas sem outras habilidades jamais chegaremos até a profundidade de nós mesmos, regenerando nosso planeta através da nossa própria transformação
- Um número muito grande de pessoas procura a psicoterapia porque sabe muitas coisas (vivência puramente intelectualizada), e podemos acrescentar, na maioria das vezes, malconduzida religiosamente e não sabe como lidar com seus instintos, com seus desejos, com o que sente, pois o sentimento não obedece ao raciocínio
- Nesse percurso, comumente chega um momento da vida em que a pessoa é tomada por eles, como uma compulsão sexual, quadros de ansiedade, angústia, etc, ou perde-se o controle de si mesma sem conseguir fazer uso da vontade, como ocorre em muitos transtornos de humor, como a depressão
- Quando não conseguimos desenvolver a intelectualidade tão habilmente a ponto de podermos nos esconder atrás, de tanto que falamos, pensamos, argumentamos, discutimos, palestramos, podemos nos deparar com outras formas de fuga
- Para efeitos didáticos vamos enunciar comportamentos distintos e que se complementam, como outros mecanismos de defesa do EGO:
(1) NEGAÇÃO
- O vocabulário de psicanálise define negação como processo pelo qual o sujeito, embora formulando um dos seus desejos, pensamentos ou sentimentos até então recalcados, continua a defender-se dele negando que lhe pertença
- Algumas pessoas são capazes de passar a vida inteira acusando os espíritos de lhes incutirem pensamentos ou impulsos sem sequer perceberem que não são do domínio da consciência; mas são seus, pois partem do inconsciente, exigindo atenção e tratamento
- Podemos iniciar um contato com este conteúdo, mas como o EGO está mais preocupado em se defender, termina por negar
- De uma maneira ou de outra, aquele conteúdo continuará presente em nós, continuará determinando nosso comportamento, mas agora de maneira inconsciente

(2) PROJEÇÃO
- Segundo Laplanche e Pontalis a projeção é uma operação na qual o sujeito quer expulsar de si e localizar no outro, qualidades, sentimentos, desejos, etc, que ele recusa em si
- Whitmom explica a condição de que, se para o EGO tenho que ser correto e bom, então o outro(seja ele quem for), se tornará o portador de todo o mal que não consigo reconhecer em mim mesmo
- Joanna de Ângelis : “ A projeção alcança reações surpreendentes. Toda vez que alguém combate com exagerada veemência determinada traços de caráter de alguém, projeta-se nele, transferindo do “eu”, que o EGO não deseja reconhecer como deficiente, a qualidade negativa que o espelho lhe é peculiar. Torna a sua vítima o espelho no qual se reflete inconscientemente
- Os estudos psicológicos apontam que o auge da projeção encontra-se na psicopatologia dos delírios de perseguição, em que o perseguidor é colocado fora do paciente, sentido o perigo como ameaças exteriores
- Joanna de Ângelis orienta para que frente à tentação da crítica áspera, da censura ou da queixa contumaz, consigamos refletir que o problema não é do outro, mas projeção de nossa imagem, refletida nele, manifestando o complexo que se exterioriza

(3) FORMAÇÃO REATIVA OU PROJEÇÃO
- Encontramos na formação reativa um movimento interior, tentando provar para si mesmo e, por consequência, para o mundo, que se é oposto àquele afeto
- Joanna de Ângelis nos ensina que pessoas buscam refúgio nos ideais, especialmente nas doutrinas religiosas, adotando comportamentos nobres que são nada mais do que fuga da realidade, mascarando assim seus conflitos, ou podendo dizer em outras palavras que o EGO se exarceba para tentar esconder o “eu” debilitado

(4) INTROJEÇÃO
- A introjeção é uma internalização dos objetos. Uma forma de identificação na qual o indivíduo tenta igualar-se ao outro através da assimilação de elementos de sua personalidade, podendo ser normal ou patológico
- Alguns autores consideram a introjeção o inverso da projeção, por um ser para dentro e o outro para fora
- Joanna de Ângelis dirá que na introjeção o EGO acredita que as qualidades das pessoas lhe pertencem por ser parecido com elas
- Um exemplo de introjeção normal é a do em processo de formação da personalidade, que se identifica com algumas posturas, atitudes ou ideias de seu pai

15.2 - TRANSFOPRMAÇÃO MORAL : UM PROCESSO PSICODINÂMICO
- Tudo aquilo que denominamos de comportamentos desequilibrados, é definido em psicologia profunda como sintomas. São considerados produtos do Ser, mas não problemas em si. Apenas sinalizam a existência de um problema
- E justamente por não ser um problema em si, identifica-se um gasto de energia inútil na eliminação deste aparente problema sem ocorrer à transformação da estrutura, em profundidade, em essência, o que verdadeiramente não é transformação moral
- Tomemos como exemplo o ciúme, que é inquestionavelmente um problema com consequências morais significativas. Perguntamos se ele é uma causa em si mesmo que precisa ser combatido, ou é produto de uma personalidade, de um EGO que se estruturou até aqui como dominador, “coisificando” as pessoas à sua volta como se fossem suas posses?
- Esta concepção psicodinâmica nos faz pensar que: se a causa encontrar-se no EGO, e que sendo o ciúme apenas uma manifestação egoica (sintomas), caso alguns comportamentos da pessoa ciumenta sejam eliminados, sem a modificação estrutural, este EGO encontrará outras formas de se expressar, por exemplo, em processos de somatização, em que o corpo adoecido fala da necessidade da psique
- Pensemos na raiva, que é uma das emoções mais contidas nos meios religiosos. Pode ser definida como produto do EGO ferido
- Enquanto o indivíduo não aprender a lidar com esse EGO assoberbado que fantasia que não pode ser contrariado, iludindo-se que as pessoas devem pensar como ele, devem agir como quer, no tempo que quer, e quando assim não o fizerem terá direito de explodir. Enquanto não refletir que não é o centro de tudo, e que deseja uma permanente idolatria de si mesmo insustentável, nunca conseguirá lidar com sua raiva
- Se deixarmos de ser raivosos porque os outros recriminam, então não seremos explosivos, mas nos tornaremos sarcásticos ou irônicos, menosprezando as pessoas, expressando nossa raiva, não menos furiosa, apenas de maneira mais polida, alimentando nossa sombra pessoal. Certamente por não cuidarmos dessa raiva, achando que está suplantada, agiremos com condutas cada vez mais venenosas
- Sabiamente Jung afirmou “O homem que não atravessa o inferno de suas paixões também não as supera”
- Joanna de ângelis parece concordar com este percurso necessário de “adentrar o inferno das paixões” e relaciona ao processo de transformação moral: “Não se trata de ficar contra as imperfeições (a sombra interior), mas de identificá-la, para mais reforçá-la, o que equivale dizer, conscientizar-se da sua existência e considerá-la parte de sua vida
- Em sua obra “Em busca da Verdade”, Joanna de Ângelis continua : “Lutar contra a sombra representa proceder a um desgaste inútil de energia. Quando é identificada, a energia retorna à psique, e, à medida que a mesma é integrada, mais vigor se apresenta no ser consciente
- Segundo as orientações da mentora, e pelo que se percebe diariamente em psicopatologia, concebe-se que à medida que a pessoas se aceita, desprende energias que estavam sendo utilizadas na manutenção do conflito, e a partir daí pode canalizá-la para a autoiluminação
- o movimento de transformação, numa compreensão dinâmica, tem como passo primordial a autoaceitação, mesmo que isso inicialmente nos cause um embaraço, como se este “aceitar” fosse uma forma de acomodação ou conveniência
- Quando alguém é efetivamente capaz de aceitar como se encontra e acolher suas imperfeições, por este simples gesto, se verdadeiro, já iniciou o desenvolvimento da mais importante virtude que se opõe ao EGO adoecido: a humildade
- Por tudo isso, concluímos que quando nos aceitamos indistintamente, somos capazes de aceitar os outros. E aceitando os outros, conseguimos conviver, compreender, ser indulgentes, misericordiosos e capazes de perdoar
- E o que é o amor, o sentimento por excelência, senão a vivência de todas estas virtudes? Basta aceitar-se Verdadeiramente

JOANNA DE ÂNGELIS RESPONDE - PARTE 04
PERG 04 - “No fenômeno da cura, de qualquer espécie, a vontade é de fato o elemento decisivo, primordial, mais até do que a própria medicação e os tratamentos diversos buscados pela criatura objetivando sua melhora ?”
RESP : “A vontade exerce um papel relevante no processo de recuperação da saúde, nada obstante, quando o paciente não dispõe do equilíbrio psíquico para o raciocínio nem o comando da vontade, são indispensáveis os recursos valiosos dos medicamentos
- Desse modo, unindo-se a contribuição da vontade pessoal do enfermo, com a terapêutica especializada que lhe seja ministrada, mais fácil torna-se-lhe a recuperação da saúde

PERG 06 - “Atualmente percebe-se um interesse cada vez maior no estudo e pesquisa sobre “Resiliência” que é definida como “A capacidade humana para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade”. O que colabora para que um indivíduo se torne resiliente?
RESP : Durante o processo reencarnatório as experiências da adversidades fazem parte do programa de autoiluminação, pela necessidade do depuramento das mazelas ancestrais que o SELF carrega, transferindo de uma para outra existência orgânica
- Em face dessa visão profunda, a postura resiliente é necessária, de modo que o indivíduo adquira maturidade psicológica para compreender que não é uma exceção no processo da evolução humana, não é um predestinado, tampouco é alguém destituído de mérito para receber a auxílio divino, atirado no “vale de lágrimas, no degredo para sofrer”. Antes é alguém com incalculáveis possibilidades de desenvolvimento intelecto-moral, portador de tesouros adormecidos que, despertos e bem-administrados, favorecem-no com a plenitude