domingo, 3 de maio de 2015

VIDEOAULA 10
A SOMBRA / 01 - Íris Sinoti
- A Sombra é mal interpretada, pois a temos como entendimento algo assustador e como oposição à Luz
- A proposta de Joanna de Ângelis é que devemos compreendê-la e, a partir daí, crescer com ela
1 - ROBERT BLY - AO ENCONTRO DA SOMBRA
- “Passamos nossa vida até os 20 anos decidindo quais as partes de nós mesmos que poremos na sacola e passamos o resto da vida tentando retirá-las de lá. Algumas vezes, parece impossível recuperá-las, como se a sacola estivesse lacrada”
- Até os 20 anos colocamos um monte de conteúdos nossos dentro de uma sacola, pois percebemos na infância que algumas coisas são desagradáveis para os adultos, principalmente o pai e a mãe
- Assim, todos os sentimentos que lhes são contrariados, a criança coloca nessa sacola conteúdos seus que não são aceitos pela sociedade
- Ao contrário, se essa mesma criança mostrar-se muito ponderada, compreensiva, calma, amada, aceita, toda a vez que se sente muito irritada, ela põe a irritação na sacola e torna-se uma pessoa ponderada, boazinha e, assim, vai construindo uma “Persona”
- Construindo essa “Persona” ela, em algum momento, poderá acreditar que é igual aquilo : calma, ponderada, etc...
- Quanto mais eu me identifico com a imagem que eu acredito ser, a minha Sombra, “a sacola de lixo” vai ficando mais densa e, assim, vou me separando, cada vez mais, da pessoa que sou
- Esse conteúdo que vai ficando na “Sacola”, em algum momento da minha vida, vai ser necessário ser de lá retirado. Quando não fizemos esse exercício de conhecer o outro lado, vai ocorrer na nossa personalidade uma “dissociação”, como se estivesse vivendo uma dupla personalidade. Eu passo a ter atitudes que a minha consciência reprova, que seja tomada ou invadida por uma parte minha que eu desconheça, e é parte do conteúdo dessa Sombra
- Eu preciso conhecer esse conteúdo que está distante de mim, pois ao contrário, vai haver uma dissociação da personalidade, como eu estar vivendo uma dupla personalidade
2 - CARL GUSTAV JUNG
2.1 - “A SOMBRA personifica o que o indivíduo recusa conhecer ou admitir, e que, no entanto, sempre se impõem a ele, diretamente ou indiretamente, tais como traços inferiores do caráter ou outras tendências incompatíveis. É aquela personalidade oculta, recalcada, frequentemente inferior, que em geral, tem um valor afetivo negativo”
- Quanto mais essa SOMBRA vai ficando no inconsciente, mais densa ela se torna e, assim, ela se inferioriza por que eu não a reconheço
- A SOMBRA é de fato o meu oposto. Dependendo da educação que recebo, qualidades minhas, reconhecidas por outros como qualidades, pode ser vista naquele meio como algo negativo, inaceitável
- Isso, assim, vai ser reprimido, vai ser recusado por mim e vai compor minha SOMBRA
- Joanna de Ângelis, Jung e outros psicólogos, vêm trazer a importância de se trabalhar os conteúdos da SOMBRA, pois é nela que temos energias disponível para o processo de “Individuação” acontecer
- Essa força inferior que vem, muitas vezes, com processo afetivo negativo, porque foi algo negado, reprimido, lá na frente
- Todas as vezes que eu tenha que atualizar isso, a primeira pessoa que vai dizer que aquilo não é positivo, sou eu mesmo
- Esses conteúdos da SOMBRA também são vistos por nós como conteúdo negativo e, provavelmente, reprovado por nós
2.2 - “Todo homem tem uma SOMBRA e, quanto menos ela se incorporar à sua vida consciente, mais escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções”
- Por desconhecer SOMBRA é que as nossas melhores intenções são contaminadas por essa SOMBRA
Quanto mais distante da SOMBRA eu estiver, mais incorporada na minha vida ela fica. Nos relacionamentos, por exemplo, eu tenho uma relação de SOMBRA no casamento e eu pergunto se não é “carma”. Não é “carma”, porque você não conhecia sua SOMBRA, e ela lhe fez um favor de escolher seu parceiro, pois só assim você poderia trabalhá-la
- Muitas vezes, o conteúdo desconhecido vai encontrar no outro aquele gancho que eu posso trabalhar e atualizar meu processo
2.3 - “A SOMBRA não consiste apenas de tendências moralmente repreensíveis, mas também demonstra várias boas qualidades, como instintos normais, relações apropriadas, insights realistas, impulsos criativos, etc”
- Esses insights vêm da SOMBRA, e não da consciência, como grandes ideias. A criatividade também é um conteúdo da SOMBRA
- O impulso criativo é visto por Jung como também um instinto. A criatividade é essencial na nossa vida, pois outras alternativas para resolver nossos problemas, de sermos flexíveis e não rígidos
- Nem tudo que está na SOMBRA é de fato negativo, por isso é necessário uma revisão de crenças e conceitos
- Todo o processo de terapêutico e de individuação necessita de uma disposição para ao pessoa “abrir” todas essas Gavetas e fazer essa faxina tão profunda

3 - JOANNA DE ÂNGELIS
3.1 - Livro : “Jesus e o Evangelho à Luz da psicologia Profunda” - Cap 22
-“As experiências não vivenciadas, as circunstâncias ainda não conhecidas constituem- lhe a SOMBRA que se pode apresentar, também, do nosso ponto de vista, como os insucessos, os abusos, os desgastes a que se entregou, fazendo - a densa, porque necessitada de diluir-se através de outras atitudes compatíveis com as conquistas da inteligência e do sentimento”
Todas as experiências já vividas, também compõem a minha SOMBRA. Por isso que filhos educados da mesma forma, filhos do mesmo pai e mãe, na maioria das vezes, são muito diferentes, porque cada um de deles são uma individualidade. Aí a importância do Autodescobrimento e do Autoconhecimento
- Nós vamos formando essa SOMBRA a partir do momento em que o homem foi dotado da razão
- Esse aprimoramento nas vidas sucessivas da inteligência e do sentimento, é que o homem vai diluindo cada vez mais essa densidade que faz parte do ser

3.2 - LIVRO : “O DESPERTAR DO ESPÍRITO (Cap 02)
“ A própria personalidade, não poucas vezes, apresentando-se fragilizada, fragmenta-se e dá surgimento a vários “Eus”, que ora se sobrepõem ao EGO, ora se caracterizam com identidade dominante”
- A personalidade vai aos poucos sendo fragilizada, porque uma estrutura de um EGO frágil lá atrás, faz com que minha PERSONA fique cada vez mais difícil. E quanto mais frágil minha estrutura de EGO, maior minha necessidade de incorporar a PERSONA na minha vida, e quanto mais eu a incorporo na minha vida, maior é a chance que um outro “Eu” surja na minha vida e eu tenha várias personalidades e que pode ser confundida com processos obsessivos
- Uma atitude não comum a minha consciência pode ser confundida, é uma parte de mim que se fragmenta, é uma parte de mim não vivenciada e não aceita por mim. Por exemplo : apresentar uma atitude dominadora em uma situação de trabalho e muita fragilidade em uma outra
- Muitas vezes a manifestação que eu tenho de uma outra atitude não comum a minha consciência, não comum ao meio que eu vivo, e que pode ser confundida com a obsessão, e que, às vezes, pode ser uma parte de mim que se fragmenta, uma parte de mim não aceita por mim
- Um exemplo disso na nossa vida diária, numa atividade profissional na qual eu preciso ter uma liderança, um poder de autoridade e, se isso não é parte da sua personalidade, e, ao contrário, se sente uma pessoa insegura na maioria das vezes, e percebe que no trabalho funciona a autoridade, é possível que naquele momento a sensação interna é agradável, eu começo a utilizar isso na minha vida
- Essa parte minha pouco trabalhada e desconhecida de mim, me trás conforto, que é o contrário que a insegurança pode me trazer, é possível que eu a utilize nas minhas outras relações.
- Ou quando não, eu posso perceber , e a gente entra nos vários “EUS”. Alguém que tem o comportamento dominador, em determinado campo da vida e um outro campo ser extremamente frágil e vulnerável. A própria pessoa fica em conflito consigo
- Se eu estou dividido em vários “EUS”, como num processo de Individuação , como num processo de conhecer a pessoa que sou, pode acontecer, se eu não tiver momento de sentar e conciliar, conversar com todas as nossa partes, conversar com a nossa criança medrosa, com a nossa parte autoritária, insegura, e conhecer todas elas, pois cada uma tem seu valor
3.3 - Do Livro : “O despertar do espírito” - Cap 02
- “ Nessa aparente dicotomia dos dois “Eus”, a ocorrência se dá porque um não toma conhecimento do outro de forma consciente, podendo mesmo negar-se um ao outro. O “Eu”, porém, é único, indivisível, manifestando-se, isto sim, em expressões diferentes de consciência e de autorrealização”
- Eu preciso avaliar que naquele momento, aquela situação, me deixou frágil e eu não tive reação, porque é muito provável que eu reaja de determinada maneira agora por uma situação nova. Normalmente, essa situação já ocorreu em algum outro momento da vida. Exemplo : Eu vivenciei uma experiência de rejeição na infância e essa pessoa era muito importante para mim, na qual eu acreditei e amei
- Essa pessoa passou a ser agressiva com ela e essa criança vai registrando internamente que ela não pode confiar nas pessoas
- E nesse processo de construção, é muito possível que essa criança na fase adulta rompa com algumas situações, principalmente, quando ela se veja amando alguém, porque os registros internos que ela tem, a reação que ela vai ter é, automaticamente, de se proteger, porque a pessoas não é confiável, conforme aprendeu lá atrás
- Mas se o sentimento é maior do que ela possa conter, e todo o instinto e sentimento dela a leve para aproximar-se dessa pessoa, ela entra em choque e briga com ela mesma. Assim, ela tem a sensação que são duas vivendo juntas. Como e posso temer tudo isso e, ao mesmo tempo, querer viver aquilo que eu tenho
- Essa importância, que Joanna de Ângelis vai chamar a atenção, é para que eu possa conhecer essa outra parte. Então, eu preciso perceber que aquela situação que estou reagindo agora, aquele evento que está me causando insegurança, medo, já aconteceu, ou tem um registro interno, e, assim, eu preciso perceber que está registrado internamente para que eu não possa reagir àquela situação ou àquela pessoa de uma forma inadequada, o que a SOMBRA vai fazer
3.4 - Do livro : “O Homem Integral” - Cap 07
“Mergulhado em SOMBRA, esse lado escuro da personalidade sobressai-se e impulsiona a ações que estão destituídas da razão e da compaixão, desnaturadas nas bases e dominantes nas essência”
- Imaginemos que essa outra parte, a qual eu não conheça, ela vai correr o risco de , se a outra parte domina o EGO, e faz com que o EGO fique fragilizado diante disso, ele vai sobrepor essa personalidade, vai impulsionar a ter reações que estão destituídas de razão e de compaixão. Assim vemos reações abruptas, que a pessoa acha que não é ela que assim agiu
- Qual é a base da nossa psique? Se o intuito é tornar-se consciente, o EGO precisa estar estruturado. Ele é a ponte que vai nos levar a fazer todo o processo de Autoconhecimento, de Autodescobrimento. É ele que vai fazer com eu perceba, de fato, o Ser que sou
- Quando essa base é frágil, o meu processo de percepção fica todo ele fragilizado e, assim, corro o risco de deixar ser dominado pela essência, e a essência, lá atrás, é instintiva
- Por isso, muitas vezes, agimos sem uso da razão, da compaixão. Nenhum de nós estamos livres de viver uma situação onde tenhamos a triste surpresa de ter uma reação que, em algum momento, contrarie aquilo que pensamos : “Jamais eu faria isso”, pois, se não conheço esse outro lado, eu sou, sim, capaz de fazer algo que possa me surpreender, tanto de forma positiva, como de forma negativa

3.5 - Do Livro : “Vida : desafios e soluções” - Cap 7 (Joanna de Ângelis
“ O EGO está para a SOMBRA assim como a luz está para as trevas. Essa é a qualidade que nos torna humanos. Por mais que o queiramos negar, somos imperfeitos. E talvez seja naquilo que não aceitamos em nós mesmos, a nossa agressividade e vergonha, a nossa culpa e a nossa dor, que descobrimos a nossa humanidade”
- Muitas vezes, quando estamos vivendo situações conflitantes, que nos tira do nosso eixo, é nessa hora que conseguimos descer do pedestal que ficamos
- Joanna de Ângelis propõe que vejamos o conflito como uma possibilidade de aprimoramento. Aquela situação complicada, aquela pessoa difícil, aquela parte de mim, que é tão difícil para eu aceitar, perceber, viver, quanto mais eu continuar negando isso, mais força eu dou a esse conteúdo
- Eu preciso dentro desse caminhar, dessas tentativas de aprimoramento do Ser e de aprender a amar essa outra parte de mim, que, até então, eu nego
- E é justamente nesse exercício de amar a pessoa que sou, na integridade que sou, com a minha Luz, com a minha Sombra, com a minha dor, com a minha vergonha, com a minha culpa e, também, com todas as qualidades que possuo, é que vou me tornando, cada vez mais, na intensidade que precisa ser e, assim, lembramos a passagem Evangélica : “O Homem de Bem”
- O “Homem de Bem” não é o homem perfeito, mas aquele que se está esforçando, a cada dia, a cada momento, para se tornar uma pessoa melhor. Esse esforço imprimido significa que reconhece nele a sua natureza, que ele sabe que ainda existe nele o outro lado que precisa ser aprimorado, acolhido e amado, e, assim podemos ter certeza dizer, com muito orgulho, que somos seres humanos e que somos pessoas de Bem

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