LIVRO
: “CULTIVO DAS EMOÇÕES”(MARLONREIKDAL)
CAP 01 - O
ESPIRITISMO E AS EMOÇÕES
1.1 - KARDEC E AS EMOÇÕES
- Muito antes dos dias atuais, Allan Kardec já se mostrava um
grande estudioso das emoções, debruçando-se sobre a compreensão psicológica do
ser humano
- O que mais admiramos no trabalho codificado por ele é a sua
capacidade de aprofundamento do homem integral, e fez isso antes mesmo da psicologia estabelecer suas
bases científicas e adentrar a sociedade como hoje a conhecemos. Muitos
anos antes
do pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961),
o grande desbravador do inconsciente coletivo
- Allan Kardec na conclusão de “O Livro dos Espíritos”,
estabelece três momentos para as ideias espíritas :
- Primeiro : o da curiosidade, provocada pela
singularidade que os fenômenos produzem
- Segundo: o do raciocínio e da
filosofia
-Terceiro : o da aplicação e das consequências
morais
CAPÍTULO SEGUNDO -
AUTODESCOBRIMENTO
- O autoconhecimento é o fundamento da
filosofia socrática e tem grande influência no pensamento
- O autoconhecimento é um chamado
antigo, e para nós cristãos foi reforçado pelas palavras do Nazareno ao dizer :
“ E Conhecereis a verdade e a Verdade vos Libertará”
- Entendemos que Jesus se referia a muitas verdades que ainda
precisamos acessar, entre elas, a verdade interior
- Estamos aprisionados em nós mesmos, perdidos, ainda
buscando alternativas exteriores que não nos preenchem, debatendo-nos entre a
preocupação com a aparência e a performance comportamental
- Buscamos aplausos, aceitação, valorização profissional,
familiar, pessoal, porém nada disso realmente nos liberta
3.1 - O
AUTODESCOBRIMENTO E O ESPIRITISMO
- Allan Kardec elabora uma questão que ainda parece pouco
compreendida pela maioria dos Espíritas : “Qual o meio prático mais eficaz que
tem o homem de se transformar moralmente e não ser arrastado pelo mau?
- A resposta oferecida pelos Espíritos é ao mesmo tempo curta
e profunda, por isso contundente : “Um sábio da antiguidade vo-lo disse,
conhece-te a ti mesmo”
- Sem coragem para enxergar a realidade interior, em busca de
quem verdadeiramente somos e de como estamos, não haverá possibilidade de transformação
- Esse desconhecimento demonstra que, de
fato, nós nos achamos humildes e altruístas, mas aprendemos que precisamos
falar que somos orgulhosos e egoístas para não parecermos prepotentes ou
arrogantes
- Desconhecemos que a proposta do Mestre não se referia às
simples atitudes, mas ao estado da Alma, posto que “Não me elevar agora para
ser elevado depois”
3.2 - AUTODESCOBRIMENTO É APENAS CONHECER-SE
- Investimos grande cota de energia na mudança comportamental
daquilo que os outros podem ver, avaliar e julgar, mas nem sempre fazemos o
mesmo esforço para lidar
com nossa interioridade, relegada a segundo plano
- Sem autodescobrimento, a transformação é
superficial, podendo nos adequar completamente às exigências e seguir todas as
recomendações externas do Centro espírita, sem promover qualquer modificação
interior verdadeira
- Ao frequentarmos as palestras ou os estudos sem
identificação de nossas necessidades morais, os conhecimentos ali obtidos
servirão para orientar, julgar ou conhecer os outros, sem eficácia para nós
mesmos
3.3 - AUTODESCOBRIMENTO É UMA ABERTURA À VIDA
- Quem deseja descobrir-se, precisa aprender a
abrir-se para o novo em si mesmo, precisando dispor-se ao afastamento de seus
autoconceitos e adentrar corajosamente a esfera dos questionamentos incertos
- Se alguém nos diz que nossa timidez pode ser orgulho,
podemos rapidamente negar e mantê-la no status de simplicidade ou humildade, ou
podemos nos questionar : “Será que sou orgulhoso e me escondo por trás dessa
timidez?”. Se não nos abrirmos a essa pergunta, jamais daremos passos mais
largos no sentido de nossa transformação
- Não precisamos de respostas rápidas, pois a postura de se autodescobrir
está em mantermos as questões em aberto e deixar que a vida nos dê, pouco a
pouco, as respostas
- O cotidiano é capaz de nos mostrar, nas pequenas
experiências, quem somos, desde que tenhamos disposições de observá-lo,
enxergando o que se repete em nossas vidas, exatamente porque isso fala do
nosso mundo interior
3.4 - AUTODESCOBRIMENTO É ENCONTRA-SE COM DEUS E COM O
PRÓXIMO
- Autodescobrir-se não é apenas se deparar com as limitações,
os problemas e as dificuldades, mas também encontrar o belo, a superação, a
iluminação, o potencial, a divindade ínsita(inserida) na criação
- Nós sabemos que Deus está em tudo, mas a experiência de
Deus não vem de fora para dentro. É preciso reconhecer em si, sentir, viver,
para identificá-Lo lá fora
- O Autodescobrimento mostra que somos muito mais do que acreditamos ser,
de ser capazes de perdoar, de amar, de nos doar, de servir, de compreender e de
tolerar
- À medida que nos encontramos internamente, podemos
suportar, respeitar e entender as dificuldades e os padecimentos de nossos
irmãos, desculpá-los das agressões, sentirmos compaixão e perdoá-los
- Também, reconhecendo a dificuldade de nos transformarmos,
naturalmente compreendemos a jornada dos outros, suas limitações e
dificuldades. Isso nos faz mais tolerantes com o próximo, num exercício de
fraternidade universal
3.5 - CONSEQUÊNCIAS DO AUTODESCOBRIMENTO
- Em geral, quando as pessoas começam a se conhecer têm a
sensação de estarem piores que antes, sendo a essa sensação de retrocesso
- Na verdade, não é regressão em termos de evolução moral,
apenas nos obrigamos a tomar consciência de nossa Sombra e de que não
estávamos tão acima como havíamos suposto, pois isso não é regredir, é
simplesmente assumir nosso verdadeiro lugar
- A maioria das pessoas não sabe que é tão egocêntrica e
egoísta quanto a realidade é, querendo parecer altruístas e dominar seus
apetites e prazeres, escondem tais traços, dos outros e de si mesmas, em uma
fachada que as mostre atenciosas, ponderadas, empáticas, refletidas e benévolas
- Jung afirma : “O encontro consigo mesmo pertence às coisas
desagradáveis que evitamos”, pois esse contato com a Sombra é extremamente
doloroso, porque atinge nosso Ego Adoecido e pretencioso
- Descobrimos, assim, que somos menos do que gostaríamos de
ser, porque isso fere o ego idealizado
- Essa é a primeira importante consequência do autodescobrimento
: a identificação da nossa verdadeira “estatura moral”
- O contato com a Sombra obriga-nos a descobrir um
homem novo, menor, menos importante, porém mais verdadeiro e entramos em
contato com nossa humildade, lembrando-nos de quem somos, diminuindo as
fantasias idealizadas e as exigências de pureza oriundas do Ego adoecido
- Segundo Jung, quando se consegue acessar o
conteúdo inconsciente, surge a questão de saber como o Ego
se comporta diante dessa situação, tendo início, assim, a confrontação entre o Ego
e o
inconsciente. Essa é a segunda e a mais importante etapa do processo,
isto é, a aproximação dos opostos da qual resulta o aparecimento de um terceiro
elemento : uma renovação da personalidade
- À medida que nos descobrimos como parte de algo maior, e
que não estamos no centro de tudo, isso nos faz rever o sentimento de
autoimportância, de super valorização, de onipresença
- Jung salienta : “Neste estágio, a condução do processo já não
está mais com o inconsciente, mas com o Ego, ou seja, na forma, como
lidamos com a vida, sendo essa transformação a mais importante para o momento
atual: o desenvolvimento da humildade
3.6 - EGO E EMOÇÕES
- Sabemos que as emoções fazem parte de nossa
primitividade, como forças que nos movimentam para além da vontade egoica
- Precisamos saber que o Ego não é o criador ou detentor das emoções,
e que elas são parte da natureza, portanto são criadas por Deus
- Sendo elas forma de energias, precisam de canalização
adequada para que cumpram com seu papel, e aí entra o Ego
- Jung, ao definir os Tipos Psicológicos, ele diz: “Visto que o Ego
é apenas o centro do meu campo da consciência, ela não é idêntico à totalidade
da minha psique, mas apenas um complexo entre outros complexos”
- Ao ler que o Ego é apenas um complexo entre
outros, percebemos que ele tem um papel na estrutura da personalidade
- O Pai da Psicologia Complexa, em diferentes momentos,
supondo que um de seus importantes compromissos frente à comunidade científica
foi comprovar que a pequenina parte consciente, à qual nos apegamos, é quase
nada em relação à personalidade total que somos
- Joanna de Ângelis define : “O Ego é produto de estado
de consciência, portanto transitório, impermanente”
- A psique, ou o Espírito, é uma totalidade
consciente-inconsciente, sendo o Ego a centralidade da parte
consciente, porém, é, incomparavelmente, menor que a centralidade do Self,
ou “Si mesmo”, que é o todo, e por isso, é infinitamente maior e mais potente,
capaz de gerenciar e organizar esse todo
- Com o tempo e com a
maturidade, o ser humano descobre que suas decisões mais seguras e
realizadoras não foram direcionadas pelo Ego, mas sim executadas a serviço do
Self,
a Divindade Interna
- O terapeuta Gunguiano, Gelson Roberto diz : “Quando reencarnamos
precisamos de uma roupagem psíquica, denominada de Ego
- Isto é necessário já que o espírito não pode reencarnar com
todas as informações da memória do passado e também ainda não tem a capacidade
de reter todas as informações vividas de maneira global e consciente, pois cada
espírito enxerga e compreende dentro da realidade evolutiva que se encontra
- O Ego é uma construção necessária para cada reencarnação,
por isso é provisório
- Somos um somatório das experiências anteriores,
apresentando algumas características vividas por nós mesmos em outras
reencarnações, cabendo-nos, assim, a grande tarefa de assimilar os
condicionamentos e exteriorizar uma personalidade consentânea (adequada) com o
ser real, buscando uma perfeita harmonia entre o ser e o parecer
- Como o Ego oferece a experiência que a
pessoa tem de si mesma, como um centro de vontade, desejo, reflexão e ação,
podemos imaginá-lo como o síndico de um edifício atuando. Nessa situação, ele
controla o fluxo de pessoas (conteúdos psíquicos), mas absolutamente não é o
dono do prédio, precisando se submeter às ordens superiores, e, por isso, esse síndico
precisará se moldar, orientar, afinar-se cada vez mais com as ordens e
exigências do conselho (o Self), que tem soberania sobre ele
- Um síndico, assim também o Ego, tem um papel
secundário, no entanto, de grande importância para o bem-estar geral, desde que
se submeta às ordens estabelecidas pelo condomínio
- Se esse funcionário desejar criar as próprias regras,
definindo à revelia quem entra ou quem sai, gerará dificuldades
- Se o Ego conseguir colocar as ordens e
vontades do Conselho Deliberativo acima das deles, mesmo contra sua vontade,
discordando ou não vendo sentido em algumas, acatá-las porque sabe que vem de
uma instância superior, diremos que ele está saudável
- Mas se desejar subverter a ordem, mantendo-se no poder,
fazendo apenas o que quiser, sem analisar as condições acima dele, sem se
submeter às determinações divinas, diremos que ele adoeceu, pois Ego
saudável é aquele que se permite uma relação de subordinação ao Self
- Em determinada fase do desenvolvimento humano, o Ego
corrompe-se pelo excesso de si mesmo, perverte-se à medida que se considera o
centro de tudo e aliena-se por achar autossuficiente
- O Ego desenvolveu-se como instância
psíquica, lidando com as sensações positivas e negativas, afinal desejamos as
sensações boas, contudo, muitas vezes, precisamos nos submeter às sensações
más, por saber que são necessárias
- Quando o Ego vivencia esse desvirtuamento,
esse desencontro em relação à vida, identificando-se como o mais importante, o
preferencial, teorizamos que está adoecido pela incapacidade de perceber seu
papem como partícipe da vida, lado a lado dos demais, devendo se submeter às
leis da vida
- Perdemos as referências internas quando nos colocamos no
centro do universo, pois, certamente, o mundo não gira ao nosso redor
- Ao se colocar no centro de tudo e acima de todos, o Ego
identifica os impedimentos e contrariedades da vida com um movimento
destrutivo, que o faz reagir ou se fechar e negar a vida
- Poucos de nós estamos dispostos a nos modificar, adaptar,
repensar, parecendo muito mais fácil romper, distanciar, acusar, negar, fugir
ou eliminar
- Denominamos isso de adoecimento do Ego, por identificar
sua fixação nas exterioridades e na transitoriedade da jornada física em
detrimento da essência e do verdadeiro motivo de estarmos reencarnados: a
evolução moral
- O Ego, enquanto,
um executor do jardim das emoções, precisa regá-las, dando
espaço e iluminação para que se desenvolvam, sem querer se impor a elas
- O medo surge para nós como algo
impensado, apenas aparece, nos toma, nos paralisa, e, como uma energia de
preservação, a canalização que daremos a ele será decisão nossa, a depender do
estado de harmonia ou desarmonia interior
- Assim também acontece com a raiva, que , como energia de
movimentação, podemos atuar energicamente, exigindo ou operando algumas
mudanças necessárias, ou mudar nossas expectativas e exigências internas, mas,
que, certamente, ele sozinho, não saberá fazer essa avaliação em todas as
situações, precisando, obrigatoriamente, ouvir as orientações superiores
- O mesmo ocorre com a tristeza que nos convida à
introspecção, a olhar para dentro para reajustar-se interna e depois
externamente, exigindo uma sabedoria que está além do Ego, e por isso precisará
recorrer ao Self para conduzir a situação de forma que gere ppaz e amor em si
CAPÍTULO TRÊS -
INTRODUÇÃO ÀS EMOÇÕES
3.1 - O
AUTODESCOBRIMENTO E O ESPIRITISMO
- Sem coragem para enxergar a realidade interior, em busca de
quem verdadeiramente somos e de como estamos, não haverá possibilidade de
transformação
- Investimos
grande cota de energia na mudança comportamental daquilo
3.1 - EMOÇÕES
BÁSICAS
- Em psicologia, emoção é uma reação afetiva intensa que
surge de forma aguda e de breve duração, determinada por um estímulo ambiental
- O estudo das emoções na vida atual deve muito ao trabalho
de Daniel Goleman, por ser um dos autores que aproximou a sociedade das
emoções, de modo especificamente convincente, fundamentado em pesquisas da
fisiologia, psicologia, da neurologia
- Junto com ele, uma avalanche de estudos científicos sobre o
tema pautou-se nas novas tecnologias, em especial,na Neurociência
- Ao apresentar a teoria da Inteligência Emocional em contraponto
com ao desenvolvimento intelectual, o psicólogo Norte-Americano , PhD pela
universidade de Harvard, mostrou que a incapacidade de lidar com as próprias
emoções pode destruir vidas e grandes promessas
- Em sua obra mais conhecida “Inteligência Emocional” o autor
transita com mais detalhes pelas questões da raiva, melancolia, medo e
ansiedade
- O que a obra identifica por principais candidatas a emoções
primárias são : ira, tristeza, medo prazer, amor, surpresa, nojo e vergonha
- Ele estabelece sete emoções que possuem uma expressão
facial distinta e universal : tristeza, raiva, surpresa, medo, aversão,
desprezo e felicidade
3.2 - TEORIA DAS EMOÇÕES NA OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS
- Joanna de Ângelis, oferece-nos importantes textos de
introdução ao estudo das emoções, dos quais nos chamam atenção , através de sus
livros: “Autodescobrimento : Uma busca Interior”(1995), “O Amor como
Solução”(2006), “Encontro com a paz e a Saúde”(2007), “Atitudes
Renovadas”(2009), “Rejubila-te em Deus”(2013)
- Na primeira obra encontramos uma proposta de avaliação da
emotividade, responsabilizando o próprio sujeito em equacionar a incógnita que
se é
- O homem e a mulher, pela sua estrutura evolutiva, são,
essencialmente, seres emocionais
- Recém-saídos do
instinto, em processo de conscientização, demoram-se no trânsito entre o
primarismo- A sensação- e a razão, passando pela emoção
- Na segunda obra, encontramos um capítulo repleto de
definições e explicações sobre sentimentos e emoções, retratando que os estudos
da neurociência confundem as noções de causa e efeito, quando tentam justificar
a origem das emoções em áreas específicas do cérebro, quando elas são
faculdades do Espírito
- Joanna explica que, quando o espírito inicia o processo
reencarnatório, o seu períspirito imprime nos genes e cromossomas os
sentimentos, as sensações, as emoções que lhe tipificam o estágio, de modo que
o cérebro, na sua condição de controlador do organismo, pode bem desempenhar as
graves e complexas tarefas para as quais foi construído nos últimos quinhentos
milhões de anos
- Na terceira obra, no capítulo destinado a felicidade,
encontramos linhas abordando a diferença entre sentimentos e emoções
- Ela define sentimentos como “As vivências do que é
percebido pela emoção de maneira consciente, enquanto a emoção é o efeito do
organismo a qualquer ocorrência, produzindo descargas de adrenalina pela
corrente circulatória, que se encarrega de pôr brilho nos olhos, colorir a
face, sorrir...”
- A mentora explica que a emoção produz o sentimento, posto
que a primeira funciona automaticamente, sem consciência direta da ocupação da
ocorrência, enquanto os sentimentos são
percepções conscientes das ocorrências
- Na quarta obra (Atitudes Renovadas), Joanna oferece
reflexões sobre muitos temas tais quais a tristeza, os complexos e projeções, a
afetividade conflitiva, a fragilidade emocional, a compaixão, a felicidade, a
ditadura do Ego, ressentimento, ódio, altruísmo, sofrimentos, estresse e
doenças
- Ela diz nessa obra : “ As emoções são responsáveis pelos crimes
hediondos, quando transtornadas, assim como pelas grandes realizações da Humanidade, quando direcionadas para os
objetivos dignificantes do ser”
- Por fim, a mentora aborda inúmeros temas conflituosos do
cotidiano, entre eles, traições, intrigas, arrogância, culpa, afetividade
conturbada, pânico, misericórdia, confiança, compaixão e compreensão,
sabedoria, paciência e da responsabilidade
3.3 - EMOÇÕES PERTURBADORAS
- Compreendemos que as emoções decorrem das paisagens
interiores do Ser. Então lidar com elas pressupõe trabalho interno anterior à
expressão emocional em si
- Joanna nos ensina que “Não se deve lutar contra as emoções, mesmo aquelas
denominadas prejudiciais”
- Jung diz: “O homem que não atravessa o inferno de suas
paixões também não as supera
- As emoções exigem presença, cuidado e consciência.
Precisamos saber o que está dentro de nós, para governarmos um pouco melhor
nossa vida interior
- Notemos que há um trabalho interior constante, uma viagem
profunda para dentro de nós mesmos, sem nos prendermos à fachada que pouco
importa
- Aprendemos a diluir
certos sentimentos negativos mediante outros de natureza harmônica e
saudável. Mas isso não deve ser confundido com a atitude mascarada de quem é
agredido e crê que vai diluir sua raiva apregoando : “Eu estou orando poe esse
irmão, pois é um coitado”, ou daquele outro ao afirmar que não vai sentir
raiva, “Pois Deus é justo a fará justiça”
- Também não se dilui a tristeza sobrepondo um sorriso de
alegria, forjando um estado falso da alma que está angustiada
- Se a vida emocional decorre do estado interior, não serão
palavras, gestos ou aparências, que modificarão efetivamente o estado emocional
- A substituição dos sentimentos adoecidos pelos saudáveis se
dá pela alteração dos valores internos em profundida indivíduo aos de, com
grandes esforços, persistência e disciplina interior
- Quando se abre a uma perspectiva menos egocentrada,
pensando bem e corretamente a respeito da sua importância, do seu lugar no
mundo e da interação com os demais, as emoções negativas se diluem-se e deixam
de impulsionar o indivíduo aos abismos da rebeldia ou do fechamento
- A própria reflexão sobre as emoções move o sujeito à
transformação para uma conduta Divina
- É necessário posicionar-nos frente a frente com nossas
emoções, dialogar a aprender com elas, cultivando-as adequadamente
3.4 - CULTIVO DAS EMOÇÕES
- Nos meios religiosos, muito se fala em “disciplinar as
emoções”, ou seja, colocar nossas emoções “no trilho”
- As emoções não se submetem aos simples desejos do EGO, e
pior, se rebelam e nos tomam o suposto equilíbrio
- Elas não estão prontos em nosso interior, para simplesmente
serem extraídas, pois , muitas vezes, representam o lado primitivo, inferior,
e, assim há um trabalho maior e mais complexo do que simples extração, sob o
risco de produzir mais estragos
- Muitas vezes, precisamos disciplinar nossas emoções, outras
apenas ouví-las e, em certas ocasiões, educá-las. Mas nenhuma dessa expressões
ainda representa a postura que precisamos assumir frente ao mundo emocional
- Assim como as flores, precisam ser cultivadas, cada uma
dentro de sua especialidade, a seu tempo, de um jeito próprio, quase particular
- O jardineiro e seu ofício nos fazem pensar sobre a relação
que temos com as emoções. Ele não produz o solo, muito menos a semente, ele
apenas cultiva
- Assim também somos, afinal não produzimos nem criamos
nossas emoções, pois elas fazem parte de nós e Deus nos oferece, como a semente
aso jardineiro, e precisamos cultivar se quisermos obter suas linda flores
- Se deixarmos a semente sobre a mesa ou sobre a terra, sem
cuidado, certamente não teremos flores. E assim se verifica com a nossa vida
emocional, pois , se não dermos espaço e não oferecermos os cuidados
necessários, ela jamais se realizará, atingindo seu potencial
- Cultivar as emoções é comprometer-se com a parte que nos
cabe em relação a elas, em um equilíbrio que nos faz enxergar as necessidades
individuais, equilibrando-se entre a repressão e a atuação desgovernada quando somos
completamente tomados pelas emoções
- O nossa mundo emocional necessita de atenção permanente,
visando o equilíbrio interior
- Também como o jardineiro, que não repete as mesmas ações,
nem o mesmo tipo de cuidado ao longo das estações do ano, assim precisamos,
também, compreender o tempo dentro de nós, pois há dias em que nos alegramos,
outros em que nos entristecemos
- Há dias de para ouvir nossos medos, e também há momentos em
que precisamos silenciá-los
- Cultivar também é dedicar-se a estudo, saber, conhecimento
- Existem características próprias das emoções : o medo é uma
energia de preservação, a raiva é uma energia de movimento, e a tristeza, uma
energia de introspecção
- Cultivá-las é conectar-se às suas nascentes, identificando
de onde vêm as suas necessidades, verificando o que precisam, e as suas
potencialidades, aceitando seu destino em nós
- Também inclui o estudo, o saber teórico e prático, para
identificarmos a presença de cada uma delas em nós, diferenciá-las das demais,
entender seu funcionamento e, principalmente, seu sentido naquele momento
CAPÍTULO QUATRO - O MEDO
4.1 - DEFININDO O MEDO
- É a primeira emoção em termos de desenvolvimento humano,
uma energia de preservação, absolutamente necessária à nossa sobrevivência
- Ele é uma
reação fisiológica e psicológica a determinados estímulos
- Joanna de Ângelis nos apresenta o medo como a primeira
emoção, acompanhando as sensações primárias dos prazeres da alimentação, do
repouso e do sexo, que se transferiu, de geração em geração, até os nossos
dias, nas variantes de receio, pavor, fobia
4.2 - IDENTIFICANDO O MEDO
- Mira Y Lopes, psiquiatra, psicólogo, sociólogo, acrescenta
às facetas do medo, a timidez, a escrupulosidade, o pessimismo, o ceticismo,
e, como máscaras menos comuns : o tédio, a vaidade, a hipocrisia e a mentira
(1) Timidez
- Uma pessoa tímida é aquela que sofre, de forma permanente,
uma atitude de medo ante o fracasso ou o ridículo em seus intentos de relações
e êxitos sociais
- O tímido não é tanto pela falta de sentimentos de
autoestima e crença de autoinsuficiência, senão por ser excessivamente
ambicioso e não querer arriscar seu bem guardado “amor-próprio” de seus atos
que serão julgados por terceiros
(2) Escrupulosidade
- O comportamento que pretende aparentar de retidão impecável
é exterior, pois no fundo, o escrupuloso é um pequeno covarde irritado
- A atitude escrupulosa, de “pôr os pingos nos is”, encerra,
implicitamente, tanto dose de medo quanto de agressividade
(3) Pessimismo
- O pessimista é um covarde que procura com supostas razões
exibir seu medo camuflado
(4) Ceticismo
- O cético é uma pessoa que quer ser aquilo que não é. É
crente, mas um crente absoluto, pois crê que não crê, isto é, estima não
estimar, tem fé na falta de fé
(5) Tédio
- A pessoa entediada tem medo de ficar consigo mesma, e se
deprime quando não tem nada que a distraia ou proteja contra o medo de si
mesma, de sua vacuidade
(6) Vaidade
- O vaidoso é um medroso que procura convencer-se de
que não tem motivo para se sentir inseguro, posto que valha mais do que os outros
(7) Hipocrisia
- A hipocrisia não é um traço de perversão, nem de astúcia,
mas fundamentalmente, de covardia ligada a uma ambição compensadora e desmedida
- Ele segue a linha de conduta destinada a captar a confiança
(e também o auxílio) do ser a quem teme, e, por temê-lo, odeia
(8) Mentira
- Quem mente sistematicamente é um medroso covarde, ou seja,
um medroso que não sabe dominar seu medo
4.3 - CLASSIFICANDO O MEDO
- Classificamos o medo
em dois grupos: os “impulsionados pelo instinto de sobrevivência” e os “impulsionados
pelo Ego adoecido”
- O medo enquanto energia não é
negativo, pois atua em favor de nossa preservação, impondo paradas, recuos, nos
fazendo escolhas
- O segundo grupo, os “impulsionados pelo Ego
adoecido”, retrata uma tentativa de preservação do Ego adoecido que
teme sucumbir, perder seu suposto reinado, ser descoberto como imperfeito que é
- Quando somos convidados a orar em público, vivemos um
estado de inquietude que realmente nos dá a sensação de termos sido “atirados
aos leões”. Embora seja um impulso de preservação, é adoecido, afinal, ninguém
corre o risco de vida por orar entre irmãos de uma mesma comunidade
4.4 - COMPREENDENDO O MEDO
- Na obra “O Despertar do Espírito”, Joanna de Ângelis
elenca(acrescenta), além do medo das ocorrências imprevistas,
outros medos como resultado de transtornos psicológicos, de atavismos
ancestrais, de ansiedades mal contidas e de conveniências perturbadoras
- Ela explica ainda que não é exatamente o fato ocorrido, mas
a forma como o mesmo é sentido ou compreendido pelo indivíduo, que se torna o
fator desencadeador do medo
- Em “Diretrizes para o Êxito”, ela diz que existem seis
tipos básicos de medos : da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica
e da perda de um afeto profundo, afirmando que todos eles decorrem da
inseguranças pessoal decorrente dos conflitos passados, originados em
comportamentos infelizes
- No livro “Conflitos Existenciais”, ela estabelece fatores
endógenos e exógenos que respondem pela presença do medo
(1) Fatores Endógenos
- Estão envolvidos os comportamentos infelizes de
reencarnações anteriores, impressos no
períspirito
- O períspirito instala no inconsciente profundo as matrizes
do receio de ser identificado, descoberto como autor dos demais danos
produzidos em outros e que procurou ignorá-los, mascarando- se de inocente
(2) Fatores exógenos
- Neles estão elencadas (catalogadas) as atitudes
educacionais no Lar, os relacionamentos familiares agressivos, o desrespeito
pela identidade infantil e as narrativas apavorantes nas quais se comprazem
certos adultos
4.5 - CULTIVANDO O MEDO
- Ao analisá-lo pela perspectiva do cultivo das emoções,
simbolizamos o medo com a coroa-de-cristo que é um arbusto com longos ramos e
com muitos espinhos
- Também é conhecida como “coroa-de-espinhos”, “dois irmãos”,
“bem-casados”
- Por causa dos espinhos afiados, ela é utilizada por cerca
viva, por manter, assim como medo, pessoas e situações a
certas distância, gerando um estado de proteção
- Da mesma forma, o medo em certas manifestações também
tem essa função, visando estabelecer distanciamento para proteção
- Quando impulsionado pelo instinto de sobrevivência, ela
assume importante papel em nossas vidas, e por isso, deve ser estimulado
- Tentar matar essa “planta” em si, é colocar-se em risco que
certamente conduzirá para prejuízos cada vez mais graves, até alcançar a
anulação
4.5.1 - Fazendo a poda
- Quando a coroa-de-Cristo merece atenção e estímulo para se
desenvolver, pois quando não cultivada adequadamente cresce em desgoverno e se
torna fonte de transtornos e impedimentos
- Para discernirmos quando é necessário um “estímulo ao
crescimento” (medo impulsionado pelo instinto de sobrevivência) ou à
“poda” (medo impulsionado pelo Ego adoecido), precisamos aprender a nos
perguntar : “O que está em risco?”... “O que está em jogo ali?”
- Assim chegamos de fato à questão do “Ego adoecido”, que se
sente numa berlinda entre preservar-se para se manter enaltecido e exaltado, ou
correr o risco de ser “derrotado”, “desmascarado”
- Ao fazermos a oração, podemos pensar : “E se eu errar?”, “E
se eu esquecer parte da oração?”, “E se minha oração não for bonita?”, “E se eu
falar baixo de mais e ninguém escutar?”
-
Todas essas situações em que sentimos medo não são impulsionadas pelo “Instinto
de sobrevivência”. O “Ego adoecido”, por
interpretar essas supostas falhas como verdadeira morte da sua supremacia,
reage com medo de descobrirem não ser tão bom quanto deseja aparentar, nem tão
maravilhoso como alguns acreditam , nem tão equilibrado quanto tenta mostrar
- O “medo impulsionado pelo instinto de sobrevivência” fez com que os apóstolos de Jesus reunirem-se nas catacumbas, no escuro das
madrugadas, para não serem mortos. Se fossem movidos pelo “Ego Adoecido”, deixariam de fazer o
que acreditavam no fundo da alma , e nós não vivenciaríamos hoje a glória de
sermos cristão
- Onde e como estaria a
humanidade se os grandes nomes da
ciência dessem espaço ao medo de errar, de se frustrar, de não alcançar seus
objetivo?
- Cultivar o medo, nessas circunstâncias, é o
mesmo que fazer a “poda” adequada da Coroa-de- Cristo” para que não cresça
demais e impeça a passagem
- Vivemos inúmeras situações em que as inseguranças impulsionadas pelo “Ego
adoecido”, pelo excesso de si mesmo, estão presentes e não percebemos quantos prejuízos
isso nos impõe
- Não enxergamos o quanto deixamos de oferecer ao mundo, o
que temos de melhor quando não falamos às pessoas quão importantes são em
nossas vidas ou o quanto as amamos, por temor de sermos rejeitados. Esse comportamento
produz uma falência em nossa alma, afinal, a vivência dos bons sentimentos nos
alimenta e nos fortalece
- Temos preocupações de nos entregar, pois o Ego
imaturo
busca garantias descabidas para não sofrer. Ambicionamos a recompensa, o
reconhecimento, o acolhimento, sem correr o risco da rejeição ou do mau
entendimento, desejando retorno antes mesmo de fazer investimentos
- Vivemos numa sociedade carente, em que desejamos nos sentir
amados, aguardando alguém que nos faça sentir especiais, esquecendo que o que
nos faz sentir preenchidos e satisfeitos não está ligado ao quanto somos
amados, mas sim ao quanto amamos
- E, assim, adentramos um ciclo pernicioso, onde quanto menos
oferecemos nosso amor, aguardando os outros, menos nos sentimos amados
- Em nossos lares, tentando sobreviver à rotina, precisamos
aprender a declarar o quanto amamos as pessoas que estão à nossa volta, como a
vida mudou com a presença delas e quanto sentiremos sua falta coma separação
futura
- O “Ego doente” pela excentricidade fica
refém do mundo exterior que lhe dá um suposto sentido e uma sensação de valor
- Anda cambaleante entre o pavor de expressar seus aspectos
positivos e sofrer, seja pela rejeição, pelo abandono ou pela frustração, e o
de exprimir seus aspectos negativos e viver as mesmas experiências de rejeição,
abandono e frustração
- E, por estar numa fase de imaturidade, em vez de enfrentar
essa emoção para descobrir seu verdadeiro valor, esconde-se sob o pretexto da
timidez, da simplicidade, da humildade, da introversão
- Temos medo de pedir desculpas, ou perdão e
não sermos atendidos; de nos voluntariarmos para algum trabalho e não darmos
conta ou decepcionarmos os outros; de nos declararmos espíritas e não sermos
compreendidos
- Temos certeza que seremos rejeitados por sermos quem somos
além das aparências, e, por isso, criamos máscaras que não condizem com nossa
intimidade
- Também, obviamente, por não expormos nosso lado frágil,
deixamos de receber o acolhimento, o aconchego e a amorosidade que desejamos
- Ficamos ansiosos na realização de uma oração em público, de
uma palestra ou da coordenação de uma atividade, revelando isso, quanto ainda
somos movidos pelo “Ego adoecido” que está mais preocupado com seu desempenho e a
avaliação do mundo, receando ser criticado ou condenado, do que com a atenção e
a entrega à tarefa em si
4.5.2 - Descendo do Topo
- Esses medos são danosos porque revelam
que nos colocamos num lugar mais alto do que de fato estamos, e temos medo
de abdicar dessa ilusão: de quem não erra, de perfeição, de ser dono do
saber, de ser amado por todos
- Por isso, dizemos que o Ego está adoecido, afinal,
recusa-se a aceitar seu verdadeiro lugar de impermanência e insignificância no
mundo
- A perspectiva do cultivo das emoções não pressupõe
enfrentamento e exposição imediata, impositiva e impensada, como alguém que se
livra de um problema
- Quando cultivamos essa emoção adequadamente, não damos
espaço para que as preocupações ligadas à sobrevivência do “Ego adoecido” sejam
alimentados, do mesmo jeito as plantas indesejadas no jardim
- Se o medo não for cuidado, como o
jardineiro que abandona sua tarefa, ele tomará conta do canteiro, gerando
destruição
- Porém, não devemos atacá-lo sem critérios, a golpes
desgovernados de foices, sob o risco de decepá-lo e nos expormos
demasiadamente, gerando traumas e dores profundas que seriam desnecessárias
- O medo enquanto uma energia de
preservação, tem sua função impulsionada pelo instinto de sobrevivência. No
caso do “Ego Adoecido”, ele precisa ser orientado amorosamente
- Precisamos mostrar para nós mesmos, gentilmente, que as
situações de exposição às quais o medo nos paralisa, mais que
barreiras e possibilidades de aniquilação da aparência, são oportunidades de
crescimento interior e de realização divina
- Quando somos dominados por esse “Ego Adoecido”, por medo
de perder o falso predomínio, deixamos de cumprir com nossas responsabilidades
mais profundas perante Deus, abandonando nossos propósitos divinos e, por fim,
destruímos nosso sentido existencial
- Quando somos capazes de confrontar os terrores decorrentes
do “Ego
Adoecido”, colocamo-nos no lugar do educando que aceita os desafios do
educador, sabendo que as situações, dolorosas ou não, têm um sentido de ser e
merece nosso investimento e atenção, num processo de aprendizagem e crescimento
- Talvez por isso a mentora Joanna de Ângelis seja tão direta
: “A mais excelente terapia contra o medo e a ansiedade é a irrestrita
confiança em Deus, que criou a vida com objetivos elevados
- A Doutrina Espírita ensina-nos o descompromisso com a
imagem, com o ideal orgulhoso, com a expectativa ou com a aparência, a não
recearmos a dor, o sofrimento, a
rejeição, o abandono ou a frustração, devendo nos comprometer apenas com nossa
essência , servindo somente a Ele, amando a cada dia, mais e mais, e nos
entregando ao Deus do Amor
CAPÍTULO 5 - A RAIVA
5.1 - SENTINDO A RAIVA
- Em geral, a raiva é aceita e até valorizada por
parecer o oposto da passividade e da permissividade
- Segundo Joanna de Angelis ninguém deve envergonhar-se ou
conflitar-se por ser vítima da raiva, fenômeno perfeitamente normal
no trânsito humano, devendo-se evitar o escamoteamento dela, pela dissimulação,
mantendo-a intacta
- A raiva torna - se grave quando não
se tem capacidade de administrá-la
- Compreendemos, assim, a existência de um caminho do meio,
no qual devemos nos balizar, tendo num extremo a repressão, negando-se para si
mesmo, e no outro, a expressão desajustada ou valorização irrefletida, ambos prejudiciais ao ser humano
- Se precisamos assumir que sentimos raiva, também precisamos
nos responsabilizar pelo que fazemos com ela
- O alerta é para não escondermos essa emoção, pois se não a identificarmos, como
poderemos cultivá-la adequadamente para que dê flores e por reprimí-la
adensamos essa energia que, aos poucos, torna-se um morbo prejudicial a nós
mesmos e aos que estão a nossa volta
- Quando uma criança sente raiva é sempre melhor
auxiliá-la a entrar em contato com a sua emoção, pois ela “castrada”, não
aprende a lidar com a raiva
- Confundimos “criança reprimida” com “bem-educada”, pela falta de
compreensão a respeito da raiva, somada ao preconceito de nos
libertar das exigências angelicais
5.1.1 - A RAIVA ENGOLIDA
- Como energia de movimento,
engolir a raiva significa adentrar um processo de autoagressão
materializada no próprio corpo, que logo mais produzirá certas doenças
- No livro “Autodescobrimento- uma Busca Interior”, Joanna de
Ângelis atesta que toda a vez que a raiva é submetida à pressão e não
digerida emocionalmente, esta produzirá danos ao organismo físico e psíquico
- No físico, mediante distúrbios do sistema vago-simpático,
tais como indigestão, diarreia, acidez, disritmia, como autopunição. No
emocional, nervosismo, amargura, ansiedade, depressão, etc
- Diz ainda Joanna de Ângelis que as raivas ingeridas a
contragosto e não eliminadas desde a infância, poderão desencadear tumores
malignos e outros graves efeitos no organismo, alterando a conduta por completo
- Há inúmeros estudos científicos, estabelecendo as relações
entre a raiva e adoecimento físico. Destacamos um interessante artigo
científico Junguiano, produto de uma tese de doutorado em psicologia Clínica da
PUc/São Paulo, ocasião em que Moreno estudou a raiva associada à
gastrite e esofagite, bem como certos problemas de pele e disfunções da
tireoide
5.1.2 - A RAIVA DE NÓS MESMOS
- Existem pessoas que se autoagridem quando algo errado,
batem com a cabeça na parede, se beliscam ou se esbofeteiam
- Em outras circunstâncias, vivemos essa raiva de nós mesmos de
forma mais silenciosa, e por isso, talvez, seja mais difícil a identificação
- Em casos de relacionamentos
conjugais mal-sucedidos ou de traições, podemos, ao invés de sentir raiva
do cônjuge, sentirmos de nós mesmos por termos nos colocado naquela situação,
ou por termos dificuldade em fazer boas escolhas para um relacionamento
afetivo, ou por não termos percebido antes a situação
- Às vezes, temos raiva
de nós mesmos por não atingirmos determinado objetivo, como ser aprovado numa
prova ou sair bem numa entrevista
5.1.3 - A RAIVA QUE ESCONDE O MEDO
- Não sentimos raiva sem antes
sentirmos medo
- Essa força não cresce em nós à
medida que nos sentimos mais potentes, e justamente o contrário, à medida
direta que nos sentimos fracassados em nossa suposta potência, quando nos faltam
meios seguros para anular os efeitos do insulto
- Salientamos que, em determinados
momentos em que sentimos raiva, nosso desejo de destruição
decorre da sensação de fracasso, fragilidade ou limitação
- Transformamos o contexto para fugir
dos sentimentos decorrentes dessa situação, pois ainda somos imaturos demais
para nos deparar e assumir nossas fragilidades. Expulsamos a sensação de
mal-estar letal “matando para não morrer”. Mas de qual morte falamos?
- Muitos homens e mulheres parecem
extremamente fortes, agressivos, conseguem delimitar espaços, romper relações
sem aparentar qualquer problema emocional
- Imaginamos que sejam pessoas bem
resolvidas emocionalmente, beirando à frieza dos sentimentos e, em geral,
demonstram autossuficiência, independência, distanciamento emocional e parecem
não depender do afeto de ninguém, pois agem com raiva, mas não sabem que
essa é filha do medo
- Pessoas têm comportamentos
distantes, fingindo independência, mas esse comportamento, em geral, camufla o
pavor de precisar e não ter quem as ajude
- Tentam, elas, demonstrar que não
necessitam de afeto e atenção, ocultando de si mesmas o receio que têm de não
serem amadas como são, ou de serem usadas pelos demais
- Essa, para nós, é uma das mais
difíceis camuflagens da raiva, e que mais precisa de atenção, pois, afinal,
tudo indica que ela surge para ocultar o sujeito frágil que habita em nós
5.1.4 - ENLOUQUECIDO DE RAIVA
- Se a repressão é uma postura
adoecida emocionalmente e prejudicial, o seu extremo oposto, a expressão
indiscriminada, é tão perturbadora quanto ou mais
- Reforçamos essa afirmativa, pois
sob o discurso dos prejuízos de negar ou reter a emoção existe quem atue em
extremos impensados, crendo que a livre expressão da emoção desequilibrada seja
a melhor opção
- As reações raivosas fazem subir a
pressão arterial e, mais do que se supunha, tendem a endurecer e degenerar as
artérias mais rapidamente do que as de pessoas calmas
- Quando uma professora da PUC de
Campinas, Marilda Lipp afirma que 90% dos hipertensos são pessoas com propensão
para a raiva, e algumas têm temperamento explosivo, podemos perguntar:
“Quantos desses talvez sejam hipertensos por terem um comportamento raivoso?”
- Além de todos esses elementos, o
coordenador do Programa de Ansiedade e Depressão, do Instituto de psiquiatria
da UFRJ, ainda acrescenta : “Elas tendem a ter compulsões e, com isso, comem,
bebem, e consomem mais. Quando estão com raiva, sua reação costuma ser
agredir
5.1.5 - TÉCNICAS PARA A ADMINISTRAÇÃO
DA RAIVA
- Ninguém conseguirá atingir mais
equilíbrio de sua vida emocional apenas com técnicas de contenção dos impulsos,
pois será sempre preciso buscar a consciência do móvel interior que disparou
essa energia, e essa pode ser a principal técnica
- Entrar em contato com a raiva
é dialogar com a emoção, percebendo suas características, suas intenções e seus
gatilhos
- Joanna de Ângelis faz algumas
sugestões : gastar a energia em uma corrida ou num trabalho físico estafante,
mas declara que a eficácia da atitude depende de não ter a conotação de fuga de
si mesmo
5.2 - COMPREENDENDO A RAIVA
- Vivemos dias alucinados,
acreditando que o mundo deve girar em torno de nós, e tudo aquilo que impedir o
nosso reinado é visto como uma ameaça e precisa ser urgentemente eliminado
- Perdemos as referências internas e
adoecemos de tal forma que nos tornamos cada vez mais raivosos, irritadiços e
de difícil convivência
- Sempre que as coisas não saem como
planejamos ou desejamos, sentimos raiva e o ego interpreta isso como
um ferimento, uma afronta e, por isso, reage agressivamente
- Temos uma tendência de transferir
as nossas responsabilidades aos outros, e na questão da raiva não é diferente.
Por isso, precisamos nos perguntar “Por que estou sentindo isso, dessa forma e não de outra?”... “Por que sinto raiva
quando poderia sentir pena ou compaixão?”
- Joanna de Ângelis explica : “Quando
algo ou alguém se choca com o prazer, o bem-estar de outrem, ou afeta o seu
lado agradável, desencadeia-lhe, instantaneamente, a chispa da raiva”
- Nas obras de Joanna de Ângelis fica
evidente a diferença entre a raiva enquanto emoção que faz parte
de nossa nível evolutivo, e da qual não devemos nos envergonhar, e a cólera
como um grave distúrbio, inimigo do ser humano, que alucina e impulsiona o
indivíduo a atitudes completamente irracionais
- Joanna de Ângelis e muitos outros
estudiosos da psique humana afirmam: “A raiva instala-se com facilidade nas
pessoas que perderam a autoestima e se comprazem no cuidado pela imagem que
projetam e não pelo valor de si mesmas (livro: “Autodescobrimento-Uma busca
Interior”)
5.3 - CULTIVANDO A RAIVA
5.3.1 - FAZENDO A PODA
- Do mesmo modo que cultivar uma planta implica fazer a
“poda” adequada, cultivar a raiva não é simplesmente alimentá-la
para que cresça desgovernadamente
- Cuidar dela é dar curso ordenado
para que essa energia cumpra com seu papel e ofereça-nos os resultados
esperados
- Encontramos essa orientações nas
palavras de Joanna ao dizer que precisamos cuidar para que a descarga volumosa
e abrasadora mão encontre material inflamável em nós mesmos, para que vá
desaparecendo sem deixar vestígios
- Com isso, ela deixa claro a
respeito da presença da raiva em nossas vidas e o quanto
devemos cuidar para não darmos mais alimento às feras dentro de nós
- Nós não podemos nos privar de sentí-la,
sob o risco de nos reprimirmos e nos perdermos de nós mesmos, porém temos o
compromisso da poda, através do controle e da disciplina, para que essa emoção
não seja extravasada inconsequentemente, ferindo o nossa próximo e as leis
- Podar, no sentido de disciplinar
determinada energia para evitar mais prejuízos, não é reprimir, pois a
repressão é uma negação para si mesmo, acontecendo de maneira inconsciente, sem
sabermos que estamos reprimindo
- Quando assim agimos. Tentando
compreender a emoção em nós, antes de darmos vazão desgovernada, adentramos
outro estado emocional mais pacificado
- Entrar em contato com a própria raiva
e começar a entendê-la, analisando seus disparadores e os complexos que foram
tocados, produz uma organização interna, um estado de mais lucidez que nos
impede de sermos tomados pela emoção que nos deixa destrambelhados
- Quando “nos damos um tempo” para
pensar, analisar as situações por outros ângulos, silenciando os impulsos
daquele momento, em geral, chegamos a outras conclusões e somos levados a tomar
atitudes, diferentes daquelas em que agimos intempestivamente
- Precisamos nos apressar em ouvir e
nos demorar em reagir, afinal, dessa maneira poderemos enxergar os fatos com
mais detalhes e profundidade e, principalmente, enxergar a nossa Alma
- Emmanuel afirma : “O caminho humano oferece,
diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto, sempre que possível,
é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes,
surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparecerá”
5.3.2 - CRIANDO UMA CERCA PARA NOS
PROTEGER
- Joanna de Ângelis no livro
“Autodescobrimento-uma busca Interior”, nos aconselha que, quando ofendido, o
indivíduo precisa expor seus sentimentos ao agressor, aos amigos, sem queixa,
sem mágoa, demonstrando ser normal a vivência dessa emoção, e que como ser
humano, necessita de respeito
- É preciso sinalizar ao agressor o
que sentimos, caso contrário, estamos dando autorização para continuar, e o
pior de tudo é que vamos camuflando, fingindo que nada está acontecendo, e em
determinado momento teremos uma explosão desproporcional, somatório da situação
imediata e de tudo aquilo que não trabalhamos anteriormente
- Quando nos encontramos em situações
de violência física ou moral, o Ego certamente fará sinalizações buscando
sobreviver, e essa reação precisará ser acolhida com respeito a autoamor
- É certo que já vimos pessoas que
mantêm uma postura de submissão, mesmo à custa de dor e sofrimento, com o
objetivo de demonstrar ao mundo que são boas, mansas e humildes
-Se assim procedem, não o fazem pelo
outro, como fossem verdadeiramente altruístas, equilibradas ou caridosas, mas
sim pela própria imagem, talvez para se sentirem amadas, valorizadas, especiais
- O problema está naquele que finge
agir por um bem maior, mas na verdade o faz sem o consentimento da Alma, agindo
assim, com a intenção equivocada de ser elevado futuramente. Essa atitude,
produto do Ego adoecido pelo desejo de elevação, produzirá maus frutos, e
por ser consequência direta do amor legítimo, acabará por destruir os bons
sentimentos
- Ultrapassar o limite pessoal sob
justificativa de elevação moral é transgredir a Lei, fingindo santificação
antes de ter alcançando a plena humanização
- A partir disso, tudo o que poderia
ser aprendizado e crescimento interior, por nos machucar demais, se transforma
em mágoa, em ressentimento, ou até em ódio
- Proteger-se é muito diferente de
agredir o outro, por isso, a mentora nos orienta a não nos permitirmos a
intoxicação com os vapores morboso(doentios) da dissensão (disputa),
mantendo-nos em equilíbrio mesmo quando ocorram situações vexatórias e que nos
provoquem reações violentas
5.3.3 - ADUBANDO O SOLO PARA A
ATUAÇÃO VIGOROSA
- A raiva produz um estado de
alerta e preparação do corpo para golpear do inimigo, gerando pulsação e
energia suficiente para uma atuação vigorosa
- Quando o Ego harmonizado com o Self
consegue utilizar dessa energia de movimentação para operar mudanças
importantes, transformar situações, impedir a violência e o desrespeito, está
fazendo uma atuação vigorosa com fins positivos
- Ao vivermos um casamento em que
somos constantemente traídos, sentirmos raiva é um sinal de que o Ego se sentiu ferido. Mas
isso, não necessariamente, quer dizer egocentrismo
- Em verdade, em uma situação como
essa o estado de adoecimento egoico seria justamente o contrário
- Permanecer dessa forma, fingindo
nada acontecer e tudo suportar, seria uma forma de descuido pessoal. Não exigir
qualquer mudança no sentido de autopreservação é que seria um problema, afinal,
não podemos confundir tão facilmente autoamor com egocentrismo
- Frente a essa situação, uma atuação
vigorosa será bem-vinda, caso contrário, ao nos mantermos passivamente,
estaremos descuidando de nós mesmos
5.3.4 - MUDANDO A PLANTA DE LUGAR
- Quando impulsionada pelo Ego
adoecido, pelo excesso de nós mesmos, queremos mudar o mundo e fazer com que as
pessoas se adaptem a nós, sem perceber que estamos nos colocando em um lugar
privilegiado, acima do que merecemos. Às vezes, somos nós que precisamos mudar
de lugar
- Na Lei de Destruição, do Livro dos
Espíritos, os Espíritos superiores ensinam que precisamos enxergar na
destruição uma transformação, e que, a destruição é Divina quando se cumpre em
um tempo, necessidade e sentido adequados
- Precisamos romper com as imagens
dentro de nós mesmos, do quanto nós nos achamos importantes, certos e
adequados, pois sentimos raiva quando o mundo não se ajusta
a esse julgamento equivocado que fazemos de nós mesmos
- Por isso, falamos em mudar a planta
de local, em trocar de vaso, pois precisamos adentrar a um estado de menos
“luminosidade”, descobrir os benefícios da “Sombra”, permitindo-nos rever
posicionamentos a ações
- O cultivo da raiva, através do
rompimento desnecessário, querendo se subtrair de transformações morais, faz
com que ela se transforme em energia desenfreadamente destrutiva
- Cultivar a raiva é canalizar essa
energia para atuar de forma a fazer com que a lei Maior se estabeleça. Por
vezes, precisamos realizar mudanças externas, revendo relações, situações,
contratos e interromper sutações desnecessárias e prejudiciais
- Ao longo de toda a obra “Psicologia
da Gratidão”, Joanna de Ângelis explica-nos que existem sofrimentos que nos
chegam sem depender de nossas atitudes, e precisamos aceitá-los por verificar
que o fenômeno da dor tem razão existir naquele momento
CAPÍTULO SEIS - A TRISTEZA
6.1 - DEFINIÇÃO DE TRISTEZA
- A tristeza é uma emoção voltada
para dentro, um abatimento, uma falta de energia que faz com que nos descolemos
um pouco do mundo externo
- Dizemos que é o convite gentil do
Pai para que fiquemos um pouco mais conosco mesmos
- Poucos temos intimidade interior, e
quando somos “obrigados” pelo nosso psiquismo a permanecer assim, sentimos
incômodo, desconforto ou mesmo dor
6.2 - IDENTIFICANDO A TRISTEZA
- Algumas pessoas não identificam
seus sintomas ou, em intuindo-os, querem fugir desse contato
- É um fenômeno psicológico
transitório, normalmente de curta duração. Essa explicação é importante tanto
na identificação da emoção natural quanto de uma situação mais grave
- A tristeza não é o inverso da
alegria, mas a sua ausência momentânea
6.3 - SENTINDO A TRISTEZA
- Se não desenvolvermos a capacidade
de suportar essa dor, pouco extrairemos dela o que há de belo, transformador e
divino
- Quando não nos permitimos viver a tristeza,
a sensação de dor e sofrimento tende a aumentar
- Certas pessoas insistem em viver
emocionalmente ilesas. Isso é doloroso e patológico, afinal não há como
ocultarmos o sentimento de uma perda
- Quando temos dificuldade em aceitá-la,
fazemos um esforço hercúleo para fugirmos de nós mesmos, não nos oportunizando
momentos de solidão, de silêncio, de quietude
- É comum nos colocarmos
constantemente em barulho, ligando o som, a televisão, e mesmo sem perceber,
fixamo-nos em jogos, aplicativos dos celulares, mantendo contato com o mundo
exterior, em um grande desgaste de energia, pelo receio de ouvirmos o chamado
interno
- Construímos uma cultura avessa à
tristeza, embora ela faça parte do rol das emoções básicas, em muitos
contextos é menosprezada e rejeitada
- Nossas dores e tristezas ficam, por nós
mesmos, relegadas ao abandono. Em geral, são aparentemente, suplantadas pelos
divertimentos passageiros, pelas alegrias fugazes (rápidas)
- Nutrimos uma sociedade com
exigência de alegria absoluta, impondo a expressão do sorriso mesmo quando o
coração chora e a alma se debate em gemidos silenciosos
- Por isso, além da atitude
descompensada de ocultar o verdadeiro estado existencial, elegemos uma ação
ainda pior, a de esconder de nós mesmos as emoções profundas, por acreditarmos
que ao sentí-las, estaríamos traindo as Leis Divinas e nos mostrando falíveis
- No livro “Atitudes Renovadas”,
vemos novamente que esta emoção não é uma patologia, mas sim, um fenômeno natural
que ocorre com todas as pessoas, mesmo as que vivenciam os mais extraordinários
momentos de alegria
- Por isso a mentora nos instrui :
“Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e
retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione”
6.3.1 - A TRISTEZA DOS OUTROS
- Pela dificuldade de contatar as
emoções, talvez por não sabermos como agir ou por não compreendermos sua
importância em nossas vidas, fugimos e determinamos inúmeras vezes : “Não
fiques triste!”
- O melhor que podemos fazer por
nossos afetos é ouvi-los, abrindo espaço para a expressão do mal-estar, com
postura de acolhimento e compreensão, para que ela cumpra com seu papel na vida
de todos
6.4 - COMPREENDENDO A TRISTEZA
6.4.1 - INTERIORIZAÇÃO
- A tristeza nos conduz à
interiorização, e o caminho para dentro é sem dúvida o mais seguro e estável,
pois nos coloca em contato com o nosso mundo particular, e, se assim o faz, é
porque há uma sabedoria ínsita (Inata) convidando-nos à renovação
- A introspecção não quer dizer
abandono, ao contrário, afinal olhar para dentro é uma postura ativa, de
vivência profunda, mas num papel de quem está aprendendo algo e não importado
- Precisamos ser especialistas em nós
mesmos, compreendendo a dimensão das dores e estragos internos, identificando
os aspectos mais dolorosos e que precisam de mais atenção, daqueles simples e
facilmente superáveis
- Quando estamos tristes, não temos
energia para sair, ver pessoas ou nos divertir, pois, afinal, o convite é para
dentro
- Quando alguém está triste,
há mais maturidade e harmonia em conseguir conversar sobre a situação e
auxiliar o indivíduo a digerir aquela experiência, do que em tentar esticar os
braços para arrancá-lo do buraco imediatamente
6.4.2 - AJUSTAMENTO
- Uma das principais funções da tristeza,
segundo Daniel Goleman, é a de proporcionar um ajustamento a uma grande perda,
como a morte de alguém ou decepção significativa
- Por não termos mais o cônjuge ao
nosso lado, precisamos aprender a viver sem ele, pois a vida continua e Deus
sabe o que faz, porém, a maior e mais difícil readaptação não é a física ou a
financeira, mas sim a emocional, pois às circunstâncias materiais, adaptamo-nos
rapidamente
- Por isso, não nos parece adequado ou
saudável, na tentativa de se curar, logo arrumamos um substituto para a nossa
dor, apaixonando-se pelo primeiro que nos dê um pouco de atenção e carinho,
pois deveríamos aprender a viver sozinhos
- A tristeza convida-nos a
uma pausa para a compreensão da existência, e se conseguirmos fazer silêncio
interior, amadurecemos um pouco mais, realizando uma reorganização interna
usufruída apenas pelos que se permitem parar e ouvir o Deus Interno
- Faz parte do processo de
compreensão da tristeza em nossas vidas entendermos que sua finalidade maior é
nos conduzir para dentro e para realizarmos esse ajustamento
6.5 - CULTIVANDO A TRISTEZA
- Joanna de Ângelis afirma que : “A
tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois,
psicoterapêutica”
- Esse é o comportamento essencial
para identificar quando precisamos de uma intervenção mais severa: silenciar
nossas palavras e pensamentos porque adentrarmos a postura queixosa, reclamando
sem o intuito de aprendizagem ou
crescimento, como se Deus tivesse esquecido ou abandonado a nós
- Esse é o comportamento direcionado
pelo Ego
adoecido,
pois quando agimos assim, a tristeza torna-se um movimento devastador,
transforma-se em revolta, e o indivíduo se vitimiza sem igual
- O essencial no cultivo dessa
emoção é o cuidado que devemos oferecê-la para que nos ajude a cumprir
com a tarefa de introspecção e de crescimento interior
- Infelizmente, escolhemos a dor como
método pedagógico, cuidando da saúde apenas quando ela está debilitada,
valorizando o dinheiro quando ele nos faz falta e percebemos a importância de
um ente querido quando ele se foi de nosso convívio direto
- Por ser adequadamente cultivada,
enquanto energia de introspecção, a tristeza faz-nos repensar a vida e
aprender com as dores que ela nos oferece
- Ao sermos inflexíveis ou
egocêntricos, tornamos essa vivência prejudicial, e aí a tristeza perde sua
finalidade terapêutica
- É evidente ser muito mais fácil
alegar que o outro nos abandonou, que o colega nos feriu ou que o cônjuge nos
magoou, do que investigarmos nossa realidade pessoal e nos transformarmos
6.6 - TRISTEZA E DEPRESSÃO
- A depressão pode se
apresentar em forma de tristeza, mas essa é pertinaz,
anulando os interesses pela permanência dos objetivos essenciais, dando lugar à
melancolia que se instala, perniciosa, convertendo-se em patologia
- Claro que a depressão, assim como
todas as doenças mentais, é um convite à revisão da forma como vivemos a vida,
uma reflexão para novas posturas existenciais, contudo, ressaltamos que a
vivência da tristeza e da depressão deve ser diferenciada
- O luto é útil, a depressão
total, não. Nas grandes depressões a vida é paralisada e,
consequentemente, parece impossível visualizar um recomeço. Os sintomas da depressão
revelam uma vida suspensa
- A tristeza tem um sentido
de interiorização e quando não percebemos esse sentido de transformação e não a
vivenciamos de maneira saudável, positiva, corremos o risco de sermos solapados
pela
depressão
- O termo depressão tornou-se tão
difundido que as pessoas a confundem com tristeza, pois que depressão é uma tristeza
profunda e persistente, não devendo ser banalizada
6.6.1 - CAUSAS DA DEPRESSÃO
- Joanna de Ângelis, em seu livro “Entrega-te a Deus”, ela reporta-se a
quatro grandes causas da depressão,
estabelecendo por preponderante as heranças das reencarnações passada
- Como outros fatores, cita a perda
de sentido existencial, a ausência de segurança nos padrões nobres das
tradições de beleza e de objetivos dignificantes, a falta de convivência
saudável com o próximo, em razão do medo de ser traído, abandonado, explorado
ou simplesmente ser ignorado quando as suas necessidades se impuserem à amizade
e ao afeto
- E, por fim, é preciso levar em
consideração as paisagens ancestrais da hereditariedade, das enfermidades infectocontagiosas,
dos traumas de infância, dos distúrbios orgânicos, bem como o desequilíbrio das
funções tireoidianas, as mudanças orgânicas pela menopausa e pela andropausa, o
câncer, doenças degenerativas o abuso do álcool, as doenças cardiovasculares, a
idade avançada, todos contribuindo de maneira vigorosa para a presença da depressão
- Joanna concorda com a classificação
das causas da depressão sendo de natureza exógena e endógena, porém,
explicita a necessidade de considerar a preponderância das heranças das
reencarnações transatas (anteriores)
- E ela afirma em outra obra,
categoricamente, que mesmo considerando os demais fatores, “ É o Espírito o
desencadeador do transtorno martirizante”
- Afinal, se o sucesso do tratamento
decorre, na maioria das vezes, da forma como enfrentamos a vida, todos os casos
que evoluírem apenas com modificações externas ou puramente medicamentosas, sem
aquiescência e transformação da alma, tendem à reincidência
- Além de tudo isso, ainda há que
considerar as influências obsessivas, por também desencadearem o processo depressivo, abrindo espaço
para o suicídio, ou alienando o sujeito em transtorno psicótico, direcionando-o
para a etapa trágica da autodestruição
6.6.2 - COMPREENDENDO A DEPRESSÃO
- A Psicologia Espírita considera o
Espírito adoecido sendo o principal fator do distúrbio da depressão
- A medida que esse Ego não
aceita ou não compreende o convite que a emoção lhe faz e o sentido dela em sua
vida, a tristeza torna-se aparentemente destrutiva pelo enfrentamento
que impõe
- O Ego adoecido, crendo-se
acima do Bem e do Mal, por não saber como lidar com a experiência, fecha-se ou
estagna-se, endurecendo emocionalmente em apatia, revolta silenciosa ou
rebeldia declarada
- O aprisionamento do Ego
se dá por comportamentos em que o Ego se mantém preso às
circunstâncias externas da vida, adoecido por se colocar no centro de tudo e
acreditar que a vida é, exclusivamente, fonte de prazeres e encantos,
constrangendo a instância divina e impedindo sua livre expressão, porque a vida
não se submeteu aos seus desejos
- Há depressão quando o Self,
em fixação no conjunto celular, experimentou a amargura da mãe que não desejava
o filho, do pai violento, dos familiares irresponsáveis, das pelejas
domésticas, da insegurança no processo de gestação
- Embora as circunstâncias sejam
dolorosas, sabemos que o comportamento de revolta ou de aprendizagem tem sua
nascente na alma do indivíduo, caso contrário, todos que vivessem experiências
difíceis na infância desenvolveriam quadros depressivos, o que não é
verdade
- Joanna diz que a depressão
é doença da alma, que se sente culpada, e, não poucas vezes,
carrega esse sentimento no inconsciente, em decorrência de comportamentos
infelizes praticados na esteira das reencarnações, devendo, em consequência,
ser tratada no cerne da sua origem
- Quando deprimimos, caímos no
buraco e por todos esses sentimentos de revolta, de culpa, não queremos
reflexionar, apenas ficar ali dentro, em silêncio, pois há um medo
de sair e sofrer novamente dor semelhante, ou receio de não conseguir mudar a
situação, ou por revolta surda, não querer aceitar o que a vida lhe ofereceu,
parecendo uma tentativa frustrada de se proteger do mundo, de não sofrer mais
- Os casos de depressão mais
difíceis de serem trabalhados são os
resultantes da revolta já que a depressão não está diretamente ligada à
quantidade de tristezas que tivemos em nossas vidas, mas sim, à postura que
temos frente a elas
- Esse encarceramento íntimo se
verifica quando fugimos de amigos, ou nós nos restringimos ao mínimo possível,
para evitarmos sofrer novamente uma decepção como vivemos da amizade anterior.
Ou quando evitamos um envolvimento afetivo por sermos incapazes de nos entregar
verdadeiramente a um amor, pelo receio de arriscar e sofrer novamente
6.6.3 - TERAPÊUTICA DA DEPRESSÃO
- Se o sujeito é incapaz de cultivar
a tristeza
do jeito que ela merece, a depressão o obriga a ir ao encontro
interior de maneira drástica
- Íris Sinotti, psicoterapeuta
Traspessoal, diz: “A tarefa que precisa ser, invariavelmente, envolve um novo
nível de responsabilidade, um encontro real com a Sombra, um aprofundamento
da jornada em direção a lugares novos e até então inexploráveis. O depressivo
deve buscar forças para não permanecer prisioneiro do passado, mas com ele aprender
para não repetir os mesmos erros no presente”
-Continua Íris Sinoti : “O grande
valor da depressão está em perceber que esse movimento de regressão da
energia da psique está a serviço do EU, assim como o sono serve de
equilíbrio para o corpo”
- Se falta ao depressivo justamente a
vontade, um dos sintomas da doença, precisamos auxiliar nos fatores que estejam
acarretando a perda da vontade e não exigir uma solução mágica
- Como dissemos, a depressão
é o fim da linha de fuga para o autoencontro e a revisão de posturas em relação
a si mesmo, à vida e aos outros
- Então, quando assistirmos um ente
querido nesse estado, cabe-nos estimulá-lo ao autodescobrimento, ao
descobrimento da sua realidade maior
- A teurapêutica proposta pela
Psicologia espiritual passa pela valorização de si mesmo e pelo reconhecimento
da imortalidade, pois esse compreensão seja fundamental para que, ao
percebermos nossa recusa em viver, para modificarmos posturas, pensamentos,
relações, formas de nos relacionar com as pessoas e o mundo
- Em algum momento, precisamos
realmente aprender que a maioria das situações não é do nosso jeito, e outras,
precisaremos construir e investir para
que saiam do modo esperado. Mas, se recusar a viver é negar a Deus
- Como nos mantemos na superficialidade
emocional, exigimos sermos amados na esperança de nos sentirmos melhores, sem
entender que a cobrança que nossa alma nos faz é para amarmos, para nos
doarmos, para sermos importantes na vida dos outros antes mesmo que sejam em
nossas vidas
- Por isso diz Joanna de Ângelis
“nunca, pois, devem postegar essa saudáveis e verdadeiras manifestações da
afetividade, a fim se serem evitados futuros transtornos de comportamento,
quando a culpa pretenda instalar-se em forma de arrependimento pelo não dito,
pelo não feito, mas sobretudo pelo mal que foi dito, pela atitude infeliz do
momento perturbador”
CAPÍTULO SETE - A ALEGRIA
- A alegria é considerada uma emoção
positiva por ser agradável, quando expressa, verdadeiramente, o estados da Alma
- A alegria é a presença de Deus no
coração e, como toda emoção, ela é passageira e deixa uma sensação de
bem-estar, alívio e leveza em quem a viveu
- Ela aquece a alma e estimula o ser
a continuar sua caminhada, mesmo em meio a certos dores e percalços passageiros
- Muitos confundem seriedade com
sisudez, comprometimento com ausência de alegria e espiritualidade com
fechamento. E, no outros extremo temos a euforia, estado exagerado de alegria,
ou falsa alegria, beirando o destrambelhamento da alma
7.1 - SENTINDO A ALEGRIA
- Essa emoção, segundo Joanna de
Ângelis, proporciona ao cérebro enzimas especiais que decorrem de fatores
imunizantes e proporcionam o constante equilíbrio orgânico
- Na obra “Vitória sobre a
depressão”, a mentora reforça que “A alegria não é encontrada em mercados ou
farmácias, mas nos recônditos do coração que sente a ama”
- Aguardamos momentos de alegria que
nunca chegam, apostando nossas fichas no final de semana ou nas férias, sem
identificarmos que a verdadeira felicidade vem de dentro
- Dessa forma, quando esses dias
esporádicos chegam, vivemos diferentes sensações, mas no final das contas, por
não sabermos viver a alegria verdadeira, terminamos, novamente, cansados ou
estressados, vazios interiormente, apenas distraídos
7.2 - COMPREENDENDO A ALEGRIA
- Entender e aceitar o estado
transitório desta emoção é fundamental para não nos impormos à necessidade de
uma alegria
constante, em uma conduta vazia e superficial, não condizente com a realidade
emocional
- A sociedade contemporânea
estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos,
significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo pessoal e
econômico, conquista de posição relevante
- Em consequência, há um estereótipo
representado de alegria, mesmo quando o coração chora e o espírito se debate em
conflitos e dores não exteriorizadas
- Quando o Ego se vê na
obrigatoriedade de externar alegria para manter as aparências e
não se sentir diminuído, forja estados de alma que mais nos atormentam do que
verdadeiramente nos alegram
- O culto da aparência incita-nos a
forjarmos uma emoção falsa, sem substrato profundo. Esse é o primeiro passo no
ensaio para o episódio da euforia, que desencadeará o transtorno bipolar
7.3 - ALEGRIA X EUFORIA
- Em “Amor, Imbatível Amor”, a mentora
aborda a questão dos transtornos de humor e diz que “No excesso de humor, ou
seja, na euforia perde-se o contorno do que é real e passa-se ao exagero,
tornando-se irresponsável em relação aos próprios atos, já que tudo entende
como de fácil manejo e definição. Em tal situação, quando irrompe a doença, há
uma excitação que conduz o paciente às compras, à agitação, à insônia, com
dificuldades de concentração”
- O Ego adoecido pelo excesso
de si mesmo não consegue compreender que a tristeza é saudável, enriquecedora e
terapêutica. O excesso de risos surge
para forjar um estado de superioridade ou bem-estar inexistente e desnecessário
- Esse é um movimento do Ego adoecido
que acredita ser possível enganar a si mesmo e aos demais, intensificando algo,
como se a quantidade pudesse sobrepujar a qualidade
- Frente à dor do desencontro, à
frustração do não conquistado e ao vazio da exterioridade, o sujeito que não
está maduro minimamente, derrapa para o caminho aparentemente mais fácil, a
porta larga, a construção da persona de alegre
- Certamente, por não perceber a
solicitação para análise das necessidades reais e revisão da existência, o
indivíduo, fugindo de si, mais cedo ou mais tarde, cairá nas malhas da
depressão
- Joanna de Ângelis nos ensina que
“Na raiz psicológica do transtorno depressivo ou de comportamento afetivo
(transtorno Afetivo Bipolar), encontra-se uma insatisfação do ser em relação a
si mesmo, que não foi solucionada”
- Certamente, vivemos uma dose de
insatisfação pelo que somos. Muito distante ainda nos encontramos de Deus e de
suas leis, e seria patológico nos contentarmos com isso
7.4 - CULTIVANDO A ALEGRIA
- Se a tristeza é uma energia de
introspecção, que convida o homem ao reajustamento e à revisão de alguns
elementos da vida, a alegria é uma energia de exteriorização
- Se na tristeza revermos a
nossa forma de encarar a vida, na alegria expressamos a certeza de
que está tudo certo
- Se na tristeza Deus nos convida
a olharmos para dentro e mudarmos algumas posturas, na alegria somos nós que
dizemos a ele: muito obrigado!
- Cultivar a alegria é termos olhos
para Deus e para o Seu movimento, compreendendo e aceitando a trajetória que
Ele determina para nós
- Quando a alegria não é cultivada
de maneira adequada, alicerçada no Eu Superior, torna-se adoecida e
compromete o desenvolvimento emocional do indivíduo
- Porém, quando é a consequência do
reconhecimento de nossa pequenez frente ao Senhor, e de que somos velados por
Ele, tornamo-nos alegres, felizes!
CAPÍTULO 8 - A ARTE DE CULTIVAR AS EMOÇÕES
- A partir do reconhecimento de que
somos seres emocionais, que não podemos fugir desse mecanismo, que as reprimir
gera grandes prejuízos para o complexo mente-corpo, e que, se as cultivarmos
adequadamente, poderão embelezar e
perfumar as nossa vidas
- Quando não cultivamos nossas emoções,
elas ficam escancaradas, desalinhadas, intempestivas, automatizadas ou
embotadas, gerando mal-estar para nós e para os outros
- Quando ignorantes dessa arte,
reagimos com raiva ao sentirmos medo, choramos aparentemente de tristeza
ao sentirmos raiva, ou camuflamos nossa tristeza com os sorrisos da falsa
alegria
- Somente através do diálogo com as emoções
podemos conhece-las efetivamente e compreender o sentido de cada uma delas em
nossa vida
- Disso resulta o entendimento de
que o medo é uma energia de
preservação, e por isso, nos aponta os cuidados a serem tomados, visando ao
bem-estar individual e à perpetuação da espécie
- A raiva pode ser vista por
energia de movimentação, convidando-nos a mudanças de postura, de imagens
internas e externas, visando estabelecer condições saudáveis para o crescimento
interior
- Dessa mesma forma, a tristeza
passa de simples fracasso para ser percebida como energia de introspecção que
faz olharmos para dentro, estimulando a percepção das dores internas para nos
ensinar a bem mais conduzirmos a vida
- E por fim, a alegria enquanto
energia de exteriorização, colocando para fora, em troca harmoniosa com o
Universo
- Se as emoções são um dínamo de
vida, de realização, de crescimento, entendemos que produzem aflições quando se
deparam com um Ego exaltado, com as posturas rígidas autocentradas
- Quando movidas pelo Ego
adoecido, desvirtuam-se gerando dor e sofrimento, interpretando os desafios por
ameaças, as divergências como hostilidade e as perdas como punições
- Isso tudo porque o Ego,
incapaz de enxergar a vida pelo ângulo divino, analisa as situações apenas
pelas suas lentes mesquinhas, autocentradas e competitivas, por acreditar que o
mundo só tem espaço para aquele que ocupa o primeiro lugar, e que só é amado
quem é perfeito
- Quando não trabalhadas e cultivadas
de maneira positiva tornam-se vícios que se enraízam em forma de hábitos de
qualidade inferior, respondendo por diversos desastres morais e emocionais
- Assim, as emoções refletem o estado
espiritual em que cada um transita, e quando movimentadas pelo egoísmo e
desejos do prazer material excessivo geram desajustes de difícil superação
- Contudo, amparadas pelo Ego
em plena harmonia com o Self, o medo cumpre com seu papel
de preservação exclusivamente nas situações que realmente oferecem risco à vida
- A raiva atua vigorosamente
como energia movimentando e efetivando as mudanças necessárias, a tristeza
reassume seu potencial introspectivo para fortalecer nosso contato com Deus e
aceitarmos Seus desígnios
- Ao refletirmos acerca de nossos medos,
percebemos quanto ainda estamos aprisionados ao mundo infantil, condicionados
pelos insucessos da vida, ou paralisados frente às exterioridades, revelando
quão inseguros somos, quanto duvidamos de nossas capacidades e potenciais,
quanto a opinião alheia prevalece sobre nós e quanto preocupados somos com
nossa imagem, mais do que com as tarefas a serem realizadas
- E receosos de colocar nosso Ego
em risco, preferimos não atender ao chamado evolutivo
- Ao dialogar com a raiva,
identificamos o franco egocentrismo, também verificamos quão imaturos e
exigentes nos colocamos nas relações, como se o mundo fosse obrigado a nos
servir a nosso modo e a nosso tempo
- Contatar a raiva que há em nós faz
percebemos a inflexibilidade e, principalmente, o desejo de superioridade. Ela
tem um poder especial de delatar nosso senso equivocado de autoimportância e de
exaltação
- Como dizemos anteriormente, se o
sentimento de autoimportância desmedida é a postura egoica que gera todos os
vícios e que desajusta as nossas emoções, então o reconhecimento da nossa
pequenez, consequência do autodescobrimento, dar-nos-á o equilíbrio emocional e
será a nossa salvação
- Sem humidade, adornamo-nos de
virtudes que não possuímos. Por compreendermos que sem Deus, sem o
conhecimento, sem muito esforço e amparo dos bons espíritos, nada somos e muito
pouco podemos, sentimos a nossa pequenez
- Joanna de Ângelis diz que a
humildade não é a negação de valores, nem subestima por si próprio, afinal, ser
filho de Deus e encontrar-se em experiência evolutiva, é bênção que não podemos
desprezar
LIVRO
: “CULTIVO DAS EMOÇÕES”(MARLONREIKDAL)
CAP 01 - O
ESPIRITISMO E AS EMOÇÕES
1.1 - KARDEC E AS EMOÇÕES
- Muito antes dos dias atuais, Allan Kardec já se mostrava um
grande estudioso das emoções, debruçando-se sobre a compreensão psicológica do
ser humano
- O que mais admiramos no trabalho codificado por ele é a sua
capacidade de aprofundamento do homem integral, e fez isso antes mesmo da psicologia estabelecer suas
bases científicas e adentrar a sociedade como hoje a conhecemos. Muitos
anos antes
do pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961),
o grande desbravador do inconsciente coletivo
- Allan Kardec na conclusão de “O Livro dos Espíritos”,
estabelece três momentos para as ideias espíritas :
- Primeiro : o da curiosidade, provocada pela
singularidade que os fenômenos produzem
- Segundo: o do raciocínio e da
filosofia
-Terceiro : o da aplicação e das consequências
morais
CAPÍTULO SEGUNDO -
AUTODESCOBRIMENTO
- O autoconhecimento é o fundamento da
filosofia socrática e tem grande influência no pensamento
- O autoconhecimento é um chamado
antigo, e para nós cristãos foi reforçado pelas palavras do Nazareno ao dizer :
“ E Conhecereis a verdade e a Verdade vos Libertará”
- Entendemos que Jesus se referia a muitas verdades que ainda
precisamos acessar, entre elas, a verdade interior
- Estamos aprisionados em nós mesmos, perdidos, ainda
buscando alternativas exteriores que não nos preenchem, debatendo-nos entre a
preocupação com a aparência e a performance comportamental
- Buscamos aplausos, aceitação, valorização profissional,
familiar, pessoal, porém nada disso realmente nos liberta
3.1 - O
AUTODESCOBRIMENTO E O ESPIRITISMO
- Allan Kardec elabora uma questão que ainda parece pouco
compreendida pela maioria dos Espíritas : “Qual o meio prático mais eficaz que
tem o homem de se transformar moralmente e não ser arrastado pelo mau?
- A resposta oferecida pelos Espíritos é ao mesmo tempo curta
e profunda, por isso contundente : “Um sábio da antiguidade vo-lo disse,
conhece-te a ti mesmo”
- Sem coragem para enxergar a realidade interior, em busca de
quem verdadeiramente somos e de como estamos, não haverá possibilidade de transformação
- Esse desconhecimento demonstra que, de
fato, nós nos achamos humildes e altruístas, mas aprendemos que precisamos
falar que somos orgulhosos e egoístas para não parecermos prepotentes ou
arrogantes
- Desconhecemos que a proposta do Mestre não se referia às
simples atitudes, mas ao estado da Alma, posto que “Não me elevar agora para
ser elevado depois”
3.2 - AUTODESCOBRIMENTO É APENAS CONHECER-SE
- Investimos grande cota de energia na mudança comportamental
daquilo que os outros podem ver, avaliar e julgar, mas nem sempre fazemos o
mesmo esforço para lidar
com nossa interioridade, relegada a segundo plano
com nossa interioridade, relegada a segundo plano
- Sem autodescobrimento, a transformação é
superficial, podendo nos adequar completamente às exigências e seguir todas as
recomendações externas do Centro espírita, sem promover qualquer modificação
interior verdadeira
- Ao frequentarmos as palestras ou os estudos sem
identificação de nossas necessidades morais, os conhecimentos ali obtidos
servirão para orientar, julgar ou conhecer os outros, sem eficácia para nós
mesmos
3.3 - AUTODESCOBRIMENTO É UMA ABERTURA À VIDA
- Quem deseja descobrir-se, precisa aprender a
abrir-se para o novo em si mesmo, precisando dispor-se ao afastamento de seus
autoconceitos e adentrar corajosamente a esfera dos questionamentos incertos
- Se alguém nos diz que nossa timidez pode ser orgulho,
podemos rapidamente negar e mantê-la no status de simplicidade ou humildade, ou
podemos nos questionar : “Será que sou orgulhoso e me escondo por trás dessa
timidez?”. Se não nos abrirmos a essa pergunta, jamais daremos passos mais
largos no sentido de nossa transformação
- Não precisamos de respostas rápidas, pois a postura de se autodescobrir
está em mantermos as questões em aberto e deixar que a vida nos dê, pouco a
pouco, as respostas
- O cotidiano é capaz de nos mostrar, nas pequenas
experiências, quem somos, desde que tenhamos disposições de observá-lo,
enxergando o que se repete em nossas vidas, exatamente porque isso fala do
nosso mundo interior
3.4 - AUTODESCOBRIMENTO É ENCONTRA-SE COM DEUS E COM O
PRÓXIMO
- Autodescobrir-se não é apenas se deparar com as limitações,
os problemas e as dificuldades, mas também encontrar o belo, a superação, a
iluminação, o potencial, a divindade ínsita(inserida) na criação
- Nós sabemos que Deus está em tudo, mas a experiência de
Deus não vem de fora para dentro. É preciso reconhecer em si, sentir, viver,
para identificá-Lo lá fora
- O Autodescobrimento mostra que somos muito mais do que acreditamos ser,
de ser capazes de perdoar, de amar, de nos doar, de servir, de compreender e de
tolerar
- À medida que nos encontramos internamente, podemos
suportar, respeitar e entender as dificuldades e os padecimentos de nossos
irmãos, desculpá-los das agressões, sentirmos compaixão e perdoá-los
- Também, reconhecendo a dificuldade de nos transformarmos,
naturalmente compreendemos a jornada dos outros, suas limitações e
dificuldades. Isso nos faz mais tolerantes com o próximo, num exercício de
fraternidade universal
3.5 - CONSEQUÊNCIAS DO AUTODESCOBRIMENTO
- Em geral, quando as pessoas começam a se conhecer têm a
sensação de estarem piores que antes, sendo a essa sensação de retrocesso
- Na verdade, não é regressão em termos de evolução moral,
apenas nos obrigamos a tomar consciência de nossa Sombra e de que não
estávamos tão acima como havíamos suposto, pois isso não é regredir, é
simplesmente assumir nosso verdadeiro lugar
- A maioria das pessoas não sabe que é tão egocêntrica e
egoísta quanto a realidade é, querendo parecer altruístas e dominar seus
apetites e prazeres, escondem tais traços, dos outros e de si mesmas, em uma
fachada que as mostre atenciosas, ponderadas, empáticas, refletidas e benévolas
- Jung afirma : “O encontro consigo mesmo pertence às coisas
desagradáveis que evitamos”, pois esse contato com a Sombra é extremamente
doloroso, porque atinge nosso Ego Adoecido e pretencioso
- Descobrimos, assim, que somos menos do que gostaríamos de
ser, porque isso fere o ego idealizado
- Essa é a primeira importante consequência do autodescobrimento
: a identificação da nossa verdadeira “estatura moral”
- O contato com a Sombra obriga-nos a descobrir um
homem novo, menor, menos importante, porém mais verdadeiro e entramos em
contato com nossa humildade, lembrando-nos de quem somos, diminuindo as
fantasias idealizadas e as exigências de pureza oriundas do Ego adoecido
- Segundo Jung, quando se consegue acessar o
conteúdo inconsciente, surge a questão de saber como o Ego
se comporta diante dessa situação, tendo início, assim, a confrontação entre o Ego
e o
inconsciente. Essa é a segunda e a mais importante etapa do processo,
isto é, a aproximação dos opostos da qual resulta o aparecimento de um terceiro
elemento : uma renovação da personalidade
- À medida que nos descobrimos como parte de algo maior, e
que não estamos no centro de tudo, isso nos faz rever o sentimento de
autoimportância, de super valorização, de onipresença
- Jung salienta : “Neste estágio, a condução do processo já não
está mais com o inconsciente, mas com o Ego, ou seja, na forma, como
lidamos com a vida, sendo essa transformação a mais importante para o momento
atual: o desenvolvimento da humildade
3.6 - EGO E EMOÇÕES
- Sabemos que as emoções fazem parte de nossa
primitividade, como forças que nos movimentam para além da vontade egoica
- Precisamos saber que o Ego não é o criador ou detentor das emoções,
e que elas são parte da natureza, portanto são criadas por Deus
- Sendo elas forma de energias, precisam de canalização
adequada para que cumpram com seu papel, e aí entra o Ego
- Jung, ao definir os Tipos Psicológicos, ele diz: “Visto que o Ego
é apenas o centro do meu campo da consciência, ela não é idêntico à totalidade
da minha psique, mas apenas um complexo entre outros complexos”
- Ao ler que o Ego é apenas um complexo entre
outros, percebemos que ele tem um papel na estrutura da personalidade
- O Pai da Psicologia Complexa, em diferentes momentos,
supondo que um de seus importantes compromissos frente à comunidade científica
foi comprovar que a pequenina parte consciente, à qual nos apegamos, é quase
nada em relação à personalidade total que somos
- Joanna de Ângelis define : “O Ego é produto de estado
de consciência, portanto transitório, impermanente”
- A psique, ou o Espírito, é uma totalidade
consciente-inconsciente, sendo o Ego a centralidade da parte
consciente, porém, é, incomparavelmente, menor que a centralidade do Self,
ou “Si mesmo”, que é o todo, e por isso, é infinitamente maior e mais potente,
capaz de gerenciar e organizar esse todo
- Com o tempo e com a
maturidade, o ser humano descobre que suas decisões mais seguras e
realizadoras não foram direcionadas pelo Ego, mas sim executadas a serviço do
Self,
a Divindade Interna
- O terapeuta Gunguiano, Gelson Roberto diz : “Quando reencarnamos
precisamos de uma roupagem psíquica, denominada de Ego
- Isto é necessário já que o espírito não pode reencarnar com
todas as informações da memória do passado e também ainda não tem a capacidade
de reter todas as informações vividas de maneira global e consciente, pois cada
espírito enxerga e compreende dentro da realidade evolutiva que se encontra
- O Ego é uma construção necessária para cada reencarnação,
por isso é provisório
- Somos um somatório das experiências anteriores,
apresentando algumas características vividas por nós mesmos em outras
reencarnações, cabendo-nos, assim, a grande tarefa de assimilar os
condicionamentos e exteriorizar uma personalidade consentânea (adequada) com o
ser real, buscando uma perfeita harmonia entre o ser e o parecer
- Como o Ego oferece a experiência que a
pessoa tem de si mesma, como um centro de vontade, desejo, reflexão e ação,
podemos imaginá-lo como o síndico de um edifício atuando. Nessa situação, ele
controla o fluxo de pessoas (conteúdos psíquicos), mas absolutamente não é o
dono do prédio, precisando se submeter às ordens superiores, e, por isso, esse síndico
precisará se moldar, orientar, afinar-se cada vez mais com as ordens e
exigências do conselho (o Self), que tem soberania sobre ele
- Um síndico, assim também o Ego, tem um papel
secundário, no entanto, de grande importância para o bem-estar geral, desde que
se submeta às ordens estabelecidas pelo condomínio
- Se esse funcionário desejar criar as próprias regras,
definindo à revelia quem entra ou quem sai, gerará dificuldades
- Se o Ego conseguir colocar as ordens e
vontades do Conselho Deliberativo acima das deles, mesmo contra sua vontade,
discordando ou não vendo sentido em algumas, acatá-las porque sabe que vem de
uma instância superior, diremos que ele está saudável
- Mas se desejar subverter a ordem, mantendo-se no poder,
fazendo apenas o que quiser, sem analisar as condições acima dele, sem se
submeter às determinações divinas, diremos que ele adoeceu, pois Ego
saudável é aquele que se permite uma relação de subordinação ao Self
- Em determinada fase do desenvolvimento humano, o Ego
corrompe-se pelo excesso de si mesmo, perverte-se à medida que se considera o
centro de tudo e aliena-se por achar autossuficiente
- O Ego desenvolveu-se como instância
psíquica, lidando com as sensações positivas e negativas, afinal desejamos as
sensações boas, contudo, muitas vezes, precisamos nos submeter às sensações
más, por saber que são necessárias
- Quando o Ego vivencia esse desvirtuamento,
esse desencontro em relação à vida, identificando-se como o mais importante, o
preferencial, teorizamos que está adoecido pela incapacidade de perceber seu
papem como partícipe da vida, lado a lado dos demais, devendo se submeter às
leis da vida
- Perdemos as referências internas quando nos colocamos no
centro do universo, pois, certamente, o mundo não gira ao nosso redor
- Ao se colocar no centro de tudo e acima de todos, o Ego
identifica os impedimentos e contrariedades da vida com um movimento
destrutivo, que o faz reagir ou se fechar e negar a vida
- Poucos de nós estamos dispostos a nos modificar, adaptar,
repensar, parecendo muito mais fácil romper, distanciar, acusar, negar, fugir
ou eliminar
- Denominamos isso de adoecimento do Ego, por identificar
sua fixação nas exterioridades e na transitoriedade da jornada física em
detrimento da essência e do verdadeiro motivo de estarmos reencarnados: a
evolução moral
- O Ego, enquanto,
um executor do jardim das emoções, precisa regá-las, dando
espaço e iluminação para que se desenvolvam, sem querer se impor a elas
- O medo surge para nós como algo
impensado, apenas aparece, nos toma, nos paralisa, e, como uma energia de
preservação, a canalização que daremos a ele será decisão nossa, a depender do
estado de harmonia ou desarmonia interior
- Assim também acontece com a raiva, que , como energia de
movimentação, podemos atuar energicamente, exigindo ou operando algumas
mudanças necessárias, ou mudar nossas expectativas e exigências internas, mas,
que, certamente, ele sozinho, não saberá fazer essa avaliação em todas as
situações, precisando, obrigatoriamente, ouvir as orientações superiores
- O mesmo ocorre com a tristeza que nos convida à
introspecção, a olhar para dentro para reajustar-se interna e depois
externamente, exigindo uma sabedoria que está além do Ego, e por isso precisará
recorrer ao Self para conduzir a situação de forma que gere ppaz e amor em si
CAPÍTULO TRÊS -
INTRODUÇÃO ÀS EMOÇÕES
3.1 - O
AUTODESCOBRIMENTO E O ESPIRITISMO
- Sem coragem para enxergar a realidade interior, em busca de
quem verdadeiramente somos e de como estamos, não haverá possibilidade de
transformação
- Investimos
grande cota de energia na mudança comportamental daquilo
3.1 - EMOÇÕES
BÁSICAS
- Em psicologia, emoção é uma reação afetiva intensa que
surge de forma aguda e de breve duração, determinada por um estímulo ambiental
- O estudo das emoções na vida atual deve muito ao trabalho
de Daniel Goleman, por ser um dos autores que aproximou a sociedade das
emoções, de modo especificamente convincente, fundamentado em pesquisas da
fisiologia, psicologia, da neurologia
- Junto com ele, uma avalanche de estudos científicos sobre o
tema pautou-se nas novas tecnologias, em especial,na Neurociência
- Ao apresentar a teoria da Inteligência Emocional em contraponto
com ao desenvolvimento intelectual, o psicólogo Norte-Americano , PhD pela
universidade de Harvard, mostrou que a incapacidade de lidar com as próprias
emoções pode destruir vidas e grandes promessas
- Em sua obra mais conhecida “Inteligência Emocional” o autor
transita com mais detalhes pelas questões da raiva, melancolia, medo e
ansiedade
- O que a obra identifica por principais candidatas a emoções
primárias são : ira, tristeza, medo prazer, amor, surpresa, nojo e vergonha
- Ele estabelece sete emoções que possuem uma expressão
facial distinta e universal : tristeza, raiva, surpresa, medo, aversão,
desprezo e felicidade
3.2 - TEORIA DAS EMOÇÕES NA OBRA DE JOANNA DE ÂNGELIS
- Joanna de Ângelis, oferece-nos importantes textos de
introdução ao estudo das emoções, dos quais nos chamam atenção , através de sus
livros: “Autodescobrimento : Uma busca Interior”(1995), “O Amor como
Solução”(2006), “Encontro com a paz e a Saúde”(2007), “Atitudes
Renovadas”(2009), “Rejubila-te em Deus”(2013)
- Na primeira obra encontramos uma proposta de avaliação da
emotividade, responsabilizando o próprio sujeito em equacionar a incógnita que
se é
- O homem e a mulher, pela sua estrutura evolutiva, são,
essencialmente, seres emocionais
- Recém-saídos do
instinto, em processo de conscientização, demoram-se no trânsito entre o
primarismo- A sensação- e a razão, passando pela emoção
- Na segunda obra, encontramos um capítulo repleto de
definições e explicações sobre sentimentos e emoções, retratando que os estudos
da neurociência confundem as noções de causa e efeito, quando tentam justificar
a origem das emoções em áreas específicas do cérebro, quando elas são
faculdades do Espírito
- Joanna explica que, quando o espírito inicia o processo
reencarnatório, o seu períspirito imprime nos genes e cromossomas os
sentimentos, as sensações, as emoções que lhe tipificam o estágio, de modo que
o cérebro, na sua condição de controlador do organismo, pode bem desempenhar as
graves e complexas tarefas para as quais foi construído nos últimos quinhentos
milhões de anos
- Na terceira obra, no capítulo destinado a felicidade,
encontramos linhas abordando a diferença entre sentimentos e emoções
- Ela define sentimentos como “As vivências do que é
percebido pela emoção de maneira consciente, enquanto a emoção é o efeito do
organismo a qualquer ocorrência, produzindo descargas de adrenalina pela
corrente circulatória, que se encarrega de pôr brilho nos olhos, colorir a
face, sorrir...”
- A mentora explica que a emoção produz o sentimento, posto
que a primeira funciona automaticamente, sem consciência direta da ocupação da
ocorrência, enquanto os sentimentos são
percepções conscientes das ocorrências
- Na quarta obra (Atitudes Renovadas), Joanna oferece
reflexões sobre muitos temas tais quais a tristeza, os complexos e projeções, a
afetividade conflitiva, a fragilidade emocional, a compaixão, a felicidade, a
ditadura do Ego, ressentimento, ódio, altruísmo, sofrimentos, estresse e
doenças
- Ela diz nessa obra : “ As emoções são responsáveis pelos crimes
hediondos, quando transtornadas, assim como pelas grandes realizações da Humanidade, quando direcionadas para os
objetivos dignificantes do ser”
- Por fim, a mentora aborda inúmeros temas conflituosos do
cotidiano, entre eles, traições, intrigas, arrogância, culpa, afetividade
conturbada, pânico, misericórdia, confiança, compaixão e compreensão,
sabedoria, paciência e da responsabilidade
3.3 - EMOÇÕES PERTURBADORAS
- Compreendemos que as emoções decorrem das paisagens
interiores do Ser. Então lidar com elas pressupõe trabalho interno anterior à
expressão emocional em si
- Joanna nos ensina que “Não se deve lutar contra as emoções, mesmo aquelas
denominadas prejudiciais”
- Jung diz: “O homem que não atravessa o inferno de suas
paixões também não as supera
- As emoções exigem presença, cuidado e consciência.
Precisamos saber o que está dentro de nós, para governarmos um pouco melhor
nossa vida interior
- Notemos que há um trabalho interior constante, uma viagem
profunda para dentro de nós mesmos, sem nos prendermos à fachada que pouco
importa
- Aprendemos a diluir
certos sentimentos negativos mediante outros de natureza harmônica e
saudável. Mas isso não deve ser confundido com a atitude mascarada de quem é
agredido e crê que vai diluir sua raiva apregoando : “Eu estou orando poe esse
irmão, pois é um coitado”, ou daquele outro ao afirmar que não vai sentir
raiva, “Pois Deus é justo a fará justiça”
- Também não se dilui a tristeza sobrepondo um sorriso de
alegria, forjando um estado falso da alma que está angustiada
- Se a vida emocional decorre do estado interior, não serão
palavras, gestos ou aparências, que modificarão efetivamente o estado emocional
- A substituição dos sentimentos adoecidos pelos saudáveis se
dá pela alteração dos valores internos em profundida indivíduo aos de, com
grandes esforços, persistência e disciplina interior
- Quando se abre a uma perspectiva menos egocentrada,
pensando bem e corretamente a respeito da sua importância, do seu lugar no
mundo e da interação com os demais, as emoções negativas se diluem-se e deixam
de impulsionar o indivíduo aos abismos da rebeldia ou do fechamento
- A própria reflexão sobre as emoções move o sujeito à
transformação para uma conduta Divina
- É necessário posicionar-nos frente a frente com nossas
emoções, dialogar a aprender com elas, cultivando-as adequadamente
3.4 - CULTIVO DAS EMOÇÕES
- Nos meios religiosos, muito se fala em “disciplinar as
emoções”, ou seja, colocar nossas emoções “no trilho”
- As emoções não se submetem aos simples desejos do EGO, e
pior, se rebelam e nos tomam o suposto equilíbrio
- Elas não estão prontos em nosso interior, para simplesmente
serem extraídas, pois , muitas vezes, representam o lado primitivo, inferior,
e, assim há um trabalho maior e mais complexo do que simples extração, sob o
risco de produzir mais estragos
- Muitas vezes, precisamos disciplinar nossas emoções, outras
apenas ouví-las e, em certas ocasiões, educá-las. Mas nenhuma dessa expressões
ainda representa a postura que precisamos assumir frente ao mundo emocional
- Assim como as flores, precisam ser cultivadas, cada uma
dentro de sua especialidade, a seu tempo, de um jeito próprio, quase particular
- O jardineiro e seu ofício nos fazem pensar sobre a relação
que temos com as emoções. Ele não produz o solo, muito menos a semente, ele
apenas cultiva
- Assim também somos, afinal não produzimos nem criamos
nossas emoções, pois elas fazem parte de nós e Deus nos oferece, como a semente
aso jardineiro, e precisamos cultivar se quisermos obter suas linda flores
- Se deixarmos a semente sobre a mesa ou sobre a terra, sem
cuidado, certamente não teremos flores. E assim se verifica com a nossa vida
emocional, pois , se não dermos espaço e não oferecermos os cuidados
necessários, ela jamais se realizará, atingindo seu potencial
- Cultivar as emoções é comprometer-se com a parte que nos
cabe em relação a elas, em um equilíbrio que nos faz enxergar as necessidades
individuais, equilibrando-se entre a repressão e a atuação desgovernada quando somos
completamente tomados pelas emoções
- O nossa mundo emocional necessita de atenção permanente,
visando o equilíbrio interior
- Também como o jardineiro, que não repete as mesmas ações,
nem o mesmo tipo de cuidado ao longo das estações do ano, assim precisamos,
também, compreender o tempo dentro de nós, pois há dias em que nos alegramos,
outros em que nos entristecemos
- Há dias de para ouvir nossos medos, e também há momentos em
que precisamos silenciá-los
- Cultivar também é dedicar-se a estudo, saber, conhecimento
- Existem características próprias das emoções : o medo é uma
energia de preservação, a raiva é uma energia de movimento, e a tristeza, uma
energia de introspecção
- Cultivá-las é conectar-se às suas nascentes, identificando
de onde vêm as suas necessidades, verificando o que precisam, e as suas
potencialidades, aceitando seu destino em nós
- Também inclui o estudo, o saber teórico e prático, para
identificarmos a presença de cada uma delas em nós, diferenciá-las das demais,
entender seu funcionamento e, principalmente, seu sentido naquele momento
CAPÍTULO QUATRO - O MEDO
4.1 - DEFININDO O MEDO
- É a primeira emoção em termos de desenvolvimento humano,
uma energia de preservação, absolutamente necessária à nossa sobrevivência
- Ele é uma reação fisiológica e psicológica a determinados estímulos
- Ele é uma reação fisiológica e psicológica a determinados estímulos
- Joanna de Ângelis nos apresenta o medo como a primeira
emoção, acompanhando as sensações primárias dos prazeres da alimentação, do
repouso e do sexo, que se transferiu, de geração em geração, até os nossos
dias, nas variantes de receio, pavor, fobia
4.2 - IDENTIFICANDO O MEDO
- Mira Y Lopes, psiquiatra, psicólogo, sociólogo, acrescenta
às facetas do medo, a timidez, a escrupulosidade, o pessimismo, o ceticismo,
e, como máscaras menos comuns : o tédio, a vaidade, a hipocrisia e a mentira
(1) Timidez
- Uma pessoa tímida é aquela que sofre, de forma permanente,
uma atitude de medo ante o fracasso ou o ridículo em seus intentos de relações
e êxitos sociais
- O tímido não é tanto pela falta de sentimentos de
autoestima e crença de autoinsuficiência, senão por ser excessivamente
ambicioso e não querer arriscar seu bem guardado “amor-próprio” de seus atos
que serão julgados por terceiros
(2) Escrupulosidade
- O comportamento que pretende aparentar de retidão impecável
é exterior, pois no fundo, o escrupuloso é um pequeno covarde irritado
- A atitude escrupulosa, de “pôr os pingos nos is”, encerra,
implicitamente, tanto dose de medo quanto de agressividade
(3) Pessimismo
- O pessimista é um covarde que procura com supostas razões
exibir seu medo camuflado
(4) Ceticismo
- O cético é uma pessoa que quer ser aquilo que não é. É
crente, mas um crente absoluto, pois crê que não crê, isto é, estima não
estimar, tem fé na falta de fé
(5) Tédio
- A pessoa entediada tem medo de ficar consigo mesma, e se
deprime quando não tem nada que a distraia ou proteja contra o medo de si
mesma, de sua vacuidade
(6) Vaidade
- O vaidoso é um medroso que procura convencer-se de
que não tem motivo para se sentir inseguro, posto que valha mais do que os outros
(7) Hipocrisia
- A hipocrisia não é um traço de perversão, nem de astúcia,
mas fundamentalmente, de covardia ligada a uma ambição compensadora e desmedida
- Ele segue a linha de conduta destinada a captar a confiança
(e também o auxílio) do ser a quem teme, e, por temê-lo, odeia
(8) Mentira
- Quem mente sistematicamente é um medroso covarde, ou seja,
um medroso que não sabe dominar seu medo
4.3 - CLASSIFICANDO O MEDO
- Classificamos o medo
em dois grupos: os “impulsionados pelo instinto de sobrevivência” e os “impulsionados
pelo Ego adoecido”
- O medo enquanto energia não é
negativo, pois atua em favor de nossa preservação, impondo paradas, recuos, nos
fazendo escolhas
- O segundo grupo, os “impulsionados pelo Ego
adoecido”, retrata uma tentativa de preservação do Ego adoecido que
teme sucumbir, perder seu suposto reinado, ser descoberto como imperfeito que é
- Quando somos convidados a orar em público, vivemos um
estado de inquietude que realmente nos dá a sensação de termos sido “atirados
aos leões”. Embora seja um impulso de preservação, é adoecido, afinal, ninguém
corre o risco de vida por orar entre irmãos de uma mesma comunidade
4.4 - COMPREENDENDO O MEDO
- Na obra “O Despertar do Espírito”, Joanna de Ângelis
elenca(acrescenta), além do medo das ocorrências imprevistas,
outros medos como resultado de transtornos psicológicos, de atavismos
ancestrais, de ansiedades mal contidas e de conveniências perturbadoras
- Ela explica ainda que não é exatamente o fato ocorrido, mas
a forma como o mesmo é sentido ou compreendido pelo indivíduo, que se torna o
fator desencadeador do medo
- Em “Diretrizes para o Êxito”, ela diz que existem seis
tipos básicos de medos : da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica
e da perda de um afeto profundo, afirmando que todos eles decorrem da
inseguranças pessoal decorrente dos conflitos passados, originados em
comportamentos infelizes
- No livro “Conflitos Existenciais”, ela estabelece fatores
endógenos e exógenos que respondem pela presença do medo
(1) Fatores Endógenos
- Estão envolvidos os comportamentos infelizes de
reencarnações anteriores, impressos no
períspirito
- O períspirito instala no inconsciente profundo as matrizes
do receio de ser identificado, descoberto como autor dos demais danos
produzidos em outros e que procurou ignorá-los, mascarando- se de inocente
(2) Fatores exógenos
- Neles estão elencadas (catalogadas) as atitudes
educacionais no Lar, os relacionamentos familiares agressivos, o desrespeito
pela identidade infantil e as narrativas apavorantes nas quais se comprazem
certos adultos
4.5 - CULTIVANDO O MEDO
- Ao analisá-lo pela perspectiva do cultivo das emoções,
simbolizamos o medo com a coroa-de-cristo que é um arbusto com longos ramos e
com muitos espinhos
- Também é conhecida como “coroa-de-espinhos”, “dois irmãos”,
“bem-casados”
- Por causa dos espinhos afiados, ela é utilizada por cerca
viva, por manter, assim como medo, pessoas e situações a
certas distância, gerando um estado de proteção
- Da mesma forma, o medo em certas manifestações também
tem essa função, visando estabelecer distanciamento para proteção
- Quando impulsionado pelo instinto de sobrevivência, ela
assume importante papel em nossas vidas, e por isso, deve ser estimulado
- Tentar matar essa “planta” em si, é colocar-se em risco que
certamente conduzirá para prejuízos cada vez mais graves, até alcançar a
anulação
4.5.1 - Fazendo a poda
- Quando a coroa-de-Cristo merece atenção e estímulo para se
desenvolver, pois quando não cultivada adequadamente cresce em desgoverno e se
torna fonte de transtornos e impedimentos
- Para discernirmos quando é necessário um “estímulo ao
crescimento” (medo impulsionado pelo instinto de sobrevivência) ou à
“poda” (medo impulsionado pelo Ego adoecido), precisamos aprender a nos
perguntar : “O que está em risco?”... “O que está em jogo ali?”
- Assim chegamos de fato à questão do “Ego adoecido”, que se
sente numa berlinda entre preservar-se para se manter enaltecido e exaltado, ou
correr o risco de ser “derrotado”, “desmascarado”
- Ao fazermos a oração, podemos pensar : “E se eu errar?”, “E
se eu esquecer parte da oração?”, “E se minha oração não for bonita?”, “E se eu
falar baixo de mais e ninguém escutar?”
-
Todas essas situações em que sentimos medo não são impulsionadas pelo “Instinto
de sobrevivência”. O “Ego adoecido”, por
interpretar essas supostas falhas como verdadeira morte da sua supremacia,
reage com medo de descobrirem não ser tão bom quanto deseja aparentar, nem tão
maravilhoso como alguns acreditam , nem tão equilibrado quanto tenta mostrar
- O “medo impulsionado pelo instinto de sobrevivência” fez com que os apóstolos de Jesus reunirem-se nas catacumbas, no escuro das
madrugadas, para não serem mortos. Se fossem movidos pelo “Ego Adoecido”, deixariam de fazer o
que acreditavam no fundo da alma , e nós não vivenciaríamos hoje a glória de
sermos cristão
- Onde e como estaria a
humanidade se os grandes nomes da
ciência dessem espaço ao medo de errar, de se frustrar, de não alcançar seus
objetivo?
- Cultivar o medo, nessas circunstâncias, é o
mesmo que fazer a “poda” adequada da Coroa-de- Cristo” para que não cresça
demais e impeça a passagem
- Vivemos inúmeras situações em que as inseguranças impulsionadas pelo “Ego
adoecido”, pelo excesso de si mesmo, estão presentes e não percebemos quantos prejuízos
isso nos impõe
- Não enxergamos o quanto deixamos de oferecer ao mundo, o
que temos de melhor quando não falamos às pessoas quão importantes são em
nossas vidas ou o quanto as amamos, por temor de sermos rejeitados. Esse comportamento
produz uma falência em nossa alma, afinal, a vivência dos bons sentimentos nos
alimenta e nos fortalece
- Temos preocupações de nos entregar, pois o Ego
imaturo
busca garantias descabidas para não sofrer. Ambicionamos a recompensa, o
reconhecimento, o acolhimento, sem correr o risco da rejeição ou do mau
entendimento, desejando retorno antes mesmo de fazer investimentos
- Vivemos numa sociedade carente, em que desejamos nos sentir
amados, aguardando alguém que nos faça sentir especiais, esquecendo que o que
nos faz sentir preenchidos e satisfeitos não está ligado ao quanto somos
amados, mas sim ao quanto amamos
- E, assim, adentramos um ciclo pernicioso, onde quanto menos
oferecemos nosso amor, aguardando os outros, menos nos sentimos amados
- Em nossos lares, tentando sobreviver à rotina, precisamos
aprender a declarar o quanto amamos as pessoas que estão à nossa volta, como a
vida mudou com a presença delas e quanto sentiremos sua falta coma separação
futura
- O “Ego doente” pela excentricidade fica
refém do mundo exterior que lhe dá um suposto sentido e uma sensação de valor
- Anda cambaleante entre o pavor de expressar seus aspectos
positivos e sofrer, seja pela rejeição, pelo abandono ou pela frustração, e o
de exprimir seus aspectos negativos e viver as mesmas experiências de rejeição,
abandono e frustração
- E, por estar numa fase de imaturidade, em vez de enfrentar
essa emoção para descobrir seu verdadeiro valor, esconde-se sob o pretexto da
timidez, da simplicidade, da humildade, da introversão
- Temos medo de pedir desculpas, ou perdão e
não sermos atendidos; de nos voluntariarmos para algum trabalho e não darmos
conta ou decepcionarmos os outros; de nos declararmos espíritas e não sermos
compreendidos
- Temos certeza que seremos rejeitados por sermos quem somos
além das aparências, e, por isso, criamos máscaras que não condizem com nossa
intimidade
- Também, obviamente, por não expormos nosso lado frágil,
deixamos de receber o acolhimento, o aconchego e a amorosidade que desejamos
- Ficamos ansiosos na realização de uma oração em público, de
uma palestra ou da coordenação de uma atividade, revelando isso, quanto ainda
somos movidos pelo “Ego adoecido” que está mais preocupado com seu desempenho e a
avaliação do mundo, receando ser criticado ou condenado, do que com a atenção e
a entrega à tarefa em si
4.5.2 - Descendo do Topo
- Esses medos são danosos porque revelam
que nos colocamos num lugar mais alto do que de fato estamos, e temos medo
de abdicar dessa ilusão: de quem não erra, de perfeição, de ser dono do
saber, de ser amado por todos
- Por isso, dizemos que o Ego está adoecido, afinal,
recusa-se a aceitar seu verdadeiro lugar de impermanência e insignificância no
mundo
- A perspectiva do cultivo das emoções não pressupõe
enfrentamento e exposição imediata, impositiva e impensada, como alguém que se
livra de um problema
- Quando cultivamos essa emoção adequadamente, não damos
espaço para que as preocupações ligadas à sobrevivência do “Ego adoecido” sejam
alimentados, do mesmo jeito as plantas indesejadas no jardim
- Se o medo não for cuidado, como o
jardineiro que abandona sua tarefa, ele tomará conta do canteiro, gerando
destruição
- Porém, não devemos atacá-lo sem critérios, a golpes
desgovernados de foices, sob o risco de decepá-lo e nos expormos
demasiadamente, gerando traumas e dores profundas que seriam desnecessárias
- O medo enquanto uma energia de
preservação, tem sua função impulsionada pelo instinto de sobrevivência. No
caso do “Ego Adoecido”, ele precisa ser orientado amorosamente
- Precisamos mostrar para nós mesmos, gentilmente, que as
situações de exposição às quais o medo nos paralisa, mais que
barreiras e possibilidades de aniquilação da aparência, são oportunidades de
crescimento interior e de realização divina
- Quando somos dominados por esse “Ego Adoecido”, por medo
de perder o falso predomínio, deixamos de cumprir com nossas responsabilidades
mais profundas perante Deus, abandonando nossos propósitos divinos e, por fim,
destruímos nosso sentido existencial
- Quando somos capazes de confrontar os terrores decorrentes
do “Ego
Adoecido”, colocamo-nos no lugar do educando que aceita os desafios do
educador, sabendo que as situações, dolorosas ou não, têm um sentido de ser e
merece nosso investimento e atenção, num processo de aprendizagem e crescimento
- Talvez por isso a mentora Joanna de Ângelis seja tão direta
: “A mais excelente terapia contra o medo e a ansiedade é a irrestrita
confiança em Deus, que criou a vida com objetivos elevados
- A Doutrina Espírita ensina-nos o descompromisso com a
imagem, com o ideal orgulhoso, com a expectativa ou com a aparência, a não
recearmos a dor, o sofrimento, a
rejeição, o abandono ou a frustração, devendo nos comprometer apenas com nossa
essência , servindo somente a Ele, amando a cada dia, mais e mais, e nos
entregando ao Deus do Amor
CAPÍTULO 5 - A RAIVA
5.1 - SENTINDO A RAIVA
- Em geral, a raiva é aceita e até valorizada por
parecer o oposto da passividade e da permissividade
- Segundo Joanna de Angelis ninguém deve envergonhar-se ou
conflitar-se por ser vítima da raiva, fenômeno perfeitamente normal
no trânsito humano, devendo-se evitar o escamoteamento dela, pela dissimulação,
mantendo-a intacta
- A raiva torna - se grave quando não
se tem capacidade de administrá-la
- Compreendemos, assim, a existência de um caminho do meio,
no qual devemos nos balizar, tendo num extremo a repressão, negando-se para si
mesmo, e no outro, a expressão desajustada ou valorização irrefletida, ambos prejudiciais ao ser humano
- Se precisamos assumir que sentimos raiva, também precisamos
nos responsabilizar pelo que fazemos com ela
- O alerta é para não escondermos essa emoção, pois se não a identificarmos, como
poderemos cultivá-la adequadamente para que dê flores e por reprimí-la
adensamos essa energia que, aos poucos, torna-se um morbo prejudicial a nós
mesmos e aos que estão a nossa volta
- Quando uma criança sente raiva é sempre melhor
auxiliá-la a entrar em contato com a sua emoção, pois ela “castrada”, não
aprende a lidar com a raiva
- Confundimos “criança reprimida” com “bem-educada”, pela falta de
compreensão a respeito da raiva, somada ao preconceito de nos
libertar das exigências angelicais
5.1.1 - A RAIVA ENGOLIDA
- Como energia de movimento,
engolir a raiva significa adentrar um processo de autoagressão
materializada no próprio corpo, que logo mais produzirá certas doenças
- No livro “Autodescobrimento- uma Busca Interior”, Joanna de
Ângelis atesta que toda a vez que a raiva é submetida à pressão e não
digerida emocionalmente, esta produzirá danos ao organismo físico e psíquico
- No físico, mediante distúrbios do sistema vago-simpático,
tais como indigestão, diarreia, acidez, disritmia, como autopunição. No
emocional, nervosismo, amargura, ansiedade, depressão, etc
- Diz ainda Joanna de Ângelis que as raivas ingeridas a
contragosto e não eliminadas desde a infância, poderão desencadear tumores
malignos e outros graves efeitos no organismo, alterando a conduta por completo
- Há inúmeros estudos científicos, estabelecendo as relações
entre a raiva e adoecimento físico. Destacamos um interessante artigo
científico Junguiano, produto de uma tese de doutorado em psicologia Clínica da
PUc/São Paulo, ocasião em que Moreno estudou a raiva associada à
gastrite e esofagite, bem como certos problemas de pele e disfunções da
tireoide
5.1.2 - A RAIVA DE NÓS MESMOS
- Existem pessoas que se autoagridem quando algo errado,
batem com a cabeça na parede, se beliscam ou se esbofeteiam
- Em outras circunstâncias, vivemos essa raiva de nós mesmos de
forma mais silenciosa, e por isso, talvez, seja mais difícil a identificação
- Em casos de relacionamentos
conjugais mal-sucedidos ou de traições, podemos, ao invés de sentir raiva
do cônjuge, sentirmos de nós mesmos por termos nos colocado naquela situação,
ou por termos dificuldade em fazer boas escolhas para um relacionamento
afetivo, ou por não termos percebido antes a situação
- Às vezes, temos raiva
de nós mesmos por não atingirmos determinado objetivo, como ser aprovado numa
prova ou sair bem numa entrevista
5.1.3 - A RAIVA QUE ESCONDE O MEDO
- Não sentimos raiva sem antes
sentirmos medo
- Essa força não cresce em nós à
medida que nos sentimos mais potentes, e justamente o contrário, à medida
direta que nos sentimos fracassados em nossa suposta potência, quando nos faltam
meios seguros para anular os efeitos do insulto
- Salientamos que, em determinados
momentos em que sentimos raiva, nosso desejo de destruição
decorre da sensação de fracasso, fragilidade ou limitação
- Transformamos o contexto para fugir
dos sentimentos decorrentes dessa situação, pois ainda somos imaturos demais
para nos deparar e assumir nossas fragilidades. Expulsamos a sensação de
mal-estar letal “matando para não morrer”. Mas de qual morte falamos?
- Muitos homens e mulheres parecem
extremamente fortes, agressivos, conseguem delimitar espaços, romper relações
sem aparentar qualquer problema emocional
- Imaginamos que sejam pessoas bem
resolvidas emocionalmente, beirando à frieza dos sentimentos e, em geral,
demonstram autossuficiência, independência, distanciamento emocional e parecem
não depender do afeto de ninguém, pois agem com raiva, mas não sabem que
essa é filha do medo
- Pessoas têm comportamentos
distantes, fingindo independência, mas esse comportamento, em geral, camufla o
pavor de precisar e não ter quem as ajude
- Tentam, elas, demonstrar que não
necessitam de afeto e atenção, ocultando de si mesmas o receio que têm de não
serem amadas como são, ou de serem usadas pelos demais
- Essa, para nós, é uma das mais
difíceis camuflagens da raiva, e que mais precisa de atenção, pois, afinal,
tudo indica que ela surge para ocultar o sujeito frágil que habita em nós
5.1.4 - ENLOUQUECIDO DE RAIVA
- Se a repressão é uma postura
adoecida emocionalmente e prejudicial, o seu extremo oposto, a expressão
indiscriminada, é tão perturbadora quanto ou mais
- Reforçamos essa afirmativa, pois
sob o discurso dos prejuízos de negar ou reter a emoção existe quem atue em
extremos impensados, crendo que a livre expressão da emoção desequilibrada seja
a melhor opção
- As reações raivosas fazem subir a
pressão arterial e, mais do que se supunha, tendem a endurecer e degenerar as
artérias mais rapidamente do que as de pessoas calmas
- Quando uma professora da PUC de
Campinas, Marilda Lipp afirma que 90% dos hipertensos são pessoas com propensão
para a raiva, e algumas têm temperamento explosivo, podemos perguntar:
“Quantos desses talvez sejam hipertensos por terem um comportamento raivoso?”
- Além de todos esses elementos, o
coordenador do Programa de Ansiedade e Depressão, do Instituto de psiquiatria
da UFRJ, ainda acrescenta : “Elas tendem a ter compulsões e, com isso, comem,
bebem, e consomem mais. Quando estão com raiva, sua reação costuma ser
agredir
5.1.5 - TÉCNICAS PARA A ADMINISTRAÇÃO
DA RAIVA
- Ninguém conseguirá atingir mais
equilíbrio de sua vida emocional apenas com técnicas de contenção dos impulsos,
pois será sempre preciso buscar a consciência do móvel interior que disparou
essa energia, e essa pode ser a principal técnica
- Entrar em contato com a raiva
é dialogar com a emoção, percebendo suas características, suas intenções e seus
gatilhos
- Joanna de Ângelis faz algumas
sugestões : gastar a energia em uma corrida ou num trabalho físico estafante,
mas declara que a eficácia da atitude depende de não ter a conotação de fuga de
si mesmo
5.2 - COMPREENDENDO A RAIVA
- Vivemos dias alucinados,
acreditando que o mundo deve girar em torno de nós, e tudo aquilo que impedir o
nosso reinado é visto como uma ameaça e precisa ser urgentemente eliminado
- Perdemos as referências internas e
adoecemos de tal forma que nos tornamos cada vez mais raivosos, irritadiços e
de difícil convivência
- Sempre que as coisas não saem como
planejamos ou desejamos, sentimos raiva e o ego interpreta isso como
um ferimento, uma afronta e, por isso, reage agressivamente
- Temos uma tendência de transferir
as nossas responsabilidades aos outros, e na questão da raiva não é diferente.
Por isso, precisamos nos perguntar “Por que estou sentindo isso, dessa forma e não de outra?”... “Por que sinto raiva
quando poderia sentir pena ou compaixão?”
- Joanna de Ângelis explica : “Quando
algo ou alguém se choca com o prazer, o bem-estar de outrem, ou afeta o seu
lado agradável, desencadeia-lhe, instantaneamente, a chispa da raiva”
- Nas obras de Joanna de Ângelis fica
evidente a diferença entre a raiva enquanto emoção que faz parte
de nossa nível evolutivo, e da qual não devemos nos envergonhar, e a cólera
como um grave distúrbio, inimigo do ser humano, que alucina e impulsiona o
indivíduo a atitudes completamente irracionais
- Joanna de Ângelis e muitos outros
estudiosos da psique humana afirmam: “A raiva instala-se com facilidade nas
pessoas que perderam a autoestima e se comprazem no cuidado pela imagem que
projetam e não pelo valor de si mesmas (livro: “Autodescobrimento-Uma busca
Interior”)
5.3 - CULTIVANDO A RAIVA
5.3.1 - FAZENDO A PODA
- Do mesmo modo que cultivar uma planta implica fazer a
“poda” adequada, cultivar a raiva não é simplesmente alimentá-la
para que cresça desgovernadamente
- Cuidar dela é dar curso ordenado
para que essa energia cumpra com seu papel e ofereça-nos os resultados
esperados
- Encontramos essa orientações nas
palavras de Joanna ao dizer que precisamos cuidar para que a descarga volumosa
e abrasadora mão encontre material inflamável em nós mesmos, para que vá
desaparecendo sem deixar vestígios
- Com isso, ela deixa claro a
respeito da presença da raiva em nossas vidas e o quanto
devemos cuidar para não darmos mais alimento às feras dentro de nós
- Nós não podemos nos privar de sentí-la,
sob o risco de nos reprimirmos e nos perdermos de nós mesmos, porém temos o
compromisso da poda, através do controle e da disciplina, para que essa emoção
não seja extravasada inconsequentemente, ferindo o nossa próximo e as leis
- Podar, no sentido de disciplinar
determinada energia para evitar mais prejuízos, não é reprimir, pois a
repressão é uma negação para si mesmo, acontecendo de maneira inconsciente, sem
sabermos que estamos reprimindo
- Quando assim agimos. Tentando
compreender a emoção em nós, antes de darmos vazão desgovernada, adentramos
outro estado emocional mais pacificado
- Entrar em contato com a própria raiva
e começar a entendê-la, analisando seus disparadores e os complexos que foram
tocados, produz uma organização interna, um estado de mais lucidez que nos
impede de sermos tomados pela emoção que nos deixa destrambelhados
- Quando “nos damos um tempo” para
pensar, analisar as situações por outros ângulos, silenciando os impulsos
daquele momento, em geral, chegamos a outras conclusões e somos levados a tomar
atitudes, diferentes daquelas em que agimos intempestivamente
- Precisamos nos apressar em ouvir e
nos demorar em reagir, afinal, dessa maneira poderemos enxergar os fatos com
mais detalhes e profundidade e, principalmente, enxergar a nossa Alma
- Emmanuel afirma : “O caminho humano oferece,
diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto, sempre que possível,
é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes,
surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparecerá”
5.3.2 - CRIANDO UMA CERCA PARA NOS
PROTEGER
- Joanna de Ângelis no livro
“Autodescobrimento-uma busca Interior”, nos aconselha que, quando ofendido, o
indivíduo precisa expor seus sentimentos ao agressor, aos amigos, sem queixa,
sem mágoa, demonstrando ser normal a vivência dessa emoção, e que como ser
humano, necessita de respeito
- É preciso sinalizar ao agressor o
que sentimos, caso contrário, estamos dando autorização para continuar, e o
pior de tudo é que vamos camuflando, fingindo que nada está acontecendo, e em
determinado momento teremos uma explosão desproporcional, somatório da situação
imediata e de tudo aquilo que não trabalhamos anteriormente
- Quando nos encontramos em situações
de violência física ou moral, o Ego certamente fará sinalizações buscando
sobreviver, e essa reação precisará ser acolhida com respeito a autoamor
- É certo que já vimos pessoas que
mantêm uma postura de submissão, mesmo à custa de dor e sofrimento, com o
objetivo de demonstrar ao mundo que são boas, mansas e humildes
-Se assim procedem, não o fazem pelo
outro, como fossem verdadeiramente altruístas, equilibradas ou caridosas, mas
sim pela própria imagem, talvez para se sentirem amadas, valorizadas, especiais
- O problema está naquele que finge
agir por um bem maior, mas na verdade o faz sem o consentimento da Alma, agindo
assim, com a intenção equivocada de ser elevado futuramente. Essa atitude,
produto do Ego adoecido pelo desejo de elevação, produzirá maus frutos, e
por ser consequência direta do amor legítimo, acabará por destruir os bons
sentimentos
- Ultrapassar o limite pessoal sob
justificativa de elevação moral é transgredir a Lei, fingindo santificação
antes de ter alcançando a plena humanização
- A partir disso, tudo o que poderia
ser aprendizado e crescimento interior, por nos machucar demais, se transforma
em mágoa, em ressentimento, ou até em ódio
- Proteger-se é muito diferente de
agredir o outro, por isso, a mentora nos orienta a não nos permitirmos a
intoxicação com os vapores morboso(doentios) da dissensão (disputa),
mantendo-nos em equilíbrio mesmo quando ocorram situações vexatórias e que nos
provoquem reações violentas
5.3.3 - ADUBANDO O SOLO PARA A
ATUAÇÃO VIGOROSA
- A raiva produz um estado de
alerta e preparação do corpo para golpear do inimigo, gerando pulsação e
energia suficiente para uma atuação vigorosa
- Quando o Ego harmonizado com o Self
consegue utilizar dessa energia de movimentação para operar mudanças
importantes, transformar situações, impedir a violência e o desrespeito, está
fazendo uma atuação vigorosa com fins positivos
- Ao vivermos um casamento em que
somos constantemente traídos, sentirmos raiva é um sinal de que o Ego se sentiu ferido. Mas
isso, não necessariamente, quer dizer egocentrismo
- Em verdade, em uma situação como
essa o estado de adoecimento egoico seria justamente o contrário
- Permanecer dessa forma, fingindo
nada acontecer e tudo suportar, seria uma forma de descuido pessoal. Não exigir
qualquer mudança no sentido de autopreservação é que seria um problema, afinal,
não podemos confundir tão facilmente autoamor com egocentrismo
- Frente a essa situação, uma atuação
vigorosa será bem-vinda, caso contrário, ao nos mantermos passivamente,
estaremos descuidando de nós mesmos
5.3.4 - MUDANDO A PLANTA DE LUGAR
- Quando impulsionada pelo Ego
adoecido, pelo excesso de nós mesmos, queremos mudar o mundo e fazer com que as
pessoas se adaptem a nós, sem perceber que estamos nos colocando em um lugar
privilegiado, acima do que merecemos. Às vezes, somos nós que precisamos mudar
de lugar
- Na Lei de Destruição, do Livro dos
Espíritos, os Espíritos superiores ensinam que precisamos enxergar na
destruição uma transformação, e que, a destruição é Divina quando se cumpre em
um tempo, necessidade e sentido adequados
- Precisamos romper com as imagens
dentro de nós mesmos, do quanto nós nos achamos importantes, certos e
adequados, pois sentimos raiva quando o mundo não se ajusta
a esse julgamento equivocado que fazemos de nós mesmos
- Por isso, falamos em mudar a planta
de local, em trocar de vaso, pois precisamos adentrar a um estado de menos
“luminosidade”, descobrir os benefícios da “Sombra”, permitindo-nos rever
posicionamentos a ações
- O cultivo da raiva, através do
rompimento desnecessário, querendo se subtrair de transformações morais, faz
com que ela se transforme em energia desenfreadamente destrutiva
- Cultivar a raiva é canalizar essa
energia para atuar de forma a fazer com que a lei Maior se estabeleça. Por
vezes, precisamos realizar mudanças externas, revendo relações, situações,
contratos e interromper sutações desnecessárias e prejudiciais
- Ao longo de toda a obra “Psicologia
da Gratidão”, Joanna de Ângelis explica-nos que existem sofrimentos que nos
chegam sem depender de nossas atitudes, e precisamos aceitá-los por verificar
que o fenômeno da dor tem razão existir naquele momento
CAPÍTULO SEIS - A TRISTEZA
6.1 - DEFINIÇÃO DE TRISTEZA
- A tristeza é uma emoção voltada
para dentro, um abatimento, uma falta de energia que faz com que nos descolemos
um pouco do mundo externo
- Dizemos que é o convite gentil do
Pai para que fiquemos um pouco mais conosco mesmos
- Poucos temos intimidade interior, e
quando somos “obrigados” pelo nosso psiquismo a permanecer assim, sentimos
incômodo, desconforto ou mesmo dor
6.2 - IDENTIFICANDO A TRISTEZA
- Algumas pessoas não identificam
seus sintomas ou, em intuindo-os, querem fugir desse contato
- É um fenômeno psicológico
transitório, normalmente de curta duração. Essa explicação é importante tanto
na identificação da emoção natural quanto de uma situação mais grave
- A tristeza não é o inverso da
alegria, mas a sua ausência momentânea
6.3 - SENTINDO A TRISTEZA
- Se não desenvolvermos a capacidade
de suportar essa dor, pouco extrairemos dela o que há de belo, transformador e
divino
- Quando não nos permitimos viver a tristeza,
a sensação de dor e sofrimento tende a aumentar
- Certas pessoas insistem em viver
emocionalmente ilesas. Isso é doloroso e patológico, afinal não há como
ocultarmos o sentimento de uma perda
- Quando temos dificuldade em aceitá-la,
fazemos um esforço hercúleo para fugirmos de nós mesmos, não nos oportunizando
momentos de solidão, de silêncio, de quietude
- É comum nos colocarmos
constantemente em barulho, ligando o som, a televisão, e mesmo sem perceber,
fixamo-nos em jogos, aplicativos dos celulares, mantendo contato com o mundo
exterior, em um grande desgaste de energia, pelo receio de ouvirmos o chamado
interno
- Construímos uma cultura avessa à
tristeza, embora ela faça parte do rol das emoções básicas, em muitos
contextos é menosprezada e rejeitada
- Nossas dores e tristezas ficam, por nós
mesmos, relegadas ao abandono. Em geral, são aparentemente, suplantadas pelos
divertimentos passageiros, pelas alegrias fugazes (rápidas)
- Nutrimos uma sociedade com
exigência de alegria absoluta, impondo a expressão do sorriso mesmo quando o
coração chora e a alma se debate em gemidos silenciosos
- Por isso, além da atitude
descompensada de ocultar o verdadeiro estado existencial, elegemos uma ação
ainda pior, a de esconder de nós mesmos as emoções profundas, por acreditarmos
que ao sentí-las, estaríamos traindo as Leis Divinas e nos mostrando falíveis
- No livro “Atitudes Renovadas”,
vemos novamente que esta emoção não é uma patologia, mas sim, um fenômeno natural
que ocorre com todas as pessoas, mesmo as que vivenciam os mais extraordinários
momentos de alegria
- Por isso a mentora nos instrui :
“Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e
retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione”
6.3.1 - A TRISTEZA DOS OUTROS
- Pela dificuldade de contatar as
emoções, talvez por não sabermos como agir ou por não compreendermos sua
importância em nossas vidas, fugimos e determinamos inúmeras vezes : “Não
fiques triste!”
- O melhor que podemos fazer por
nossos afetos é ouvi-los, abrindo espaço para a expressão do mal-estar, com
postura de acolhimento e compreensão, para que ela cumpra com seu papel na vida
de todos
6.4 - COMPREENDENDO A TRISTEZA
6.4.1 - INTERIORIZAÇÃO
- A tristeza nos conduz à
interiorização, e o caminho para dentro é sem dúvida o mais seguro e estável,
pois nos coloca em contato com o nosso mundo particular, e, se assim o faz, é
porque há uma sabedoria ínsita (Inata) convidando-nos à renovação
- A introspecção não quer dizer
abandono, ao contrário, afinal olhar para dentro é uma postura ativa, de
vivência profunda, mas num papel de quem está aprendendo algo e não importado
- Precisamos ser especialistas em nós
mesmos, compreendendo a dimensão das dores e estragos internos, identificando
os aspectos mais dolorosos e que precisam de mais atenção, daqueles simples e
facilmente superáveis
- Quando estamos tristes, não temos
energia para sair, ver pessoas ou nos divertir, pois, afinal, o convite é para
dentro
- Quando alguém está triste,
há mais maturidade e harmonia em conseguir conversar sobre a situação e
auxiliar o indivíduo a digerir aquela experiência, do que em tentar esticar os
braços para arrancá-lo do buraco imediatamente
6.4.2 - AJUSTAMENTO
- Uma das principais funções da tristeza,
segundo Daniel Goleman, é a de proporcionar um ajustamento a uma grande perda,
como a morte de alguém ou decepção significativa
- Por não termos mais o cônjuge ao
nosso lado, precisamos aprender a viver sem ele, pois a vida continua e Deus
sabe o que faz, porém, a maior e mais difícil readaptação não é a física ou a
financeira, mas sim a emocional, pois às circunstâncias materiais, adaptamo-nos
rapidamente
- Por isso, não nos parece adequado ou
saudável, na tentativa de se curar, logo arrumamos um substituto para a nossa
dor, apaixonando-se pelo primeiro que nos dê um pouco de atenção e carinho,
pois deveríamos aprender a viver sozinhos
- A tristeza convida-nos a
uma pausa para a compreensão da existência, e se conseguirmos fazer silêncio
interior, amadurecemos um pouco mais, realizando uma reorganização interna
usufruída apenas pelos que se permitem parar e ouvir o Deus Interno
- Faz parte do processo de
compreensão da tristeza em nossas vidas entendermos que sua finalidade maior é
nos conduzir para dentro e para realizarmos esse ajustamento
6.5 - CULTIVANDO A TRISTEZA
- Joanna de Ângelis afirma que : “A
tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois,
psicoterapêutica”
- Esse é o comportamento essencial
para identificar quando precisamos de uma intervenção mais severa: silenciar
nossas palavras e pensamentos porque adentrarmos a postura queixosa, reclamando
sem o intuito de aprendizagem ou
crescimento, como se Deus tivesse esquecido ou abandonado a nós
- Esse é o comportamento direcionado
pelo Ego
adoecido,
pois quando agimos assim, a tristeza torna-se um movimento devastador,
transforma-se em revolta, e o indivíduo se vitimiza sem igual
- O essencial no cultivo dessa
emoção é o cuidado que devemos oferecê-la para que nos ajude a cumprir
com a tarefa de introspecção e de crescimento interior
- Infelizmente, escolhemos a dor como
método pedagógico, cuidando da saúde apenas quando ela está debilitada,
valorizando o dinheiro quando ele nos faz falta e percebemos a importância de
um ente querido quando ele se foi de nosso convívio direto
- Por ser adequadamente cultivada,
enquanto energia de introspecção, a tristeza faz-nos repensar a vida e
aprender com as dores que ela nos oferece
- Ao sermos inflexíveis ou
egocêntricos, tornamos essa vivência prejudicial, e aí a tristeza perde sua
finalidade terapêutica
- É evidente ser muito mais fácil
alegar que o outro nos abandonou, que o colega nos feriu ou que o cônjuge nos
magoou, do que investigarmos nossa realidade pessoal e nos transformarmos
6.6 - TRISTEZA E DEPRESSÃO
- A depressão pode se
apresentar em forma de tristeza, mas essa é pertinaz,
anulando os interesses pela permanência dos objetivos essenciais, dando lugar à
melancolia que se instala, perniciosa, convertendo-se em patologia
- Claro que a depressão, assim como
todas as doenças mentais, é um convite à revisão da forma como vivemos a vida,
uma reflexão para novas posturas existenciais, contudo, ressaltamos que a
vivência da tristeza e da depressão deve ser diferenciada
- O luto é útil, a depressão
total, não. Nas grandes depressões a vida é paralisada e,
consequentemente, parece impossível visualizar um recomeço. Os sintomas da depressão
revelam uma vida suspensa
- A tristeza tem um sentido
de interiorização e quando não percebemos esse sentido de transformação e não a
vivenciamos de maneira saudável, positiva, corremos o risco de sermos solapados
pela
depressão
- O termo depressão tornou-se tão
difundido que as pessoas a confundem com tristeza, pois que depressão é uma tristeza
profunda e persistente, não devendo ser banalizada
6.6.1 - CAUSAS DA DEPRESSÃO
- Joanna de Ângelis, em seu livro “Entrega-te a Deus”, ela reporta-se a
quatro grandes causas da depressão,
estabelecendo por preponderante as heranças das reencarnações passada
- Como outros fatores, cita a perda
de sentido existencial, a ausência de segurança nos padrões nobres das
tradições de beleza e de objetivos dignificantes, a falta de convivência
saudável com o próximo, em razão do medo de ser traído, abandonado, explorado
ou simplesmente ser ignorado quando as suas necessidades se impuserem à amizade
e ao afeto
- E, por fim, é preciso levar em
consideração as paisagens ancestrais da hereditariedade, das enfermidades infectocontagiosas,
dos traumas de infância, dos distúrbios orgânicos, bem como o desequilíbrio das
funções tireoidianas, as mudanças orgânicas pela menopausa e pela andropausa, o
câncer, doenças degenerativas o abuso do álcool, as doenças cardiovasculares, a
idade avançada, todos contribuindo de maneira vigorosa para a presença da depressão
- Joanna concorda com a classificação
das causas da depressão sendo de natureza exógena e endógena, porém,
explicita a necessidade de considerar a preponderância das heranças das
reencarnações transatas (anteriores)
- E ela afirma em outra obra,
categoricamente, que mesmo considerando os demais fatores, “ É o Espírito o
desencadeador do transtorno martirizante”
- Afinal, se o sucesso do tratamento
decorre, na maioria das vezes, da forma como enfrentamos a vida, todos os casos
que evoluírem apenas com modificações externas ou puramente medicamentosas, sem
aquiescência e transformação da alma, tendem à reincidência
- Além de tudo isso, ainda há que
considerar as influências obsessivas, por também desencadearem o processo depressivo, abrindo espaço
para o suicídio, ou alienando o sujeito em transtorno psicótico, direcionando-o
para a etapa trágica da autodestruição
6.6.2 - COMPREENDENDO A DEPRESSÃO
- A Psicologia Espírita considera o
Espírito adoecido sendo o principal fator do distúrbio da depressão
- A medida que esse Ego não
aceita ou não compreende o convite que a emoção lhe faz e o sentido dela em sua
vida, a tristeza torna-se aparentemente destrutiva pelo enfrentamento
que impõe
- O Ego adoecido, crendo-se
acima do Bem e do Mal, por não saber como lidar com a experiência, fecha-se ou
estagna-se, endurecendo emocionalmente em apatia, revolta silenciosa ou
rebeldia declarada
- O aprisionamento do Ego
se dá por comportamentos em que o Ego se mantém preso às
circunstâncias externas da vida, adoecido por se colocar no centro de tudo e
acreditar que a vida é, exclusivamente, fonte de prazeres e encantos,
constrangendo a instância divina e impedindo sua livre expressão, porque a vida
não se submeteu aos seus desejos
- Há depressão quando o Self,
em fixação no conjunto celular, experimentou a amargura da mãe que não desejava
o filho, do pai violento, dos familiares irresponsáveis, das pelejas
domésticas, da insegurança no processo de gestação
- Embora as circunstâncias sejam
dolorosas, sabemos que o comportamento de revolta ou de aprendizagem tem sua
nascente na alma do indivíduo, caso contrário, todos que vivessem experiências
difíceis na infância desenvolveriam quadros depressivos, o que não é
verdade
- Joanna diz que a depressão
é doença da alma, que se sente culpada, e, não poucas vezes,
carrega esse sentimento no inconsciente, em decorrência de comportamentos
infelizes praticados na esteira das reencarnações, devendo, em consequência,
ser tratada no cerne da sua origem
- Quando deprimimos, caímos no
buraco e por todos esses sentimentos de revolta, de culpa, não queremos
reflexionar, apenas ficar ali dentro, em silêncio, pois há um medo
de sair e sofrer novamente dor semelhante, ou receio de não conseguir mudar a
situação, ou por revolta surda, não querer aceitar o que a vida lhe ofereceu,
parecendo uma tentativa frustrada de se proteger do mundo, de não sofrer mais
- Os casos de depressão mais
difíceis de serem trabalhados são os
resultantes da revolta já que a depressão não está diretamente ligada à
quantidade de tristezas que tivemos em nossas vidas, mas sim, à postura que
temos frente a elas
- Esse encarceramento íntimo se
verifica quando fugimos de amigos, ou nós nos restringimos ao mínimo possível,
para evitarmos sofrer novamente uma decepção como vivemos da amizade anterior.
Ou quando evitamos um envolvimento afetivo por sermos incapazes de nos entregar
verdadeiramente a um amor, pelo receio de arriscar e sofrer novamente
6.6.3 - TERAPÊUTICA DA DEPRESSÃO
- Se o sujeito é incapaz de cultivar
a tristeza
do jeito que ela merece, a depressão o obriga a ir ao encontro
interior de maneira drástica
- Íris Sinotti, psicoterapeuta
Traspessoal, diz: “A tarefa que precisa ser, invariavelmente, envolve um novo
nível de responsabilidade, um encontro real com a Sombra, um aprofundamento
da jornada em direção a lugares novos e até então inexploráveis. O depressivo
deve buscar forças para não permanecer prisioneiro do passado, mas com ele aprender
para não repetir os mesmos erros no presente”
-Continua Íris Sinoti : “O grande
valor da depressão está em perceber que esse movimento de regressão da
energia da psique está a serviço do EU, assim como o sono serve de
equilíbrio para o corpo”
- Se falta ao depressivo justamente a
vontade, um dos sintomas da doença, precisamos auxiliar nos fatores que estejam
acarretando a perda da vontade e não exigir uma solução mágica
- Como dissemos, a depressão
é o fim da linha de fuga para o autoencontro e a revisão de posturas em relação
a si mesmo, à vida e aos outros
- Então, quando assistirmos um ente
querido nesse estado, cabe-nos estimulá-lo ao autodescobrimento, ao
descobrimento da sua realidade maior
- A teurapêutica proposta pela
Psicologia espiritual passa pela valorização de si mesmo e pelo reconhecimento
da imortalidade, pois esse compreensão seja fundamental para que, ao
percebermos nossa recusa em viver, para modificarmos posturas, pensamentos,
relações, formas de nos relacionar com as pessoas e o mundo
- Em algum momento, precisamos
realmente aprender que a maioria das situações não é do nosso jeito, e outras,
precisaremos construir e investir para
que saiam do modo esperado. Mas, se recusar a viver é negar a Deus
- Como nos mantemos na superficialidade
emocional, exigimos sermos amados na esperança de nos sentirmos melhores, sem
entender que a cobrança que nossa alma nos faz é para amarmos, para nos
doarmos, para sermos importantes na vida dos outros antes mesmo que sejam em
nossas vidas
- Por isso diz Joanna de Ângelis
“nunca, pois, devem postegar essa saudáveis e verdadeiras manifestações da
afetividade, a fim se serem evitados futuros transtornos de comportamento,
quando a culpa pretenda instalar-se em forma de arrependimento pelo não dito,
pelo não feito, mas sobretudo pelo mal que foi dito, pela atitude infeliz do
momento perturbador”
CAPÍTULO SETE - A ALEGRIA
- A alegria é considerada uma emoção
positiva por ser agradável, quando expressa, verdadeiramente, o estados da Alma
- A alegria é a presença de Deus no
coração e, como toda emoção, ela é passageira e deixa uma sensação de
bem-estar, alívio e leveza em quem a viveu
- Ela aquece a alma e estimula o ser
a continuar sua caminhada, mesmo em meio a certos dores e percalços passageiros
- Muitos confundem seriedade com
sisudez, comprometimento com ausência de alegria e espiritualidade com
fechamento. E, no outros extremo temos a euforia, estado exagerado de alegria,
ou falsa alegria, beirando o destrambelhamento da alma
7.1 - SENTINDO A ALEGRIA
- Essa emoção, segundo Joanna de
Ângelis, proporciona ao cérebro enzimas especiais que decorrem de fatores
imunizantes e proporcionam o constante equilíbrio orgânico
- Na obra “Vitória sobre a
depressão”, a mentora reforça que “A alegria não é encontrada em mercados ou
farmácias, mas nos recônditos do coração que sente a ama”
- Aguardamos momentos de alegria que
nunca chegam, apostando nossas fichas no final de semana ou nas férias, sem
identificarmos que a verdadeira felicidade vem de dentro
- Dessa forma, quando esses dias
esporádicos chegam, vivemos diferentes sensações, mas no final das contas, por
não sabermos viver a alegria verdadeira, terminamos, novamente, cansados ou
estressados, vazios interiormente, apenas distraídos
7.2 - COMPREENDENDO A ALEGRIA
- Entender e aceitar o estado
transitório desta emoção é fundamental para não nos impormos à necessidade de
uma alegria
constante, em uma conduta vazia e superficial, não condizente com a realidade
emocional
- A sociedade contemporânea
estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos,
significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo pessoal e
econômico, conquista de posição relevante
- Em consequência, há um estereótipo
representado de alegria, mesmo quando o coração chora e o espírito se debate em
conflitos e dores não exteriorizadas
- Quando o Ego se vê na
obrigatoriedade de externar alegria para manter as aparências e
não se sentir diminuído, forja estados de alma que mais nos atormentam do que
verdadeiramente nos alegram
- O culto da aparência incita-nos a
forjarmos uma emoção falsa, sem substrato profundo. Esse é o primeiro passo no
ensaio para o episódio da euforia, que desencadeará o transtorno bipolar
7.3 - ALEGRIA X EUFORIA
- Em “Amor, Imbatível Amor”, a mentora
aborda a questão dos transtornos de humor e diz que “No excesso de humor, ou
seja, na euforia perde-se o contorno do que é real e passa-se ao exagero,
tornando-se irresponsável em relação aos próprios atos, já que tudo entende
como de fácil manejo e definição. Em tal situação, quando irrompe a doença, há
uma excitação que conduz o paciente às compras, à agitação, à insônia, com
dificuldades de concentração”
- O Ego adoecido pelo excesso
de si mesmo não consegue compreender que a tristeza é saudável, enriquecedora e
terapêutica. O excesso de risos surge
para forjar um estado de superioridade ou bem-estar inexistente e desnecessário
- Esse é um movimento do Ego adoecido
que acredita ser possível enganar a si mesmo e aos demais, intensificando algo,
como se a quantidade pudesse sobrepujar a qualidade
- Frente à dor do desencontro, à
frustração do não conquistado e ao vazio da exterioridade, o sujeito que não
está maduro minimamente, derrapa para o caminho aparentemente mais fácil, a
porta larga, a construção da persona de alegre
- Certamente, por não perceber a
solicitação para análise das necessidades reais e revisão da existência, o
indivíduo, fugindo de si, mais cedo ou mais tarde, cairá nas malhas da
depressão
- Joanna de Ângelis nos ensina que
“Na raiz psicológica do transtorno depressivo ou de comportamento afetivo
(transtorno Afetivo Bipolar), encontra-se uma insatisfação do ser em relação a
si mesmo, que não foi solucionada”
- Certamente, vivemos uma dose de
insatisfação pelo que somos. Muito distante ainda nos encontramos de Deus e de
suas leis, e seria patológico nos contentarmos com isso
7.4 - CULTIVANDO A ALEGRIA
- Se a tristeza é uma energia de
introspecção, que convida o homem ao reajustamento e à revisão de alguns
elementos da vida, a alegria é uma energia de exteriorização
- Se na tristeza revermos a
nossa forma de encarar a vida, na alegria expressamos a certeza de
que está tudo certo
- Se na tristeza Deus nos convida
a olharmos para dentro e mudarmos algumas posturas, na alegria somos nós que
dizemos a ele: muito obrigado!
- Cultivar a alegria é termos olhos
para Deus e para o Seu movimento, compreendendo e aceitando a trajetória que
Ele determina para nós
- Quando a alegria não é cultivada
de maneira adequada, alicerçada no Eu Superior, torna-se adoecida e
compromete o desenvolvimento emocional do indivíduo
- Porém, quando é a consequência do
reconhecimento de nossa pequenez frente ao Senhor, e de que somos velados por
Ele, tornamo-nos alegres, felizes!
CAPÍTULO 8 - A ARTE DE CULTIVAR AS EMOÇÕES
- A partir do reconhecimento de que
somos seres emocionais, que não podemos fugir desse mecanismo, que as reprimir
gera grandes prejuízos para o complexo mente-corpo, e que, se as cultivarmos
adequadamente, poderão embelezar e
perfumar as nossa vidas
- Quando não cultivamos nossas emoções,
elas ficam escancaradas, desalinhadas, intempestivas, automatizadas ou
embotadas, gerando mal-estar para nós e para os outros
- Quando ignorantes dessa arte,
reagimos com raiva ao sentirmos medo, choramos aparentemente de tristeza
ao sentirmos raiva, ou camuflamos nossa tristeza com os sorrisos da falsa
alegria
- Somente através do diálogo com as emoções
podemos conhece-las efetivamente e compreender o sentido de cada uma delas em
nossa vida
- Disso resulta o entendimento de
que o medo é uma energia de
preservação, e por isso, nos aponta os cuidados a serem tomados, visando ao
bem-estar individual e à perpetuação da espécie
- A raiva pode ser vista por
energia de movimentação, convidando-nos a mudanças de postura, de imagens
internas e externas, visando estabelecer condições saudáveis para o crescimento
interior
- Dessa mesma forma, a tristeza
passa de simples fracasso para ser percebida como energia de introspecção que
faz olharmos para dentro, estimulando a percepção das dores internas para nos
ensinar a bem mais conduzirmos a vida
- E por fim, a alegria enquanto
energia de exteriorização, colocando para fora, em troca harmoniosa com o
Universo
- Se as emoções são um dínamo de
vida, de realização, de crescimento, entendemos que produzem aflições quando se
deparam com um Ego exaltado, com as posturas rígidas autocentradas
- Quando movidas pelo Ego
adoecido, desvirtuam-se gerando dor e sofrimento, interpretando os desafios por
ameaças, as divergências como hostilidade e as perdas como punições
- Isso tudo porque o Ego,
incapaz de enxergar a vida pelo ângulo divino, analisa as situações apenas
pelas suas lentes mesquinhas, autocentradas e competitivas, por acreditar que o
mundo só tem espaço para aquele que ocupa o primeiro lugar, e que só é amado
quem é perfeito
- Quando não trabalhadas e cultivadas
de maneira positiva tornam-se vícios que se enraízam em forma de hábitos de
qualidade inferior, respondendo por diversos desastres morais e emocionais
- Assim, as emoções refletem o estado
espiritual em que cada um transita, e quando movimentadas pelo egoísmo e
desejos do prazer material excessivo geram desajustes de difícil superação
- Contudo, amparadas pelo Ego
em plena harmonia com o Self, o medo cumpre com seu papel
de preservação exclusivamente nas situações que realmente oferecem risco à vida
- A raiva atua vigorosamente
como energia movimentando e efetivando as mudanças necessárias, a tristeza
reassume seu potencial introspectivo para fortalecer nosso contato com Deus e
aceitarmos Seus desígnios
- Ao refletirmos acerca de nossos medos,
percebemos quanto ainda estamos aprisionados ao mundo infantil, condicionados
pelos insucessos da vida, ou paralisados frente às exterioridades, revelando
quão inseguros somos, quanto duvidamos de nossas capacidades e potenciais,
quanto a opinião alheia prevalece sobre nós e quanto preocupados somos com
nossa imagem, mais do que com as tarefas a serem realizadas
- E receosos de colocar nosso Ego
em risco, preferimos não atender ao chamado evolutivo
- Ao dialogar com a raiva,
identificamos o franco egocentrismo, também verificamos quão imaturos e
exigentes nos colocamos nas relações, como se o mundo fosse obrigado a nos
servir a nosso modo e a nosso tempo
- Contatar a raiva que há em nós faz
percebemos a inflexibilidade e, principalmente, o desejo de superioridade. Ela
tem um poder especial de delatar nosso senso equivocado de autoimportância e de
exaltação
- Como dizemos anteriormente, se o
sentimento de autoimportância desmedida é a postura egoica que gera todos os
vícios e que desajusta as nossas emoções, então o reconhecimento da nossa
pequenez, consequência do autodescobrimento, dar-nos-á o equilíbrio emocional e
será a nossa salvação
- Sem humidade, adornamo-nos de
virtudes que não possuímos. Por compreendermos que sem Deus, sem o
conhecimento, sem muito esforço e amparo dos bons espíritos, nada somos e muito
pouco podemos, sentimos a nossa pequenez
- Joanna de Ângelis diz que a
humildade não é a negação de valores, nem subestima por si próprio, afinal, ser
filho de Deus e encontrar-se em experiência evolutiva, é bênção que não podemos
desprezar